Resumo de ANTROPOLOGIA
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FIC SERVIÇOS EDUCACIONAIS LTDA
RESUMO PARA AVALIAÇÃO
CURSO LIVRE DE GRADUAÇÃO
BACHARELADO
JAIR CÁSSIO FARIA
DISCIPLINA: APOLOGÉLICA
CONCEITO E ASPECTOS GERAIS
“... estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós”. I Pedro 3.15
Definição - O termo vem do grego, apologia, “defesa”, uma resposta ao ataque (At 26.1; 1Pd 3.16). O famoso diálogo de Platão, a Apologia, expõe a defesa de Sócrates diante de seus acusadores. Buscando defender a fé que professa, o cristão usa de suas faculdades racionais para dar razão à sua crença. Ou melhor, a Apologética é a ciência que se ocupa com a defesa de uma fé. Uma defesa da cosmovisão cristã que envolve a pessoa de Deus e os demais aspectos da estrutura teológica teísta.
A Apologética é uma ciência que tem suas raízes na Grécia. Quando se fala em discurso, defesa pelo discurso e similares, fala-se em Filosofia. A argumentação filosófica fazia parte dos Filósofos em seus ensinos e defesas contra filósofos incrédulos como era o caso de Tertuliano. Portanto, podemos resumir este aspecto dizendo que existe uma estreita ligação entre Filosofia e Apologética.
No uso comum, a palavra é usualmente empregada para indicar a defesa do cristianismo. Positivamente, a apologética tenta elaborar e defender uma visão cristã de Deus, da alma e do mundo, uma visão apoiada por raciocínios reputados capazes de convencer os nãos cristãos da veracidade das doutrinas envolvidas no escopo bíblico teológico. Mas pensando na origem do termo temos que ir à Grécia de onde podemos identificar defesa como sendo o sentido. Esta forma é encontrada na Bíblia. Em Atos 26.1 e IPd.3.16 vemos recomendações de defesa da fé. Alguns fazem oposição a qualquer defesa da fé cristã, supondo que o conhecimento da verdade por meio da revelação é perfeito, e não requer qualquer raciocínio humano em sua defesa. Em qualquer instância em que algum argumento é apresentado nas Escrituras, não diretamente alicerçado sobre algum texto de prova, dentro da Bíblia, é uma apologia dentro dos livros sacros, ou seja, das Escrituras.
Vemos também que a Apologética cristã é a disciplina teológica que estuda a defesa da fé e o ataque às vãs filosofias mundanas. O termo apologética é uma derivação da palavra grega apologia, que significa "discurso de volta", "resposta". O estudo apologético é fundamental para a vida cristã, pois prepara o crente para evangelizar e demonstrar a razão da fé e o poder do Evangelho.
Reivindica a Bíblia infalibilidade para si mesma? Às vezes tem sido levantado o argumento de que as próprias Escrituras não reivindicam sua própria infalibilidade. Mas a investigação cuidadosa demonstra que quando o assunto é ventilado, assevera-se o fato de sua absoluta autoridade como sendo a infalível Palavra de Deus. Dos trinta e nove livros do Antigo Testamento, conforme hoje os temos em mãos.
Hebreus 1.1, 2: “Havendo Deus... falado... pelos profetas... falou-nos pelo Filho”. Estas palavras reivindicam para os escritos dos profetas do Antigo Testamento a mesma infalibilidade que pertence às mensagens do próprio Cristo, registradas no Novo Testamento. 1 Pedro 1.10, 11: “Foi a respeito desta salvação que os profetas (do Antigo Testamento) indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada, investigando atentamente qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo, e sobre as glórias que os seguiriam”
Motivos bíblicos em favor da apologética. 1) O trecho de 1Pd 3.15 faz esta declaração direta. “... estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós”. Fica entendido que tal resposta conterá raciocínios acerca da fé, e não apenas textos de prova extraídos da Bíblia.
Temos a pregação de Pedro, proveniente do século II d.C., de autor desconhecido, que defendeu o cristianismo diante do judaísmo e do paganismo. Teve larga distribuição e tornou-se parte do livro de Aristides. Nesse livro, os crentes são denominados “terceira raça”. 2 Timóteo 3.16: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino”. Do contexto do Novo Testamento pode ser facilmente estabelecido que a palavra “escritura” se refere ao Cânon inteiro dos trinta e nove livros do Antigo Testamento, conforme hoje os temos em mãos. 2 Pedro 3.18 dá a Entender que as Epístolas neotestamentárias de Paulo também gozam da mesma situação de Escrituras inspiradas.
