Resumo de ETICA
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CURSO: BACHAREL EM TEOLOGIA LIVRE.
NOME: KURT VIEHMAYER RODRIGUES.
RESUMO DA DISCIPLINA A REFORMA PROTESTANTE.
Durante a Idade Média, a Igreja Católica foi objeto de diversos movimentos que se propunham a reformar suas estruturas, corrigindo abusos do clero e recuperando a pureza original do Cristianismo. Entretanto, todos os autores dessas reformas, papas, bispos e fundadores de ordens religiosas, sempre foram pessoas pertencentes aos quadros da Igreja e incapazes de desligar-se dessa instituição, por mais que dela discordassem. Enfim, queriam arrumar a casa e não construir outra.
No final da Idade Média, entretanto, as insatisfações religiosas contra a Igreja acumulam-se de tal maneira que desembocaram num movimento de ruptura: a Reforma do século XVI.
As graves críticas apresentadas contra a Igreja já não permitiam apenas arrumar internamente a casa. Os reformistas romperam definitivamente com a Igreja Católica, provocando a quebra efetiva da unidade do pensamento ocidental cristão. A reforma representou um dos movimentos históricos fundamentais que marcaram o início dos tempos modernos, sendo motivada por um complexo conjunto de causas que ultrapassaram os limites da mera contestação religiosa à Igreja Católica. Isso porque o homem do século XVI refletia, no plano da religião, toda uma série de descontentamentos que se referiam às suas condições de vida material, tanto no plano político como no social ou no econômico.
AS PRINCIPAIS CAUSAS DA REFORMA:
-CAUSAS RELIGIOSAS:
Um clima de reflexão crítica e de inquietação espiritual espalhou-se entre diversos cristãos europeus. Com a utilização da imprensa, aumentou o número de exemplares da Bíblia disponíveis aos estudiosos. A divulgação da Bíblia e de outras obras religiosas contribuiu para a formação de uma vontade mais pessoal de entender as verdades divinas, sem a intermediação dos padres.
Nesse sentido, podemos citar, por exemplo, uma corrente religiosa que, buscando apoio na obra de Santo Agostinho, afirmava que a salvação do homem somente era alcançada pela fé.
Essas ideias opunham-se à posição oficial da Igreja, baseada em Santo Tomás de Aquino, pela qual a salvação do homem era alcançada pela fé e pelas boas obras.
No plano moral, a situação de inúmeros membros da Igreja também era lastimável, sendo o objeto de várias críticas. Multiplicavam-se os casos de padres envolvidos em escândalos amorosos, de monges que viviam bêbado, como vagabundos, e de bispos que somente acumulavam riquezas pessoais, vendiam os sacramentos e pouco se importavam com a religião.
-CAUSAS SÓCIO-ECONÔMICAS:
A concepção teológica da igreja, desenvolvida durante o Período Medieval, estava adaptada ao sistema feudal, que se baseava na economia fechada e na autossuficiência dos feudos, onde o comércio subsistia apenas como atividade marginal. Por isso, a teologia tradicional católica condenava a obtenção do lucro excessivo, da usura, nas operações de comércio, defendendo a prática do preço justo. Com o início dos tempos modernos, desenvolveu-se a expansão marítima e comercial, e dentro desse novo contexto a moral econômica da Igreja começou a entrar em choque com a atividade da grande burguesia.
Essa classe, empenhada em desenvolver ao máximo as atividades comerciais, sentia-se incomodada com as concepções tradicionais da Igreja, que taxava de pecado a busca impetuosa do lucro. Assim, essa burguesia começou a sentir necessidade de uma nova ética religiosa, mais adequada ao espírito do capitalismo comercial. Essa necessidade ideológica da burguesia foi satisfeita, em grande parte, com a ética protestante, que surgiria com a Reforma. Convém frisar, entretanto, que nem todos os líderes reformistas estavam dispostos a incentivar as práticas do capitalismo.
É o caso, por exemplo, de Lutero, que condenava severamente o luxo e a usura, propondo para os cristãos um ideal de vida modesto, em que não existiria a ansiedade pelo lucro e a vaidade pelas riquezas materiais.
