Resumo de ANGELOLOGIA
Warning: Undefined array key "admin" in /home3/teolo575/public_html/paginas/resumo.php on line 64
Resumo: Angelologia
Introdução
A Bíblia é a única regra de fé e prática do autêntico cristão, lavado e remido no Sangue do Cordeiro e reconciliado com Deus por Cristo Jesus (Rm 5.1), sendo, pois, chamado filho de Deus (Jo 1.12). É na Bíblia que o crente encontra os ensinamentos do Senhor para o Seu povo, tendo em vista que, embora fisicamente redigida por homens, foi divinamente inspirada (II Tm 3.16-17). É nela que encontramos as doutrinas fundamentais para a vivência da Igreja aqui na terra, tendo cada uma delas a devida importância.
Dentro do bojo de doutrinas bíblicas encontra-se a angelologia. O termo é a combinação da palavra grega angelos e logia, que significa estudo. Vale comentar que o significado de angelos, usado no Novo Testamento, é semelhante ao da palavra mala’k, utilizada no Antigo Testamento, ambas se referindo aos anjos e cujo significado básico é “mensageiro”. Assim sendo, angelologia é o estudo dos ministros de Deus, i.e., agentes especiais do Senhor.
Pensamentos seculares acerca dos anjos
Os anjos são seres mencionados por várias culturas em muitas épocas. Os antigos gregos, por exemplo, na sua amalgamada mitologia, acreditavam numa entidade supostamente divina chamada Hermes. Era parecido com um homem, calçando um par de sapatos com asas, o que conferiam-lhe a capacidade de voar. Além disso, ele traduzia as normas de difícil entendimento ditadas por Zeus – a principal entidade da mitologia grega; daí o termo hermenêutica.
Já na época da Igreja Primitiva, os gnósticos ensinavam a heresia do culto aos anjos (Cl 2.18). “Os falsos mestres ensinavam que era preciso reverenciar e adorar os anjos, como mediadores, para ter comunhão com Deus. Para Paulo, invocar os anjos seria substituir Jesus Cristo como cabeça todo-suficiente da igreja (v. 19); daí, Paulo advertir contra isso. Hoje, a crença de que Jesus Cristo não é o único intermediário entre Deus e o homem é posta em prática na adoração e oração a santos mortos, como padroeiros e mediadores. Essa prática despoja Cristo de sua supremacia e centralidade no plano redentor de Deus. Adorar e orar a qualquer pessoa que não Deus Pai, Deus Filho ou Deus Espírito Santo são práticas antibíblicas, e por isso devem ser rejeitadas” (Bíblia de Estudo Pentecostal, p. 1836).
Nos primeiros séculos da Igreja, embora não fosse esse o tema principal, e sim Cristo, havia, sim, crença na existência dos anjos. No contexto da Reforma Protestante, Lutero e Calvino não deixaram de lado e acreditavam.
É importantíssimo destacar que estudo ou comentários acerca dos anjos não findaram nos séculos passados e ultrapassaram o contexto religioso. A pós-modernidade abriu espaços para mistificação da figura angélica: como seres espirituais e cuja compreensão deva ser percebida a luz das Sagradas Escrituras, os anjos são vistos e descritos pela literatura fantástica, que em nada crê ou promove os ensinos bíblicos, num ponto de vista diferenciado e distorcido; não como ministros de Deus, mas segundo a história inventada em que são mencionados. Livros como A Batalha do Apocalipse e a série Fallen deixam muito claro a proposta da pós-modernidade: como os não crentes, especialmente os jovens, carecem da presença confortadora do Espírito Santo e da comunhão com o Pai por Cristo Jesus, os anjos acabaram por ser mistificados e usados como tentativa de preencher um vazio que só Deus pode, na verdade, preencher. É uma triste realidade.
