Resumo de ETICA
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CURSO: BACHAREL EM TEOLOGIA LIVRE.
NOME: KURT VIEHMAYER RODRIGUES.
RESUMO DA DISCIPLINA PROFETAS MAIORES.
A divisão dos Livros
Os 17 livros do Antigo Testamento, de Isaías a Malaquias, são classificados como proféticos. Antigos eruditos dividiram estes livros em dois grupos: Os cinco livros: Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel, foram designados como livros dos “Profetas Maiores”. Os outros 12 livros foram designados como livros dos “Profetas Menores”.
A divisão entre profetas “Maiores” e “Menores” consiste, não que esse profeta seja maior ou menor que aquele, mas em que, uns proferiram maior ou menor número de profecias.
Quem eram esses Profetas? Quais eram Suas Doutrinas?
É PRECISO CONHECER, PRIMEIRO, A NATUREZA DE DEUS!
Há um conjunto de verdades primordiais, que mais ou menos constituem a doutrina dos profetas:
-DEUS É O LEGISLADOR ONIPOTENTE DO UNIVERSO.
-DEUS É QUEM GOVERNA MORALMENTE O MUNDO.
-DEUS É O DEUS DA ALIANÇA COM ISRAEL.
É PRECISO CONHECER, TAMBÉM, OS PRINCIPAIS PECADOS!
-PECADOS DO CULTO DE ADORAÇÃO.
-PECADOS DE ORGULHO.
-PECADOS DE VIOLÊNCIA E OPRESSÃO.
-PECADOS DE LUXÚRIA E INTEMPERANÇA.
-PECADOS DE MENTIRA E DE IMPUREZA.
Segundo os profetas, as virtudes máximas do crente resumem-se a três: o arrependimento, a fé e a obediência a Deus.
O arrependimento, que os profetas tanto pregam, implicando conhecimento do pecado, supõe um pesar por havê-lo cometido, que ao mesmo tempo obriga o homem a voltar-se para o bom caminho de Deus, enquanto se desvia do caminho da iniqüidade.
A confiança em Deus é a fonte de energias para o cumprimento do dever, é o guia nas horas incertas, o conforto nas horas tristes, a prosperidade da vida espiritual.
O conhecimento de Deus como Aquele que executa a paz, a justiça e a bondade na terra e se compraz nessa execução, é o que se recomenda acima de tudo (Veja: Jr 9.24). Em seguida, lembra-se que a prática da justiça, da misericórdia e da humildade (Veja: Mq 6.8) deve ser também do agrado do homem em obediência à vontade de Deus.
Quanto aos deveres a cumprir, poder-se-ia resumir a doutrina dos profetas com as palavras de Malaquias, que são o fecho do Velho Testamento: "Lembrai-vos da Lei de Moisés, Meu servo, a qual lhe mandei em Horebe para todo o Israel, e que são os estatutos e juízos" (Veja: Ml 4.4).
Os profetas acentuavam que para um povo desobediente seria um dia de trevas e não de luz. Deus seria vingado pelo castigo de todos os transgressores, fossem pagãos ou israelitas, embora os privilégios e as bênçãos prometidos aos cumpridores da Lei não sejam distribuídos senão com um critério justíssimo.
Os profetas, no entanto, consideravam ainda outro aspecto, ao terem em vista o futuro que apontavam. É que não o faziam com o fim de aterrorizar os pecadores, lembrando-lhes a justiça retributiva DO SENHOR, mas por outro lado, revelava-lhes o plano de Deus em relação ao povo escolhido.
Ser profeta entre as nações era, sem dúvida, a vocação de Israel, e o profeta por excelência só poderia sair de Israel. Mas há ainda outro aspecto a considerar. É que o Servo sairá vitorioso através do sofrimento e da dor. Ninguém Lhe dará crédito; será desprezado e incompreendido; levado à morte, mas sem um protesto; considerado um malfeitor, mas sem se opor nem defender; será atormentado pelos pecados do povo de Deus, e por eles oferecerá a alma ao Deus que o ressuscitará dos mortos para a justificação de muitos; pela morte será, pois, glorificado (Veja: Is 52.13-53.12).
O Novo Testamento atribui estas palavras a um único indivíduo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e não a uma nação inteira (cfr. At 8.35).
