Resumo de ETICA
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Curso de Graduação Livre – Bacharelado em Filosofía
Disciplina: PSICOLOGÍA DA EDUCACÃO
Aluno: 2019033796
Clément R.S.Danilo
RESUMO
CONCEITO GERAL PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Entendendo o Trabalho do Psicólogo
Atualmente, a Psicologia é entendida como a ciência do comportamento, considerando-se comportamento toda e qualquer manifestação de um organismo: andar, falar, correr, gritar, estudar, aprender, esquecer, gostar, odiar, amar, trabalhar, brincar, passear, etc. Estamos sempre nos comportando de uma maneira ou de outra. Em primeiro lugar, o psicólogo vai procurar compreender o comportamento, isto é, verificar os fatores que levam alguém a comportar-se de um jeito e não de outro.
Áreas de atuação do psicólogo
No campo da medicina, o psicólogo pode realizar pesquisas sobre os efeitos de medicamentos no comportamento humano, sobre a origem psíquica de muitas doenças, sobre os efeitos do isolamento físico no estado de saúde, etc.
Na indústria, o psicólogo pode estudar as condições que aumentam a eficiência e diminuem a fadiga e os acidentes.
Na educação, dois aspectos merecem atenção especial do psicólogo: o estudo das diversas classes de desenvolvimento das pessoas e o estudo da aprendizagem e das condições que a tornam mais eficiente e mais fácil.
Os procedimentos mais utilizados em Psicologia são a pesquisa e a experimentação.
Importância da pesquisa
Muitos dos conhecimentos que utilizamos em nossa vida diária têm origem em informações de pessoas mais idosas e de amigos, em nossas observações pessoais, etc. Muitos desses conhecimentos são verdadeiros e a tradição popular, transmitida de geração a geração, é muito valiosa. Mas em muitos casos, formamos nossas convicções a partir de informações falsas ou parciais, de simpatias ou antipatias e isso nos leva a avaliações erradas ou preconceituosas sobre fatos e pessoas.
Os procedimentos adotados na pesquisa científica muitas vezes nos ajudam a modificar nossas convicções e a ampliar nossos conhecimentos.
Experimentação
O objetivo da experimentação é descobrir o fator ou os fatores que produzem ou alteram um certo comportamento. Para fazer um experimento, muda-se uma das condições antecedentes, mantendo-se as outras constantes, como estão. Se o resultado mudar, é sinal de que a condição modificada é responsável pelo fato ou comportamento estudado. Caso contrário, será necessário fazer outros experimentos.
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
A Psicologia da Educação procura utilizar os princípios e as informações que as pesquisas psicológicas oferecem acerca do comportamento humano, para tornar mais eficiente o processo ensino-aprendizagem.
A contribuição da Psicologia da Educação abrange dois aspectos fundamentais:
a) Compreensão do aluno
Compreensão de suas necessidades, suas características individuais e seu desenvolvimento, nos aspectos físico, emocional, intelectual e social.
b) Compreensão do processo ensino-aprendizagem
É necessário que o professor saiba como funciona o processo de aprendizagem, quais os fatores que o facilitam ou prejudicam.
Existe outro aspecto, de fundamental importância: a compreensão do papel de professor. O professor costuma ser considerado um exemplo para os alunos, ele transmite a seus alunos atitudes positivas ou negativas em relação ao estudo e aos colegas, transmite seus preconceitos, suas crenças, seus valores, etc. O aluno às vezes aprende muito mais com o que o professor faz ou deixa de fazer, do que com aquilo que o professor diz.
Outro aspecto importante do papel do professor refere-se à sua participação em atividades escolares extraclasse. Essas atividades são responsáveis por grande parte da aprendizagem dos alunos: é no recreio, em promoções culturais, artísticas, sociais e esportivas que os alunos aprendem a convivência social, o gosto pela cultura e pela arte e a prática de esportes, tão salutares para seu desenvolvimento.
A participação do professar em atividades da comunidade onde se situa a escola também é importante para que ele conheça os resultados de seu trabalho e possa orientar as tarefas escolares de acordo com as necessidades e aspirações reais da população.
Além dos aspectos supracitados, para o sucesso do trabalho educativo, é importante que o professor goste do que faz, acredite que está alcançando os resultados esperados e se sinta satisfeito e realizado.
A população e os professores devem trabalhar para que os poderes públicos tomem consciência da importância da educação para o país e canalizem para o setor os recursos necessários.
Compreensão do aluno
A Psicologia da Educação é indispensável para que o professor tenha condições de compreender seus alunos e desenvolver um trabalho mais eficiente. O aluno está em desenvolvimento. E em cada uma das etapas desse desenvolvimento tem características diferentes. Daí a importância que tem para o professor o conhecimento integral do aluno, em seus aspectos físico, emocional, intelectual e social.
O desenvolvimento intelectual poderá ser prejudicado, se não houver o desenvolvimento concomitante dos outros aspectos. No decorrer de sua vida diária, o aluno sofre uma série de influências que vão ter repercussões, negativas ou positivas, em seu trabalho escolar. Em alguns casos, verifica-se que a família e a escola orientam a criança em sentidos diferentes, ou que os valores dos amigos e os da escola sejam valores divergentes.
Conflitos podem nascer também das diferenças de classes sociais. Na medida em que o professor é oriundo de uma determinada classe social, pode não levar em consideração tais diferenças e apresentar dois comportamentos negativos para a aprendizagem:
1) Desconhecer que o não-aproveitamento dos alunos pode ser conseqüência da inadaptação à própria escola.
2) Tentar impor seus próprios valores de classe a todos os alunos, desrespeitando a realidade de cada um.
Compreensão do processo ensino-aprendizagem
O QUE É APRENDIZAGEM
Aprendizagem é mudança de comportamento. Isto é: quando repetimos comportamentos já realizados anteriormente, não estamos aprendendo. Só há aprendizagem na medida em que houver uma mudança no comportamento.
Aprendizagem é mudança de comportamento resultante da experiência. Quase todos os nossos comportamentos são aprendidos, mas não todos. Há comportamentos que resultam da maturação ou do crescimento de nosso organismo e, portanto, não constituem aprendizagem: respiração, digestão, salivação.
A realização do processo de aprendizagem depende de três elementos principais:
Situação estimuladora: soma dos fatores que estimulam os órgãos dos sentidos da pessoa que aprende. Se houver apenas um fator, este recebe o nome de estímulo. Exemplos de estímulos: um nome falado em voz alta; uma ordem, como “sente-se”; uma mudança ambiental, como falta de luz elétrica, etc;
Pessoa que aprende: indivíduo atingido pela situação estimuladora. Para a aprendizagem, são importantes os órgãos dos sentidos, afetados pela situação estimuladora; o sistema nervoso central, que interpreta a situação estimuladora e ordena a ação; e os músculos, que executam a ação;
Resposta: ação que resulta da estimulação e da atividade. Uma vez aprendidos comportamentos, também chamados respostas, são repetidos sempre que ocorre a situação estimuladora.
Etapas no processo de aprendizagem
Motivação. Sem motivação, não há aprendizagem. Se o aluno não estiver motivado, ele não vai aprender. Recompensas e punições também resolvem, se o aluno não quiser aprender;
Objetivo. Qualquer pessoa motivada orienta seu comportamento para os objetivos que possam satisfazer suas necessidades. Em educação, é importante que os objetivos propostos pela escola e pelo professor coincidam com os objetivos do aluno. Caso contrário, o aluno não se preocupará em atingi-los, pois não satisfarão suas necessidades;
Preparação ou prontidão. De nada adianta o indivíduo estar motivado, ter um objetivo, se não for capaz de atingir esse objetivo para satisfazer sua necessidade. O ensino e o treinamento antes da maturação adequada podem ser inúteis e até prejudiciais.