Doutrina bíblica dos anjos
I. Existência
A verdade quanto a existência dos anjos está presente em toda a Bíblia Sagrada. As Sagradas Escrituras asseguram que esses seres não são mera imaginação ou fruto de mitologia ou discursos vãos, antes foram criados pelo Deus Todo-poderoso.
Percebamos que os anjos são criaturas, i.e., são parte da Criação, não tendo, portanto, a característica peculiar ao próprio Deus: ser Criador e não criatura; existir sem que alguém O fizesse. O escritor aos Hebreus discorre, inspirado pelo Espírito Santo de Deus, sabiamente acerca da superioridade de Cristo aos anjos; em Hebreus 1.4, está escrito “feito tanto mais excelente que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles”. O uso da expressão “feito” não significa que Cristo é uma criatura, e sim que o Filho, que estava com o Pai desde antes da aurora dos tempos (Jo 1.2), e por meio dO qual tudo foi criado inclusive os anjos (Jo 1.3), foi constituído pelo Pai acima dos santos anjos. No decorrer do primeiro capítulo do referido livro, o escritor argumenta a superioridade de Jesus em relação aos anjos usando para tanto passagens do Antigo Testamento – sendo importante considerar que, pelo teor do escrito, foi destinado a cristãos judeus.
Note-se também que em momento algum de Hebreus há debate acerca da existência dos anjos. O ponto principal de demonstração do primeiro capítulo já pressupõe, com presunção iure et de iure, que os seres angélicos verdadeiramente existentes. Não, há, no entanto, um número exato deles mencionado na Bíblia, pelo contrário, várias passagens deixam claro que são muitos. No AT, Micaías diz que viu “o Senhor assentado no Seu trono, e todo o exército do céu estava junto a Ele, à Sua direita e à Sua esquerda” (I Rs 22.19); corroborando isso, Davi, exaltando a Deus, diz que “Os anjos de Deus são vinte mil, sim, milhares de milhares” (Sl 68.17). No NT não é diferente, a verdade quanto a imensa quantidade de seres angelicais é reafirmada, vide Lc 2.13, Hb 12.22, Ap 5.11-12.
II. Criação
A Bíblia não revela com exatidão o momento em específico em que os anjos foram criados. É certo, todavia, que eles não são desde a eternidade, tendo em vista está escrito nos Salmos que “Louvai-O todos os Seus anjos; louvai-O todas as Suas legiões”; e, ainda, “Louvem o Nome do Senhor, pois mandou Ele, e foram criados” (Sl 148.2, 5), dentre outras passagens. É bem provável que eles tenham sido feitos logo após os céus, e com certeza antes da terra, uma vez que em Jó 38.4-7 acha-se escrito que “as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam” enquanto o Onipotente fundava a terra (v.4).
III. Natureza
Os anjos não são uma raça, e sim um exército. Isso fica bem claro na declaração do salmista no verso 2 do Salmo 148, in verbis: “Louvai-O, todos os anjos; louvai-O, todos os Seus exércitos.”. É mui perceptível o paralelismo feito entre os seres angélicos e sua natureza como componentes dos exércitos celestiais do Senhor – tal entendimento explica, inclusive, o motivo pelo qual Deus é por várias vezes nas Escrituras, em especial no Antigo Testamento, chamado de Senhor dos Exércitos (Sl 46.7, 84.1; Is 22.14, 39.5; Ag 2.9; Zc 1.3).
