Resumo de ARQUEOLOGIA BIBLICA
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A Arqueologia, vem de duas palavras gregas, archaios e logos, que significam literalmente “um estudo das coisas antigas”. No obstante, o termo se aplica, hoje, ao estudo de materiais escavados pertencentes a eras anteriores de tempos muito antigos. Arqueologia bíblica pode ser conceituada como um exame de artefatos antigos que foram perdidos e hoje recuperados, manuseados, relacionam-se ao estudo das Escrituras e à caracterização da vida nos tempos bíblicos até os dias de hoje.
As informações históricas e fontes assírias formam um complemento muito precioso e raro aos grandes relatos dos livros bíblicos e auxiliam-nos a controlar e corrigir a cronologia bíblica para um melhor entendimento da mesma.
Os elementos da ciência arqueológica, em sua grande maioria, são referências teológicas e religiosas, considerando uma ciência em toda a sua dimensão metodológica e específica. Os registros históricos de outras civilizações, os manuscritos descobertos dos povos antigos, devem ser comparados com outras sociedades contemporâneas da Europa, Mesopotâmia e da África.
As técnicas de descobertas empregadas são as mesmas da arqueologia em geral e convencional, com escavações e datação sistemática. A arqueologia do antigo Médio Oriente é mais ampla e generalizada de todos os estudos, tratando simplesmente do Antigo Oriente sem tentativas de estabelecer uma relação específica entre as descobertas oriundas de pesquisas aprofundas e a Bíblia.
Do mundo civilizado no antigo Oriente, exceto a Bíblia, não ficou conservado nenhum monumento literário. A queda dos antigos impérios da Babilônia, Assíria, Egito e Pérsia, levou ao desaparecimento dos velhos povos orientais, excluindo os judeus.
Durante quase dois mil anos, eram os livros bíblicos e as obras dos escritores greco-romanos, a única fonte de informação sobre o lendário mundo oriental antigo. Somente as pesquisas arqueológicas dos últimos cem anos chegaram a escavar as soterradas ruínas das antigas regiões civilizadas perto do Eufrates, Tigre e Nilo, e a despertar para a vida as silhuetas de uma época culta de aproximadamente quatro mil anos. A pá dos investigadores descobriu para nós não só cidades e palácios antigos, como também a vida espiritual daqueles povos, onde ficava o berço da nossa cultura contemporânea; as suas criações literárias e artísticas e a sua concepção religiosa do mundo. Graças a isso, a imagem que temos hoje da vida do antigo Oriente é inteiramente outra, e o nosso horizonte histórico ampliou-se grandemente, no tempo e no espaço.
As relações econômicas, políticas e espirituais entre Israel e os povos circunvizinhos já se percebem muitas vezes na literatura bíblica, onde encontramos freqüentemente os nomes da Babilônia, Assíria, Pérsia e outros. Mas os materiais arqueológicos, recentemente descobertos, habilitam-nos a apurar com mais precisão a natureza dessas relações, e demonstram-nos as influências dos grandes centros civilizados da Ásia Menor e do Egito sobre a cultura material e espiritual da Síria e da Palestina. Outrossim, oferecem-nos os materiais arqueológicos a possibilidade de aquilatar mais ou menos objetivamente a originalidade e o caráter exclusivo do desenvolvimento espiritual e social-político de Israel.
É preciso, no entanto, ter em mente que o nosso material está longe ainda de ser completo, e que apenas dispomos de fragmentos do patrimônio cultural relativamente rico do mundo antigo. Isto, aliás, também se aplica a Israel, onde a Bíblia freqüentemente só fornece notícias isoladas e por vezes apenas alusões sobre acontecimentos e fenômenos de real importância na vida judaica.
De um modo geral podemos, entretanto, afirmar, baseados nos materiais existentes, que: no que diz respeito a civilização material, eram os israelitas, na sua maior parte, discípulos dos seus mais velhos e adiantados vizinhos; na vida espiritual, porém, revelaram excepcional independência e uma originalidade criadora.
O fato de um homem que não é teólogo escrever um livro sobre a Bíblia é bastante incomum para que se espere dele um esclarecimento sobre a razão por que se dedicou a essa matéria.
As inscrições cuneiformes encontradas em Mari, no médio Eufrates, continham nomes bíblicos que situaram subitamente num período histórico as narrativas sobre os patriarcas, até então tomadas por simples “histórias piedosas”. Em Ugarit, na costa do Mediterrâneo, foram descobertos pela primeira vez os testemunhos do culto cananeu de Baal. O acaso quis ainda que no mesmo ano se encontrasse numa caverna, próximo ao mar Morto, um rolo do livro do profeta Isaías (Manuscritos do Mar Morto), considerado de data anterior a Cristo. Essas notícias sensacionais – permita-se-me o uso desta expressão em vista da importância desses achados para a cultura.