-CAUSAS POLÍTICAS:
O século XVI foi um período de fortalecimento das monarquias nacionais. A Igreja Católica, com sede em Roma e falando latim, apresentava-se como instituição de caráter universal, sendo um fator de unidade do mundo cristão. Em 1517, eclodiu o incidente que provocaria o rompimento entre Lutero e a Igreja Católica, girando em torno do episódio conhecido como venda de indulgências.
Tendo como o objetivo arrecadar fundos para financiar a reconstrução da Basílica de São Pedro, o Papa Leão X permitiu que se concedem indulgências (perdão dos pecados) a todos os fieis que contribuíssem financeiramente com a Igreja.
Escandalizado com essa salvação comprada a dinheiro, Lutero afixou na porta da Igreja de Wittenberg um manifesto público ( as 95 teses), em que protestava contra a atitude do Papa e expunha os elementos de sua doutrina.
Iniciava-se, então, uma longa discussão entre Lutero e as autoridades eclesiáticas, culminando com sua excomunhão pelo Papa, em 1520. Demonstrando descaso e revolta diante da Igreja, Lutero queimou em praça pública a bula Papal, que o condenava.
A DOUTRINA LUTERANA:
-Igreja: proclamava a criação de Igrejas nacionais autônomas. O trabalho religioso poderia ser feito por pessoas não obrigadas ao celibato sacerdotal (obrigação de casar). Lutero aceitava a dependência da Igreja ao Estado. O idioma das cerimônias religiosas deveria ser aquele de cada nação e não o latim, que era o idioma oficial das cerimônias católicas.
-Rito Religioso: a cerimônia religiosa deveria obedecer a ritos mais simples, reduzindo a pompa existente nos cultos católicos. Santos e imagens foram abolidos.
-Livro Sagrado: A Bíblia era o livro sagrado do Luteranismo, representando a única fonte da fé. Sua leitura e interpretação deveriam se feitas por todos os cristãos. Lutero, em 1534, traduziu para o alemão um original grego da Bíblia.
-Salvação Humana: O homem salva-se pela fé em Deus e não pelas obras que pratica.
-Sacramentos: preservaram-se como sacramento básicos: o batismo e a eucaristia.
A REFORMA DE CALVINO:
-Em 1536, Calvino publicou sua principal obra, a Instituição da Religião Cristã, na qual afirmava que o ser humano estava predestinado de modo absoluto a merecer o Céu ou o Inferno. Explicava Calvino que, por culpa de Adão, todos os homens já nasciam pecadores (pecado original), mas, Deus tinha eleito algumas pessoas para serem salvas, enquanto outras seriam condenadas à maldição eterna.
-Nada que os homens pudessem fazer em vida poderia alterar-lhes o destino, já previamente traçado. A fé, existente em algumas pessoas, poderia ser interpretada como um sinal de que elas pertenciam ao grupo dos eleitos por Deus à salvação. Tais pessoas, os eleitos, sentiriam dentro do seu coração um irresistível desejo de combater o mal que povoa o mundo, simplesmente para a glória de Deus.
-A prosperidade econômica de algumas pessoas, sua riqueza material, também passou a ser interpretada pelos seguidores de Calvino como um sinal da salvação predestinada.
-Criou-se, com base no Calvinismo, um modelo ideal de homem, religioso e trabalhador, para quem o sucesso econômico e a conquista de riquezas eram um sinal da predestinação divina ao Paraíso. Essa ideologia foi muito bem aceita pela burguesia mercantil, na medida em que sua ganância pelo lucro era justificada pela ética religiosa. Identificando-se com a burguesia, o Calvinismo espalhou-se por diversas regiões da Europa, como França, Inglaterra, Escócia e Holanda, países onde se expandia o capitalismo comercial.
A REFORMA ANGLICANA:
Henrique VIII (1509-1547), rei da Inglaterra, tinha sido, durante certo tempo, um fiel aliado do Papa, recebendo deste o título de “Defensor da Fé”. Entretanto, uma série de fatores políticos e econômicos levaram também Henrique VIII a romper com a Igreja Católica e a fundar uma Igreja nacional na Inglaterra, isso é, a Igreja Anglicana.
