Resumo de A DOUTRINA DA SANTIFICACAO
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Resumo A DOUTRINA DA SANTIFICAÇÃO
“A raiz da qual se originam esta e outras palavras correlatas, é o vocábulo grego ‘hagios’. O pensamento mais próximo da santidade de que era capaz o grego secular era “o sublime, o consagrado, o venerável”. O elemento moral está totalmente ausente. Ao ser adotada esta palavra nas Escrituras, entretanto, foi necessário proporcionar-lhe novo sentido. Empregando a palavra ‘santo’ em seu sentido mais elevado, quando aplicada a Deus, os melhores lexicógrafos definem-na como ‘aquilo que merece e exige reverência moral e religiosa.
A palavra grega ‘hagios’ possui variadas formas, porém, é traduzida para ‘santo’, ‘santificação’, ‘santificar’, ‘santidade’ e ‘santificado’. Esta palavra grega trazia a idéia do sublime, do consagrado e do venerável sem qualquer referência à moral ou ao caráter. Foi especificamente esta palavra grega, desprovida da idéia de moralidade e caráter, que os escritores do N. T. escolheram para falar da santificação, da mesma forma que a palavra hebraica ‘qodesh’ significa separar no A. T. No entanto, observa-se que, muito tempo depois, a palavra que se traduz para santificação passou a apresenta um novo sentido. Este novo sentido da palavra passou a predominar gradualmente, passando a estar vinculada à moral e ao que é religioso. Observe o que Bancroft disse: “Os melhores lexicógrafos definem-na como ‘aquilo que merece e exige reverência moral e religiosa”. Neste sentido, Erickson também diz: “Esse sentido passou gradualmente a predominar. Ele designa não apenas o fato de os crentes serem formalmente separados, ou pertencerem a Cristo, mas que devem, portanto, agir de acordo com isso. Eles devem viver em pureza e bondade” Introdução à Teologia Sistemática, por Millard J. Erickson, 1 ª ed. Vida Nova, Pg 418. Era mesmo necessário proporcionar um novo sentido às palavras gregas e hebraicas que foram traduzidas pelas palavras ‘santidade’ e ‘santo’? Os apóstolos não tinham bem definido em suas mentes qual o sentido exato da palavra que utilizaram para escrever sobre a santificação? O significado das palavras ‘hagios’ e ‘qodesh’ é separado para Deus, e em ambos os testamentos foram utilizadas para designar pessoas e coisas. Quando tais palavras são utilizadas para coisas, não há qualquer referência à qualidade moral. Porém, quando se refere a pessoas, este deveria ser o mesmo tratamento, visto que, por mais que uma pessoa procure separa-se para ser santa, jamais alcançará tal intento, se Deus não o fizer. Por que a palavra traduzida por santificação deixou de designar o fato dos crentes serem separados, ou pertencentes a Deus, para apontar um dever de se agir conforme um padrão de moral rotulado ‘santo’, ou que se deva agir de acordo com o certo e errado? O trabalho de um lexicógrafo se resume em estudar as origens e evolução das palavras. O sentido que os dicionários empregam para cada palavra decorrem da sua origem, e conclui-se com a sua evolução ao longo do tempo, o que deve ser feito sem qualquer influência do estudioso em questão. Resta nos à pergunta: quem foram os responsáveis por influenciar e fazer evoluir o sentido da palavra traduzida por santificação? Os religiosos ao longo dos anos. Sobre quais princípios as religiões se fundamentam? Não é sobre comportamento, moral, ética, caráter, e outros elementos humanos? Quando os escritores bíblicos empregaram as palavras ‘hagios’ e ‘qodesh’ para falar sobre a santificação em Cristo, nem de longe fizeram qualquer referência a merecimento, exigência, moral e religiosidade, como hoje os lexicógrafos definem. Como definir o significado de uma Palavra? Se quisermos saber o significado de uma palavra, a melhor maneira de saber o seu significado é através de um bom dicionário. Neste aspecto, é de suma importância o trabalho de um lexicógrafo. Você terá em mãos o significado atual da palavra, e a sua evolução ao longo dos anos. Mas, se você extraiu a palavra de um texto, a melhor maneira de se entender aquela palavra em específico, é estudando o contexto no qual ela está inserida. Um dicionário poderá auxiliar, mas o sentido exato da palavra é determinado pelo contexto geral do texto. Esta regra de interpretação de uma palavra não é diferente quando se trata de