Obstáculo. Se não houvesse obstáculos, barreiras, não haveria necessidade de aprendizagem, pois bastaria o indivíduo repetir comportamentos anteriores. Os obstáculos podem ser de natureza social; psicológica; física ou de natureza pessoal.
Respostas. O indivíduo vai agir de acordo com sua interpretação da situação, procurando a melhor maneira de vencer o obstáculo.
Reforço. Quando a pessoa tenta superar o obstáculo até conseguir, a resposta que leva à satisfação da necessidade é reforçada e, futuramente, em situações semelhantes, tende a ser repetida.
Generalização. Consiste em integrar a resposta correta ao repertório de conhecimentos. Essa generalização permite que o indivíduo dê a mesma resposta que levou ao êxito diante de situações semelhantes. A nova aprendizagem passa a fazer parte do indivíduo e vai ser utilizada sempre que for preciso.
Tipos de aprendizagem
Aprendizagem de sinais
Ter simpatias e antipatias, preferências, medo da água ou das alturas; chorar com facilidade, ruborizar-se e outros comportamentos involuntários podem ser resultado de aprendizagem de sinais produzida por condicionamento respondente, também chamado condicionamento clássico. Na vida diária, as pessoas aprendem várias coisas por esse mecanismo, sem que estejam conscientes do que estão aprendendo.
Estímulo-resposta
Neste caso, a aprendizagem consiste em associar uma resposta a um determinado estímulo. A associação estímulo-resposta é estabelecida mais facilmente quando a resposta é reforçada, ou seja, recompensada.
Cadeias motoras
Cada comportamento compõe-se de uma sucessão de comportamentos mais simples: forma-se uma cadeia contínua de estímulos e respostas. Em alguns casos, para que tais cadeias sejam aprendidas, é necessário que se sucedam uma à outra, sempre na mesma ordem, e que sejam repetidas muitas vezes.
Cadeias verbais
A memorização torna-se mais eficiente quando associamos as palavras, formando cadeias. Neste caso, uma palavra funciona como estímulo para a lembrança de outra.
Aprendizagem de discriminação
Discriminar consiste em dar respostas diferentes a estímulos semelhantes, distinguindo as diferenças.
Aprendizagem de conceitos
Na aprendizagem de conceitos, o indivíduo aprende a dar uma resposta comum a estímulos diferentes em vários aspectos. O conceito é uma representação mental de uma classe de estímulos, que inclui uma série de estímulos e exclui outros.
Aprendizagem de princípios
Princípio é uma cadeia de dois ou mais conceitos. Para aprender um princípio é necessário ter aprendido previamente os conceitos que o formam.
Solução de problemas
Essa é a forma superior de aprendizagem, pois permite à pessoa enfrentar suas dificuldades, solucionar seus problemas, mediante a aplicação de princípios conhecidos. Para que o indivíduo possa solucionar os problemas, é necessário que conheça os princípios aplicáveis, seja capaz de lembrar-se deles e de aplicá-los conforme o caso.
TEORIAS DA APRENDIZAGEM
No campo da aprendizagem, os psicólogos não acreditam que alguém aprende simplesmente porque outra pessoa ensina, ou, mesmo, apenas porque quer aprender. Observaram que muitas pessoas a quem se ensina, não querem aprender e, por isso, não aprendem; observaram também que outras pessoas, embora querendo aprender, não conseguem fazê-lo sem que alguém lhes ensine; observaram, ainda, que há pessoas que, embora querendo aprender e tendo quem lhes ensine, assim mesmo não aprendem.
As principais teorias que procuraram compreender e explicar o processo de aprendizagem são: teoria do condicionamento, teoria da Gestalt, teoria de campo, teoria cognitiva e teoria fenomenológica.
Teoria do condicionamento
De acordo com essa teoria, aprendizagem é igual a condicionamento. Isso significa que, se queremos que uma pessoa aprenda um novo comportamento, devemos condicioná-la a essa aprendizagem.
Se os organismos vivos tendem a repetir os comportamentos satisfatórios e a evitar os comportamentos que não trazem satisfação, para que haja condicionamento, basta fazer com que o comportamento que queremos que a pessoa aprenda seja satisfatório para ela.
O processo consiste em apresentar estímulos agradáveis, chamados reforços, quando a pessoa manifesta o comportamento que queremos que ela aprenda. Mas o indivíduo também pode manifestar os comportamentos esperados ou evitar comportamentos considerados indesejáveis para esquivar-se dos chamados reforços negativos: repreensões, ameaças e outras formas de punição.
Algumas pesquisas verificaram que, muitas vezes, a ausência de reforço dá melhores resultados que qualquer reforço. Verificou-se ainda que estudantes mais independentes e criativos tendem a sair-se mal em programas de instrução programada.
Teoria da Gestalt
Para os defensores da teoria da Gestalt, como Köhler, Koffka e Hartmann, no processo de aprendizagem, a experiência e a percepção são mais importantes que as respostas específicas dadas a cada estímulo.
Quando o indivíduo vai iniciar um processo de aprendizagem qualquer, ele já dispõe de uma série de atitudes, habilidades e expectativas sobre sua própria capacidade de aprender, seus conhecimentos, e percebe a situação de aprendizagem de uma forma particular, certamente diferente das formas de percepção de seus colegas. Por isso, o sucesso da aprendizagem vai depender de suas experiências anteriores, a aprendizagem ocorre em conseqüência de uma contínua organização e reorganização da experiência, que permite a compreensão global da situação e a percepção de seus elementos mais significativos.
Em relação ao trabalho escolar, pode-se afirmar que a teoria da Gestalt é mais rica que a teoria do condicionamento, pois tenta explicar aspectos ligados à solução de problemas. Explica, também, como ocorre o trabalho científico e artístico que, muitas vezes, resulta de um estalo, de uma compreensão repentina, depois que a pessoa lidou bastante com o assunto.
Teoria de campo
De acordo com essa teoria, são as forças do ambiente social que levam o indivíduo a reagir a alguns estímulos e não a outros; ou que levam indivíduos diferentes a reagirem de maneira diferente ao mesmo estímulo. A influência dessas forças sobre o indivíduo dependeria, em alto grau, das próprias necessidades, atitudes, sentimentos e expectativas do indivíduo, pois são estas condições internas que constituem o campo psicológico de cada um.
O campo psicológico seria o ambiente, incluindo suas forças sociais, da maneira como é visto ou percebido pelo indivíduo. O comportamento das pessoas é determinado por sua percepção de si próprias e do mundo que as rodeia. Se esta percepção se modifica, muda também seu comportamento.
Teoria cognitiva
A teoria cognitiva, elaborada inicialmente por John Dewey e depois por Jerome Bruner concebe a aprendizagem como solução de problemas. É por meio da solução dos problemas do dia-a-dia que os indivíduos se ajustam a seu ambiente. Da mesma forma deve proceder a escola, no sentido de desenvolver os processos de pensamento do aluno e melhorar sua capacidade para resolver problemas do cotidiano.
Em seus estudos, Dewey apontou seis passos característicos do pensamento científico:
a) Tornar-se ciente de um problema. Para que um problema comece a ser resolvido, é preciso que seja transformado numa necessidade sentida pelo indivíduo. Um problema só será real para o aluno quando sua não-resolução constituir fator de perturbação para ele;
b) Esclarecimento do problema. Este passo consiste na coleta de dados e informações sobre tudo o que já se conhece a respeito do problema, o que permite selecionar a melhor forma de atacá-lo;
c) Aparecimento das hipóteses. As hipóteses costumam surgir após um longo período de reflexão sobre o problema e suas implicações, a partir dos dados coletados na etapa anterior;
d) Seleção da hipótese mais provável. Depois de formulada, a hipótese deve ser confrontada com o que já se conhece como verdadeiro sobre o problema. Rejeitada uma hipótese, o indivíduo deve partir para outra;
e) Verificação da hipótese. A verdadeira prova da hipótese considerada a mais provável só se fará na prática. Se não for certa, o indivíduo vai formular nova hipótese e poderá chegar a redefinir seu problema;
f) Generalização. Em situações semelhantes, uma solução já encontrada poderá contribuir para a formulação de hipótese mais realista. A capacidade de generalizar consiste em saber transferir soluções de uma situação para outra.