Nenhum livro da história da humanidade jamais produziu um efeito tão revolucionário, exerceu uma influência tão decisiva no desenvolvimento de todo o mundo ocidental e teve uma difusão tão universal como o “Livro dos Livros”, a Bíblia. Ela está hoje traduzida em mil cento e vinte línguas e dialetos e, após dois mil anos, ainda não dá qualquer sinal de que haja terminado a sua triunfal carreira.
Os influxos babilônicos percebem-se com clareza nos primeiros capítulos de Gênesis, nas narrativas sobre a criação do mundo e a história primitiva da humanidade. Neste particular é muito instrutiva a descrição babilônica do dilúvio, a qual se assemelha à história bíblica, não só em sua idéia central que, aliás, é difundida pelo mundo inteiro, mas também em alguns detalhes curiosos, como se verifica, adiante, pelo confronto do texto babilônico com o texto bíblico.
2.2.1. Aprofunda-se as escavações
Com a chegada do verão de 1929, aproximava-se do fim a sexta campanha de escavação no Tell al Muqayyar. Woolley pôs mais uma vez seus auxiliares nativos a trabalhar no monte dos “túmulos reais”. Não podia descansar, queria ter certeza se a terra sob o túmulo real mais profundo poderia oferecer descobertas durante o novo período de escavações. Depois de retirados os alicerces do túmulo, algumas centenas de golpes de pá revelaram que embaixo havia mais camadas de entulho. A que profundidade do passado chegariam aqueles mudos cronômetros? Quando surgiria, debaixo daquela colina, a primeira povoação assente em solo virgem? Era isso o que Woolley queria saber! Lentamente, com muito cuidado, a fim de ter certeza, mandou abrir poços e ficou ali para examinar as camadas extraídas. “Quase imediatamente se fizeram descobertas que confirmaram nossas suposições”, escreve ele mais tarde em seu relatório. “Sob o pavimento dos túmulos reais foram encontradas, numa camada de cinzas de madeira, numerosas tabuinhas de terracota cobertas de inscrições dum tipo muito mais antigo que as encontradas nos túmulos. A julgar pela escrita, as tabuinhas poderiam ser situadas mais ou menos no século XXX a.C. Deviam ser, pois, uns duzentos ou trezentos anos mais antigas do que os túmulos”.
A medida que se aprofundavam os poços, apareciam novas camadas com cacos de cântaros, potes, tigelas. O fato de a cerâmica continuar extraordinariamente inalterada chamou a atenção dos exploradores. Parecia ser exatamente igual as peças encontradas nos túmulos reais. Donde se concluía que, durante muitos séculos, a civilização dos sumérios4 não sofrera modificações dignas de nota. Devia ter atingido um alto grau de desenvolvimento em tempos muitíssimo remotos.
Quando, depois de muitos dias, um dos trabalhadores gritou para Woolley que haviam chegado ao fundo, ele desceu lá pessoalmente para se certificar. Com efeito, ali terminava bruscamente todo e qualquer vestígio humano. No solo intato, repousavam os últimos fragmentos de utensílios domésticos; aqui e ali havia vestígios de fogo. “Finalmente!”, pensou Woolley. Com cuidado, examinou o solo do fundo do poço e viu que era limo, puro limo do tipo que só se formava pela sedimentação na água! Limo naquele lugar? Woolley procurou uma explicação. Só podia ser areia de rio, uma acumulação de aluviões do Eufrates em outras eras. Aquela camada devia ter-se formado quando o grande rio estava avançando seu delta mais para o interior do Golfo Pérsico. Até hoje continua esse avanço da foz do rio para o Golfo, onde a nova terra se estende cerca de vinte e cinco metros a cada ano mar adentro. Quando Ur estava em seu apogeu, o rio Eufrates passava tão perto dela que a grande torre escalonada se espelhava nas suas águas, e do alto do seu santuário devia avistar-se o Golfo Pérsico. As primeiras habitações deviam ter sido construídas sobre o limo do antigo delta.
Medidas realizadas no terreno e cálculos feitos com mais cuidado levaram Woolley a um resultado completamente diverso e a nova conclusão. “Vi que estávamos num nível muito alto. Era difícil de aceitar que a ilha sobre a qual fora construída a primeira povoação se elevasse tanto acima da várzea”.
O fundo do poço, onde começava a camada de limo, ficava muitos metros acima do nível do rio. Não podia ser, portanto, aluvião do Eufrates. Que significava, pois, aquela extraordinária camada de limo? Como se formara?
