Resumo de A CEIA DO SENHOR
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Os alvos do culto humano têm sido os mais diversos possíveis. Há quem adore o sol, a lua, as estrelas, os rios, os animais. Outros veneram o seu semelhante, vivo ou morto, ou imagens de sua própria criação. Mais longe vão os que espiritualizam o culto: adoram espíritos que são identificados por centenas ou milhares de nomes. Em muitos povos foi constatada também a adoração a um "ser supremo", criador de todas as coisas. Provavelmente, tais pessoas tiveram algum tipo de experiência espiritual genuína. Entretanto, é através do povo de Israel que o criador se apresentou à humanidade. Jesus disse: "Vós adorais o que não sabeis.
Enquanto muitos se perdem em cultos vãos, adorando ao que não se deve, a Bíblia nos mostra que Deus está à procura de verdadeiros adoradores. Antes de buscar pregadores, intercessores, evangelistas, etc. o Senhor procura pessoas que se dediquem a cultuá-lo. O culto a Deus está fundamentado no conhecimento que se tem dele. Na medida em que o conhecemos, o adoramos. O verdadeiro culto é um relacionamento purificador e transformador com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
A ESSÊNCIA DO CULTO BÍBLICO
Jesus reafirmou o que Moisés, no Antigo Testamento, deixou claro: o primeiro mandamento exige um amor a Deus, sem limites (Dt.6:4,5). Séculos depois que Deuteronômio foi escrito, um intérprete da lei levantou esta pergunta para Jesus: "Qual é o grande mandamento da lei?" Respondeu o Mestre: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento"(Mt. 22:36-37).
O cristão, cuja mente e coração estão voltados para o Criador e Pai Eterno, percebe nestas palavras de Jesus um verdadeiro desafio, pois nelas estão a raiz, o tronco e o fruto da adoração.
Uma adoração que se realiza sem o objetivo de expressar e aumentar nosso amor por aquele "de quem, e por meio de quem e para quem, são todas as coisas" (Rm.11:36), falha completamente. Deixa de ser culto a Deus, pois carece da essência, que é o amor.
O culto verdadeiro requer amor de todo o coração
Para o hebreu, o coração, no sentido metafórico, representava o centro da vida intelectual e espiritual.
Tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, o amor que há no coração é o alvo da busca de Deus. Ele se dirige ao coração porque ali está a sede do amor.
Por ser o coração essencialmente espiritual, mantendo o que resta da imagem de Deus no homem caído, é possível amar àquele que não tem corpo físico e nem existe ao alcance dos nossos cinco sentidos? Evidentemente, para amarmos a Deus, precisamos crer que Ele se revelou através de palavras por Ele inspiradas, e uma vez recebidas pelos profetas, homens por Ele escolhidos, estes fizeram seus devidos registros.
Enquanto Deus revela a si mesmo no íntimo do coração pela Palavra lida e recebida, pelo reconhecimento de sua ação no mundo e pela comunicação pessoal do Espírito residente, nós devemos responder em adoração a ele que declara e aprofunda nosso amor.
O evangelho é deveras uma posição doutrinária, mas antes é um relacionamento do cristão com Deus. "Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada". "E nós o amamos porque ele nos amou primeiro". Porque na realidade, "cada indivíduo dá seu coração àquilo que considera de máxima importância, e esta lealdade determina a direção e o conteúdo da sua vida".
Participar em todo e qualquer culto requer primeiramente uma melhor aproximação dele em amor. Assim, a adoração da igreja cumprirá seu objetivo se :
O louvor focalizar sua dignidade, a beleza da sua pessoa e a perfeição do seus caráter. Deve, ainda, convidar todo homem a atribuir glória ao Pai maravilhoso;
A confissão do pecado que cometemos externar o reconhecimento da nossa indignidade e declarar nosso arrependimento pela rebelião contra a expressa vontade de Deus. Também, não deixa de ser um estímulo forte de amor, confiar no seu imediato e imerecido perdão;
Nossa oração procurar assimilar seus pensamentos; expressar petições de acordo com seus conhecidos desejos. Amor genuíno funde os desejos dos que buscam o Reino e a vontade única de Deus;
A mensagem, ouvido ou lida, suscitar pensamentos de gratidão e encorajamento. Serão veículos de transformação de inimigos em amigos que a ele buscarão agradar;
A música atrair o coração para a beleza de Deus revelada na criação, na redenção e na regeneração, refletindo assim a harmonia do universo, por ele criado.