Teoria fenomenológica
Como os gestaltistas e cognitivistas, os teóricos da fenomenologia dão grande importância à maneira como o aluno percebe a situação em que se encontra. Além disso, entendem que a criança aprende naturalmente, que ela cresce por sua própria natureza.
O mais importante é que o material a ser aprendido tenha significado pessoal para o aluno. Para facilitar a aprendizagem, a partir da própria experiência, representantes da teoria fenomenológica, apresentam algumas sugestões:
a) Proporcionar aos alunos oportunidades de pensar por si próprios, por meio da criação de um clima democrático na sala de aula, de maneira que os alunos sejam encorajados a expressar suas opiniões e a participar das atividades do grupo.
b) Dar a cada estudante a oportunidade de desenvolver os estudos de acordo com seu ritmo pessoal. O êxito e a aprovação devem ser baseados nas realizações de cada um.
c) A escola deve considerar o impulso universal de todos os seres humanos no sentido de concretizar suas próprias potencialidades, e não reprimir tal impulso, prendendo-o à competição artificial e ao sistema rígido de notas.
MOTIVAÇÃO DA APRENDIZAGEM
A motivação é fator fundamental da aprendizagem. Sem motivação não há aprendizagem.
Funções dos motivos
Motivar significa predispor o indivíduo para certo comportamento desejável naquele momento.
Segundo Mouly, são três as funções mais importantes dos motivos:
a) Os motivos ativam o organismo. Qualquer necessidade gera tensão. Os motivos mantêm o organismo ativo até que a necessidade seja satisfeita e a tensão desapareça.
b) Os motivos dirigem o comportamento para um objetivo. Diante de uma necessidade, vários objetivos se apresentam como capazes de satisfazê-la. Os motivos dirigem o comportamento para o objetivo mais adequado para satisfazer a necessidade.
c) Os motivos selecionam e acentuam a resposta correta. As respostas que conduzem à satisfação das necessidades serão aprendidas, mantidas e provavelmente repetidas quando uma situação semelhante se apresentar novamente.
Teorias da motivação
A motivação na teoria do condicionamento
De acordo com a teoria do condicionamento, em sala de aula, haverá motivação para aprender na medida em que as matérias oferecidas estiverem associadas a reforços que satisfaçam certas necessidades dos alunos.
Teoria cognitiva
A teoria cognitiva considera que, como ser racional, o homem decide conscientemente o que quer ou não quer fazer. Pode interessar-se pelo estudo da matemática por considerar que esse estudo lhe será útil no trabalho, na convivência social, ou apenas para satisfazer sua curiosidade ou porque se sente bem quando estuda matemática.
Teoria humanista
Maslow, um dos formuladores da teoria humanista, aceitou a idéia de que o comportamento humano pode ser motivado pela satisfação de necessidades biológicas, mas rejeitou a teoria de que toda motivação humana pode ser explicada em termos de privação, necessidade e reforçamento.
Para ele, necessidades de ordem superior, como as necessidades de realização, necessidades de conhecimento e necessidades estéticas, também são primárias ou básicas, mas apenas se manifestam depois que as necessidades de ordem inferior forem satisfeitas.
Se um aluno não está conseguindo aprender, é provável que sua dificuldade seja proveniente da não-satisfação de alguma ou de várias das necessidades que antecedem, na hierarquia, a necessidade de conhecimento. O aluno pode ter dificuldade em aprender por estar com fome ou cansado, por estar inseguro quanto ao futuro, por estar isolado na família ou no grupo de colegas, por sentir-se desprezado ou inferiorizado, ou por sentir-se frustrado em relação a muitos de seus planos e objetivos. Dessa forma, há um longo caminho a percorrer antes que o professor possa entender por que um, vários, ou todos os alunos têm dificuldades em entender o que ele está tentando ensinar.
Teoria psicanalítica
Segundo a psicanálise, as primeiras experiências infantis são os principais fatores a determinar o desenvolvimento posterior do indivíduo. Geralmente, as pessoas não sabem os motivos que as levam a agir de uma ou de outra forma. A maior parte dos motivos seria inconsciente.
Quando criança, todo indivíduo tem uma série de impulsos e de desejos que procura satisfazer. Entretanto, muitos desses impulsos e desejos não podem ser satisfeitos, em virtude das proibições sociais. Eles são reprimidos para o inconsciente e lá se reorganizam a fim de se manifestarem de outra forma, de uma maneira que não contrarie as normas sociais.
Dessa forma, muitos impulsos e desejos manifestam-se em atividades artísticas, culturais ou esportivas, isto é, sua energia é utilizada em atividades permitidas; outros podem realizar-se através dos sonhos; outros, ainda, podem manifestar-se através de sintomas físicos, doenças psicossomáticas, etc.
Alguns princípios
A seguir, alguns princípios e orientações gerais, cuja aplicação a cada caso deve ser avaliada pelo professor.
1°. Atrair a atenção do aluno para o que está sendo estudado.
2°. Possibilitar a cada aluno estabelecer e alcançar os próprios objetivos.
3°. Criar condições para que os alunos avaliem constantemente se estão conseguindo alcançar seus objetivos.
4°. Possibilitar discussões e debates, pois essas atividades podem contribuir para despertar o interesse dos alunos.
PROFESSORES E ALUNOS
Uma relação dinâmica
A relação entre professores e alunos deve ser uma relação dinâmica, como toda e qualquer relação entre seres humanos. Assim, na sala de aula, como já foi dito, enquanto ensina, o professor também aprende, e, enquanto aprende, o aluno também ensina. O professor ouve os alunos, respeita seus pontos de vista, e os alunos relatam suas experiências que podem trazer muitas lições ao professor e aos colegas. Dessa forma, o professor deixará de ser mero instrutor ou treinador para transformar-se em educador. A aprendizagem é um processo contínuo, que dura toda a vida.
A interação social
Por interação social entende-se o processo de influência mútua que as pessoas exercem entre si. Assim, numa sala de aula, o professor exerce influência sobre os alunos e estes sobre o professor e os colegas.
Nossos comportamentos são respostas constantes e contínuas ao ambiente físico e social. Reagimos a objetos e condições físicas. As pessoas despertam umas nas outras comportamentos diferentes. As reações do professor dependem, em grande parte, da maneira como ele percebe os alunos.
A importância da percepção
Temos a tendência de rotular as pessoas. Agrado ou desagrado dependem da percepção que temos das pessoas e vão influir na forma de nosso relacionamento com elas.
Nas escolas, quando um professor acha que um aluno é incapaz, ele pode tender a tratar o aluno de acordo com essa percepção. Em conseqüência, o julgamento do professor, pode levá-lo a apresentar comportamentos de incapaz, de acordo com o que é esperado. Assim, se um professor espera que um aluno seja organizado, provavelmente ele o será; se um professor espera que outro aluno seja incapaz, provavelmente ele o será. É o que se chama profecia auto-realizadora.
Geralmente, todas as pessoas têm preconceitos. O preconceito é um juízo que formamos a partir de um fato limitado, e que generalizamos para a pessoa como um todo.
Compreendendo a limitação dos julgamentos preconceituosos, o professor precisa tomar certas precauções, evitar juízos apressados sobre os alunos, procurar compreender os alunos e as razões de seu comportamento. Cabe ao professor reconhecer o potencial de seus alunos e contribuir para sua realização.