É incorreto, no entanto, afirmar que todos os anjos são bons. Eles foram criados em perfeito estado (Gn 1.31). A despeito da sua perfeição original no tocante a santidade e obediência ao Criador, alguns se rebelaram contra o Todo-poderoso, tornando-se signatários do diabo e ficando debaixo de sua autoridade (Mt 12.26), aceitando o maligno e pervertido ideal de Satanás de ascender acima de Deus (Is 14.13-14; Mt 4.10). Esses são os que a Escritura, em especial o Novo Testamento, chama de espíritos malignos (Lc 8.2; Atos 19.15), espíritos imundos (Mt 12.43; Mc 1.23) ou demônios (Sl 106.37; Mt 9.34, 12.28; I Co 10.20; Tg 2.19). São anjos maus, não porque foram feitos assim, mas porque se tornaram desse jeito – e isso não por escolha divina, mas por sua própria conta, seguindo o Maligno (Mt 16.24; Ap 12. 4, 7-9). Em contrapartida, os dois terços que permaneceram fieis ao Pai, são os santos anjos do Senhor, eleitos não desde a eternidade e sim porque escolheram Deus e não o Maligno (Mt 25.31. Mc 8.38; Lc 9.26; At 10.22; II Co 11.14; I Tm 5.21; Ap 14.10).
Existe um debate entre a queda dos anjos, tendo em vista divergências de interpretação nas cartas de Pedro (I Pe 3.19-20 e II Pe 2.4) e de Judas (Jd 6), concomitantemente ao relato de Gênesis 6.
De um lado, alguns intérpretes acreditam que os filhos de Deus citados no capítulo seis do Livro de Gênesis refere-se a anjos – o termo “filhos de Deus” é aplicado aos anjos em partes do Antigo Testamento (Jó 38.7); que coabitaram com mulheres e tiveram filhos gigantes maus (Gn 6.4). De acordo com esse pensamento, “alguns anjos que acompanharam Satã em sua rebelião (Jd 6) assumiram formas humanas e, agindo em luxúria, seduziram as filhas dos homens e perverteram a humanidade. Em resposta, Deus reservou para esses anjos um julgamento especial (II Pe 2.4; Jd 6)” (O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento, p. 26). Nas palavras do teólogo e evangelista Jimmy Swaggart, nos comentários da Bíblia de Estudo do Expositor, “os ‘filhos de Deus’ descritos aqui [Gn 6.2] se referem aos anjos caídos, que tinham se colocado a favor de Lúcifer, que encabeçou uma revolução contra Deus durante um período na eternidade passada, para poder corromper a linhagem humana, da qual o Messias viria em última instância;. Eles tentaram corromper essa linhagem casando-se com as ‘filhas dos homens’, o que produziria uma raça bastarda, por assim dizer, da qual, pelo menos alguns, eram ‘gigantes’. De qualquer forma, todos os que resultaram dessa união foram contaminados. O termo ‘filhos de Deus’ no Antigo Testamento, ao menos como se utiliza aqui, não é usado nunca para referir-se a seres humanos; sempre é usado para referir-se aos anjos, sejam justos, ou caídos (Jó 1.6; 2.1). Em sua curta Epístola, Judas menciona esses ‘anjos’. Ele disse que ‘não guardaram sua dignidade; mas deixaram sua habitação’; então ele diz qual foi o pecado deles: ‘tinha seguido a carne estranha’. Referente a isto, Judas também disse que Deus ‘reservou (-os) em escuridão, encerrando-os nas prisões eternas até o julgamento do grande dia’ (Jd 6-7)”. Quanto a prole dessa união, os interpretes que defendem esse entendimento fundamentam em Gn 6.4 – “A palavra hebraica nefilins [naphiyl ou naphil], traduzida como gigantes, vem do verbo hebraico naphal, que significa cair ou ser lançado ao chão. [Sendo assim, o termo poderia ser uma alusão aos poderosos dominadores da época, caídos da graça divina, ou aos anjos caídos]” (O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento, p. 26). Eles afirmam essa segunda hipótese.
Para averiguar-se um texto bíblico é importantíssimo considerar o seu contexto. Inclusive, a regra fulcral da hermenêutica bíblica é “A Bíblia explica a Bíblia”. Assim sendo, quem tira um texto do seu contexto cria um pretexto para falar heresia. Levando isso em consideração, vem a outra interpretação para Gênesis 6 e as declarações de Pedro e Judas.
