Resumo de ANTROPOLOGIA
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Pedagogia
Para alguns autores, Pedagogia seria a arte que se esforça por preparar a criança para a realização, na medida do possível, do ideal humano concebido pelo educador; e, nesta ordem de ideias, fato pedagógico seria de toda e qualquer operação tendente à preparação do educando para o cumprimento do seu destino humano. Atualmente, porém, define-se a Pedagogia como a ciência e a arte de educar.
Podem considerar-se agentes de educação aqueles aos quais, de qualquer modo, compete ministrar, aos seus semelhantes, instrução e educação, embora não seja essa a sua atividade específica.
Estão nesse caso os avós, pais, tios, irmãos mais velhos, chefes, patrões, magistrados, etc., porém, educação para surtir os desejados efeitos, tem de ser metódica, coordenada, progressiva, contínua e operante.
Esta só pode efetuar os professores, que recebem, para isso, preparação especial e que têm ao seu dispor os necessários meios, para obtenção do referido fim.
O verdadeiro professor, digno de tal nome, deve ser, ao mesmo tempo, educador.
Estas duas palavras são sinônimas. Todos os professores, dignos de tal designação, devem ser educadores; mas nem todos os educadores são professores.
Educador é aquele que, pela palavra, pelo exemplo, pela ação – e em todas as emergências ou circunstâncias da vida – ministra conhecimentos, proporciona modelos e exerce sugestões eficazes sobre um indivíduo imaturo ou até sobre um grupo. Professor é aquele que limita a ensinar oralmente, numa aula, a matéria em que é especialista.
Também pode ser considerado agente específico da Educação o pedagogo, isto é, aquele que se consagra ao estudo dos problemas concernentes à Educação, e que, como tal, fornece as diretrizes e as luzes ao professor.
O professor pode não ser pedagogo - e por vezes até convém que não o seja - mas tem de saber Pedagogia e tem de ser educador, se porventura quiser cumprir o seu dever com elevação e dignidade.
A Pedagogia não é uma ciência exata, e este fato contribui, poderosamente, para tornar difuso o seu âmbito e transcendente o seu estudo. Esclarecendo que a ciência da Educação difere das outras ciências, afirma Wilbois, conforme já dissemos, que “ela não é uma ciência de fatos, mas, sim, de possibilidades – as possibilidades da alma da criança em submeter-se as influências educativas”.
A Pedagogia não pertence ao grupo das ciências fundamentais. É uma ciência derivada, que não tem vida independente. Depende de outras ciências, isto é, de todas aquelas que estudam o homem nos seus diversos aspectos, e que procuram encontrar soluções para os vários problemas que o afligem, quer no plano individual, quer no plano filosófico ou social.
Em primeiro lugar, há que estudar as ciências do homem considerado em si próprio:
a) Psicologia;
b) Ciências biológicas;
c) Antropologia.
Em segundo lugar, interessa conhecer as ciências e as técnicas do homem considerado em grupo, nas suas relações com o meio social, cósmico e geográfico:
a) Sociologia;
b) Antropogeografia;
c) Estatística.
Em terceiro lugar, é preciso não esquecer as ciências que procuram dar a explicação mais profunda do universo, ou sejam a suas origens e os seus fins:
a) Ciências filosóficas.
A pedagogia leva em consideração o estudo de vários grupos ao qual a criança tem contato durante o seu desenvolvimento, grupos estes que influenciam diretamente na educação recebida pelos mesmos.
• Grupo familiar: A família deve ser o elemento educador por excelência.
• Grupo recreativo: O grupo recreativo pode exercer numerosas influências sobre o espírito infantil: desperta a consciência da mútua colaboração, ensina a vencer os obstáculos, a saber, ser derrotado, a ser disciplinado, etc. Por isso, a atividade recreativa não pode ser deixada ao acaso, devendo existir uma “coordenação” perfeita entre as atividades recreativas e as atividades escolares.
• Grupo cultural: O grupo cultural poderá ser de variadíssimas categorias: Religioso, literário, filatélico, científico, de História, de Arte, etc. Só uma coisa lhe deve ser vedada: a política, porque ela corromperia e envenenaria os seus componentes, gerando, entre eles, espírito de partido ou ódio, em vez de espírito de solidariedade, de lealdade e de colaboração.
• Grupo profissional: Este grupo exerce, também inegável influência sobre a formação da personalidade. Pode melhorar o indivíduo ou pode inferiorizá-lo; pode contribuir para o educar, ou anular ou, pelo menos, prejudicar gravemente a ação da escola.
• Grupo religioso: O essencial é que os homens saibam cumprir o seu dever. As religiões possuem a sua missão específica e importante na obra complexa da educação: cabe às religiões mais elevadas dar ao espírito humano as normas renovadas do sentimento e da ética
Grupo escolar: Sobre a importância educativa da escola ou do colégio, Paulo Janet escreve o seguinte:
“O colégio ensina à criança muitas coisas úteis: a disciplina, porque na família a mais rigorosa disciplina é condescendente e desigual; o trabalho, que na família é descurado, suspenso, interrompido; a justiça, que na família, por mais severa que seja, nunca é isenta de favor; a emulação, porque no colégio tudo é emulação, e o que não é o primeiro no estudo, quer sê-lo ao menos num outro exercício físico; a sinceridade e a lealdade, porque nada há que mais horror cause às crianças do que hipocrisia e a delação; a paciência, porque as crianças más atormentam-se umas às outras; a coragem, porque no colégio cada qual tem de defender-se e um ponto de honra muito apertado proíbe que se apele para o socorro dos mestres ou diretores, a amizade, porque é no colégio que nascem e se enraízam as mais fortes amizades; finalmente, ensina-lhe a vida, porque ali só se consegue o lugar que se conquista, ninguém a auxilia, e a criança, como depois o homem, está só, sujeita a uma regra inflexível, sem proteção que não seja o mérito, a vontade própria e a pureza de intenções”.