NOTA: A PARTIR DESTA PARTE CONCEITUAL APRESENTO O TEXTO QUE CONSTRUI SOBRE A ENCARNAÇÃO COMO UMA AMOSTRA APOLOGÉTICA DESSA DOUTRINA CENTRAL DO EVANGELHO..
REINO DE DEUS E A ENCARNAÇÃO
PRESENÇA & RELAÇÃO
Uma efetiva presença temporal do reino se fez possível com a encarnação do Filho de Deus. Não temos um Rei distante, mas alguém que veio até nós, se esvaziou, e se permitiu adentrar aos finitos espaços do humano. O infinito se conteve na finitude da criação para que pudéssemos ir até aos mais altos céus e nos transcendêssemos nEle pela unidade que em nós se estabeleceu na sua inaudita presença que se revela na relação para conosco. O Emanuel, o Deus conosco, é sempre presente e se relaciona com seus filhos. Tudo isto, por causa da encarnação do Filho Eterno de Deus.
PRINCÍPIO DA ENCARNAÇÃO
João 1.1-14
“No principio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus; ...e o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como a do unigênito do Pai” João 1.1 e 14
INTRODUÇÃO
Num sentido mais objetivo, a encarnação significa que o Filho Eterno de Deus, Jesus Cristo, a segunda pessoa da Trindade, essencialmente Deus, tomou realmente sobre si a natureza humana. De fato, tornou-se homem, assim como nós, excetuando a condição humana de pecado e preservando a natureza divina. O Emanuel, Deus conosco, efetivamente desceu e habitou entre nós.
Esta, foi a única “loucura” que Deus “cometeu”. Segundo o apóstolo Paulo, Deus escolheu salvar os homens, aqueles que crêem, pela “loucura” da pregação (I Co.1 e 2). Para a sabedoria humana este foi realmente um ato “louco” de Deus. Toda a inquirição humana que já era quase nada continuou em sua nulidade enquanto tentativa de compreensão deste ato. Uma paixão “compulsiva” na direção da criatura em perspectiva de vir a ser uma companhia à altura de uma relação com Ele, porém sem que dela Deus precisasse, mas plenamente necessária para a realização máxima do ser humano.
A encarnação é a porta de entrada para o conhecimento de Deus. Em Cristo encarnado, a revelação plena de Deus se torna real. Na cruz, não na crucificação – ato físico – mas na cruz na qual Cristo morreu, levando sobre si, todas as mazelas humanas. Com Ele, fomos às profundezas do inferno e subimos aos mais altos céus. Um percurso que nunca humano algum poderia fazer por si mesmo. Este ato trouxe tremendas implicações para a existência humana na esfera de sua redenção. O seu desenrolar no tempo concretizou o decreto de Deus em redimir o pecador pela obra redentora de Jesus. Portanto, a encarnação constitui um princípio merecedor de toda a nossa atenção.
a) Enunciado do princípio:
Este princípio é por demais grandioso tal que não se concebe, em plena consciência, enunciá-lo por vias totalmente humanas. A construção textual desta verdade está além de nossa capacidade. Da mesma forma que não podemos compreender o método de Deus que nos parece “loucura”, não estamos capacitados para enunciar, por nós mesmos, tal verdade. Uma mensagem com a harmonia textual exigida pela grandeza inerente ao fenômeno, continua ainda sob a guarda e competência do Espírito. Somente Ele é capaz de tal empreendimento. O pastor Hernandes Dias Lopes, na tentativa de expressar este princípio diz:
“O verbo eterno, pessoal e divino fez-se carne e tabernaculou-se entre nós. Esvaziou-se da sua glória e veio morar conosco. O infinito Deus entrou na finitude humana, foi envolto em faixas e deitou-se numa manjedoura. O transcendente Deus, que nem os céus dos céus podem contê-lo, assumiu um corpo humano e a forma de servo. O Deus exaltado e entronizado acima dos querubins, se tornou pobre, nasceu numa família pobre, morou numa cidade pobre e não tinha sequer onde reclinar a cabeça. Entretanto, esse verbo manifestou-se cheio de graça e de verdade e nele estava a glória do Pai. O verbo é o mediador entre Deus e os homens. O verbo é o redentor, por meio de quem somos perdoados e salvos. (Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória – IPB).