O profeta, como homem que tem uma comunicação direta e imediata com Deus, recebe a revelação de seus desígnios, que julga o presente e prevê o futuro, e é enviado por Deus para conduzir os homens a seu amor.
É por essas características que se considera Moisés o primeiro profeta, o maior de todos, que inaugura a linhagem dos herdeiros de seu dom, a começar por seu sucessor, Josué.
O Antigo Testamento apresenta os profetas em duas grandes divisões: os maiores e os menores.
Nos PROFETAS MAIORES, figuram Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Nos PROFETAS MENORES, assim chamados não por serem considerados de menor importância, mas pela pouca extensão de seus escritos, figuram Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
As palavras de Isaías ressoam como uma profissão de fé em sua missão profética:
"O espírito do Senhor Iavé está sobre mim, porque Iavé me ungiu; enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres, a curar os quebrantados de coração e proclamar a liberdade aos cativos, a libertação aos que estão presos..." Nascido em 765 a.C., aos 25 anos Isaías recebeu, no templo de Jerusalém, a missão de anunciar a ruína de Judá e Israel, em castigo pelas infidelidades de seu povo. A vida do profeta divide-se em quatro períodos: o primeiro vai do início de sua vocação até à posse do rei Acaz e como principal preocupação à corrupção do reino de Judá, nascida do luxo decorrente da prosperidade econômica; o segundo é o da oposição à aliança de Acaz com a Assíria e a retirada de Isaías da vida pública; o terceiro é também de oposição a qualquer aliança militar, e de exortação à confiança em Deus; o quarto marca-se pelo apoio ao rei de Judá em sua resistência ao inimigo e em seu apoio a Jerusalém.
O livro de Isaías compõe-se de duas partes:
-a primeira é uma advertência ao povo sobre os castigos decorrentes de sua impiedade; e
-a segunda, uma apresentação das revelações da misericórdia de Deus em predição da vinda de um messias e seu reino "porque Javé irá a vossa frente, o Deus de Israel será a vossa retaguarda (...) entregou a sua alma à morte e foi contado com os transgressores, mas na verdade levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores fez intercessão".
Por isso mesmo, o livro teve enorme influência sobre o Novo Testamento, que o cita textualmente mais de cinqüenta vezes.
Jeremias escreveu suas profecias entre os anos 620 e 590 a.C. e seu relato, embora não constitua uma autobiografia, dá a conhecer, como nenhum outro profeta, seu caráter e sua vida. Jeremias viveu no período trágico em que se consumou a ruína do reino de Judá. Dirigiu seus oráculos a todas as classes, aos sacerdotes, aos governantes e até às crianças.
Os militares acusaram-no de derrotismo, pela força de suas profecias. Após a tomada de Jerusalém, permaneceu na Palestina, de onde foi obrigado a fugir para o Egito. Seu drama pessoal está não somente nos episódios catastróficos que foi obrigado a testemunhar, mas também na contradição entre sua índole pacífica e terna e a obrigação de lutar contra reis, sacerdotes e falsos profetas, e predizer tantas desgraças para seu povo.
O livro de Jeremias divide-se em quatro partes:
-as admoestações e ameaças;
-a salvação universal, em virtude da nova aliança;
-as profecias individuais; e
-as profecias das nações.
Ezequiel foi um sacerdote de educação esmerada, mandado para o exílio por Nabucodonosor, em 597 a.C. Aos trinta anos, recebeu o chamado profético, e durante 25 anos exerceu sua missão.
O livro de Ezequiel divide-se em cinco partes:
-a introdução:
-repreensões e ameaças contra os judeus antes do cerco de Jerusalém;
-maldições divinas às nações infiéis e seus cúmplices;
-durante e após o cerco, as consolações;
-previsão da era messiânica.
Suas visões darão origem à corrente escatológica, com nítida influência sobre o profeta Daniel e sobre o Apocalipse de são João.
O profeta Daniel pertencia a uma família importante de Judá. Deportado para Babel por Nabucodonosor, conseguiu ele um posto na corte. Graças a sua fiel observância da lei de Deus, foi favorecido com uma grande sabedoria, e com a capacidade de interpretar sonhos e mistérios.