Certamente, reconhecemos que nunca alcançaremos um amor perfeito por Deus, à altura do amor que ele tem por nós, seus filhos.
O CULTO NO VELHO TESTAMENTO
A lei judaica determinava que os israelitas servissem a Deus na vida de cada dia, observando os preceitos e as instruções; ou então, mediante o culto celebrado em lugar sagrado e em hora regulamentada. Esta segunda forma, na BÍblia e em muitos idiomas, é denominada "serviço divino". Não apenas uma instituição humana, mas antes uma expressão institucional do relacionamento recíproco entre Deus e o homem. Tanto do lado de Deus como do homem opera-se um agir e um falar. O lugar especial e o tempo certo separam o culto do dia a dia, bem como a presença do sacerdote como intermediário.
O CULTO PRÉ-MOSAICO
O culto é patrimônio comum do gênero humano. Em Gênesis 1 a 11 encontramos por duas vezes uma ação litúrgica: os sacrifícios de Caim e Abel, e a oferta de Noé depois do dilúvio. Conclui-se daí com direito ser o culto fenômeno essencialmente humano de acordo também com as pesquisas da História das Religiões.
Os sacrifícios descritos em Gênesis 1 a 11 representam dois tipos diferentes quanto à sua motivação. Caim e Abel ofereceram as primícias da lavoura e do rebanho, em ação de graças e para impetrar a bênção para o futuro. Já o sacrifício de Noé teve como fundo a salvação de perigo mortal. Os sobreviventes recomeçam sua vida olhando para o Salvador a quem pertence a vida recém doada.
Ambos os motivos conservam seu valor até os tempos atuais. Honra-se ainda tanto o Deus benfeitor como o Deus redentor, no ritmo das solenidades anuais, a par com as ações cultuais motivados por ocasiões peculiares.
Na inexistência de tempos sagrados festejavam-se certas ocasiões importantes, como a mudança das pastagens (antecipações da páscoa), o nascimento de filhos, imposição do nome à criança. O pai funcionava como intermediário, ele ou a mãe recebiam as palavras orientadoras e promissoras de Deus; o pai administrava a bênção. O sacrifício é motivado por objetivo fortuito, não por instituição regulamentada. A prece, igualmente, nasce da situação concreta.
O CULTO E O TEMPO - O SÁBADO E AS FESTAS
A adoração, quando expressa em ritual, exige tempo. O sábado, dia semanal de descanso e adoração é um exemplo fundamental do tempo consagrado a Deus. Embora alguém tenha se referido ao sábado como uma criação singular do gênio religioso hebraico e uma das contribuições hebraicas mais valiosas à civilização da humanidade, a Bíblia simplesmente atribui a santidade do sétimo dia à lei de Deus.
Ele foi fundamentado no descanso de Deus após a criação. O quarto mandamento impõe rigidamente a sua observância. Ele foi tanto abençoado como santificado por Deus. Esta festa semanal foi instituída para lembrar ao homem a sua responsabilidade de adorar a Deus em tempos e lugares determinados, bem como para proporcionar ao corpo físico o descanso necessário.
Durante e após o exílio, a proeminência do sábado aumentou. O surgimento da sinagoga aumentou ainda mais a centralidade da adoração no sábado.
Por ocasião das festas anuais, em Israel e em muitas outras religiões, as famílias visitavam o templo. De acordo com o ritmo anual celebravam-se as bênçãos divinas da sementeira e da colheita. Somente a festa da Páscoa regride até a época do nomadismo, refletindo as mudanças periódicas das pastagens, embora recebendo novo conteúdo no tempo da saída do Egito.
As festas agrícolas de Canaã receberam uma dose de historicidade em combinação com os eventos ocorridos entre Javé e o povo. E foi esta re-interpretação que preservou as solenidades de sua total paganização, posto que também em Israel permanecessem ligadas à lavoura.
A páscoa lembra ainda outra evolução significativa do culto divino em Israel. Na sua qualidade de festa pastoril, ela foi celebrada na intimidade da família; crescendo, porém, a importância do templo em Jerusalém, todos os festejos foram transferidos para lá, entre eles também a páscoa. Destruído o templo, ou talvez já um pouco antes, a celebração desta festa voltou para a família. Vê-se daí que as festas não dependiam exclusivamente do santuário.
Outra faceta da evolução era a coincidência direta com o objetivo agrícola, como, por exemplo, a vindima. Tempos depois, sua data passou a depender de calendário fixo e nem sempre simultâneo com o seu objetivo.