Podemos afirmar que tanto a interação social depende da percepção que temos das pessoas com quem interagimos, quanto a própria percepção depende da interação que temos com essas pessoas. Percepção e interação social são interdependentes.
O clima psicológico
O professor pode criar, na sala de aula, um clima psicológico que favoreça ou desfavoreça a aprendizagem.
Pesquisas realizadas em escolas têm mostrado que professores que gostam do que fazem, que são generosos nas avaliações, que se mostram tolerantes e amigos, que ouvem os alunos e estimulam sua participação, obtêm melhores resultados do que professores competentes em sua matéria, mas frios e distantes em relação à classe. Quanto mais jovens os alunos, mais importante é o relacionamento afetivo.
Três orientações básicas devem estar sempre presentes no trabalho do professor, em sua interação com os alunos:
a) ao invés de punir o comportamento destrutivo, estimular e incentivar o comportamento construtivo;
b) ao invés de forçar a criança, orientá-la na execução das atividades escolares, ouvindo o que ela tem a dizer;
c) evitar a formação de preconceitos, por meio da observação e do diálogo constantes, que permitem ao professor constatar as mudanças que estão ocorrendo com o aluno e compreender seu desenvolvimento.
A IMPORTÂNCIA DA LIBERDADE
Ao lado da motivação para aprender e da interação positiva entre professores e alunos, a criação de um clima de liberdade na sala de aula é, também, de suma importância para que possa ocorrer aprendizagem.
Num clima de liberdade, o aluno motivado para aprender interessa-se pelo que faz, confia em sua própria capacidade, trabalha com mais dedicação, produz mais e consegue alcançar seus objetivos. O trabalho em liberdade gera alegria e satisfação para quem o faz e resulta em realização pessoal e atitudes positivas em relação aos outros.
Atitudes pessoais
Se o professor deseja promover um clima de liberdade na sala de aula, é necessário que cultive algumas qualidades essenciais: autenticidade, apreço, aceitação, confiança e compreensão empática.
Autenticidade
O professor contribuirá muito para a aprendizagem se for sincero, se assumir seus sentimentos, se se envolver pessoalmente com os alunos. Isto é: o professor pode mostrar-se irritado, se estiver realmente irritado; pode mostrar-se interessado ou não nos alunos numa certa aula; satisfeito ou insatisfeito com o trabalho dos alunos.
O professor não é uma função burocrática, é uma pessoa.
Quando o professor é autêntico em relação a seus alunos, manifesta seus sentimentos, e mostra-se aberto ao diálogo e às sugestões, chega mais facilmente a seus objetivos: a aprendizagem e a realização pessoal. Os alunos mostram-se compreensivos em relação aos sentimentos do professor, respeitam tais sentimentos e, sentindo-se valorizados e livres para trabalhar, colaboram para que os objetivos da classe como um todo - alunos e professor - sejam atingidos.
Apreço, aceitação, confiança
A valorização do estudante, como ele realmente é e não como o professor gostaria que fosse, envolve três atitudes importantes:
-Apreço ao aluno, a seus sentimentos, opiniões, problemas e preocupações.
-Aceitação do aluno como outro indivíduo, com características próprias, diferentes, que podem não coincidir com as que o professor mais aprecia.
-Confiança no aluno, isto é, convicção de que ele merece crédito.
O professor precisa ter sempre em mente que o aluno é um ser humano comum, com altos e baixos, com medos, problemas, aspirações e desejos a realizar. Nem todos os dias o aluno está disposto a ouvir em silêncio, a acompanhar as atividades prescritas pelo professor. O aluno é imperfeito, como todas as pessoas, erra como todos, mas, como todos, também tem grandes potencialidades a desenvolver. Para isso precisa de apreço, aceitação e confiança por parte do professor.
O aluno que se sente aceito e merecedor da confiança do professor manifesta entusiasmo e interesse na realização das atividades escolares, tornando-se responsável diante dessas atividades.
Compreensão empática
Ter compreensão empática significa ser capaz de compreender as reações íntimas de outra pessoa, a maneira como essa pessoa se sente diante dos fatos. Para o professor, significa a capacidade de compreender, a cada momento, como o aluno vê e sente o processo de aprendizagem, a escola, os colegas, o professor.
Só assim, compreendido em seu próprio ponto de vista, e não avaliado e julgado, o aluno sente-se livre e entusiasmado em seu trabalho escolar.
Caminhos para promover a liberdade
Partir da realidade do aluno
O aluno, como qualquer pessoa, é naturalmente curioso, quer saber sempre mais, conhecer o mundo em que vive. Por isso, se a escola propõe atividades que se relacionem com essa sua curiosidade natural, com esse seu desejo de saber, ele vai interessar-se e entusiasmar-se com a atividade sugerida.
O trabalho do professor torna-se mais fácil na medida em que ele puder obter dos alunos informações sobre seus problemas e temas favoritos. Quando a aprendizagem parte dos problemas reais dos alunos, certamente vai ter efeitos sobre o comportamento, vai refletir-se em sua prática diária, mudando seu comportamento.
Providenciar recursos
Em qualquer curso baseado na liberdade dos alunos, mais do que transmitir conhecimentos prontos e acabados, o professor coloca recursos à disposição deles. A liberdade para que os alunos consultem e utilizem os recursos disponíveis é fundamental.
Deve-se pensar, também, em recursos humanos. O próprio professor deve ser um recurso sempre disponível para os alunos: é muito mais útil o trabalho do professor quando responde a perguntas e a assuntos de interesse dos alunos do que quando ensina uma matéria sobre a qual o interesse dos alunos é incerto.
Trabalhar com contratos
Professor e aluno podem combinar diariamente ou a cada semana o trabalho do período. Dessa forma, o aluno assume a responsabilidade de executar determinadas atividades para atingir objetivos estabelecidos no contrato.
A vantagem do uso de contratos é que tanto os objetivos, quanto as atividades para atingi-los, são estabelecidos de comum acordo entre professor e alunos. No final do período, os resultados alcançados servem de base para a realização do próximo contrato.
Trabalhar em grupo
No trabalho em grupo, o aluno sente que participa da elaboração do conhecimento, que é uma pessoa que atua, que age, e não uma pessoa que recebe passivamente o conhecimento que o professor transmite. No grupo, cada um tem liberdade para concordar ou não com a opinião dos outros. Mas, precisa, também, fundamentar seu ponto de vista, sua discordância.
A comparação das conclusões do grupo com as do livro didático ou com as do professor pode ser muito produtiva. Mas, o mais importante é o processo livre que permite que os alunos cheguem às suas conclusões.
Orientar a pesquisa
A fim de que o estudante se habitue a buscar seus próprios conhecimentos, é fundamental que desenvolva o interesse pela pesquisa. Cabe ao professor orientar o aluno nesse sentido.
Promover simulações
A simulação consiste na representação de uma determinada realidade. A simulação permite que os alunos vivenciem na sala de aula situações da vida real, sentindo as responsabilidades correspondentes a essas situações.
Utilizar auto-avaliação
A avaliação da própria aprendizagem é um dos meios mais eficazes de promover a aprendizagem com liberdade e responsabilidade. O aluno estabelece os objetivos a atingir e avalia constantemente o grau em que se aproxima desses objetivos.
O professor não será um mero instrutor, mas oferecerá a seus alunos oportunidades para que aprendam de maneira livre e responsável. Mais do que aprender conteúdos acabados, os alunos aprenderão a aprender.
APRENDIZAGEM CRIATIVA
O que é criatividade
A primeira característica da criatividade, e talvez a mais importante, é a novidade. Uma idéia, um objeto, um comportamento são criativos na medida em que são novos. Essa novidade pode referir-se tanto à pessoa que cria, quanto ao conhecimento existente naquele momento.