Nenhum dos seus colaboradores conseguiu dar uma resposta conclusiva. Continuaram, pois, aprofundando o poço. Superexcitado, Woolley observava, enquanto cesta após cesta ia saindo da escavação e o conteúdo era imediatamente examinado. As pás continuaram cavando, um metro, dois metros... era ainda puro limo. A cerca de três metros de profundidade, a camada de limo terminou tão bruscamente como havia começado. Que viria a seguir?
As cestas que apareceram à luz do dia, a seguir, deram uma resposta que nenhum daqueles homens podia ter imaginado. Não podiam acreditar no que viam. Esperavam terra virgem, mas o que lhes aparecia ali sob o sol implacável era novo entulho, depois mais entulho, detritos de outrora, e, entre eles, numerosos cacos de barro, sob uma camada de quase três metros de puro limo, topavam de novo com restos de habitações humanas. Mas tanto o aspecto como a técnica da cerâmica haviam mudado notavelmente.
Acima da camada de limo, havia bilhas e escudelas evidentemente feitas no torno; aquelas, ao contrário, eram ainda modeladas a mão. Por mais que fosse peneirado com cuidado o conteúdo das cestas, sob a crescente expectativa dos homens, não se descobriram restos de metal em parte alguma. A ferramenta primitiva que apareceu consistia em silex polido. Devia ser da Idade da Pedra!
Para compreender plenamente o objetivo da arqueologia bíblica é necessário entender a arqueologia como método científico e a Bíblia como objeto de investigação.
A arqueologia é ao mesmo tempo técnica e ciência. Como técnica, busca os restos materiais das civilizações antigas e trata de reconstruir, na medida do possível, o ambiente e as civilizações de uma ou várias épocas históricas. Trata-se de uma ciência moderna, ainda considerada recente, com apenas duzentos anos.
Poder-se-ia pensar que a arqueologia tende a omitir os dados oferecidos pelas religiões e por muitos sistemas filosóficos. No entanto, além dos artefatos e locais arqueológicos tais como lugares de culto, relíquias e outros elementos de ordem sagrada bem como outros objetos cientificamente observáveis, existem aspetos que são igualmente importantes para a investigação científica arqueológica. Entre estes estão conceitos imateriais como os ritos, livros sagrados e a cultura. O mito é usualmente utilizado na arqueologia e na história como uma pista da verdade que poderá esconder. Esta nova perceção contemporânea do mito motivou a ciência arqueológica a buscar novos dados nos territórios descritos nos relatos bíblicos.
Museu de Israel, em Jerusalém, conserva tesouros apreciados para a investigação e a exploração científica e bíblica.
A arqueologia bíblica é a disciplina que se ocupa da recuperação e investigação científica dos restos materiais de culturas passadas que podem iluminar os períodos e descrições da Bíblia. Usa-se como base de tempo, um amplo período entre o ano 2000 a.C. e 100 d.C.. Outros preferem falar de arqueologia da Palestina, referindo-se aos territórios situados ao leste e oeste do Rio Jordão. Esta designação expressa o facto da arqueologia bíblica estar especialmente circunscrita aos territórios que serviram de cenário aos relatos bíblicos.
A função da arqueologia bíblica não é confirmar ou desmentir os eventos bíblicos, nem pretende influenciar determinadas doutrinas teológicas, tal como a da salvação. Limita-se ao plano científico e não entra no terreno da fé. Ainda assim, alguns resultados da arqueologia bíblica podem e têm contribuído para:
• Aumentar o conhecimento sobre alguns dados históricos descritos nos relatos bíblicos envolvendo governantes, personagens, batalhas e cidades.
• Descrever alguns detalhes concretos referidos nos livros bíblicos tais como o Túnel de Ezequias, a piscina de Siloé, o Gólgota, entre outros.
• Fornecer dados que prestam uma ajuda fundamental aos estudos exegéticos.
A história e autenticidade dos registros bíblicos tem sido alvo de controvérsia por parte de estudiosos críticos, várias vezes são proferidas declarações polêmicas sobre o que a autoridade exige e o que ela implica.
Este ceticismo em relação à confiabilidade das Escrituras iniciou-se no século XIX e existe em muitos círculos acadêmicos. Esta alta crítica acabou por incentivar pesquisas arqueológicas mais extensas e mais precisas por parte de muitos historiadores e arqueólogos.
Portanto, a arqueologia é técnica, pois busca os restos materiais das civilizações antigas e as trata de reconstruir, na medida do possível, o ambiente e as civilizações de uma ou várias épocas históricas para que conheçamos como se dispunha tais civilizações ou pessoas.