O capítulo seis do Livro de Gênesis narra a corrupção geral do gênero humano, corrupção essa que alcançou níveis tão elevados que culminou a decisão de Deus em mandar o dilúvio para acabar com toda a carne (Gn 6.5-7, 13). Inclusive, esse juízo de Deus não foi fundamentado em momento algum por questões relativas aos anjos, nem eles sequer são mencionados diretamente aqui pelo termo hebraico malak, e sim por causa do homem: “E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicava sobre a terra e que toda imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente” (Gn 6.5). Nos versículos seguintes, Deus trata do juízo contra toda a carne e o anuncia a Noé, que achou graça aos olhos do Senhor (Gn 6.8, 13-22). Ou seja, todo o contexto está ligado aos homens e a maldade que não somente praticava, como também manchava o mais íntimo do seu ser. O contexto, portanto, trata do homem, não de anjos.
Ora, como dizer que os “filhos de Deus” mencionados em Gênesis 6 são anjos caídos se a expressão acerca da filiação ao Pai das luzes, em quem não há pecado e é três vezes Santo (Is 6.3), é sempre usada ao se referir aos que Lhe são obedientes e creem nEle com fé viva (Gn 3.24; Jo 1.12)? Existe uma extrema contraposição entres os “filhos de Deus” e Satanás em Jó 1.6 e 2.1, de maneira que fica claro que esses “filhos de Deus” não se referem a anjos caídos, e sim aos santos anjos do Senhor, que permaneceram fieis a Ele e não se juntaram ao Maligno e sua rebelião. Ademais, não se pode dizer que anjos casam diante das palavras de Jesus, que os anjos não se casam nem se dão em casamento (Mt 22.30; Mc 12.25); e quanto aos gigantes serem filhos de anjos com mulheres, como explicar a existência deles antes e depois do Dilúvio em Nm 13.33? Assim sendo, esses gigantes eram governantes daquela época.
Então quem era os “filhos de Deus” em Gn 6? Uma excelente, clara e coerente explicação acha-se em comentário na Bíblia de Estudo Pentecostal, p. 41: “Esses ‘filhos de Deus’, sem dúvida, eram os descendentes da linhagem piedosa de Sete (cf. Dt 14.1; Sl 73.15; Os 1.10); eles deram início aos casamentos mistos com as “filhas dos homens”, i.e., mulheres da família ímpia de Caim (...). A teoria de que os “filhos de Deus” eram anjos, não subsiste ante as palavras de Jesus, que os anjos não se casam (Mt 22.30; Mc 12.25). Essa união entre os justos e os ímpios levou à “maldade” do versículo 5, i.e., os justos passaram a uma vivência iníqua. Como resultado, a terra corrompeu-se e encheu-se de violência”.
Mas se esse segundo entendimento sobre Gênesis 6 é verdadeiro, como explicar as declarações de Pedro em suas cartas e de Judas? Em I Pe 3.19-20, fica claro que Pedro não está dizendo que Jesus pregou a anjos aprisionados, que assim ficaram pelo pecado de Gênesis 6, haja vista já foi explicado a correta e bíblica interpretação daquele relato das Sagadas Escrituras. E o que significa, pois, essa declaração do apóstolo? “Cristo, pelo Espírito Santo, proclamou através da pregação de Noé (cf. II Pe 2.5), uma mensagem de advertência àquela geração desobediente, que agora está no Hades esperando o juízo final. Essa interpretação condiz melhor com o contexto bíblico, aludindo ao povo desobediente e perdido dos dias de Noé. Essa interpretação estaria em harmonia com a declaração de Pedro, que o Espírito de Cristo falou em tempos passados através dos profetas (II Pe 1.20-21)” (Bíblia de Estudo Pentecostal, p. 1942). Vale salientar que Jesus não foi lá oferecer àquela ímpia geração uma nova oportunidade, tendo em vista que depois da morte vem o juízo (Hb 9.27), e sim proclamar a eles Sua vitória.