A mais alta forma de criação é a que foge aos moldes do costume, que acrescenta algo ao estágio cultural, científico ou artístico da humanidade. Entretanto, a novidade criadora, em grande parte, constitui um remanejamento de um conhecimento já existente. É um acréscimo só possível a partir do que se conhece.
O pensamento criador caracteriza-se por ser exploratório, por buscar o desconhecido, o risco, a incerteza. Já o pensamento não criador é mais conservador. Prefere o que já existe ao novo.
Fases da criatividade
O processo criador é único e complexo, mas, para fins de estudo, podemos identificar no ato criador cinco fases: primeira apreensão, preparação, incubação, iluminação e verificação.
Primeira apreensão
O momento criativo só acontece depois de longa preparação. O ato criador é resultado de muito trabalho e esforço. O primeiro passo desse trabalho é o surgimento de uma idéia ou de um problema a ser resolvido. Isso pode acontecer em situações as mais diversas: um sonho, uma conversa, um acidente, uma notícia, uma briga, um fato pitoresco, um fenômeno da natureza, etc.
Preparação
A preparação consiste num trabalho sistemático de coleta de informações relacionadas à idéia original. Convém organizar as informações de tal forma que possam ser utilizadas quando necessário.
Incubação
A preparação é trabalho consciente. A incubação é trabalho inconsciente. Períodos de preparação e incubação podem alternar-se no mesmo ato criador. Nessa fase, o inconsciente realiza associações, organiza idéias, trabalha sobre as questões levantadas a partir das informações colhidas.
Iluminação
É o momento culminante do processo criativo, quando, subitamente, aparece a solução do problema. Na verdade, como a iluminação resulta de um trabalho do inconsciente, não se pode prever o momento em que aparece, nem provocá-la diretamente. É possível, entretanto, criar condições favoráveis a seu surgimento.
Verificação
Esta é a última fase: o criador tenta dar forma final à inspiração que teve. Muitas vezes, após o momento de inspiração ou iluminação, a etapa chamada verificação pode durar anos.
Na prática, essas fases nem sempre aparecem tão claramente como foram descritas neste texto. Normalmente, a pessoa desenvolve seu processo criador sem pensar nas distintas fases, embora elas estejam ocorrendo.
Obstáculos à criatividade na escola
Nos cursos pré-escolares, a diminuição do tempo reservado ao brinquedo e à imaginação prejudica o desenvolvimento da criatividade. A fantasia é um fator importante de desenvolvimento da criança e deve ser estimulada e não reprimida.
Na escola de primeiro grau, os obstáculos à criatividade são a disciplina e a ordem exageradas, em prejuízo da iniciativa individual e da espontaneidade.
No segundo grau, a valorização das profissões convencionais, em prejuízo das profissões artísticas, e o excesso de exigências formais na apresentação dos trabalhos, são alguns dos fatores que prejudicam a criatividade.
Na faculdade, enfatiza-se a aquisição de conhecimentos já acumulados, a obrigatoriedade de leituras, currículos rigorosos, etc., em detrimento da criatividade.
Educação criativa
A escola, em geral, e o professor, em particular, podem estimular o educando a desenvolver sua criatividade promovendo a originalidade, a apreciação do novo, a inventividade, a curiosidade e a pesquisa, a autodireção e a percepção sensorial.
Originalidade
O professor pode estimular cada aluno a ter e manifestar idéias originais, idéias diferentes das produzidas pelos colegas.
Para o aluno que produziu um trabalho, mais do que a reprovação com o julgamento rigoroso, é o interesse do professor que o estimula a progredir. Daí a importância de o professor valorizar o trabalho do aluno como a expressão de um ser em desenvolvimento, que produziu algo original. Convém que o professor valorize em todas as idéias, mesmo as mais fantasiosas, algum aspecto positivo.
Inventividade
O professor pode estimular os alunos a expressarem o maior número possível de idéias, propondo questões e problemas reais para serem resolvidos.
Outro meio de incentivar a inventividade consiste em levar em consideração todas as idéias dos alunos. O aluno deve ser estimulado a valorizar suas idéias. Se o aluno anotar suas idéias num caderno especial, isso fará com que desenvolva autoconfiança, condição indispensável para a aprendizagem.
Curiosidade e pesquisa
Aguçar a curiosidade, intrigar-se com aquilo que os outros aceitam como indiscutível, pensar em alternativas para o que está acontecendo, são outras formas de estimular a criatividade. Ao invés de transmitir informações, o professor pode indicar pistas para que o aluno procure as respostas. O treino para sustentar os próprios pontos de vista também favorece a criatividade.
Autodireção
Ter iniciativa é fundamental para a aprendizagem criativa. O aluno que depende do professor, que não toma iniciativa para nada, dificilmente será considerado bastante criativo. Mesmo os assuntos estudados por todos podem ser aprendidos de maneiras diferentes por vários grupos de alunos, em função de seus próprios interesses.
Percepção sensorial
A capacidade de sentir, de perceber as coisas que acontecem em casa, na escola, na comunidade e no mundo, é outra característica que favorece a criatividade. No trabalho educativo, mais do que encher as mentes dos alunos, cumpre auxiliá-los a organizar, a colocar em ordem as percepções e conhecimentos das coisas que já possuem.
RETENÇÃO E ESQUECIMENTO DA APRENDIZAGEM
A principal razão do esquecimento está em que a escola ensina coisas que o aluno não entende, que o aluno não usa, que não têm ligação com a vida.
Explicações para o esquecimento
Entre as muitas explicações para o fenômeno do esquecimento, selecionamos as quatro consideradas mais importantes: falta de uso, interferência, reorganização e repressão.
Falta de uso
Alguns estudiosos acreditam que tendemos a esquecer o que aprendemos, mas não usamos. Embora tenha algum fundamento, esta explicação não é suficiente, por várias razões: a simples passagem do tempo não produz o esquecimento, pois nos lembramos de coisas que aconteceram há muito tempo e nos esquecemos de fatos recentes.
Interferência
A teoria do desuso, como vimos, não explica suficientemente o fenômeno do esquecimento. Em muitos casos, a explicação está na interferência de uma aprendizagem sobre outra. A interferência negativa tende a diminuir à medida que aumenta a aprendizagem.
Reorganização
Nossa memória reorganiza o que aprendemos, de forma que muitas vezes nos lembramos das coisas de maneira diferente da que aprendemos. A memória é dinâmica. Certas modificações são freqüentes quando testemunhamos algum fato: ao invés de nos lembrarmos do que realmente aconteceu, tendemos a nos lembrar do que é mais conveniente para nós.
Repressão
Para a Psicanálise existe um tipo de esquecimento provocado por repressão, chamado esquecimento motivado. De acordo com essa explicação, as pessoas tendem a enviar para o inconsciente e, portanto, a esquecer as experiências desagradáveis e os fatos associados a essas experiências.
Fatores que favorecem a retenção
Entre os fatores que favorecem a retenção do que é aprendido, podemos citar os seguintes: semelhança entre a situação de aprendizagem e a prova, grau de domínio da aprendizagem, superaprendizagem e revisão, intenção de memorizar.
Quanto mais semelhantes forem as duas situações, a da aprendizagem e a da prova, tanto mais facilidade teremos para obter um bom resultado na prova.
O grau de domínio da aprendizagem depende da organização da matéria e de sua significação. Se a matéria formar um todo coerente, será retida por mais tempo.
A superaprendizagem consiste em aprender um assunto num nível acima do mínimo indispensável para a reprodução imediata.
As revisões periódicas também auxiliam a retenção. Elas não permitem que o assunto esfrie e fique esquecido. Por isso, contribuem para uma retenção mais duradoura.
A intenção de memorizar é uma condição indispensável para a retenção.
Atributos da memória
Analisando os tipos de informação que a memória retém, Underwood identificou os atributos da memória.
Atributos independentes do fato, da tarefa ou do material.