O conteúdo principal do livro de Daniel é a narrativa dos sucessos por que passou o profeta:
-a conquista da confiança do rei;
-o sonho de Nabucodonosor e sua interpretação;
-Daniel com seus amigos Sidrac, Misac e Abdênago, lançados na fornalha, e sua caminhada ilesos no meio das chamas;
-a previsão, a partir de outro sonho, da loucura de Nabucodonosor;
-o festim de Baltasar com os cálices de ouro saqueados do templo, a interpretação das palavras aparecidas na parede e as previsões da tomada do reino por Dario e da morte de Baltasar;
-Daniel na cova dos leões, a mando de Dario, por força de intriga palaciana, e sua salvação miraculosa.
O principal objetivo do livro foi sustentar a fé e a esperança dos judeus em meio às vicissitudes.
Quem era Isaias? Nenhum outro profeta há tão digno como ele de ser chamado "o profeta evangélico". O seu nome significa "O SENHOR Salva" ou "O SENHOR é Salvação" e, em dias de crise e catástrofe sem precedentes na história do seu povo, exortava constantemente à fé nAquele que é o único que nos pode livrar.
A influência mais destacada e mais perdurável na vida de Isaías foi, sem dúvida, a sua chamada pessoal e direta ao ministério profético dentro do recinto do templo, depois da morte de Uzias.
Isaías nasceu no reinado do bom rei Uzias, e foi no último ano da vida desse monarca que recebeu a chamada ao ministério profético. Por consenso geral, o caráter de Uzias era exemplar, mostrando em tudo um espírito de verdadeira piedade e desejo de honrar as coisas de Deus, embora, nos seus últimos anos, o rei fosse atacado de lepra devido a um ato de orgulho (ver 2Cr 26.16-21).
Durante o seu reinado, toda a nação atravessou uma fase de prosperidade e desenvolvimento material e foi com dor que o seu povo o viu desaparecer da cena numa altura em que a sua presença parecia mais necessária. Promoveu-se a adoração DO SENHOR, mas o rei não foi suficientemente forte para conseguir que se destruíssem os altos, onde se celebravam práticas idólatras.
Como estamos estudando sobre os profetas maiores e, especialmente o profeta Isaias, podemos observar na continuação do estudo, como é que ele fala sobre a vinda do “Messias”. A Vinda do Senhor Jesus Cristo - o Messias - como salvador da humanidade, bem como sua obra e sofrimento foram profetizados muitos séculos antes do Seu nascimento. Deus usou homens santos para predizerem detalhadamente como seria o Messias, sua vinda e manifestação do Reino dos céus. Como sabemos, o Messias foi rejeitado e morto pelos judeus. Ressuscitado, está ao lado do Pai e em breve retornará para conduzir os eleitos à morada eterna.
Estas são as passagens proféticas do Livro de Isaias:
Ttoda a influência espiritual, suscetível de profunda emoção, dotado de visão clara e critério cristalino. Não podia ser comprado nem cavilosamente convencido. Seguia o caminho traçado pelo seu espírito, este sempre apoiado no sentimento de adoração que vivia dentro dele.
Foi um homem de Deus do princípio ao fim e, portanto, um patriota fiel até à tragédia. Não era cego para o pecado e loucura do seu povo. Descortinou com profunda amargura o nexo férreo entre o pecado e o castigo, e previu o exílio como uma punição inevitável e irrevogável, a não ser que se verificasse uma conversão.
Foi para a provocar que despendeu sem reservas todo o seu esforço. Essencialmente, foi um mediador impelido pelo patriotismo e pela fé em Deus. Daí a veemência das suas emoções e mensagens, ora contra o seu povo, ora intercedendo junto do Senhor.
Daí também o seu isolamento, a sua agonia de espírito, os seus cruciais conflitos íntimos. A sua paixão iluminava-lhe os passos, o que facilitou a sua tarefa, embora tornando-a desagradável. Viu a condenação, mas não a tragédia final. Tanto Israel como Judá tinham um futuro em Deus, o Qual seria a sua justiça. Haveria um novo concerto. Em Deus leu promessas, não futilidade, pelo que "ficou firme como vendo o invisível". Neste vulto descarnado, clamante, vemos o que Deus ousa pedir ao homem, e o que um homem assim pode dar. A descoberta do Jeremias autêntico pode bem constituir o renascimento de quem o descobre.
O título mais completo, "As Lamentações de Jeremias" é encontrado nos manuscritos gregos e na Septuaginta. Mas o Talmude e os escritores rabínicos se referem a ele simplesmente como "Lamentações" (qinoth) ou como "Como!" (’ ekhah), a palavra inicial no hebraico.