E quanto a II Pe 2.4? Esses anjos mencionados nesse versículo pelo apóstolo são os que pecaram juntamente com Satanás (Ez 28.15; Ap 12.4). Mas por que alguns demônios, i.e., anjos que pecaram e seguiram o Maligno, estão soltos a batalhar nas regiões celestiais (Ef 6.12) e outros estão presos? Judas diz, no versículo 6 da sua epístola, que os anjos que estão reservados na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande Dia são os que “não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação”. Ora, significa que esses anjos aprisionados não permaneceram em sua posição de autoridade que tinham antes da queda, mas se rebelaram. Mas a pergunta continua: por que foram colocados em prisões e outros, não? Judas explica isso comparando a situação desses caídos com a de Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, “que, havendo-se corrompido como aqueles e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno.” (v. 7). Veja que ambos – anjos caídos e os habitantes de Sodoma, Gomorra e cidades circunvizinhas – se corromperam, sendo que aqueles deixaram o seu principado e estes, foi com corrupção sexual: e ambos foram postos “por exemplo”. Significa, à luz do contexto bíblico, que esses anjos caídos foram aprisionados para, assim como os sodomitas, servir de exemplo da condenação para aqueles que se rebelam contra Deus e a Sua Palavra.
Por fim, fica claro, tanto de acordo com tudo já exposto como com outras referências bíblicas, que os anjos são seres espirituais, morais e poderosos.
IV. Funções
Uma das principais funções dos anjos é servir em favor ao povo de Deus (Hb 1.14; Mt 18.10). Dentro disso, é possível perceber como, dirigidos exclusivamente por Deus, eles desempenham tal papel: participaram da obra redentora de Cristo Jesus (Mt 1.20-24; 2.13; 28.2; Lc 1-2; Atos 1.10; Ap 14.6-7), servem portando mensagens da parte do Senhor (Zc 1.14-17; Atos 10.1-8; 27.23-24), trazem respostas às orações dos crentes (Dn 9.21-23; Atos 10.4); podem ajudar na interpretação de sonhos e visões (Dn 7.15-16); ajudam o povo de Deus nas provações (Mt 4.11; Lc 22.43), protegem os fiéis ao Senhor, trabalhando e batalhando para livrá-los do mal (Sl 34.7; 91.11; Dn 6.22; Atos 12.7-10).
É importantíssimo notar que os anjos, além de ministrar em favor dos santos do Senhor, louvam a Deus (Sl 148.2; Hb 1.6; Ap 5.11; 7.11) e cumprem a Sua vontade (Nm 22.22; Sl 103.20).
V. Tipos
Existem tipos, ou castas, ou mesmo categorias de anjos.
A Bíblia fala dos querubins. Eles são mencionados mais de uma vez no livro do profeta Ezequiel (Ez 1; 10.1-3), estando sempre próximos e tendo alguma relação com a proteção à glória de Deus.
De acordo com o Novo Comentário Bíblico Beacon - Ezequiel, na p. 152, “os termos ‘querubim’ e ‘querubins’ (pl.) ocorrem mais de 90 vezes no AT, às vezes descrevendo estátuas ou desenhos de objetos inanimados e, às vezes, como no capítulo 10, constituindo criaturas viventes (...). No AT, eles são sempre alados e associados com lugares sagrados ou templos. O querubim tridimensional aparece, por exemplo, nas descrições do tabernáculo bíblico e do templo”. Ainda segundo o referido comentário, na p. 153, a visão do capítulo 10 de Ezequiel “oferece uma explanação interpretativa das criaturas não identificadas que apareceram com a presença do Senhor na Babilônia: elas não eram nada mais do que os querubins do templo do Santo dos Santos”.
Ainda sobre essa categoria de angelos, A Enciclopédia Popular de Profecia Bíblia, na p. 47, conceitua os querubins como “anjos que ocupam a mais alta posição hierárquica. Eles atendem à glória, à santidade e à majestade de Deus (Ez 1.5-14)”.