O atributo temporal refere-se à importância da seqüência de tempo na retenção de um fato. Um fato ocorrido em determinado momento foi antecedido e seguido de outros fatos, numa certa seqüência temporal. Lembrar-se da seqüência em que o fato ocorreu facilita a recordação do fato.
O atributo espacial compreende a associação de qualquer fato que se quer lembrar com o local em que o fato acontece.
O atributo de freqüência está ligado à tendência a reter melhor os fenômenos que ocorrem mais freqüentemente. É mais fácil recordar-se da letra de uma canção depois de ouvi-la muitas vezes.
O atributo de modalidade diz respeito à forma como õ material é aprendido.
Atributos dependentes do fato, da tarefa ou do material Associações não verbais.
A associação acústica refere-se à associação de um fato ou material a um som. Essa associação favorece a retenção: a memorização de uma poesia é facilitada pelas rimas, a memorização da letra de uma canção é facilitada pela melodia.
A associação visual consiste na associação do que vai ser lembrado à sua aparência.
A associação afetiva diz respeito à associação do que vai ser memorizado com sentimentos.
A associação de contexto refere-se à situação ou ao ambiente em que determinado assunto foi aprendido.
Associações verbais
O atributo verbal compreende a associação de palavras, recurso que favorece a aprendizagem de sinônimos, antônimos, palavras correspondentes em outras línguas, etc.
Para a fixação de cada lembrança ou recordação, podem concorrer diversos atributos da memória simultaneamente. Geralmente, quanto maior o número de atributos associados a uma aprendizagem, tanto maior será a retenção dessa aprendizagem.
POR UMA APRENDIZAGEM EFICIENTE
A aprendizagem eficiente significa aprender melhor, em menos tempo, e esquecer mais devagar ou mesmo nunca esquecer.
Sawrey e Telford (Psicologia educacional. 2ª. ed. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 1979), apresentam oito fatores que podem contribuir para aumentar o rendimento da aprendizagem: prontidão para aprender, atitude ativa, sentido da aprendizagem, repetições espaçadas, conhecimento do progresso, ensino para a prática, superaprendizagem e aprendizagem livre.
Prontidão para aprender
A prontidão compreende três fatores básicos: a maturação orgânica, a experiência anterior e o grau de motivação.
A maturação compreende aspectos de natureza física, ligados ao desenvolvimento do organismo. O melhor momento para iniciar uma aprendizagem ocorre quando a criança atinge o nível de maturação apropriado.
O segundo fator de prontidão é a experiência anterior do aprendiz. Qualquer matéria só poderá ser aprendida na medida em que se relacionar com a experiência anterior da pessoa que aprende. Essa experiência apresenta três aspectos importantes:
Experiência específica na matéria. A criança que não tem experiência em associar objetos ou imagens de objetos a símbolos, pode não estar preparada para aprender a ler, mesmo que tenha maturidade física e motivação para tal.
Experiência geral na aprendizagem. Hábitos adquiridos na aprendizagem, como concentração e práticas de estudo, compõem essa experiência geral. Quanto mais experiência de aprender a pessoa tiver, tanto mais facilmente ela enfrentará novas situações de aprendizagem;
Experiência afetiva. Na escola, muitas vezes, o aluno não aprende por causa de experiências afetivas desagradáveis em relação a uma certa matéria. Em alguns casos, as experiências afetivas negativas são muito fortes e persistentes.
A motivação é o terceiro fator de prontidão para a aprendizagem. Portanto, antes do início de qualquer processo de aprendizagem, é preciso ver quais as motivações do aluno e procurar adequar a aprendizagem a tais motivações.
Atitude ativa
Querer aprender e dedicar-se à aprendizagem de forma ativa e agressiva aumenta em muito o rendimento da aprendizagem. Uma atitude passiva e indiferente é prejudicial.
Faz parte da atitude ativa a intenção de aprender. A intenção é fundamental. Com intenção de aprender e atitude ativa, o período de tempo necessário para aprender é cerca de dez vezes menor do que se não houver intenção.
Sentida da aprendizagem
Em relação ao sentido da aprendizagem, podem ser considerados três aspectos mais importantes: a possibilidade de associações, a forma ou organização do material a ser aprendido e a utilidade da aprendizagem.
Quanto mais associações fizermos em relação a uma matéria a ser aprendida, menor será o tempo necessário para aprender essa matéria.
A forma de organização do material é outro aspecto ligado ao sentido da aprendizagem. Uma poesia é mais fácil de aprender do que um texto de prosa, pois sua organização permite mais associações, principalmente se apresenta versos com rimas.
O terceiro aspecto da significação do material refere-se à utilidade da aprendizagem. Quando o que se aprende tem uma utilidade prática, aprende-se mais depressa e, enquanto a aprendizagem for utilizada, não será esquecida.
Repetições espaçadas
Pesquisas sobre a aprendizagem e a retenção do material aprendido mostraram que as repetições espaçadas, em diferentes períodos de tempo, são mais eficientes do que repetições intensas num mesmo período.
Na verdade, é preciso não esquecer que as repetições, por si mesmas, não produzem aprendizagem. Quando as repetições são necessárias, sugerem-se os seguintes procedimentos:
Manter períodos de trabalho bastante longos para aproveitar o entusiasmo, mas não tanto que provoquem cansaço;
Após cada período de estudo intenso, dar um intervalo de descanso, antes de entrar no novo assunto;
Um assunto pode ser introduzido num dia, estudado com mais profundidade no dia seguinte e revisto no terceiro dia. Isso pode ser mais eficiente do que começar e terminar o estudo num só dia.
Conhecimento do progresso
O conhecimento dos resultados alcançados é um fator importante para a eficiência da aprendizagem.
O conhecimento do progresso alcançado não deve depender apenas do professor: o próprio aluno, se for educado para tanto, vai ter condições de auto-avaliar-se.
Ensino para a prática
Sabe-se que o ensino será mais eficiente se a situação de aprendizagem for semelhante à situação em que será aplicado o que se aprendeu. Infelizmente, o que acontece em nossas escolas não é bem isso. O resultado é a formação de profissionais que só conseguem superar as dificuldades aprendendo com o próprio trabalho.
Se a aprendizagem escolar fosse semelhante à prática, ou ocorresse na própria ação, certamente seria muito mais eficiente e a porcentagem de esquecimento seria bem menor.
Superaprendizagem
Para que uma aprendizagem seja eficiente e duradoura, é preciso mais do que o mínimo indispensável para o momento, para passar numa prova, para tirar uma nota, etc. É preciso que os tópicos mais importantes da matéria sejam superaprendidos, é preciso que o aluno se interesse pelo que está estudando, compreenda sua utilidade e queira aprender.
Aprendizagem livre
A aprendizagem livre é mais eficiente do que a aprendizagem mecanicamente orientada. É claro que o aluno precisa de alguma orientação. Entretanto, trata-se apenas de uma orientação inicial.
Todas as técnicas sugeridas, os princípios apontados, não são fórmulas mágicas: A condição para que sejam eficientes é apenas uma: o aluno, aquele de quem depende aprender ou não aprender. O professor e todas as técnicas e recursos são apenas auxiliares e, muitas vezes, podem até atrapalhar. O aprendiz, razão de ser de toda a atividade educativa, é quem vai orientar sua própria aprendizagem.
FATORES QUE PREJUDICAM A APRENDIZAGEM
Fatores escolares
Dentro da escola existem, entre outros, quatro fatores que podem afetar a aprendizagem: o professor, a relação entre os alunos, os métodos de ensino e o ambiente escolar.
Certas qualidades do professor, como paciência, dedicação, vontade de ajudar e atitude democrática, facilitam a aprendizagem. Ao contrário, o autoritarismo, a inimizade e o desinteresse podem levar o aluno a desinteressar-se e não aprender.