Vale adicionar as palavras de Charles H. Dodd , em seu livro “A interpretação do Quarto Evangelho”, que registra:
“Há uma cena na primeira parte do Fausto de Goethe, na qual o herói, suspirando pela luz da revelação (que em nenhum outro lugar brilha com mais fulgor que no Novo Testamento), põe-se a traduzir o Evangelho segundo João. Mas logo na primeira frase ele encontra uma dificuldade. Como traduzi-la? “No princípio era o Verbo”. Mas como pode ser atribuído à simples palavra um tão grande valor?” (2003. p.17)
Assim, o princípio mor da teologia cristã possui o seu enunciado no próprio texto bíblico, que diz: “No principio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus; ...e o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como a do unigênito do Pai” João 1.1 e 14
A encarnação marca o adentrar do eterno no temporal, para usar uma expressão tipo “loucura”, no mínimo ilógica, pois, como poderia o finito ser o receptáculo do infinito? Mas, foi isto mesmo, uma realização que não se deteve aos meandros do possível, do lógico ou do previsível humano, mas fruto da ação de Deus que dispensa qualquer análise e julgamento.
Este fenômeno é de suma importância na economia da redenção. Um ato de Deus em Cristo que deu uma perspectiva transcendente e eterna ao que é temporário e finito. Uma etapa no processo criativo que consolida o contato permanente entre o ser humano e Deus. Um túnel da eternidade no tempo. Este, talvez seja o termo ou a expressão que descreve melhor esta ação de Deus. A presença divina no humano dando a condição ao ser humano, de ser co-herdeiro com Cristo da vida eterna.
b) Fundamentação
O princípio da encarnação encontra sua fundamentação na própria doutrina que, por sua vez, está assentada em toda a Bíblia. Trata-se de uma das doutrinas essenciais ou centrais da teologia bíblica cristã, e de uma forma bastante acentuada, da perspectiva reformada. João 1.1-14 é um dos textos bíblicos mais claros a respeito da humanidade e da divindade de Jesus, ou seja, de sua encarnação. João chama Jesus de “verbo” cuja expressão grega é “Logos”, que pode ser interpretada como a “palavra em ação”, que é, portanto, uma referência à Palavra de Deus tão comum no Antigo Testamento, manifesta já no ato criador. João chama o Logos de Deus, o qual existia desde o princípio e ajudou a criar todas as coisas (1.1-3). Esse Logos é o proprietário da vida (1.4). João conclui sua introdução ao Evangelho do qual é escritor com a expressão: “e o verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jô. 1.14). Esta é a mais excelente declaração bíblica sobre a encarnação do Filho de Deus.
A encarnação era uma necessidade essencial para o cumprimento do plano de Deus. O Salvador simultaneamente tinha que ser totalmente humano para representar-nos, substituir-nos vicariamente, e, divino, para ser o nosso representante por toda a eternidade. Sua morte passa a ter valor infinito, eterno e salvífico. A pena eterna que estava sobre nós foi retirada como que o escrito de dívidas (Cl. 2.14) encravado na cruz, mais especificamente, em Jesus.
Sua fundamentação está, de forma bastante consubstanciada, na Confissão de Fé Reformada, ou como é mais conhecida como a “Confissão de Fé de Westminster”. Diz assim em seu sétimo capítulo:
Seção I
“Aprouve a Deus, em seu eterno propósito, escolher e ordenar o Senhor Jesus, seu unigênito Filho, para ser o Mediador entre Deus e o homem; o Profeta, o Sacerdote, o Rei; o Cabeça e Salvador de sua Igreja; o Herdeiro de todas as coisas; o Juiz do mundo; a quem, desde toda a eternidade, deu um povo para ser sua progênie e para ser por ele, no tempo redimido, chamado, justificado, santificado e glorificado.”
Is 42.1; I Pe 1.19-20; Jo 3.16; I Tm 2.5. At 3.22. Hb 5.5-6; Sl 2.6; Lc 1.33. Ef. 5.23; Hb 1.2. At. 17.31; Jô 17.6; Sl 22.30; Is.53.10. I Tm 2.6; Is 55.4-5; I Co 1.30.
Seção II
“O Filho de Deus, a segunda Pessoa da Trindade, sendo o vero e eterno Deus, de uma só substância com o Pai e igual a ele, quando chegou a plenitude do tempo, tomou para si a natureza humana, com todas as propriedades essenciais e fraquezas comuns a ela, contudo sem pecado; sendo concebido pelo poder do Espírito Santo, no ventre da Virgem Maria, e da substância dela. De modo que as duas naturezas inteiras, perfeitas e distintas, a Deidade e a Humanidade, foram inseparavelmente unidas em uma só pessoa, sem conversão, composição ou confusão. Pessoa esta verdadeiro Deus e verdadeiro homem, contudo um só Cristo, o único Mediador entre Deus e o homem.”