LUGAR SAGRADO - O TEMPLO
Na adoração do antigo Israel, o espaço sagrado era comparável em importância, aos tempos divinamente designados. O levantamento do tabernáculo significava localizar a glória de Deus no Lugar Santo. Deus proibiu Israel de erigir altares sacrificiais em qualquer lugar onde seu nome residisse. Nos recessos inacessíveis do Santo dos Santos, aquele aposento santo, respeitável primeiramente no tabernáculo e depois no templo onde Deus "residia", ficavam o propiciatório e a arca que continha as tábuas da sua lei. Ali, o sangue da expiação pelos pecados da nação era aspergido, no mais solene rito anual de adoração. A adoração é o protocolo pelo qual se pode entrar na presença divina.
O templo era o único local de sacrifícios, consagrações e entrega de dízimos agradável a Deus. Jesus mostrou grande respeito pelo templo, purificando-o para realçar sua santidade. Contudo, apesar da identificação do templo com a "casa do Pai", assim mesmo ele foi destinado à destruição.
O caráter sagrado do templo não era absoluto, isto é, não se impunha a separação do ambiente considerado "profano", fora do lugar santo; ele era entes funcional, na sua qualidade de fonte de bênçãos para o país, retribuindo o país estas bênçãos em forma de ofertas para o culto do templo. A santidade do templo teve a sua concretização quando os habitantes do país a ele se dirigiram, retornando às suas casas repletos do que lá haviam recebido.
O SACRIFÍCIO
Considerando que o homem é pecador, ele precisa de um sacrifício propiciatório para remover qualquer ofensa que o separe de Deus, de modo que possa ter comunhão com seu Criador. Há, contudo, uma verdade básica a ser lembrada. "Deus não é influenciado por meio de sacrifício sacerdotal... É realmente o próprio Deus quem realiza o ato de perdão e expiação, mas o culto sacerdotal é designado como resposta ao seu ato e como testemunho da purificação do pecador.
Quatro tipos distintos de sacrifício eram prescritos:
1 - A oferta queimada. Ela produzia um "sabor de satisfação" de modo que do altar, no tribunal da casa de Deus, um fogo perpétuo e o sacrifício pudessem, duas vezes por dia, "simbolizar a resposta do homem à promessa de Deus. Apenas o melhor animal, um macho sem mácula, podia ser oferecido. A imposição de mãos retratava a identificação completa.
2 - A oferta de manjares era literalmente chamada uma "dádiva". Ela exigia "o sal da aliança do teu Deus". A "porção memorial", queimada com incenso ao Senhor, tinha como objetivo trazer a aliança à lembrança de Deus. O simbolismo sugeria que Deus era o convidado de honra.
3 - A oferta pacífica. O ofertante comia o sacrifício com alegria diante do Senhor. Ela expressava a plenitude e o bem-estar denotados pela paz de Deus, compartilhada com sacerdotes e amigos.
4 - As ofertas pelo pecado e pela culpa. Distintas das três festas anteriores que eram voluntárias, estas eram exigidas quando um pecador quebrava a lei de Deus. Uma vez por ano o sangue expiatório tinha de ser levado para dentro do véu. Os objetivos desse sacrifício eram a restauração da comunhão e o acesso à presença de Deus.
O CULTO CRISTÃO NA IGREJA PRIMITIVA
Desde o princípio, a igreja cristã costumava se reunir no primeiro dia da semana para "partir o pão". A razão pela qual o culto tinha lugar no primeiro dia da semana era que nesse dia se comemorava a ressurreição do Senhor. Logo, o propósito principal do culto não era chamar os fiéis à penitência, nem fazê-los sentir o peso de seus pecados, mas celebrar a ressurreição do Senhor e as promessas das quais essa ressurreição era a garantia.
A partir de então e através de quase toda a história da igreja, a comunhão tem sido o centro do culto cristão. E somente em época relativamente recente que algumas igrejas estabeleceram a prática de se reunir para adorar aos domingos sem celebrar a comunhão.
A ceia do Senhor era uma celebração. O tom característico do culto era o gozo e a gratidão, e não a dor ou a compunção. No princípio, a comunhão era celebrada em meio de uma refeição. Cada qual trazia o que podia, e depois da comida em comum, celebravam orações sobre o pão e o vinho. Já em princípios do século segundo, entretanto, e possivelmente devido, em parte, às perseguições e às calúnias que circulavam acerca das "festas de amor" dos cristãos, começou a se celebrar a comunhão sem a refeição em comum.