Apesar de todas as dificuldades que tiver pela frente, cabe ao professor manter uma atitude positiva: de confiança na capacidade dos alunos, de estímulo à participação de todos, de entusiasmo em relação à matéria e de amizade para com os alunos.
O professor é um exemplo que influencia o comportamento dos alunos. Dessa forma, a relação entre os alunos será influenciada pela relação que o professor estabelece com os alunos: um professor dominador e autoritário estimula os alunos a assumirem comportamentos de dominação e autoritarismo em relação a seus colegas.
Um clima de desigualdade, competição, luta e tensão produz efeitos negativos sobre a aprendizagem. Para aprender, o aluno precisa de um clima de confiança, respeito e colaboração com os colegas.
Os métodos de ensino também podem prejudicar a aprendizagem. Se o professor for autoritário e dominador, não permitirá que os alunos se manifestem, participem, aprendam por si mesmos.
Por outro lado, métodos didáticos que possibilitam a livre participação do aluno, a discussão e a troca de idéias com os colegas e a elaboração pessoal do conhecimento das diversas matérias, contribuem de forma decisiva para a aprendizagem e desenvolvimento da personalidade dos educandos.
O professor precisa ter claro que nem sempre é possível e importante chegar a conclusões explícitas, que possam ser passadas para o papel. Às vezes, as conclusões mais importantes são as que o aluno guarda para si e que vão influir diretamente sobre seu comportamento, mesmo que não sejam claramente manifestadas.
Finalmente, o ambiente escolar também exerce muita influência na aprendizagem. O tipo de sala de aula, a disposição das carteiras e a posição dos alunos, por exemplo, são aspectos importantes.
É evidente que com salas abarrotadas de alunos o trabalho se torna mais difícil. O número de alunos deve possibilitar ao professor um atendimento individual, baseado num conhecimento profundo de todos eles.
Outro aspecto a considerar, em relação ao ambiente escolar, refere-se ao material de trabalho colocado à disposição dos alunos.
A administração da escola - diretor e outros funcionários também pode influenciar de forma negativa ou positiva a aprendizagem. Se os alunos forem respeitados, valorizados e merecerem atenção por parte da administração, a influência será positiva. Se, ao contrário, predominar a prepotência, o descaso e o desrespeito, a influência será negativa.
Fatores familiares
Nem todos os alunos pertencem a famílias com pai e mãe, com recursos suficientes para uma vida digna. Normalmente, verificam-se situações diversas: os pais estão separados e o aluno vive com um deles; o aluno é órfão; o aluno vive num lar desunido; o aluno vive com algum parente; etc. Muitas vezes, essas situações trazem obstáculos à aprendizagem, não oferecem à criança um mínimo de recursos materiais, de carinho, compreensão, amor.
Um lar em que todos os esforços são despendidos para uma sobrevivência difícil, gera tensões e conflitos para a criança, jogada entre duas realidades diferentes: de um lado, a família sem recursos; de outro, a escola que exige ordem e organização. A posição da criança entre os irmãos também pode afetar o rendimento escolar.
Cabe ao professor tentar evitar que as carências prejudiquem a aprendizagem e valorizar os aspectos positivos dessas crianças.
O tipo de educação é outro fator ligado à família que afeta a aprendizagem. A educação familiar adequada é feita com amor, paciência e coerência.
Alguns tipos de educação familiar muito comuns em nossa sociedade são bastante inadequados e trazem conseqüências negativas para a aprendizagem.
A educação autoritária e opressora tende a provocar sentimentos divididos, a incapacidade para o trabalho e o entrosamento social, quando é exercida por um dos pais; resignação e fuga para o mundo da fantasia, quando é exercida por ambos os pais. Às vezes, a criança pode mostrar-se agressiva e teimosa; sempre, manifesta falta de ternura e amor.
Entretanto, é freqüente encontrar adultos que “ensinam” às crianças exatamente o contrário do que fazem, isto é, são incoerentes: ensinam uma coisa e fazem outra. Em geral, as crianças aprendem o que os adultos fazem e não o que querem ensinar.
A educação desigual ocorre quando o pai age de uma maneira e a mãe de outra, quando um professor ensina de um jeito e outro professor de outro. Essa desigualdade pode produzir nervosismo e agressividade, que impedem o aluno de aprender de forma eficiente.
A educação que valoriza a ambição, o ter, mais do que o ser. Nesse caso, os pais esperam que seus filhos alcancem resultados fora do comum. A criança pode desenvolver um falso sentimento de superioridade, que não se baseia na realidade, e ao mesmo tempo sentir-se frustrada, pois não consegue satisfazer as expectativas dos pais. Muitas vezes, são pais frustrados que promovem tal educação, na esperança de realizar através dos filhos o que não conseguiram por si mesmos.
A falta de amor pelos filhos é comum em muitas famílias. Crianças não amadas ou rejeitadas pelos pais manifestam muita necessidade de reconhecimento, de atenção e carinho.
Fatores individuais
Um último grupo de fatores que afeta a aprendizagem engloba as características individuais da criança.
O ensino, antes de ser padronizado e igual para todos, deve adaptar-se às características individuais. Cabe ao professor adequar as atividades da sala de aula a essas características individuais.
Fatores de origem nervosa podem fazer com que as crianças apresentem comportamentos prejudiciais à aprendizagem.
Um terceiro grupo de fatores refere-se a características orgânicas: a criança muito gorda, muito alta ou muito baixa, em relação à média das crianças de sua idade, pode apresentar distúrbios na aprendizagem. Mais do que nos casos anteriores, talvez, neste caso é fundamental a compreensão e a ajuda do professor e dos colegas, para que a criança supere os efeitos psicológicos que podem resultar dessas características, quais sejam, os complexos de inferioridade ou de superioridade, o isolamento social, a inibição, etc.
Problemas orgânicos podem resultar da subnutrição alimentar, condição que traz como conseqüência o atraso ou a interrupção no desenvolvimento físico e mental.
Devemos, ainda, pensar nas crianças com deficiências físicas, que muitas vezes são discriminadas em casa, na escola, no trabalho e na sociedade.
Na escola é importante que essas crianças sejam valorizadas, que tenham seus direitos de opinião e participação respeitados, para que se sintam capazes e se desenvolvam normalmente. A escola precisa contar com técnicos e materiais apropriados, para evitar a marginalização das crianças com deficiências físicas.
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
O que e avaliação
Avaliar não é simplesmente medir. Não se pode medir objetivamente o comportamento de uma pessoa, a aprendizagem de um aluno. Como pode o professor medir objetivamente as mudanças produzidas por um processo de aprendizagem sobre a personalidade de uma criança?
Se um professor avalia um aluno pelo acerto ou pelo erro numa conta de somar, por exemplo, ele estará usando a medida - errou ou acertou - como a avaliação final, e avaliação escolar refere-se a aprendizagem. Isto é: o aluno aprendeu ou não aprendeu? Aprendeu do jeito que foi ensinado ou não? Sabe fazer sozinho o que aprendeu?
A avaliação escolar é muito limitada, restringe-se aos objetivos da escola ligados a cada uma das matérias.
Uma avaliação escolar mais adequada deve ser limitada ao que o aluno faz num caso específico, numa matéria específica, e não produzir efeitos sobre outros aspectos da vida. E mesmo a avaliação específica e limitada pode ter sua utilidade posta em dúvida.
Etapas da avaliação
A avaliação começa no estabelecimento dos objetivos a serem atingidos pelos alunos ao final do processo, e na escolha das atividades que poderão levar os alunos a atingir esses objetivos. Duas perguntas devem ser respondidas pelo planejamento: O que devem saber fazer os alunos no final do processo? Que atividades podem levá-los a aprender?
O segundo passo é a realização das atividades planejadas.
O terceiro passo é a verificação. Por meio de vários instrumentos de avaliação, o professor verifica se o aluno aprendeu ou não. Caso tenha aprendido, passa-se para o ponto seguinte.