textos bíblicos. Em se tratando de uma palavra bíblica, o que é mais apropriado para a interpretação do texto: o sentido atual da palavra, ou o sentido original? Claro está que o mais importante para a leitura de um texto bíblico é o sentido original da palavra, e não o seu sentido atual. Se queremos abstrair um entendimento acerca de uma única palavra de um texto, o melhor a se fazer é estudar o contexto, fixando a análise no sentido original da palavra. Para o nosso estudo, estaremos utilizando o sentido secular das palavras gregas e hebraicas ‘hagios’ e ‘qodesh’, que significam respectivamente ‘o sublime, o venerável, o consagrado’ e ‘separar’. Sem antes analisar os textos em que as palavras são empregadas, não as empregaremos no sentido que gradualmente passou a predominar. Como obter a Santificação? O Dr. Russell Shedd, em seu livro Lei, Graça e Santificação deixou a seguinte nota: “Deus quer filhos à Sua imagem, que imitem a Sua santidade” Shedd, Russell P., Lei, Graça e Santificação, 2º ed, 1998, ed. Edições Vida Nova, Pág. 55. Daí surge a seguinte pergunta: a santidade dos filhos de Deus provem da capacidade deles em ‘imitar’ a santidade do Pai, ou por serem gerados d’Ele? A Bíblia é muito clara ao demonstrar que a regeneração, a justificação e a santificação são provenientes de Deus por meio da fé em Cristo. É condição adquirida por terem sido gerados de novo segundo Deus, e não segundo a semente corruptível de Adão. Através da fé em Cristo o homem é Santificado: “Para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados, e herança entre os que são santificados pela fé em mim” (At 26:18). De igual forma, o homem é Justificado pela fé em Cristo: “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada” (Gl 2:16). A Regeneração é por meio da fé: “Necessário vos e nascer de novo (…) para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna” (Jo 3:7 e 15). Através dos versículos acima, verifica-se que a fé é o elemento comum e essencial à regeneração, à santificação e à justificação. Por meio do evangelho, Deus oferece Salvação graciosa a todos os homens que se encontram perdidos, sendo que a Salvação é adquirida pela fé em Cristo: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2:8). O chamado de Salvação é para todos os homens, sem distinção alguma. Porém, somente quando o homem crê em Cristo, ou seja, descansa na promessa proposta, entra em ação o poder de Deus, que é concedido àqueles que creem para Salvação (Jo 1:12). A oferta de salvação é proposta ao homem na condição de pecador, porém, o homem não pode ser salvo enquanto pecador. É neste ponto que Deus realiza uma obra maravilhosa, segundo a sua vontade e poder: a Regeneração. O homem que recebe a proposta de salvação e crê, tem que morrer, e verdadeiramente morre com Cristo, sendo sepultado com Ele. Isto porque Deus não salva a planta que não foi plantada por Ele, antes ela é arrancada (Mt 15:13). A semente incorruptível que foi plantada no coração do homem, somente germina quando este morre e é sepultado com Cristo “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto” (João 12: 24). Neste sentido, Cristo não veio trazer conciliação com a velha natureza presente no homem, mas sim, trazer espada Mt 10: 34. Na Regeneração Deus cria um novo homem. Este é gerado de Deus “Segundo a sua vontade, Ele nos gerou de novo…” (Tg 1:18; Ef 2:10). O homem passa a ser a planta plantada pelo Pai. Esta nova criatura, e somente esta, recebe a Salvação de Deus. A oferta de Salvação foi feita ao homem na condição de pecador, mas a Salvação se efetiva naqueles que são de novo criados, segundo Deus (Jo 1:12 -13). Na Regeneração o homem ressurge com Cristo uma nova criatura, e somente este homem pode receber o prêmio da salvação, por não permanecer no pecado. Pois para isso Cristo ressurgiu “E, se Cristo não foi ressuscitado, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (1Co 15:17). Da Regeneração decorre a Justificação e a Santificação. A Justificação refere-se à declaração de Deus à nova criatura, visto que ela foi criada segundo a natureza divina: justa. Deus declara justo o justo que ressurgiu com Cristo dentre os mortos. Isto, porque não haveria como o velho homem que recebeu a proposta de salvação ser declarado justo. Na justificação entende-se também que o homem está livre da