Pelo menos a partir do século segundo, o culto de comunhão constava de duas partes. Na primeira liam-se e comentavam-se as Escrituras, faziam-se orações e cantavam-se hinos. A segunda parte do culto começava geralmente com o ósculo da paz. Logo alguém trazia o pão e o vinho para frente e os apresentava a quem presidia. Em seguida, o presidente pronunciava uma oração sobre o pão e o vinho, na qual se recordavam os atos salvíficos de Deus e se invocava a ação do Espírito Santo sobre o pão e o vinho. Depois se partia o pão, os presentes comungavam, e se despediam com a benção.
Outro dos costumes que aparece desde muito cedo era celebrar a ceia do Senhor nos lugares onde estavam sepultados os fiéis já falecidos. Esta era a função das catacumbas. Mesmo que em algumas ocasiões os cristãos tenham utilizado algumas das catacumbas para se esconder dos seus perseguidores, a razão pela qual se reuniam nelas era que ali estavam enterrados os heróis da fé.
OS BATISMOS
Conforme a igreja foi incluindo mais gentios tornou-se cada vez mais necessário um período de preparo e de prova antes da ministração do batismo. Este período recebe o nome de "catecumenato", e no princípio do século terceiro durava uns três anos.
Em geral, o batismo era ministrado uma vez ao ano, no domingo da ressurreição.
A PRÁTICA DA ADORAÇÃO
Deus mandou que seu povo, sob a Antiga Aliança, cumprisse ao pé da letra todas as suas instruções a respeito da adoração. Ele advertiu Moisés sobre a construção do Tabernáculo. Foi Deus quem planejou a participação dos sacerdotes e levitas no culto que Ele mandou que oferecessem.
Após a leitura do Antigo Testamento, estranhamos o fato de não descobrirmos no Novo Testamento regras explícitas para nos informar que tipo de culto Deus quer.
Após o derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecoste, a igreja de Jerusalém " perseverava na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações" (At.2:42). Este verso nos traz um breve esboço dos componentes do culto primitivo. As práticas sob a tutela dos apóstolos fornecem-nos um fundamento geral, mas seguro. Adoração, para manter o padrão apostólico, deve se aprimorar no ensino, comunhão, celebração da ceia e oração.
A DOUTRINA DOS APÓSTOLOS
Adoração e doutrina apóiam-se mutuamente, porque um culto oferecido na ignorância evapora, carece de substância e de verdade. Doutrina não significa apenas granjear informação. Não foi uma aula bíblica acadêmica que os apóstolos ministraram, mas ensinamentos junto com apelos aos discípulos para que acatassem as diretrizes do Senhor.
Jesus convocou os seus discípulos a "discipularem todas as nações". O primeiro passo foi o batismo que representava um compromisso público, total, com Deus Pai , Deus Filho e Deus Espírito. Em seguida, Jesus ordenou aos apóstolos que ensinassem aos futuros discípulos da segunda geração a " guardar todas as coisas" que Ele ensinara a seus seguidores. Esses ensinos foram exemplos práticos em torno de uma nova compreensão do relacionamento com Deus.
A adoração, na prática, deve dar lugar central à palavra de Deus porque ele assim ordena. Um homem que almeja o pastorado precisa ter uma qualidade que lhe recomende a conduzir os cristãos num culto verdadeiro. Ele deve ser apto para ensinar. Ensino requer entendimento, explicação, relacionamento entre o ouvinte e o Pai.
COMUNHÃO - A CEIA DO SENHOR
O pano de fundo da eucaristia cristã descobre-se na refeição da Páscoa. O que Jesus insistiu originalmente era repetido como duas partes de uma refeição maior - ágape ou " festa de amor", com a intenção de beneficiar os cristão mais carentes da igreja. Esta refeição, que substituiu a Páscoa dos judeus, era tomada diária ou semanalmente, era a " Ceia do Senhor", que reunia todos os membros da família de Deus. além de relembrar a morte de Jesus e a inauguração da Nova aliança, a Ceia confirmava, de maneira inconfundível, que todos os participantes tinham uma vida em comum. Ricos e pobres, livres e escravos, todos se comprometiam diante de Deus a ter e manter uma responsabilidade mútua, uns pêlos outros.
AS ORAÇÕES
Um dos elementos que têm destaque no culto da igreja primitiva é a oração. O judeu do primeiro século dificilmente podia imaginar um culto sem orações, pelo menos na sinagoga. Conseqüentemente, era natural que os primeiros cristãos continuassem essa prática, ainda que com algumas modificações.