Outra classe é a de serafins. São os “abrasados”, que são inflamados com a glória do Senhor e permanecem na Sua presença, com os rostos cobertos, louvando a Ele (Is 6.3).
VI. Anjos específicos
Miguel. Em Judas 9, Miguel é identificado como arcanjo, que significa o anjo principal. De acordo com Dickason, p. 70, “Tal título o coloca de imediato acima, em uma posição superior, como líder militar de um exército de anjos na batalha contra Satanás”. Ele ainda aparece em outros livros como Daniel e Apocalipse, sempre desempenhando papel de liderança nos exércitos celestiais. Ele é o anjo protetor de Israel, conforme Dn 12.1a, in verbis: “E, naquele tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta pelos filhos do teu povo”. O Novo Comentário Bíblico Beacon – Daniel, na p. 316, diz que “Miguel é o anjo protetor dos judeus, que luta em seu favor (veja Dn 11.13 e 21). A mesma raiz (‘ãmad) está por trás de levantará e protege. Portanto, o texto poderia literalmente dizer Miguel (...), que levanta pelo seu povo, se levantará”.
Gabriel. É o anjo que Deus enviou duas vezes ao profeta Daniel, para falar-lhe acerca das visões, dando-lhe a interpretação, predizendo eventos do final dos tempos (Dn 8.15-27; 9.20-27). No Novo Testamento, falou ao profeta Zacarias sobre o nascimento de João Batista (Lc 1.11-20) e também foi o portador da maior de todas as mensagens: quanto ao nascimento do Cristo, o Salvador, à Maria (Lc 1.26-33). Ele se apresentou como aquele que “assiste diante de Deus” (Lc 1.19).
O Anjo do Senhor. Ele merece atenção especial. Embora realizasse também tarefas comuns aos outros anjos, como enviar mensagens ao povo de Deus (Gn 22.15-18; 31.11-13), desempenhou um papel e emitiu declarações totalmente diferenciadas de qualquer outro ser angélico. Percebe-se, dentre outros momentos, que ele é o único anjo que aceitou adoração (Js 5.13-15), em oposição a reação de outro anjo em Apocalipse (Ap 19.9-10).
Esse anjo especial apareceu várias vezes no Antigo Testamento: a primeira aparição foi a Agar (Gn 16.7); outros aparecimentos incluíram pessoas como Abraão (Gn 22.11, 15), Jacó (Gn 31.11-13), Moisés (Êx 3.2), todos os israelitas durante o êxodo (Êx 14.19) e mais tarde em Boquim (Jz 2.1, 4), Balaão (Nm 22.22-36), Josué (Js 5. 13-15), Gideão (Jz 6.11), Davi (I Cr 21.16), Elias (II Rs 1.3-4), Daniel (Dn 6.22). O estudo da Bíblia de Estudo Pentecostal, na p. 387, é excelente: “a identidade do anjo do Senhor tem sido debatida, especialmente pelo modo como ele frequentemente se dirige às pessoas. Note os seguintes fatos: (a) em 2.1, o anjo do Senhor diz: “Do Egito Eu vos fiz subir, e Eu vos trouxe à terra que a vossos pais Eu tinha jurado, e Eu disse: Eu nunca invalidarei o meu concerto convosco. Comparada esta passagem com outras que descrevem o mesmo evento, verifica-se que eram atos do Senhor, o Deus do concerto dos israelitas. Foi Ele quem jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó que daria aos seus descendentes a terra de Canaã (Gn 13.14-17; 17.8; 26, 2-4; 28.13); Ele jurou que esse concerto seria eterno (Gn 17.7), Ele tirou os israelitas do Egito (Êx 20.1-2) e Ele os levou à terra prometida (Js 1.1-2). (b) Quando o anjo do Senhor apareceu a Josué, este prostrou-se e o adorou (Js 5.14). Essa atitude tem levado muitos a crer que esse anjo era uma manifestação do próprio Senhor Deus; do contrário, o anjo teria proibido Josué de adorá-lo (Ap 19.10; 22.8-). (c) Ainda mais explicitamente, o anjo do Senhor que apareceu a Moisés na sarça ardente disse, em linguagem bem clara: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó” (Êx 3.6 (...))”. Alguns, portanto, e com base bíblica contundente, acreditam que ele era uma aparição do Cristo, a Segunda Pessoa da Trindade, antes de encarnar (Jo 1.14).