Consoante o título mais longo, a Septuaginta coloca o livro imediatamente após as profecias de Jeremias, tal como em nossas versões portuguesas. Na Bíblia hebraica esse livro não é encontrado entre os livros proféticos, mas ocupa a posição média entre os Rolos Festivos (Megilloth) que seguem imediatamente os três livros poéticos da Hagiógrafa, ou seja, a terceira divisão do cânon hebreu.
Cada um dos Megilloth era lido por ocasião de uma festividade anual, sendo que o livro de Lamentações era lido no nono dia de Ab (cerca de meados de julho), aniversário da destruição do templo por Nabucodonosor, rei da Babilônia. No Talmude, os livros poéticos e o Megilloth aparecem rearranjados numa ordem que parece ser a ordem cronológica, a saber, Rute, Salmos, Jó, Provérbios, Eclesiastes, Cantares de Salomão, Lamentações, Daniel, Ester, etc.
A tradição que Jeremias compôs esses poemas recua até à posição e ao título do livro na Septuaginta, onde é introduzido mediante as palavras: "E sucedeu, após Israel ter sido levado cativo, e Jerusalém ter ficado desolada, que Jeremias se assentou a chorar, e lamentou com esta lamentação por causa de Jerusalém e disse...".
Também é asseverado no Targum Siríaco e no Talmude (Baba Bathra) que: "Jeremias escreveu seu próprio livro, Reis, e Lamentações". Em 2Cr 35.25 é feita referência às lamentações desse profeta por causa da morte do rei Josias, e ali se acha escrito que tal lamentação foi registrada e ficou como "estatuto em Israel"; com isso cfr. Lm 4.20 e Lm 2.6. Porém, nosso presente livro gira não tanto em torno da morte de um rei como em torno da destruição de uma cidade, e Lm 4.20 com igual justiça poderia referir-se a Zedequias, a despeito de sua falta de dignidade (cfr. o sentimento em 2Sm 1.14,21). Não obstante, na qualidade de profeta chorão (ver Jr 9.1; Jr 14.17-22; Jr 15.10-18, etc.), Jeremias bem poderia ser concebido como autor, igualmente, do livro de Lamentações, não fosse o fato de existirem certas dificuldades para que se aceite essa opinião.
O estilo é muito mais elaborado e artificial que o do próprio livro de Jeremias e, nos capítulos 2 e 4, é mais parecido com o estilo de Ezequiel. O capítulo 3 faz lembrar Sl 119 e 143. A atitude para com os poderes estrangeiros, subentendida em Lm 4.17, certamente não é a do "colaboracionista" Jeremias e não reflete a própria experiência do profeta.
Por conseguinte, muitos consideram que o autor do livro de Lamentações tenha sido um contemporâneo mais jovem de Jeremias, o qual, à semelhança dele, fora testemunha ocular das entristecedoras calamidades que sobrevieram a Jerusalém por ocasião da captura efetuada pelos exércitos de Babilônia em 587-586 a.C.
O contexto histórico do livro de Ezequiel é a Babilônia durante os primeiros anos do exílio babilônico. Nabucodonosor, rei caldeu, destruiu Jerusalém, incendiou o templo e saqueou a riqueza que ali havia, levando cativos os judeus de Jerusalém para a Babilônia em três etapas:
(1) em 605 a.C., jovens judeus escolhidos foram deportados para Babilônia, entre eles Daniel e seus três amigos;
(2) em 597 a.C., 10.000 cativos foram levados à Babilônia, estando Ezequiel entre eles; e
(3) em 586 a.C. as forças de Nabucodonosor destruíram totalmente a cidade e o templo, e a maioria dos sobreviventes foi transportada à Babilônia. O ministério profético de Ezequiel ocorreu durante a hora mais tenebrosa da história do AT: os sete anos que precederam a destruição, em 586 a.C. (593-586 a.C.), e os quinze anos seguintes (586-571 a.C.).
É relatado a atividade do profeta Ezequiel durante o exílio na Babilônia, que dirige suas mensagens a seus compatriotas cativos e também ao povo hebreu que ainda reside na Palestina.
Ambos os grupos permaneceram obstinados e impenitentes, mesmo depois da captura de Jerusalém levada a cabo pelo rei babilônio Nabucodonosor, e do exílio de Joaquim, rei de Judá, que levou para Babilônia as pessoas preeminentes do país e os tesouros da casa de Deus e da casa do rei.