Jesus ensinou que a oração deve ser particular e pessoal. Ele pouco falou sobre oração em comunhão com outros irmãos , com exceção da afirmativa: "Se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que porventura pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos céus", relacionada com o contexto de disciplina na igreja. Sua própria prática foi de orar sozinho, num monte ou lugar afastado.
A oração se distingue da adoração pela preocupação do suplicante com suas necessidades, enquanto a adoração conceitua a alma sobre seu Deus.
Orar de verdade quer dizer abandonar a rebelião e aceitar a reconciliação. Jesus quis ensinar, acerca da oração, a verdade incomparavelmente preciosa de que Deus deseja nossa comunhão.
O CÂNTICO NO NOVO TESTAMENTO
Ainda que referências à música sejam raras no Novo Testamento, seguramente o soar de vozes em louvor a Deus teve muito destaque nos cultos dos primórdios da igreja. "Cânticos espirituais" (Cl.3:16), surgiram, provavelmente, por inspiração imediata do Espírito Santo.
No Apocalipse, várias referências aos cânticos dos adoradores celestiais revelam características de exultação e júbilo na contemplação da vitória retumbante de Deus e Seu Filho sobre todas as forças do maligno.
Os "salmos" (Cl.3:16) provavelmente são os mesmos do Antigo Testamento, amados por nós e lidos em nossos cultos. Ocasionalmente cantamos porções de alguns salmos. Nas sinagogas, os judeus cantavam salmos, como também os essênios do Mar Morto.
Os "hinos" também, provavelmente, referem-se aos hinos de louvor a Deus e a Cristo, compostos espontaneamente por cristãos no momento do culto, ou em outras horas. Avivamentos e despertamentos religiosos, com o passar dos séculos, estimularam o louvor por meio da música; seria estranho se no primeiro século não houvesse aparecido expressões musicais para tornar a adoração mais real e agradável.
O CULTO E OS DONS ESPIRITUAIS
Passando a descrição do culto em Atos para Romanos e I Coríntios, descobrimos que o exercício dos dons do Espírito deve ser encarado como uma expressão de culto a Deus. Somente no caso dos dons serem motivados por amor genuíno pelos irmãos e por Deus é que podemos encaixá-los no quadro de um culto genuíno, "em Espírito e em verdade".
A significação dos cultos nos quais a congregação se reunia alcançou relevância particular na concentração de vozes louvando e ensinando juntas, com corações sedentos, aprendendo e aplicando a palavra. Era uma ocasião apropriada para o treinamento dos santos para servirem a Deus dentro e fora das reuniões.
Os dons de apóstolo, profeta, evangelista, pastor e mestre cooperam e fecundam no centro do culto para encorajar o bom ajustamento, o auxílio de toda junta e a cooperação de cada parte, o que "efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor"(Ef.4:16).
O CULTO NA IGREJA COMPARADO AO CULTO JUDAICO
O cristianismo é bipolar pela sua própria natureza. Esses dois pólos são o conteúdo da fé, fundamentado na sua mensagem revelada, e a adoração prática, através da qual o cristão e Deus mantêm comunhão.
De um modo geral, os cristãos não estão conscientes de que sua adoração reflete a teologia prática da comunidade onde estão inseridos. O cunho puritano no dito "a finalidade principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre" é inequívoco. Os puritanos focalizaram o significado da existência inteira do homem em glorificar a Deus e deleitar-se em sua comunhão, porque este era o único resultado prático de suas crenças.
A adoração centralizada no homem tende a negar a realidade do coração que confessamos. De um lado, a lei ameaça deslocar a graça como o motivo fundamental para se adorar a Deus. Tanto o hábito quanto a busca da paz espiritual devem ser suspeitos quando procuramos uma base lógica e bíblica para a adorar a Deus.
Em resumo, a liturgia é teologia representada, a resposta humana a Deus e ao seu favor. As formas persistem enquanto o conteúdo evapora ou muda o seu centro de Deus para o homem. Assim, o liberalismo nega realidade de um Deus que está presente. Fazendo assim, não pode evitar de transmutar as verdades religiosas em mitos. O resultado é visto em toda parte na secularização do "pós-cristão que atingiu a maioridade". A teologia da libertação procura contextualizar a adoração num programa de ação sócio-político. Assim, o despertamento da consciência torna-se identificável com a percepção de Deus no processo da história.