Nas três etapas - planejamento, realização e verificação - é de importância fundamental o debate com os outros professores e técnicos da escola e a participação dos alunos.
Realizar juntamente com os alunos consiste em acompanhar e orientar o trabalho dos alunos, possibilitar que tomem iniciativas, que realizem espontaneamente. Isso não será difícil se todos tiverem chegado a um acordo quanto aos objetivos a atingir e quanto às atividades adequadas para atingir tais objetivos.
Instrumentos de avaliação
Entre os vários instrumentos que podem ser utilizados para a verificação da aprendizagem, os mais empregados são os testes objetivos, as provas orais, as dissertações e os trabalhos livres.
Testes objetivos
Os chamados testes objetivos, na verdade não são tão objetivos. Na formulação das perguntas, na escolha da matéria que vai ser incluída ou que vai ficar de fora e na própria seleção da resposta correta entra muito da subjetividade do professor que elabora os testes.
Os testes objetivos mais conhecidos são os seguintes: falso-verdadeiro, múltipla escolha, complemento ou lacunas, e acasalamento.
1°) Falso-verdadeiro:
Antes da seguinte afirmação, assinale o “F”, se for falsa ou o “V”, se for verdadeira:
FV - na verdade, os testes chamados objetivos não são tão objetivos como muitos poderiam pensar.
2°) Múltipla escolha:
Assinale a alternativa correta:
A permanência do príncipe-regente no Brasil, contra a vontade das Cortes portuguesas, apressou:
A. a abolição da escravidão.
B. a proclamação da república.
C. a independência do Brasil.
D. a abertura dos portos às nações amigas.
3°) Complemento ou lacunas:
Na frase que segue, escreva a palavra que falta:
Na verdade, os testes chamados objetivos não são tão _____________ como muitos poderiam pensar.
4°) Acasalamento:
Relacione a coluna da direita com a da esquerda, escrevendo antes de cada teoria o número do psicólogo que a defendeu:
1. Skinner ( ) Teoria psicanalítica
2. Bruner ( ) Teoria humanista
3. Maslow ( ) Teoria cognitiva
4. Freud ( ) Teoria do condicionamento
A elaboração de testes objetivos é demorada, mas sua correção é tão simples que pode ser feita por qualquer pessoa, desde que tenha a lista das respostas. Estas não permitem variação e, por isso, afirma-se que a avaliação é mais objetiva. A correção pode ser feita, inclusive, por computador, o que aumenta a rapidez, fazendo com que tais testes sejam os preferidos quando o número de examinandos é muito grande.
Entretanto, na medida em que estimulam principalmente a memorização, esses tipos de teste tendem a limitar o desenvolvimento do pensamento e do raciocínio. Limitam, também, o desenvolvimento da linguagem, pois, normalmente, o aluno se restringe a assinalar a resposta correta, sem precisar escrever nada. Além disso, o acerto pode estar baseado no acaso e não no conhecimento da matéria, pois, muitas vezes, quando não sabe, o aluno “chuta” qualquer resposta e tem certa probabilidade de acertar. No teste tipo falso-verdadeiro, a probabilidade de acerto por acaso é de 50% e no teste de múltipla escolha, com quatro alternativas, essa probabilidade é de 25%.
Provas orais
Essas provas foram muito utilizadas no passado. Todavia, apesar das desvantagens, quando conduzidas com seriedade, as provas orais podem trazer resultados positivos: o aluno adquire maior domínio da matéria, desenvolve sua habilidade para falar em público, treina sua expressão oral, promove-se a convivência social na sala de aula, etc. Além disso, as provas orais possibilitam ao professor um maior conhecimento do aluno e, também, uma interação saudável entre professor e alunos.
Dissertações
São provas escritas, que podem assumir a forma de perguntas ou de um tema sobre o qual o aluno deve fazer uma redação. As provas dissertativas permitem um trabalho mais criativo do aluno, pois ele tem maior liberdade para responder ou escrever sobre o tema proposto.
Os que são contrários às provas dissertativas alegam que elas não permitem objetividade na correção, já que cada professor pode, usar critérios diferentes. Entretanto, entre uma prova que é subjetiva na preparação - o teste - e outra que é subjetiva na correção - a dissertação -, devemos escolher aquela que contribui mais para o desenvolvimento da criatividade e para a realização pessoal.
Trabalhos livres
Com maior liberdade de trabalho, crescem a participação pessoal, o interesse, o entusiasmo. E os resultados, em termos de rendimento escolar e de realização pessoal, serão muito mais significativos.
Interpretação dos resultados
Não se pode, como já foi dito, dar demasiada importância aos resultados de uma prova e, a partir deles, fazer juízos de valor sobre o aluno. Sobre a interpretação dos resultados, é importante a consideração de cinco pontos:
Toda avaliação deve ter como critério o aluno que está sendo avaliado, suas aptidões e interesses.
Como conseqüência do exposto acima, é prejudicial toda comparação dos resultados de um aluno com os resultados conseguidos por outro aluno.
A avaliação deve servir para aumentar a confiança do aluno em sua própria capacidade. Como referência para que ele saiba se está se aproximando ou não dos objetivos estabelecidos.
Para o professor, a avaliação também deve servir de meio de análise dos resultados de seu próprio trabalho.
A nota é tão valorizada nas escolas que cria traumas, medos, e até sintomas físicos, como tremedeira, transpiração excessiva, diarréias, etc., sua importância deve ser reduzida ao mínimo indispensável, de forma que não interfiram negativamente na aprendizagem, sem qualquer proveito para o aluno.
O problema da reprovação
No Brasil, todos os anos, metade dos alunos matriculados na 1ª. série do primeiro grau são reprovados. Isso é uma prova do desprezo com que o sistema educacional trata as crianças. O problema não está nas crianças, mas no sistema, na escola que não funciona, que não está adequada às crianças.
Quais as justificativas apresentadas pelos defensores da reprovação?
Alguns dizem que a ameaça de reprovação serve para motivar os alunos a estudarem, mas já se sabe que o estudo sob pressão não produz resultados positivos.
Certas pessoas acreditam que a reprovação serve para manter o nível elevado na escola. No entanto, observa-se que o aluno que não conseguiu bons resultados durante um ano, nem sempre consegue sucesso ao repetir a mesma coisa no ano seguinte.
A reprovação serve para manter a turma mais homogênea, com menos diferenças entre os alunos, dizem alguns. Mas, isso também não tem fundamento. A aprendizagem não ocorre pela simples passagem do tempo, isto é, não se pode afirmar que quanto mais tempo se estuda mais se aprende.
De maneira geral, pode-se concluir que a reprovação é prejudicial, tanto para o desenvolvimento emocional e social do aluno, quanto para seu desenvolvimento intelectual.
Auto-avaliação
A avaliação pode prestar sua ajuda, educando a criança para o autoconhecimento e a participação: permitindo que ela desenvolva sua criatividade - tudo isso para que ela possa avaliar constantemente sua ação. Ninguém aprende a se avaliar automaticamente, de um momento para outro, quando se torna adulto. Como só se aprende auto-avaliação avaliando-se, é importante que a escola ofereça a alunos e professores oportunidades constantes de auto-avaliação.
A auto-avaliação pode ser exercitada depois de cada atividade:
- Como foi minha participação?
- Colaborei com os companheiros para chegarmos aos resultados esperados?
- Em que pontos errei?
- Como posso contribuir melhor para o sucesso do grupo?
- Que críticas tenho a fazer ao trabalho escolar?
- O que pode mudar?
- Como aproveitar melhor o tempo?
- Como posso contribuir para que a escola atenda mais às necessidades do bairro, da comunidade?
Essas e outras questões levam o aluno a desenvolver sua auto-avaliação e seu senso crítico.