Resumo de AS CARACTERISTICAS DA IGREJA VERDADEIRA
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CURSO: BACHAREL EM TEOLOGIA LIVRE.
NOME: KURT VIEHMAYER RODRIGUES.
RESUMO DA DISCIPLINA AS CARACTERÍSTICAS DA IGREJA VERDADEIRA.
Devemos distinguir os vários significados da palavra igreja:
-Todo o povo de Deus em todos os séculos, o conjunto total dos eleitos. Os Reformadores falaram disto como sendo a igreja invisível.
-A comunidade local dos cristãos, reunidos visivelmente para adoração e ministério; este significado abrange a vasta maioria das referências à igreja (ekklesia) do Novo Testamento.
-Todo o povo de Deus no mundo, em determinada época, talvez melhor definida como a igreja universal. Esse sentido ocorre apenas ocasionalmente no Novo Testamento (1 Co 10.32; Gl 1.13).
-“A igreja dentro da igreja”. Notamos antes a distinção feita entre a edah (toda a congregação visível) e os gahal (aqueles dentro dela que respondem ao chamado de Deus).
Jesus ensinou que o reino corresponde a este padrão:
-O joio está misturado com o trigo (Mt 13.24-30; 36-43).
-Dentro do grupo identificado com Cristo, acha-se o povo de Deus, a verdadeira igreja.
-Não existe uma igreja pura.
-Em meio a cada igreja pode haver pessoas que não professaram a sua fé e outras cuja profissão será desmascarada no último dia (Mt 7.21-23).
Admitindo-se assim que uma igreja pura ou perfeita não é possível deste lado da glória, onde podemos descobrir o verdadeiro povo de Deus visivelmente reunido?
Tradicionalmente, são reconhecidos quatro sinais da igreja autêntica:
-IGREJA UNA:
A unidade da igreja procede de seu fundamento do único Deus (Ef 4.1-6). Todos os que pertencem verdadeiramente à igreja são um só povo e, portanto, a igreja verdadeira será distinguida por sua unidade. Esta unidade não implica necessariamente uniformidade total.
Na igreja do Novo Testamento, havia uma variedade de ministérios (1 Co 12.4-6) e de opiniões sobre assuntos de importância secundária (Rm 14:1-15:13).
Embora houvesse uniformidade nas convicções teológicas básicas (1 Co 15.11, BLH; Jd 3), a fé comum recebia ênfases diversas, segundo as diferentes necessidades percebidas pelos apóstolos (Rm 3.20; cf. Tg 2.24; Fp 2.5-7; cf. Cl 2.9s). Havia também uma variedade de formas de adoração. O tipo de culto em Corinto (1 Co 14.26ss). A verdadeira unidade, no Espírito Santo, de todo o povo regenerado, é um fato independente da desunião denominacional exterior.
A unidade da igreja invisível é um fato consumado, concedido com a salvação. As Escrituras encorajam a mais plena expressão de unidade possível entre o povo de Deus, mas elas também tornam claro que a divisão acha-se perfeitamente de acordo com a vontade divina quando a essência do Cristianismo Apostólico estiver em risco. O Novo Testamento dirigiu seus ensinos sobre a unidade a grupos específicos, com implicações imediatas para seus relacionamentos visíveis (Ef 2.15; 4.4; Cl 3.15).
Jesus orou pela unidade, que ajudaria o mundo a crer (João 17.21); embora o paralelo entre esta unidade e a dEle com o Pai (17.11,22) confirme o caráter essencialmente espiritual da unidade bíblica.
É preciso buscar uma unidade visível mais plena do que aquela que está sendo experimentada pelos que são fiéis ao evangelho apostólico. A unidade da vida em Cristo deve expressar-se através do cuidado e compromisso genuínos e tangíveis de uns para com os outros.
Na ausência DA Igreja uma, a reivindicação de ser uma verdadeira igreja cristã é posta em dúvida (1 Co 3.3s).
-IGREJA SANTA:
O povo de Deus forma a nação santa (1 Pe 2.9). No sentido mais profundo a igreja é santa, da mesma forma que todo indivíduo cristão é santo em virtude de estar unido a Cristo, separado para ele e revestido com sua justiça perfeita. Na sua posição diante de Deus em Cristo, a igreja é irrepreensível e isenta de qualquer mancha moral. A relação da igreja com Cristo, o seu cabeça, será expressa no caráter moral e nas características especiais de sua vida e de seus relacionamentos comunitários.