Entre os cativos se achavam a família do rei e os príncipes; os valentes, poderosos; os artífices e construtores; uma considerável parte da população e Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote (2 Re 24:11-17; Ez 1:1-3), no ano de 597 a.C.
Pesarosos, estes israelitas exilados haviam completado a sua cansativa jornada, de uma terra de colinas, fontes e vales para uma de vastas planícies.
Nabucodonosor permitiu que os israelitas tivessem as suas próprias casas, servos, e que praticassem o comércio. (Ez 8:1; Jr 29:5-7; Es 2:65) Se fossem diligentes, poderiam prosperar. Cairiam nos laços da religião e do materialismo babilônicos? Continuariam rebeldes contra Deus? Aceitariam o seu exílio como disciplina procedente dele? Haviam de enfrentar novas provações na terra de seu exílio.
Durante esses anos críticos que culminaram na destruição de Jerusalém, Deus não privou a si nem aos israelitas dos serviços de um profeta. Jeremias atuava na própria Jerusalém, Daniel na corte de Babilônia e Ezequiel era o profeta para os exilados judeus em Babilônia.
Ezequiel era tanto sacerdote como profeta, distinção que gozava também Jeremias e, mais tarde, Zacarias. (Ez 1:3) Do começo ao fim de seu livro dirige-se mais de 90 vezes a ele como “filho do homem”, um ponto importante quando se estuda a sua profecia, porque, nas Escrituras Gregas, Jesus também é chamado de “Filho do homem” cerca de 80 vezes. (Ez 2:1 ;Mt 8:20).
Conforme demonstra o esboço do conteúdo, o livro foi construído segundo um plano claramente definido, e o escritor aderiu firmemente aos assentos de cada seção.
Após a visão introdutória dos capítulos 1-3, Ezequiel se concentra quase exclusivamente em desnudar a iniqüidade de seu povo. Sem dó arrasta seus pecados para debaixo da luz e pronuncia contra eles o julgamento de Deus.
Por meio de ações simbólicas, parábolas, oratória inflamada e declarações lógicas ele reitera seu tema que versa sobre a iniqüidade da nação e sobre sua inevitável destruição.
A repetição da denúncia e da ameaça de condenação é tão constante a ponto de fazer o leitor recuar horrorizado, especialmente em vista do fato que, enquanto que outras obras proféticas iluminam suas ameaças com promessas, este elemento falta quase inteiramente na primeira seção do livro de Ezequiel.
E quando ele permite que brilhe algum raio de esperança, este usualmente se torna vermelho como fogo, pelo que a restauração referida se torna algo vergonhoso e não algo que causasse alegria (ver, por exemplo, Ez 16.53-58; Ez 20.43-44).
Nisso, como também em outros aspectos, Ezequiel mostra afinidades com o autor do livro de Apocalipse, pois ambas as obras exibem, como nenhum outro em seus respectivos Testamentos, o insaciável terror da ira de Deus.
A segunda seção (capítulos 25-32) limita-se aos oráculos dirigidos centra as noções circunvizinhas de Israel, tanto os estados vassalos que assaltaram os judeus em sua hora de amargura como as grandes nações da época.
Aqui a imaginação poética de Ezequiel sobe a seu clímax; são-nos dados alguns dos quadros falados mais vividos do Antigo Testamento em seus oráculos contra o príncipe de Tiro e o Faraó do Egito. É curioso que Ezequiel faça silêncio quanto ao destino da Babilônia, o principal poder destruidor de Jerusalém.
Alguns acreditam que, visto que essa nação deve ter necessariamente figurado nas profecias condenatórias de Ezequiel, que a Babilônia deve aparecer aqui sob o símbolo de Gogue, na profecia dos capítulos 38 e 39. Não obstante, não existe no texto a menor indicação dessa possibilidade, e tudo parece apontar contra tal identificação.
Pode-se sentir que, à semelhança de Jeremias, Ezequiel considerava Nabucodonosor como um servo do SENHOR, e assim considerava suas ações como divinamente ordenadas; diferentemente de Jeremias, porém, Ezequiel não recebeu qualquer palavra subseqüente a respeito da Babilônia, e por isso deixou a questão nas mãos de Deus.