Sataniologia
Satanás é o maior inimigo de Deus e do Seu povo. Ele se opõe à Verdade, e investe, juntamente com suas hostes demoníacas, contra os que são fiéis ao Senhor, tentando-os a sair dos retos caminhos de Deus, além de fazer de tudo para impedir que os ímpios se convertam ao Evangelho.
A Bíblia revela que Satanás nem sempre foi mal. Na verdade, ele foi criado por Deus e, como tal, foi feito bom (Gn 1.31). Em Ezequiel 28.11-19, existe uma referência velada ao diabo, como sendo quem estava por trás do rei de Tiro. Fica claro, no texto bíblico, que o Maligno era, antes de pecar, um “querubim ungido” e “perfeito eras nos teus caminhos”. Ele estava no Éden, jardim de Deus, era cheio de sabedoria e formosura, conhecido como aferidor da medida, estabelecido por Deus; estava no monte santo de Deus, no meio das pedras afogueadas (Ez 28.12-15).
Apesar da perfeição e beleza primevas do Maligno, em algum momento, foi achada iniquidade nele (Ez 28.15). Antes, Lúcifer, filho da alva, estrela da manhã (Is 14.12). O pecado? A Bíblia diz: “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor” (Ez 28.17); e ainda “E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, e, acima das estrelas de Deus, exaltarei o meu trono, e, no monte da congregação, me assentarei, da banda dos lados no Norte. Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14.13-14). Quanto a esta última passagem citada, no livro do profeta Isaías, existe uma divergência entre os exegetas, alguns entendendo que, sim, se refere de modo velado a Satanás (comparar Is 14.12-20 com Lc 10.18), enquanto outros dizem que diz respeito ao Anticristo. A despeito dessa bifurcação de entendimento, é firme que o Maligno pecou e junto com ele um terço dos anjos (Ap 12.4), seus asseclas, que passaram a ser identificados como demônios.
Hodiernamente, o Maligno controla o mundo (I Jo 5.19), estando ele influenciando as práticas e pensamentos modernos que contradizem a Palavra de Deus e visam a afundar o ser humano em iniquidade. No entanto, embora se esforce para vencer Deus, seu final já está profetizado (Ap 20.10).
Demonologia
A Bíblia de Estudo Pentecostal, na p. 1466, conceitua os demônios como sendo “seres espirituais com personalidade e inteligência. Como súditos de Satanás, inimigos de Deus e dos seres humanos (Mt 12.43-45), são malignos, destrutivos e estão sob a autoridade de Satanás (Mt 4.10)”.
É importante destacar a atividade dos demônios. Eles não estão inertes; na verdade, atuam fortemente para influenciar o ser humano contra o Criador e a Sua bendita Palavra. Por exemplo, são eles a força motriz que impulsiona a idolatria (I Co10.20); podem habitar no corpo de incrédulos e por vezes o fazem (Mc 5.15; Lc 4.41; 8.27-28; At 16.18), falando através deles, inclusive. Não é sempre, mas demônios também podem causar doenças (Mt 9.32-33; 12.22. Mc 9.17-27). Ademais, hodiernamente, também atuam na promoção da imoralidade, ocultismo, bruxaria e falsas doutrinas (I Tm 4.1).
Vale ressaltar, no entanto, que o crente deve continuamente lutar contra eles (Ef 6.12). E o próprio Senhor Jesus nos deu poder para vencê-los (Mc 16.17-20; Lc 10.19-21).