Entre os principais fatores que provocaram a Reforma Anglicana, podemos destacar os seguintes:
-Fortalecimento da monarquia
-A posse das terras da Igreja.
-O pedido de divórcio do rei Henrique VIII: casado com a princesa espanhola Catarina de Aragão, Henrique VIII teve com ela uma filha para sucedê-lo no trono. Entretanto, o rei estava bastante descontente com seu casamento.
A Igreja Anglicana procurou desenvolver uma conciliação original entre o rito tradicional do catolicismo e o dogma de caráter protestante. Em outras palavras, mantinha-se nas cerimônias a forma católica (conservação da liturgia católica, da hierarquia eclesiástica etc.) e introduziam-se na doutrina elementos do conteúdo protestante (salvação pela fé, preservação de apenas dois sacramentos - batismo e comunhão etc.).
A REFORMA CATÓLICA OU CONTRA REFORMA:
Diante dos movimentos protestantes, a reação inicial e imediata da Igreja Católica foi a de punir os líderes rebeldes, na esperança de que as ideias dos reformadores não se propagassem e o mundo cristão recuperasse a unidade perdida.
Essa tática, entretanto, não deu bons resultados, já que o movimento protestante avançou pela Europa, conquistando crescente número de seguidores. Era forçoso, assim, reconhecer a ruptura protestante. Diante disso, ganhou força dentro do Catolicismo um amplo movimento de moralização do clero e reorganização das estruturas administrativas da Igreja.
Esse movimento de reformulação da Igreja Católica ficou conhecido como Reforma Católica ou Contra-Reforma. Seus principais líderes foram os Papas Paulo III (1534-1549, Paulo IV (1555-1559), Pio V (1566-1572) e Xisto V (1585-1590).
Todo um conjunto de medidas foi colocado em prática pelos líderes da Contra Reforma, tendo em vista deter o avanço do protestantismo. Entre essas medidas, destacam-se as seguintes:
-Aprovação da Ordem dos Jesuítas;
-Convocação do Concílio de Trento: A salvação humana depende da fé e das boas obras humanas. Rejeitava-se a doutrina da predestinação. O dogma religioso tem como fonte a Bíblia, cabendo à Igreja dar-lhe a interpretação correta, e a tradição religiosa, conservada pela Igreja e transmitida às novas gerações. O Papa reafirmava sua posição de sucessor de Pedro, a quem Jesus Cristo confiou a construção de sua Igreja;
-A missa e a presença de Cristo: A Igreja reafirmou que no ato de eucaristia ocorria a presença real de Jesus no pão e no vinho. Essa presença real de Cristo era rejeitada pelos protestantes.
-Catecismo;
-Restabelecimento da Inquisição;
A Reforma Redescobriu na Palavra a Doutrina do Sacerdócio Individual do Crente, como em Hb 10.19-21. O sacerdócio individual do crente foi uma outra doutrina resgatada. Ela apresenta a pessoa de Cristo como único mediador entre Deus e os homens, concedendo a cada salvo acesso direto ao trono por intermédio do sacrifício de Cristo na cruz e pela operação do Espírito Santo no homem interior.
O ensinamento bíblico, transmitido pela Reforma, eliminava os vários intermediários que haviam surgido ao longo dos séculos entre o Deus que salva e o pecador redimido. Na ocasião, esse era um ensinamento totalmente estranho à Igreja de Roma, que sempre se apresentou como tendo a palavra final de autoridade e interpretação das Escrituras.
Lutero rebelou-se contra o véu de obscuridade que a Igreja lançava sobre as verdades espirituais e levou os fiéis de volta ao trono da graça.
O ensinamento do sacerdócio individual do crente foi o grande responsável pelo estudo aprofundado das Escrituras e pela disseminação da fé reformada.
A mensagem da Reforma continua sendo necessária hoje. A igreja contemporânea está multiplicando-se em quantidade de adeptos, mas é uma multiplicação estranha porque é acompanhada de uma preguiça mental quanto ao estudo.
Parece que fomos todos tomados de anorexia espiritual, pois nos contentamos com muito pouco, nos achamos mestres sem estudar, nos concentramos na periferia e não no cerne das doutrinas.