A igreja alheia à santidade é alheia a Cristo. Quando Cristo dirigiu-se à sua igreja, ele esperava dela essa mesma diferença moral e foi severo em seu julgamento quando observou que ela lhes faltava (Ap 2.-3).
Não obstante, a presença de um sinal visível de santidade é uma característica invariável da igreja de Deus.
-IGREJA UNIVERSAL:
O principal aspecto da universalidade da igreja primitiva estava na sua abertura para todos. A igreja abriu seus braços a todos que quisessem ouvir a mensagem e aceitar seu salvador, sem levar em conta cor, raça, posição social, capacidade intelectual e antecedentes morais.
Ela surgiu no mundo como uma fé para todos (Mt 28.19; Ap 7.9). A única exigência para admissão era a fé pessoal em Jesus Cristo como Salvador e Senhor, com o batismo como o rito autorizado de entrada, porque manifestava o evangelho da graça (Mt 28.19; At 2.38,41).
Não existe lugar numa verdadeira igreja para a discriminação de qualquer tipo, seja racial, de cor, social, intelectual ou moral.
- IGREJA APOSTÓLICA:
O apóstolo é uma testemunha do ministério e da ressurreição de Jesus; é um arauto autorizado do evangelho (Lc 6.12s; At 1.21s; 1 Co 15.8-10). Os arautos tomam posição entre Jesus e todas as gerações subsequentes da fé cristã.
Nós só nos achegamos a ele por meio dos apóstolos e de seu testemunho sobre ele, incorporado no Novo Testamento.
Toda a igreja é “edificada sobre o fundamento dos apóstolos” (Ef 2.20; cf. Mt 16.18; Ap 21.14)!
A apostolicidade da igreja encontra-se, portanto, no fato de ela conformar-se à fé apostólica “que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3; cf. At 2.42).
Os apóstolos ainda governam e organizam a igreja na medida em que esta permite que sua vida, seu entendimento e sua pregação sejam constantemente reformados pelos ensinos das Sagradas Escrituras.
Desde que o apóstolo significa literalmente enviado, não é de surpreender que o Novo Testamento refira-se ocasionalmente a outros apóstolos (Rm 16.7). Neste sentido geral, todos os que são hoje enviados pelo Senhor como evangelistas, pregadores, iniciadores de igrejas, etc. são no grego do Novo Testamento, apostoloi, enviados. Isto não subentende de forma alguma que eles tenham uma posição de autoridade especial, competindo com a do grupo original, cujo governo continua através das escrituras apostólicas.
Reivindicar o cargo apostólico em nossos dias é compreender erradamente o ensino bíblico e oferece na prática um desafio grave com respeito à autoridade e finalidade da revelação divina do Novo Testamento.
É igualmente errado entender a apostolicidade como uma continuidade histórica do ministério, retrocedendo até Cristo e seus apóstolos através de uma sucessão de apóstolos!
Esta interpretação não tem nenhum apoio bíblico. Toda noção da graça de Deus comunicada mediante uma sucessão histórica de dignatários da igreja contraria o caráter da própria graça, conforme os escritos bíblicos. Além disso, como garantia da verdade da mensagem apostólica, a sucessão episcopal evidentemente falhou. Foi uma igreja perfeitamente enquadrada nesta sucessão histórica que precisou da Reforma do século dezesseis, para não mencionar outras reformas menores, como o despertamento do século dezoito com Whitefield e os Wesleys.
O catolicismo romano estende esta interpretação de “apostólico” para incluir a reivindicação de que o Papa é o sucessor histórico de Pedro e o guardião especial da graça de Deus na igreja!
A alegação é insustentável!.
A primazia de Pedro entre os apóstolos não passou de uma clara liderança no período da primeira missão cristã. Ele claramente recuou para um segundo plano à medida que a igreja avançou fora de Jerusalém, sendo Paulo nomeado para liderar a missão fora da Palestina e quando João lutava para corrigir as igrejas prejudicadas pelos falsos mestres. É bem significante que Pedro não apareceu no papel principal no Concílio de Jerusalém (At 15), e que ficou claramente à sombra de Paulo no incidente registrado em Gálatas 2.
A sucessão apostólica é, na verdade, a sucessão do evangelho apostólico, quando o depósito original de verdade apostólica é passado de uma para outra geração: “homens fiéis para instruir a outros” (2 Tm 2.2).
A igreja é apostólica na medida que reconhece na prática a autoridade suprema das escrituras apostólicas do Novo Testamento.