Jo 1.1,14;I Jô 5.20; Fp. 2.6; Gl 4.4. Hb 2.14,16,17; 4.15. Lc 1.27,31,35; Cl 2.9; Rm 9.5; I Pe 3.18; I Tm 3.16. Rm 1.3-4; I Tm.2.5.
Poderíamos aprofundar mais neste tópico. Existe uma vastidão de textos e outros aspectos bíblicos que sustentam este princípio. Mas, para o propósito deste texto-estudo, entendo que o conteúdo retro-apresentado é suficiente para a fundamentação desta verdade.
REFERÊNCIAS GERAIS PARA CONSULTAS
TEXTOS BÍBLICOS
Rm 5:12; Jo 1:14; Mt 1:18-25; Lc 1:26-38; Jo 20:15; 21:4-5; 1Tm 2:5; Mt 16:27-28; 25:31; 26:64-65; At 17:31; Is 9:6-7, Is 7:14; Mq 5:2; Lc 1:17,76; (GN 3:15; IS 53:4-6; DN 9:26; 1CO 5:7) E REI (GN 17:6,16; 49:9-10; 2SM 7:12-13; SL 8; 24; 45; 110; ZC 14:9). MT 6:9; JO 1:18; 14:9; 16:27; MT 6:8,32; 5:45. IS 53:6; MC 10:45; JO 1:29,36; 2 CO 5:21; HE 2:9; 9:26; 10:4-5,10,12; 1JO 3:5. O Cristo é tanto o bode sacrificial como o expiatório! Lv 16: 8-9, 20-22. DEUS 2CO 5:19; HE 2:17; 1TM 2:5-6. (ver 3.14Ofícios). HE 9:26; JO 1:18; 14:9. HE 2:17; 3:1; 9:26. (ver 3.14.Ofícios), JO 13:31; 14:13; 17:4.
c) Aplicações
O princípio possui uma abrangência proporcional à importância que as Escrituras dão a este tema. Apresentamos aplicações que possuem dimensões além de um formato objetivo. Ou seja, são aplicações que dizem respeito às conseqüências teológicas, vivenciais e morais advindas deste grande feito de Jesus.
PIMEIRA
O PROCESSO SUBSTITUTIVO NA PLENITUDE DO TEMPO =SUBSTITUIÇÃO HUMANA=
João 3.16
NOTA: O TEXTO DESTA PRIMEIRA APLICAÇÃO PERTENCE AO TEÓLOGO HÉBER C. CAMPOS. EXTRAÍDO DE SUA APOSTILA COM ALTERAÇÕES FEITAS POR MIM – Jair C. Faria.
Um estudo do processo de desenvolvimento humano implica, necessariamente, na compreensão da Antropologia. Uma visão do ser humano sob a luz do que diz as Escrituras. Não se trata da Antropologia filosófico-cultural, mas de uma visão bíblica calcada nos princípios da fé reformada.
O conceito de imagem de Deus tem um peso fundamental para o tratamento que devemos dar a outros aspectos tais como: o pecado e seus efeitos na vida do homem após a queda. As implicações em suas decisões, na sua cosmovisão e tantos outros fatores que estão diretamente ligados ao processo de mudanças e desenvolvimento. O homem, mais do que possuir a imagem de Deus, ele é a imagem de Deus. Por meio dessa imagem o ser humano espelha e representa Deus diante da criação. a ele,sem a qual ele não pode ser o que é. Segundo as Escrituras a imagem de Deus é totalizante na pessoa humana. Nada no homem é excluído dessa imagem. De uma forma bastante diferente do que outras criaturas, como revelação natural de Deus, o ser humano possui a imagem de Deus em todas as suas estruturas: corpo, alma e todas as faculdades cognitivas e relacionais. Em sua condição original, o ser humano, antes de pecar, era:
1 - O espelho de Deus
Antes da queda, o homem refletia perfeitamente o seu Criador. Bastava olhar para ele para ver a perfeição de Deus refletida nele. Tudo era harmonia. Hoekema diz que: ‘’Deus era o homem tornado visível na terra. Para ser exato, outras criaturas, e mesmo os céus, declaram a gloria de Deus, mas somente no homem Deus torna-se visível.Os teólogos Reformados falam da revelação geral de Deus, na qual Ele revela a Sua presença, poder e divindade através das obras de Suas mãos. Mas na criação do homem, Deus revelou-se a si mesmo de um modo singular, por tornar alguém que era uma espécie de espelho, uma imagem de si próprio. Nenhuma honra mais alta poderia ter sido dada ao homem do que a do privilegio de ser a imagem de Deus que o fez’’. Esta imagem foi deformada pela queda, mas foi restaurada por Cristo, e será aperfeiçoada ate que volte de novo a ser como era.