A Reforma apresentou, de forma clara e Inequívoca, o onceito da Soberania de Deus. Devemos reconhecer a Reforma como um movimento operado por homens falíveis, mas poderosamente utilizados pelo Espírito Santo de Deus para resgatar suas verdades e preservar a sua igreja.
Não devemos endeusar os reformadores nem a Reforma, mas não podemos deixá-la esquecida e nem deixar de proclamar a sua mensagem, que reflete o ensinamento da Palavra de Deus aos dias de hoje. A natureza humana continua a mesma, submersa em pecado. Os problemas e situações tendem a repetir-se, até no seio da igreja. O Deus da Reforma fala ao mundo hoje, com a mesma mensagem eterna. Devemos, em oração e temor, ter a coragem de proclamá-la à nossa igreja.
SEITAS MARGINAIS À REFORMA:
A liberdade sobre a leitura bíblica imposta pela Reforma ocasionou um enorme avanço ao cristianismo, ou pelo menos, possibilitou-o a retomar os passos do cristianismo primitivo. Nesta liberdade, várias correntes de interpretação surgiram nos séculos subsequentes. Pessoas começaram a ler a bíblia de acordo com o seu tempo, o que respondeu a inúmeras perguntas, mas suscitou muitas interpretações distintas.
“O termo seita vem do substantivo latino secta e do verbo sequi, que significa seguir. A palavra grega que aparece na bíblia é háiresis, ou seja, heresia, que, por causa da semântica, foi traduzido na Vulgata por seita. No seu sentido original, significa escola ou modo de pensar e de viver que é seguido por pessoas. O sentido original, portanto, não é pejorativo, visto que o próprio cristianismo foi denominado de seita (At 26.5). Com o tempo, o termo foi adquirindo um significado negativo, ou seja, espírito sectário, ferrenho, estreito, agressivo, maquiavélico”.
As seitas proféticas, em sua maioria, são movimentos que surgem a partir de uma visão fanática, de um sonho, uma revelação pessoal aliada à uma interpretação descontextualizada de algumas passagens bíblicas. Geralmente profetizam os últimos dias, o fim dos tempos; sua linguagem natural é de sectarismo e sua argumentação está baseada em profecias futurísticas. Também não veem Jesus como o único Deus, mas como um deus. Dentre elas podemos destacar: Adventistas do Sétimo dia, Mórmons, Ciência Cristã, Testemunhas de Jeová, Meninos de Deus, entre outras.
Seitas Pentecostais:
O pentecostalismo brasileiro pode ser compreendido como a história de três ondas de implantação de igrejas:
-A primeira onda é a década de 1910, com a chegada da Congregação Cristã (1910) e da Assembléia de Deus (1911);
-A segunda onda pentecostal é dos anos 50 e início de 60, na qual o campo pentecostal se fragmenta, a relação com a sociedade se dinamiza e três grandes grupos (em meio a dezenas de menores) surgem: Quadrangular (1951), Brasil para Cristo (1955) e Deus é Amor (1962). O contexto dessa pulverização é paulista.
-A terceira onda começa no final dos anos 70 e ganha força nos anos 80. Seus principais representantes são a Igreja Universal do Reino de Deus (1977) e a Igreja Internacional da Graça de Deus (1980). O contexto é fundamentalmente carioca”.
Pentecostalismo Clássico:
Fazem parte dessa linhagem, no Brasil, a Igreja Assembléia de Deus e a Cristã no Brasil.
Deutero-pentecostalismo:
Nos anos 50, uma segunda onda pentecostal se iniciou, fazendo dos milagres e da cura divina sua principal ênfase, diferentemente da primeira onda, onde a ênfase recaia sobre a glossolalia, entretanto, o núcleo doutrinário permaneceu inalterado. Difundiram-na por meio do rádio. Surgem denominações como a Igreja do Evangelho Quadrangular, Cruzada Nacional de Evangelização (1953); Igreja Pentecostal "O Brasil para Cristo"(1956); Igreja de Nova Vida (1960); Igreja Pentecostal "Deus é Amor"(1961); Casa da Benção(1964), Metodista Weslyana(1967) e uma enorme quantidade de pequenas denominações, formando comunidades locais