Resumo de APOLOGETICA
Warning: Undefined array key "admin" in /home3/teolo575/public_html/paginas/resumo.php on line 64
INTRODUÇÃO À POESIA HEBRAICA
A característica mais importante da poesia hebraica é a repetição de ideias, denominada de paralelismo. Uma ideia é afirmada e, logo em seguida, é novamente expressa com palavras diferentes, sendo que os conceitos das duas linhas se equivalem de forma aproximada. Os tipos de paralelismo foram classificados por Lowth (1753) em três categorias: sinonímico, na qual a ideia é repetida de forma similar; antitético, no qual a ideia é afirmada por oposição; e sintético, na qual a segunda linha desenvolve ou continua o pensamento da primeira linha ao invés de simplesmente repeti-la. Outra categorias foram também identificadas. Por exemplo, no paralelismo emblemático, a primeira linha contém uma figura de linguagem e a outra apresenta a mesma ideia de forma literal, explicando assim a figura. No paralelismo de passo, escada ou climática, o pensamento avança, sendo que cada linha adiciona um elemento novo a ideia antes apresentada. Alguns exemplos dos tipos de paralelismo acima mencionados são os seguintes: (a) sinonímico: Sl 113.7; Sl 147.10; (b) antitético: Sl 1.6; Pv 10.1; (c) sintético: Sl 52.9; (d) emblemático: Pv 25.4-5; (e) de escada: Jz 5.30; Sl 29.5-6; 65.4.
A comparação e o contraste das parte correspondentes de expressões paralelas são a chaves fundamental tanto para compreender como para apreciar a poesia bíblica. Na poesia hebraica os elementos que dependem da sonoridade palavras como: rima, métrica ou ritmo. Não têm tanta importância como o paralelismo. Outra característica formal, que é muitas vezes indicada nas margens ou nas notas de traduções, é o acróstico. Nesse tipo de composição, as linhas ou estrofes iniciam, cada uma, com letras em ordem alfabética. Essa técnica, a exemplo do paralelismo, auxiliaria na memorização e no ensino. Isto também pode ser um meio de sugerir-se que o assunto foi tratado de forma completa. O melhor exemplo é o Sl 119.
JÓ
Frequentemente se diz que o livro de Jó é o livro mais antigo da bíblia. Um respaldo para essa teoria é encontrada na declaração do Talmude (uma coletânea de texto rabínicos a respeito da lei e dos costumes judaicos) de que “Moisés escreveu o seu próprio livro e Jó” (Baba Bathra 14b). Entre os escritos de sabedoria do antigo testamento, esse livro, junto com Eclesiastes, figura como um tipo de anti sabedoria. Ele se opõe à sabedoria tradicional ao confrontar a difícil questão do sofrimento com a afirmação de que Deus é justo e bom. O livro trata desse assunto com uma franqueza às vezes desconcertante e não sugere a existência de uma divindade maligna ou que o poder de Deus seja limitado. Ao invés disso, ele louva a sabedoria, a sabedoria e a gloria do Criador. Em duas descrições do relacionamento entre Jó e Deus, se percebe que o Deus de Jó não é maligno nem limitado. O livro de Jó se debate com uma percepção tradicional, uma perversão do ensino contido em Provérbios de que todo o sofrimento é uma punição imediata dos pecados humanos. Os concelhos de Jó, como muitos outros, consideravam a profundeza do sofrimento de Jó uma evidencia clara do seu grande pecado. Mas Jó veio a compreender que Deus em seu trono é soberano e recompensa aqueles que lhe pertencem, apesar dos tempos de aperto e dor. O leitor aprende que Jó sofreu não porque era um dos piores dentre os homens, mas porque era um dos melhores, e que sua provação veio a glorificar a Deus.
SALMOS
O livro dos Salmos é a maior coletânea de poesia lírica antiga que existe. Como parte da bíblia esta poesia é, naturalmente religiosa; expressa as emoções dos crentes, quando são instigadas pelo pensamento a respeito de Deus e pelo aperfeiçoamento da sua fé. Os sentimentos de alegria e dor, medo e segurança, triunfo e tragédia, confiança e duvida, esperança e desespero, são expressos com piedade e reverencia, mas de maneira honesta e corajosa.