2 - O representante de DEUS
O domínio que Deus deu ao homem sobre todas as obras de Sua criação, indica que Deus deixou homem como seu representante e governador da criação.Deus governa através do homem, a quem deu o domínio sobre tudo. Por essa razão,a responsabilidade do homem aumenta, pois ele tem que fazer exatamente o que Deus faria;como um embaixador de Deus que é.
SOBRE SIGNIFICADO DAS PALAVRAS’’IMAGEM’’ E ‘’SEMELHANÇA’’
As duas palavras aparecem juntas e Gn 1.26, mas não se referem a coisas diferentes, como, por muito tempo, crê-se na historia da igreja. As duas palavras, imagem e semelhança, são sinônimos e usadas indistintamente. Em Gn 1.26 aparecem as duas palavras, enquanto que em Gn 5.1 aparecem somente a ‘’semelhança’’, e em Gn 5.3 as duas novamente. Em Gn 9.6 aparece somente a palavra ‘’imagem’’, como que indicando a idéia total do homem. Hoekema assevera que ‘’se estas palavras pretendessem descrever aspectos diferentes do ser humano,elas não seriam usadas, como as temos visto sendo usadas,isto é quase indistintamente’’.Berkhof observa que: ‘’a opinião corrente é que a palavra semelhança foi acrescentada á imagem para expressar a idéia de que a imagem foi extraordinariamente parecida,uma imagem perfeita.A idéia é que,mediante a criação,aquilo que era arquetípico em Deus,se transformou em copia no homem.Deus foi o original de onde se tirou a copia que é o homem.’’ A palavra hebraica para imagem e derivada de uma raiz que significa ‘’esculpir’’ ou ‘’cortar’’. Portanto, podemos entender ‘’imagem’’ como sendo o homem uma representação de Deus. A palavra hebraica para semelhança e que vem de uma raiz que significa ‘’ser igual’’. Alguém poderia dizer que em Gn 1.26, a palavra imagem é igual a semelhança, uma imagem que é igual á nossa.As duas palavras juntas dizem-nos que o homem e uma representação de Deus, que é igual a Deus em certos aspectos’.
A QUEDA E A IMAGEM DESFIGURADA
A imagem de Deus permanece depois da queda, mesmo embora não vejamos mais os vestígios da justiça original. Todas as suas capacidades intelectuais, afetivas, sua liberdade moral,seu domínio sobre a criação,etc.,foram afetados pela queda,mas mesmo depois da que , é dito que o homem é a imagem de Deus (TG 3.9 E GN 9.6).A condição da humanidade agora caída,portanto, é a da impossibilidade de não pecar.Neste estado o non posse non peccare é uma realidade indiscutível. Não há forças no pecador para fugir do pecado.Nesse estado, é também dito que homem tem impotência bene agendi, isto é, ele é incapaz de fazer o bem.
Calvino diz: ‘’mesmo embora concedamos que a imagem de Deus não tenha sido totalmente aniquilada e destruída no homem, ela foi tão corrompida que, qualquer coisa que permaneça, é uma deformidade horrenda”. Possivelmente pensando na justiça original, Calvino acrescenta: “Agora a imagem de Deus é na existência perfeita da natureza humana que brilhava em Adão antes da queda, mas que subsequentemente foi viciada e quase apagada, de tal forma que nada permanece após a ruína, exceto que ela é confusa, mutilada e doentia.” Com a queda, a imagem ficou pervertida, e o homem quebrou os relacionamentos com os quais Deus o havia dotado: O homem quebrou o relacionamento com Deus, com o seu semelhante com a natureza.
A - O Homem quebrou o relacionamento com Deus – Depois da queda, ele passou a adorar a criatura ao invés do criador (Rm 1.20-23). A idolatria antiga era bastante primitiva, pois o homem adorava estátuas de barro, coisas bastante rudimentares. Hoje, não existe diferença de idolatria, apenas a confecção mais elaborada dos ídolos modernos. Hoje os homens fazem os outros tipos de idolatria sem se ajoelharem literalmente diante delas, mas têm o dinheiro, a fama, o poder, os prazeres, as posses, etc., como objeto de culto. Não podemos,contudo nos esquecer,que mesmo nesta nossa sociedade contemporânea,ainda há idolatria á moda antiga,ou seja,o curvar-se diante de ídolos feitos á imagem e semelhança de homens e animais. O homem se esqueceu daquele de quem foi feito imagem e semelhança.