condição anterior, quando vivia no pecado. Já, a Santificação refere-se à nova natureza recebida na Regeneração. Quando o homem é sepultado com Cristo, ele se reveste das condições pertinentes a Cristo (Gl 3:27). Deus não tem o culpado por inocente, mas por sermos vivificados com Cristo, alcançamos o perdão de todos os delitos (Cl 2:13). O cristão não vive mais à ‘sombra das coisas futuras’, a Santificação é uma realidade na sua vida, pois a realidade é Cristo (Cl 2:17). Não depende de esforço da parte do homem, visto que, ao ser de novo gerado, temos nos tornados participantes de Cristo (Hb 3:14). A Salvação em Cristo é adquirida por meio da fé, sendo que, aqueles que creem recebem poder para serem feitos (criados) filhos de Deus (Jo 1:12). A filiação divina é adquirida por meio da fé na mensagem do evangelho (a semente incorruptível). Por meio da semente incorruptível o homem recebe poder para ser feito, criado, ou gerado de novo “Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade…” (Tg 1:18). O Novo Nascimento é condição indispensável à salvação, conforme Jesus disse a Nicodemos: “Necessário vos é nascer de novo” (Jo 3:7). Somente pela fé é possível alcançar a Regeneração, pois apenas os gerados de novo podem herdar a salvação (Jo 3:16). O pecador não poder ser salvo, somente o homem redimido e remido é salvo. Não podemos esquecer que o velho homem se originou da queda de Adão, e que a condição de culpável, condenável, inimigo de Deus e destituído da glória de Deus passou a todos os homens. Por natureza o homem nascido segundo a semente corruptível de Adão é filho da desobediência e da ira. Todos os homens que veem ao mundo estão em igual condição diante de Deus Rm 5: 18. A argumentação de Paulo de que todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus se fundamenta na natureza decaída que a semente de Adão produz (Rm 3:23). Após crer em Cristo, o homem recebe de Deus poder para ser feito (criado), filho de Deus. Este homem criado ou gerado segundo a vontade e poder de Deus é declarado justo. É o que denominamos justificação. A justificação divina não guarda semelhança com a justiça emanada dos tribunais humanos. Somente o novo homem gerado segundo a palavra da verdade pode ser declarado justo por Deus, visto que este novo homem é participante da natureza divina, por ter sido de novo criada em verdadeira justiça. O homem que estava morto em delitos e pecados, após ouvir o convite e crer no evangelho (que é poder de Deus para que o homem seja criado segundo Deus), ressurge com Cristo dentre os mortos, nova criatura. Esta nova criatura é declarada justa por Deus. Para que fossemos declarados justos, Jesus ressuscitou, e, ao ressurgimos juntamente com Ele, somos declarados justo em decorrência da nova vida (Rm 4:25). Da mesma maneira que a Justificação, a Santificação vem por meio da filiação divina. O homem nascido segundo a vontade de Deus é participante da natureza divina (2Pe 1:4). Segundo o poder de Deus, o homem que crê, é criado novamente em verdadeira justiça e santidade. Observe que a vontade eterna de Deus é que Cristo seja primogênito dentre os mortos e primogênito de toda a criação, para que em tudo tenha a preeminência (Cl 1:15 e 18). Em Cristo, o homem é uma nova criatura (2Co 5:17), sendo gerado de novo e tido por Deus como filhos por adoção (Rm 8:15). Por meio de Cristo é conduzido à glória de Deus muitos filhos (Hb 2:10), onde a condição de preeminência de Cristo diante de toda criação se torna efetiva. Quando os homens que creem são recebidos por filhos de Deus, irmãos de Cristo e herdeiros com Ele de todas as coisas, é conferido a Jesus a condição de primogênito de toda criação e dos mortos. Pois só é possível alguém reclamar o direito de primogenitura quando se tem irmãos. O unigênito que nos fez conhecer o Pai, agora, após conduzir muitos filhos a Deus, torna-se o primogênito de toda criação. Desta forma, Deus quis e gerou pelo Espírito Eterno filhos para si. Filhos à sua imagem e semelhança, que receberam d’Ele a plenitude (Cl 2:10). Estes não precisam imitar o Pai em sua santidade, antes são gerados de novo e detém a natureza do Pai: santos. Não há como imitar a santidade de Deus, visto que ela decorre da própria natureza divina. Sobre este aspecto Jesus alertou: “Toda planta que meu Pai celestial não