Ás vezes, o leitor fica surpreso, pelas palavras diretas e poderosas que os salmistas usaram entretanto, estes indivíduos estavam em situações de vida ou morte, atacados por inimigos cruéis e incansáveis, traídos por amigos, ou em risco de perigos naturais em suas viagens pela terra. Como não havia paz duradoura e nenhuma sensação de segurança, a vida era um desafio diário. Ainda assim, estavam convencidos de que o Senhor reinava sobre os assuntos dos homens, se alegravam por terem a lei de Deus como seu guia.
Os Salmos vão desde a época de Moisés (Sl 90), passam pelas experiências de Davi (Sl 51) e vão até a época posterior ao exilio dos judeus na Babilônia (Sl 26) e segundo o gêneros podemos dividir o livro em: hinos de louvor, lamentos, salmos de ação de graças, cânticos de confiança, salmos reais e salmos sapienciais. O livro se Divide em outros cinco menores:
I - Livro 1 Cap. 1-41
II - Livro 2 Cap. 42-72
III - Livro 3 Cap. 73-89
IV - Livro 4 Cap. 90-106
V - Livro 5 Cap. 107-150
A teologia dos salmos e tão abrangente como a teologia do antigo testamento. Martinho Lutero denominou o livro dos salmos de “uma pequena bíblia e o resumo do antigo testamento.”
PROVÉRBIOS
O livro de provérbios constitui-se numa coleção de ditos sábios procedentes de uma série de autores. O nome de Salomão aparece em 1.1; 10.1; 25.1. O capitulo 30 é atribuída a Agur e o capitulo 31 a Lemuel. A influência geral de Salomão sobre esse livro é considerável, e a sua autoria direta de boa parte do material não precisa ser questionada.
O livro apresenta dois formatos principais: nos capítulos 1-9, há um bom número de construções longas, o outro formato é o dito proverbial contido numa máxima de uma só sentença, encontrada especialmente em 10.1-22.16 e 25.1-29.27. Esses ditos são apresentado em forma de paralelismo, no qual a segunda linha estabelece contraste direto com a primeira, ou então a segunda linha desenvolve a ideia contida na primeira.
Outra forma proeminente é o proverbio numérico (6.16-19; 30.15-16,18-19), o qual, especialmente com relação aos ditos contidos numa máxima duma só sentença, aparentemente favorece a percepção da ordem nas questões complexas e nas experiências de vida. Ao agrupar e comparar tais questões e experiências, a obtenção e avaliação do conhecimento se desenvolve de tal forma que nos é possível aprender qual é a vida correta e como busca-la.
Provérbios, à semelhança da lei de Moisés, traz o testemunho de Cristo, retratando a sua pessoa e obra. A lei apresenta a justiça e a santidade de Cristo, o grande descendente Abraão que herdaria as bênçãos da aliança de Deus e as mediaria a todas as nações (Gl 3.14). Provérbios e os outros livros poéticos apresentam a sabedoria e o discernimento de Cristo. De acordo com o novo testamento, Jesus Cristo é a sabedoria de Deus encarnada (I CO 1.14,30; Cl 2.2-3)
O livro de provérbios não toca em muitas dos mais proeminentes temas religiosos do antigo testamento. Mas, lidando com o que, muitas vezes, considera-se como as áreas mais mundanas da vida. Provérbios ensina-nos que toda a vida deve ser vivida para a glória do Soberano Criador. Há uma ordem moral para toda a criação, e as violações dessa ordem apenas conduzem a consequências adversas.
ECLESIASTES
“Eclesiastes” é uma tradução da palavra hebraica qoheleth, significando “aquele que reúne a comunidade da aliança”, convencionalmente traduzido por “O Pregador”. O termo “Eclesiastes” foi usado pela Septuaginta, tradução grega da bíblia, e pela Vulgata, tradução latina.
Eclesiastes tem sido considerado como uma obra apologética, isto é, uma tentativa de defender a fé em Deus através de respostas a argumentos negativos. Com tal peculiaridade, o livro frequentemente parece expressar uma perspectiva secular, argumentando que a vida não tem sentido. Diante de tais argumentos, o escritor chega à conclusão de que a fé em Deus é o único caminho para a realização humana. Embora os ensinamentos do livro possam ser usados na evangelização, a maioria dos estudiosos judeus e cristãos tem entendido que Eclesiastes é dirigido ao povo de Deus, não aos que desconhecem a Deus ou se rebelaram contra ele. O livro constitui o sábio conselho de Deus aqueles que conhecem os seus caminhos, mas os acham difíceis e perturbadores.