B) O homem quebrou o relacionamento com seu semelhante – Ao invés de ser benção para o seu semelhante, agora o homem perdeu a verdadeira comunhão com eles. Hoekema diz que ao invés de ser útil para eles, os ‘’homens caídos agora usam o dom do relacionamento para manipular os outros com a ferramenta para os seus propósitos egoístas. Ele usa o dom da linguagem para falar mentiras ao invés da verdade, para ferir o seu vizinho ao invés de ajudá-lo.’’
Os relacionamentos tornaram-se altamente prejudicado. O amor não mais é a tônica, e sim o ódio. O real interesse pelo bem estar dos outros se tornou em indiferença e descaso. Apenas nos interessamos pelos que são do sangue, e ainda assim quando eles não nos decepcionam. Ninguém ama ninguém, porque a imagem de Deus esta terrivelmente desfigurada. Se as ciências dos homens estudassem o homem antes da queda, elas haveriam de entender muito melhor os relacionamentos dos homens pós-queda. As ciências humanas que não prestam atenção ao que Deus diz dos homens na Escritura, não são sabias, e podem perfeitamente ser chamados não cientificas, porque sempre ficarão sem analisar os verdadeiros problemas dos homens. As antropologias que não estudam o homem á luz da revelação divina, não são simplesmente não-cristas, mas anti-cristas.
‘’Todas as concepções do homem que não levam em conta o ponto de partida da doutrina da criação e, que, portanto, olham para ele como um ser autônomo e que pode chegar ao que é verdadeiro e reto totalmente à parte de Deus ou da revelação de Deus na Escritura,devem ser rejeitadas como falsas.’’
Na figura a seguir podemos ter uma visão do processo macro do desenvolvimento do ser humano na perspectiva da raça. Uma visão das fases que podemos identificar a partir das Escrituras.
NA PLENITUDE DO TEMPO
A intervenção de Deus na História, pela encarnação do Verbo, se deu na plenitude do tempo, ou seja: no tempo pleno!
“Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl. 4.4).
A convergência do finito com o infinito. O ponto em que o tempo é assaltado pelo eterno e a eternidade toma um colorido de temporal como que reduzida pela finitude enquanto presente na criação. Deus em Cristo, concede ao temporal, à criação e, especialmente aos seus, a condição de perpetuar para além da existência limitada às dimensões humanas. Este é o ponto histórico de convergência onde Jesus, de fato, se consuma como aquele que tudo fez como afirmou o apóstolo João: “...e sem ele nada do que foi feito se fez.” (Jô. 1.3b). Toda a criação agora, de fato e de direito, pertence a Cristo e por Ele somente é sustentada. O sentido da história, da vida e da pessoa humana é agora claro e diretamente focado na pessoa de Jesus. Nada mais é real, senão pelo o Filho Eterno de Deus que se encarnou e se fez homem para que o homem se fizesse pessoa segundo a imagem e semelhança de Deus com o propósito de habitar e conviver com Ele. Na figura a seguir podemos ver o ponto central de convergência.
Plenitude do tempo é o presente eterno - Deus não está limitado ao espaço e ao tempo. Para Ele não existe limitações. Ao homem não foi dada esta faculdade. Somos limitados ao tempo e ao espaço e não podemos ver as coisas na perspectiva da eternidade. Somos finitos e não devemos tentar intrometer nos arcanos de Deus! Os segredos do plano eterno de Deus estão escondidos em Cristo, em quem nós, a despeito de nossas limitações, podemos através da obra da redenção ter uma noção do que significa a questão de tempo e espaço na correlação com a providência de Deus.
Deus esperou o tempo do mundo (chronos) se encher, todavia, não esperou de braços cruzados. Ele agiu efetivamente a fim de preparar o mundo para o nascimento de seu Filho. A vinda dele não foi uma decisão tomada de última hora, como se surpreendentemente o mundo ficasse pronto de uma hora para outra. Deus preparou o mundo cuidadosamente, e assim os grãos de areia do tempo foram se enchendo, até que, no momento planejado, Deus enviou seu Filho. Não poderia ser diferente, a maior e mais definitiva intervenção de Deus na história do mundo não poderia acontecer de qualquer forma. Foi um acontecimento ímpar, fruto da providência de Deus que tornou possível uma relação crescente e gloriosa que se consumará com a volta de Jesus, quanto todas as coisas serão restauradas para a alegria dos filhos de Deus.