O ponto principal do ministério de Ezequiel foi ocasionado pela chegada de um mensageiro enviado de Jerusalém, anunciando a queda da cidade (Veja: Ez 33.21).
Em face do consistente ceticismo do povo para com sua pregação, esse acontecimento constituiu a confirmação divina a seu ministério. Daí por diante o povo se reunia para ouvi-lo (Veja: Ez 33.30). Agora ele estava livre para entregar-se à tarefa de reabilitar a nação espalhada, e isso forma o tema dos capítulos 33-37.
Desde muito tem sido motivo de perplexidade o fato que, após a restauração da nação na era messiânica, Ezequiel tenha falado sobre um novo levante de poderes estrangeiros contra Israel (38 e 39).
Existem, não obstante, razões convincentes por detrás desse ensino, e não podemos ver qualquer necessidade de negar sua autoria a Ezequiel. Ver as notas introdutórias a esses dois capítulos, no corpo do comentário.
A conclusão do livro (40-48) é o produto de uma mente devota que por longo tempo e afetuosamente ponderou a respeito da adoração de Israel em sua vindoura era de bênção. Somos aqui fortemente relembrados que Ezequiel era ao mesmo tempo um sacerdote e um profeta.
Nessa qualidade, ele combinava em si mesmo as duas grandes correntes da tradição de Israel. Numa terra purificada de toda impureza, é exibida a adoração ideal num templo ideal a ser observada por um povo ideal.
Duas características da personalidade de Ezequiel já têm sido mencionadas, a saber, a vivacidade de sua imaginação e seus poderes sem paralelo de telepatia, clarividência e prognóstico.
Essas coisas se combinavam com um senso avassalador sobre a transcendência de Deus que pode produzir passagens de literatura que, de muitos modos, parecem estranhas para a mente moderna, mas que são ricamente recompensadoras para o investigador.
A partir de anotações biográficas deixadas por Ezequiel, podemos deduzir que tipo de pessoa era.
O Senhor lhe disse: “Mas eu tornarei a tua face tão inflexível como a deles (a face dos israelitas) e a tua fronte tão inflexível como a sua. Farei a tua fronte semelhante ao diamante que é mais duro do que uma rocha” (Ez 3, 8-9).
Tão inflexível que foi capaz de suportar, sem nenhum sinal de aflição, a dor pela morte da esposa, "o desejo dos teus olhos" lhe foi tirado de um golpe, enquanto realizava sua missão por ordem de Deus, no dia em que Nabucodonosor começou o seu cerco final de Jerusalém. (24:2,18).
Enfim, um indomável cabeça-dura, capaz das ações mais incompreensíveis para chamar a atenção de seu povo para as mensagens do seu Senhor.
Agia de maneira muito estranha, como quando, para expiar as culpas dos reinos de Israel e de Judá, ficou deitado por 390 dias sobre o lado esquerdo e 40 dias sobre o direito.
Para evitar a tentação de se mover, amarrou-se com cordas. Imaginem a reação dos deportados quando viam esse profeta manter-se obstinadamente naquela posição estranha e, além disso, tomar aquele tipo de refeição, obedecendo às ordens de Deus: “Este alimento tu o comerás sob a forma de pães de cevada, assados à vista deles com excrementos humanos secos” (Ez 4, 12).
O caráter de Ezequiel como escritor e poeta é admiravelmente descrito pelo hábil Bispo Lowth da seguinte maneira:
Ezequiel é bem inferior em elegância do que Jeremias. No que diz respeito à sublimidade, porém, Ezequiel não é sobrepujado nem mesmo por Isaías. Mas sua sublimidade é de um tipo totalmente diferente. É profundo, incisivo, trágico.
Seus sentimentos são de ânimo, entusiasmo, inflamação e cheios de indignação. As imagens usadas são múltiplas, grandiosas, assustadoras. Sua linguagem é grandiosa, austera, rude, e, às vezes, indelicada. Repetições são comuns, não para dar graça ou elegância ao texto, mas por causa da veemência e indignação do profeta. Todos os assuntos são abordados com diligência.
Dificilmente deixa de proceder assim, mas atém-se aos assuntos. Por isso fica clara a conexão entre um assunto e outro. Em outros aspectos, talvez Ezequiel seja excedido por outros profetas.