plantou, será arrancada” (Mt 15:13). Quais são as plantas que o Pai não Plantou? Aqueles nascidos da semente corruptível de Adão! Já os nascidos de semente incorruptível, que é a Palavra de Deus, este são ‘plantas’ plantadas pelo Pai (Jo 3:9; 1Pe 1:23). A santidade daqueles que creem não pode ser uma mera imitação. Ela deve ser autentica, ou seja, em verdade. A santificação não fica a cargo do homem, e sim, de Deus. É Deus que tem o poder de dar nova vida ao homem. Vida que procede d’Ele e que faz o homem ser participantes da sua natureza. Deus é luz, e aqueles que creem em seu Filho tornam-se filhos da luz “Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz. Estas coisas disse Jesus e, retirando-se, escondeu-se deles” (Jo 12:36; 1Ts 5:5). Da mesma forma que a justificação é de vida, a santificação também o é (Rm 5:18). O Dr. Shedd ao falar da santificação e justificação, argumentou que: “Enquanto a justificação (grego dikaiosune) foi uma declaração de absolvição, da parte de Deus, que nos deu o status de santos, sem nenhuma condenação (Rm 8. 1) não entendemos a santificação da mesma maneira. Paulo chama a igreja de Corinto, aquela singularmente mundana e carnal, como composta dos que são ‘santificados em Cristo Jesus’ (I Co 1. 2). Obviamente os que recebem o Espírito de Deus, incorporados em Cristo, são posicionalmente santos. Por isso um dos títulos mais comuns atribuídos à Igreja no Novo Testamento é ‘santos’. Neste sentido os dois vocábulos, ‘justo’ e ‘santos’, são sinônimos” Shedd, Russell P., Lei, Graça e Santificação, 2º ed, 1998, ed. Edições Vida Nova, Pág. 56. A Justificação não é uma declaração de absolvição. O termo justificação significa declarar justo, ou seja, justificação é uma declaração de justo a quem verdadeiramente é justo. Deus não absolve o culpado, pois o culpado não pode ser tido por inocente (Na 1:3). Na justificação o homem não adquire ‘status’ de justo, antes adquire a justiça que é proveniente de Deus. Qual é a justiça proveniente de Deus? Uma nova vida “…justificação de vida” (Rm 5:18), onde tudo se fez novo. Até o tempo é novo: tempo de paz, gozo e alegria no Espírito Santo de Deus. Deus declara justo a nova criatura que é criada através do seu poder regenerador. A velha criatura recebe o que preconiza a lei quando o homem é crucificado com Cristo: a alma que pecar, essa morrerá! A Santificação e a Justificação não são posicionais e por isso, não são sinônimas. A Justificação refere-se à declaração que o Cristão recebe de Deus, e a Santificação à nova natureza do Cristão. Estes equívocos na abordagem do Dr. Shedd ocorrem por ele entender que a pecaminosidade da humanidade reside na vontade própria, sendo que a bíblia demonstra que a pecaminosidade decorre da natureza herdada em Adão. Ser santo não implica em ser distinto. A santidade de Deus não é pertinente àquilo que é difere, e sim, à Sua natureza. Como a santidade procede da natureza de Deus, jamais ela pode ser atribuída ou imputada, antes decorre da Regeneração (gerar de novo), onde o homem passa a ser participante da natureza divina (1Pe 1:3). Sobre este aspecto o apóstolo Pedro escreveu: “Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude; pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo” (1Pe 1:3 -4). Deus chamou os que crêem pela sua glória e virtude, ou seja, os cristãos foram chamados para louvor de sua glória e em amor, a virtude de Deus (Ef 1:4 -6). Para ser participante da natureza divina, os cristãos foram abençoados com a predestinação, ou seja, aqueles que crêem em Cristo não possuem outro destino, se não, serem filhos de Deus. Só é possível escapar da corrupção que há no mundo (natureza pecaminosa herdada em Adão), quando se torna participante da natureza divina (filiação). Tudo isto é dado aos cristãos através do poder de Deus, que concede vida, o que contrasta com a condição antes de se ter a Cristo: morte. Esta nova vida deve ser desfrutada em piedade, ou seja, o cristão deve andar segundo as boas obras que Deus preparou (Ef 2:10). Como Deus desejou ter filhos para que o seu Filho obtivesse a preeminência em tudo, os cristãos são feitura Sua, criados em Cristo e à Sua imagem, em verdadeira Justiça e Santidade (Ef 2:10 e Ef 4:24). Este conteúdo foi extraído do Portal da Teologia:
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