AS ESCRITURAS APONTAM PARA O QUE PODEMOS CHAMAR DE TEMPO PLENO – QUE SIGNIFICA QUE A ETERNIDADE ENTROU NO TEMPO E ESTE FENÔMENO DECRETOU O FIM DO TEMPO. TUDO ESTÁ CONSUMADO. É O CARÁTER ESCATOLÓGICO - O FUTURO CERTO E PRESENTE PARA TODOS OS REMIDOS. - jcf
SEGUNDA
A UNIÃO DAS NATUREZAS HUMANA E DIVINA
A encarnação foi Deus, o Verbo Eterno, a segunda pessoa da Trindade, adquiriu os atributos de homem perfeito, todavia, preservando os atributos divinos (Cl 2:9; ITm 3:16). Jesus Cristo, desde a encarnação e para sempre tem duas naturezas, em união perfeita e eterna. As duas naturezas jamais funcionam independentemente, mesmo subsistindo eternamente distintas. Simultaneamente, o Filho é totalmente Deus e totalmente homem; sem perda parcial ou temporária dessas naturezas. (Jô. 1:14; Gl. 4:4; 1Tm 3:16).
Esta questão da mais alta complexidade, sobre a qual, não ousaremos ir além do que nos foi dado a conhecer. É importante ressaltar que a nossa segurança eterna na pessoa de Cristo reside no fato de que Nele, fomos inseridos como nova criatura. A partir de então, temos total segurança e ainda mais, a condição necessária para habitar com Ele no céu, na presença de Deus por meio de nossa união com Jesus. União mística, segundo alguns teólogos, que, na perspectiva jurídica, ou seja, segundo a justiça de Deus, na medida do decreto eterno, estamos já justificados e unidos em Cristo, inseparáveis, portanto dEle. A encarnação, pela união com Jesus, abriu a possibilidade de vida plena, efetiva e abundante para todos os que nEle crêem. Como novas criaturas, pois gerados pelo Espírito Santo, nEle ( II Co. 5.17) haverão de ser salvos e estarem para sempre com Deus. Este é o sentido mais profundo e prático da teologia, mais objetivamente da Encarnação. Jamais o ser humano poderia obter a autorização e a adequação para ser uma habitante do céu e viver na presença de Deus por toda a eternidade, se não fosse gerado e inserido na pessoa de Jesus, a quem submetemos nossa vida.
Na figura abaixo procurei demonstrar o quanto é significativa esta união. Jesus ao encarnar-se, passou, em nosso lugar, pelas fases e dimensões de nossa pessoa. Somos guardados nEle, desde toda a eternidade. E isto deve nos bastar para uma vida de real segurança e significado!
Não precisamos de nada mais para nossa alto-estima. Nossa vida, mesmo em meio às tribulações, deve ser um canto de gratidão a Deus.
TERCEIRA
A HONRA À TRINDADE PELO CONSELHO ETERNO
Deus, no Conselho Eterno, decretou e, isto, para Ele, significa pleno cumprimento! A encarnação do Filho é parte integrante do decreto eterno. Na história, pela providência de Deus, o Filho teria que morrer pelos eleitos!
Vejam os textos a seguir, no quadro abaixo, e verifique o quão era importante que Jesus encarnasse para o cumprimento do decreto eterno de Deus. Um grande número de tarefas foi a Ele determinado. Jesus não veio ao mundo somente para pregar, curar e outras coisas que muitos pensam ser o escopo total de sua missão. Jesus veio para realizar a obra da redenção de forma total e perfeita.
Pelos textos acima podemos ver que a encarnação foi vital para que o plano de Deus se cumprisse. Temos que ser gratos a Deus por ser Ele fiel a si mesmo!
QUARTA
A COMUNHÃO EFETIVA COM A SANTISSIMA TRINDADE
Um dos aspectos notáveis do conhecimento de Deus, que é também, juntamente com o conhecimento do Filho, a condição para a vida eterna (Jo. 17.3), é que, este conhecimento envolve ou se traduz numa relação efetiva com toda a Trindade Santa. Jesus expressa esta união assim: “Sabereis que eu estou no Pai, e vós em mim e eu em vós” (Jo. 14.20)
Desta união resulta diversas implicações para o cristão. A relação com Deus passa a ter uma nova dimensão.