Porém, nas peculiaridades da composição, provindas de seus dons naturais, a força, o ímpeto, a seriedade e a grandeza-nenhum dos escritores sacros é superior a Ezequiel. Seu estilo é bastante perspicaz. A obscuridade se deve à natureza dos assuntos. Visões (como por exemplo as de Oséias, Amós e Zacarias) são forçosamente obscuras e confusas. A maior parte de Ezequiel, especialmente a parte do meio do livro, é poética, se considerarmos a natureza da linguagem.
Na Bíblia hebraica o livro de Daniel se encontra na terceira divisão, os Hagiographa, e não na segunda, na qual aparecem os livros proféticos. A razão disso não é que Daniel tenha sido escrito depois dos livros proféticos. Em algumas listas, pode-se observar, Daniel é incluído na segunda divisão do "cânon". Entretanto, o motivo pelo qual Daniel veio a ser colocado na posição que atualmente ocupa depende da posição de seu escritor na economia do Antigo Testamento.
Os autores dos livros proféticos eram homens que ocupavam a posição técnica de profeta; isto é, eram homens especialmente levantados por Deus para servir de mediadores entre Deus e a nação, declarando ao povo as palavras idênticas que Deus lhes tinha revelado.
Daniel, porém, não foi profeta nesse sentido restrito e técnico. Foi antes um estadista na corte de monarcas pagãos. Na qualidade de estadista, possuía realmente o dom profético, embora não tenha ocupado o ofício profético, e é nesse sentido, aparentemente, que o Novo Testamento o chama de profeta (Veja: Mt 24.15). Portanto, Daniel foi estadista, inspirado por Deus para escrever o livro que tem seu nome, pelo que também esse livro aparece no "cânon" do Antigo Testamento na terceira divisão, entre os escritos de outros homens inspirados que não ocuparam o ofício profético.
No monte Sinai, no deserto, o Deus do céu e da terra depositou Sua afeição de modo peculiar sobre Israel, escolhendo essa nação para ser Seu povo e declarando que Ele seria seu Deus.
Dessa maneira entrou em relação de concerto com Israel, manifestando tal relação por um poderoso ato de livramento. Seu propósito para com essa nação era que ela fosse um "reino de sacerdotes" e que Deus fosse seu governante.
O livro de Daniel é um produto do exílio e foi escrito pelo próprio Daniel. Pode-se notar que Daniel fala na primeira pessoa do singular e assevera que as revelações foram feitas a Ele (Veja: Dn 7.2,4 e segs.; Dn 8.1 e segs. Dn 8.15 e segs.; Dn 9.2 e segs. etc.).
Visto, entretanto, que esse livro forma uma unidade, segue-se que o autor da segunda porção (capítulos 7 a 12) deve também ter composto a primeira (capítulos 1 a 6). O segundo capítulo, por exemplo, é preparatório para os capítulos 7 e 8, que desenvolvem seu conteúdo de modo mais completo e claramente o pressupõem.
As ideias do livro refletem um ponto de vista básico e essa unidade literária tem sido reconhecida por eruditos de diferentes escolas de pensamento. O livro de Daniel reflete ambientes babilônicos e persas, e as alegadas objeções históricas (que serão discutidas no comentário) não são realmente válidas.
Finalmente, uma aprovação indireta à autenticidade do livro parece encontrar-se nas seguintes passagens do Novo Testamento: Mt 10.23; Mt 16.27 e segs.; Mt 19.28; Mt 24.30; Mt 25.31; Mt 26.64.
Na Igreja Cristã tem sido tradicionalmente mantido, devido às reivindicações do próprio livro, que o Daniel histórico foi seu autor. A primeira dúvida conhecida a ser lançada sobre esse ponto de vista veio da parte de Porfírio de Tiro (nascido cerca de 232-233 A. C.), um vigoroso oponente do Cristianismo, que sustentava que essa obra era produto de um judeu que vivera no tempo dos macabeus.
Foi largamente mantido que o livro de Daniel fora escrito por um judeu desconhecido, que vivera no tempo de Antíoco Epifanes. Os motivos para tal opinião eram a notável exatidão pela qual aquele período é descrito em Daniel, as supostas inexatidões históricas no livro, e a alegada linguagem mais recente empregada na composição da profecia.
Algumas vezes, igualmente, podia-se verificar uma atitude de aversão para com o caráter sobrenatural do livro, o que evidentemente tinha levado certos homens a procurarem negar seu autêntico caráter profético.