Eclesiastes busca dar uma resposta à pergunta: que proveito tem o homem no trabalho e na sabedoria? O trabalho e a sabedoria constituem os dois temas principais do livro. Palavras como “vantagem”, “proveito” e palavras semelhantes, como “melhor” (6.9), ocorrem inúmeras vezes no texto. Outra palavra importante, “vaidade”, que transmite a noção de inutilidade, também tem grande ocorrência no livro. Essa palavra chave é usada no tema que emoldura o livro (1.2; 12.8), que em cada caso é acompanhada por um poema relacionado ao tema (1.3-11; 1.7-1.7).
O livro mostra que embora o trabalho e o entendimento humanos propiciem a satisfação da realização, a vantagem obtida por uma pessoa é cancelada pela morte. Mas, a conclusão de Salomão de que a morte faz com que toda sabedoria e trabalho humanos sobre a terra sejam em vão não significa que as pessoas devam abandonar a sociedade e a cultura e passar a viver uma vida ascética. Tampouco a prioridade cristã de proclamar o evangelho para a conversão dos pecadores (“vosso trabalho não é em vão”, I Co 15.58) significa que os cristãos devam abdicar das suas responsabilidades culturais. Ao contrário, Salomão ordena (9.7-10) que o povo de Deus desfrute da vida, apesar da sua futilidade, duras realidades e incertezas, e trabalhe com todo o vigor.
Eclesiastes se atém à questão como as pessoas devem viver (6.12) num mundo onde o bom Criador (3.11,14) e justo Juiz (3.17) soberanamente ordena que coisas “más” sucedam igualmente aos que são retos (7.13-14) bem como aos iníquos e não de acordo com o merecimento pessoal de cada um (8.14; 9.1). O dom do contentamento deve ser exercido não apenas diante da opressão humana (3.22-4.3), mas também diante da futilidade e da morte (9.7-10) que Deus impôs sobre a raça humana em razão do pecado. Em resumo, Eclesiastes ensina como os eleitos de Deus, forasteiros neste mundo “debaixo do sol”, mas também cidadãos do céu, devem viver entre as profundas frustações e tenções do tempo presente que é mau.
CÂNTICOS
O título tem sido traduzido como “Os Cânticos de Salomão”, “Cântico dos Cânticos”, e “Cantares”. O termo “Cântico”, que aparece no título, é o termo hebraico comum que designa uma canção alegre, sem qualquer conotação religiosa especial. A combinação “Cântico dos Cânticos” consiste numa bela expressão superlativa que significa “o maior de todos os cânticos”, anunciando que o livro é um cântico de qualidade inigualável.
Muitos estudiosos, tanto judeus como cristãos, têm considerado o Cântico dos Cânticos como uma alegoria do amor de Deus por Israel ou pela Igreja, mas em sua primazia o livro trata-se de uma bela carta romântica que Salomão escrevi para a sua bela e amada Sulamita. O Cântico dos Cânticos revela três qualidades do amor entre um homem e uma mulher: autodoação, desejo e compromisso. Em todas essas três categorias, o amor humano reflete o amor maior de Deus, nosso Criador.
O Cântico dos Cânticos nos apresenta o amor fora do jardim do Éden, que não está livre de tristeza, mas que ainda assim é belo e representa um reflexo do próprio amor de Deus por nós. O livro relembra o dom do amor na criação e aponta para a perfeição do amor em alguém maior do que Salomão, Jesus Cristo.
O Cântico dos Cânticos está escrito em versos, como poesia de amor. Os versos são curtos e ritmados, a linguagem é rica em figuras de linguagem e altamente sensual. O poema lista mais emoções do que ideias racionais, exigindo uma sensibilidade do leitor. O livro é uma rapsódia do amor: uma efusão de palavras e sentimentos de pessoas que vivem o amor humano, sexual, com todas as suas dores e prazeres. É um livro para aqueles que desejam saber ou lembrar-se do que significa estar apaixonado.
Apesar das imagens e fantasias românticas encontradas neste livro, o realismo está ali presente. O autor conhece o desejo erótico, os parentes intrusos e a luta para estabelecer um bom relacionamento diante da separação e das hostilidades. Ele compreende que já não vivemos no jardim do Éden, mas em um mundo decaído, onde também o amor traz sofrimentos. Mas ainda assim persiste o idealismo. A impressão marcante que permanece no leitor após a leitura do O Cântico dos Cânticos é a de que o amor é maravilhoso e pode trazer profunda satisfação e contentamento.