Esta comunhão trás para nós segurança, direção, consolo e até a disciplina que tanto necessitamos para não sairmos do caminho. É uma comunhão que deve ser desfrutada na sua maior intensidade. Ninguém, além dos filhos de Deus, possui tal privilégio. (Ef. 1.13-14; vede João 13, 14, e, especialmente o 15 onde a comunhão tem um caráter de pertencimento)
Com a encarnação, Deus fez morada permanente conosco. É diferente do Velho Testamento quando Deus concitou Abraão para andar com Ele (Gn. 17). Agora, Deus anda em e conosco! O Espírito Santo passa a estar conosco e, neste caso, como o PARÁCLETOS, ou seja, = aquele que vai junto =. Deus desceu até nós, assumiu a forma humana e, em forma Divino-humana, está entre nós e anda conosco. (Jo. 16 – todo o capítulo).
Vejamos pelos textos abaixo que em ambos os casos dessa relação, Cristo é, para os homens, o mediador da relação:
A RELAÇÃO NO EVANGELHO DE JOÃO
O Pai conhece o Filho - 10.15
O Filho está no Pai – 14.10-11.20;17.21
O Filho conhece o Pai – 10.15
O Pai está no Filho – 14.10-11; 17.21,23
O Filho conhece os homens – 10.14
Os homens estão no Filho – 14.20; 17.21
Os homens conhecem o Filho – 10.14
O Filho está nos homens – 14.20; 17.23, 26
Os homens conhecem (vêem) o Pai e o Filho – 14.7-8
Os homens estão no Pai e no Filho – 17.21
Fonte: Charles H. Dodd, em “A Interpretação do Quarto Evangelho” p. 251
Nota.
Nestes textos não aparece a pessoa do Espírito Santo, mas o Evangelho de João e toda a Bíblia O inclui na relação e na união da Trindade com os filhos de Deus.
A comunhão com a Trindade Eterna, trás vida plena para o cristão. (3:36; 10:10). Esta verdade estava bem viva na mente de alguns dos fiéis do passado, Como: Jó quando disse “ Eu sei que meu redentor vive..” numa fase de provação e grandes aflições, Paulo também expressou: “Eu sei em quem tenho crido...”; e mais, “Não vivo eu mas Cristo vive em mim”; “Se vivemos, para Senhor vivemos, se morremos, para o Senhor morremos”.
Estas são expressões de um novo paradigma vivencial. Em Cristo, temos o que Jesus mesmo chamou de vida em abundância. Ao contrário do que muitos advogam e buscam essa vida, não é uma vida de bonança e prosperidades, mas uma vida que vai além da via medíocre do ser humano nos limites adâmicos. Trata-se de uma vida de glória, mesmo em meio às grandes aflições. Uma vida de constante superação. Em II Co.5.17 temos: “ E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura: as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” Finalizando podemos ver em Cl.1.27b “.Cristo em vós, a esperança da glória” – QUE QUER DIZER: O PASSADO QUE FOI PAGO, O PRESENTE QUE É ETERNO E O FUTURO QUE É NOSSO, ISTO TUDO NA DOCE PALAVRA: N E L E ( JESUS) !!!!!!
Existem outras aplicações que trataremos nos princípios que seguirão, a exemplo do princípio da expectativa que aponta para um fim glorioso do filho de Deus e de toda a criação que será redimida, princípio que dá sentido à história.
No momento, estas são suficientes para nós. Para coroar esta parte, vejamos o que diz Paulo em sua carta aos Filipenses 2.5-11, onde mostra a estrutura máxima de uma aplicação no que diz respeito à nossa postura. “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus..”. Vale a pena ver e pensar que temos e podemos ter um relacionamento com as pessoas, tendo um sentimento de esvaziamento e humildade para a honra de Deus.
d) Indicações para aprofundamento
e.1 – Sites
http://www.bibliotecaevangelica.cjb.net/
http://www.monergismo.com/
http://tempora-mores.blogspot.com/
http://www.bibliacomentada.com/bc/Default.aspx
http://www.mackenzie.br/teologia.html
http://www.metatextus-jcf.blogspot.com/
Algumas referências bibliográficas
Robert M. Bowman Jr. Por Que Devo Crer na Trindade – Uma Resposta às Testemunhas de Jeová..
William Hendriksen. Romanos.
G. C. Berkouwer. A Pessoa de Cristo.
Louis Berkhof. Teologia Sistemática.
Dodd, Charles H. A Interpretação do quarto evangelho. São Paulo: Teológica, 2003.
CAMPOS, Heber Carlos. As duas naturezas do redentor. São Paulo: Editora cultura cristã, 2004.
Jair Cássio Faria