Resumo de
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Deus, desde toda a eternidade, decretou justificar todos os eleitos, e Cristo, no cumprimento do tempo, morreu pelos pecados deles e ressuscitou para a justificação deles; no entanto eles não são justificados enquanto o Espírito Santo, no tempo próprio, não lhes aplica de fato os méritos de Cristo. Aqueles a quem Deus chama eficazmente, Ele também livremente justifica, está justificação não consiste em Deus infundir neles a justiça, mas em perdoar os seus pecados e em considerar e aceitar as suas pessoas como justas. Deus não os justifica em razão de qualquer coisa neles operada ou por eles feita, mas somente por causa de Cristo, por Ele recebemos unicamente remissão dos pecados e nos tornamos justos diante de Deus pela graça, por causa de Cristo, mediante a fé, quando cremos que Cristo padeceu por nós e que por sua causa os pecados nos são perdoados e nos são dadas justiça e vida eterna e para obtermos verdadeiro conhecimento desse grande mistério, o Espírito Santo acende, em nosso coração, verdadeira fé. Deus quer considerar e atribuir essa fé como justiça diante de si, conforme diz São Paulo no livro de Romanos nos capítulos 3 e 4. Não lhes imputando como sua justiça a própria fé, o ato de crer, ou qualquer outra obediência evangélica, mas pela imputação da obediência ativa de Cristo a toda a Lei, e obediência passiva em Sua morte por Sua completa e única justiça pela fé; fé esta que eles não têm de si mesmos, pois ela é um dom de Deus. A fé, assim recebendo e assim se firmando em Cristo e na justiça dele, é o único instrumento de justificação e descansando nEle; ela, contudo não está sozinha na pessoa justificada, mas sempre encontra-se acompanhada de todas as outras graças salvadoras; não é uma fé morta, mas uma fé que opera pelo amor. Esta fé abraça Jesus Cristo com todos os seus méritos, apropria-se dEle e nada mais busca fora dEle. Pois das duas, uma: ou não se ache em Jesus Cristo tudo o que é necessário para nossa salvação, ou tudo se acha nEle, e, então, aquele que possui Jesus Cristo pela fé, tem a salvação completa. Dizer porém que Cristo não é suficiente, mas que, além dEle, algo mais é necessário, significaria uma blasfêmia horrível. Pois Cristo seria apenas um salvador incompleto. Por isso, dizemos, com razão, junto com o apóstolo Paulo, que somos justificados somente pela fé, ou pela fé sem as obras (Romanos 3:28). Entretanto, não entendemos isto como se a própria fé nos justificasse, mas ela é somente o instrumento com que abraçamos Cristo, nossa justiça. Mas Jesus Cristo, atribuindo-nos todos os seus méritos e tantas obras santas, que fez por nós e em nosso lugar, é nossa justiça. E a fé é o instrumento que nos mantém com Ele na comunhão de todos os seus benefícios. Estes, uma vez dados a nós, são mais que suficientes para nos absolver dos pecados. Contudo, como Cristo foi pelo Pai dado em favor deles e como a obediência e satisfação dele foram aceitas em lugar deles, ambas livremente e não por
qualquer coisa neles existente, a justificação deles é só da livre graça, a fim de que tanto a justiça restrita como a abundante graça de Deus sejam glorificadas na justificação dos pecadores. Os que são justificados, mesmo com esse fator, caem em pecados, pois ainda existe a natureza pecaminosa no crente, natureza que batalha com o espírito, e mesmo assim Deus continua a perdoar os pecados daqueles que são justificados; e embora eles nunca possam cair do estado de justificação, contudo eles podem, por seus pecados, cair no desagrado paternal de Deus, e nesta condição eles usualmente não têm a luz de Sua face restaurada a eles, até que se humilhem, confessem seus pecados, peçam perdão e renovem sua fé e arrependimento. Cremos que nossa verdadeira felicidade consiste no perdão dos pecados, por causa de Jesus Cristo, e que isto significa para nós a justiça perante Deus. Assim nos ensinam Davi e Paulo, declarando: "Bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras" (Romanos 4:6; Salmo 32:2). E o mesmo apóstolo diz que somos "justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus" (Romanos 3: 24). A justificação dos crentes sob o Velho Testamento era, em todos estes respeitos e aspectos, uma e a mesma com a justificação dos crentes sob o Novo Testamento. Portanto, perseveramos neste fundamento, dando toda a glória a Deus, humilhando-nos e reconhecendo que nós, homens, somos maus. Não nos vangloriamos, de nenhuma maneira, de nós mesmos ou de nossos méritos. Somente nos apoiamos e repousamos na obediência do Cristo crucificado. Esta obediência é nossa se cremos nEle. Ela é suficiente para cobrir todas as nossas iniquidades. Ela liberta nossa consciência de temor, perplexidade e espanto e, assim, nos dá ousadia de aproximarmo-nos de Deus, sem fazermos como nosso primeiro pai Adão que, tremendo, quis cobrir-se com folhas de figueira. E, certamente, se tivéssemos que comparecer perante Deus, apoiando-nos, por pouco que fosse, em nós mesmos ou em qualquer outra criatura - ai de nós , pereceríamos. Por isso, cada um deve dizer com Davi: "Ó Senhor, não entres em juízo com o teu servo, porque a tua vista não há justo nenhum vivente" (Salmo 143:2).
