Resumo de ETICA
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Resumo
Os evangelhos
A palavra Evangelho significa boa nova ou boa mensagem. Este termo designa os quatro primeiros livros do Novo Testamento que relatam a vida e os ensinamentos do encarnado Filho de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo - tudo o que fez para estabelecer uma vida reta e justa na terra e para salvar a humanidade pecadora.
Antes da vinda de Cristo os homens entendiam Deus como o Criador Todo Poderoso e implacável Juiz na Sua morada em inatingível glória. Jesus Cristo nos abriu um novo entendimento sobre Deus, o Deus próximo a nós, misericordioso e Pai que nos ama. Jesus Cristo disse a seus contemporâneos: "quem me vê, vê também o Pai" De fato, a imagem de Jesus Cristo, cada aspecto particular, cada palavra e gesto estavam impregnados de infinita compaixão. Ele era o Médico para os doentes. As pessoas sentiam o Seu amor e eram atraídas por Ele e seguiam-no aos milhares. Nunca ninguém soube de alguma recusa. Cristo atendia a todos. Purificava as almas dos pecadores, curava os doentes e cegos, confortava os desesperados e libertava os possuídos pelos demônios. E, ao mesmo tempo, à sua ordem todos se subjugavam, a natureza e até a própria morte.
Através deste livreto mostraremos ao leitor em que circunstâncias os evangelhos foram escritos e apresentaremos ensinamentos selecionados do nosso Redentor. É de nosso desejo que o leitor venha a se aprofundar na vida e nos ensinamentos do Salvador, pois, quanto maior é nossa experiência espiritual à medida que passamos a ler mais os evangelhos mais forte se torna nossa fé e mais claramente passamos a entender o sentido da nossa vida terrena. Também, quanto maior é nossa experiência espiritual, mais evidente se torna a nossa proximidade com o Salvador. Ele verdadeiramente passa a ser o nosso Bom Pastor que nos orienta para o caminho da salvação.
Nos dias de hoje principalmente, quando tantas opiniões contraditórias e infundadas aparecem, seria mais sábio que fizéssemos dos evangelhos o nosso livro de referência. Pois, enquanto todos os livros que lemos contêm opinião de homens comuns os evangelhos revelam-nos as palavras eternas do Senhor.
História dos textos do Evangelho
Todos os livros Sagrados do Novo Testamento foram escritos na língua grega, mais especificamente, no popular dialeto alexandrino chamado kini, que era a língua mais falada ou pelo menos compreendida pelos homens cultos de todas as localidades do Oriente e do Ocidente do Império Romano. Esse era o idioma de todos os homens instruidos daquela época. Por essa razão os Evangelistas usaram o grego e não o hebreu para escrever os Evangelhos, a fim de torná-lo acessível a um maior número de pessoas.
Naquele tempo a escrita usava somente as letras maiusculas do alfabeto grego,não usava nenhuma pontuação e não separava as palavras. As minúsculas e o espaçamento entre
palavras passaram a ser usadas somente no século IX. A pontuação veio somente com o aparecimento da imprensa no século XV. A separação dos capítulos foi introduzida no ocidente pelo Cardeal Hugo no século XIII e a separação em versiculos foi feita pelo tipógrafo parisiense Roberto Stefen no século XVI.
Através de seus sábios bispos e presbíteros a Igreja sempre zelava pela preservação dos textos sagrados na sua pureza original, principalmente antes do aparecimento da imprensa, tempo em que os textos eram copiados manualmente, onde erros poderiam se infiltrar em novas cópias. É sabido que alguns estudiosos cristãos do século II e III, como Orígenes, Esequias - bispo do Egito e Luciano, presbítero de Antióquia trabalharam com muito empenho nos aditamentos aos textos bíblicos. Com a invenção da imprensa foi dada uma especial atenção à reprodução dos Livros Sagrados do Novo Testamento, para assegurar que fossem copiados dos manuscritos mais antigos e confiáveis. Durante o primeiro quarto do século XVI apareceram duas publicações do Novo Testamento em grego: "O Livro Completo das Escrituras," publicado na Espanha e a edição de Erasmo de Rotterdam na Basiléia. É importante mencionar a edição de Tischendorf, no fim do século passado, resultado de um trabalho de comparação de novecentos manuscritos do Novo Testamento.
Tanto estes trabalhos críticos como principalmente os incansáveis esforços da Igreja habitada e guiada pelo Espirito Santo, nos asseguram que nos dias de hoje possuimos o texto grego puro e não adulterado dos Livros Sagrados. Podemos afirmar que estes livros são os mais genuinos porque são a melhor edição de todos os livros antigos.
O tempo quando foram escritos os evangelhos
Não podemos precisar com exatidão quando cada um dos livros do Novo Testamento foi escrito. Entretanto não há dúvida de que todos foram escritos na segunda metade do primeiro século. Isto é evidente pelo fato de que uma série de escritas no segundo século - como as Apologias do Santo Mártir Justino o filósofo, escritas no ano 150, as obras poéticas do autor pagão Celso, escritas no segundo século e especialmente as epístolas do bispo-mártir Inácio Teóforo de Antióquia, escritas aprox. em 107 A.D. - todos fazem inúmeras referências aos livros do Novo Testamento.
Os primeiros livros do Novo Testamento foram as epístolas dos apóstolos, escritas por causa da necessidade de fortalecer a fé das recém-fundadas comunidades cristãs. Em pouco tempo também surgiu a necessidade de uma documentação sistemática da vida e dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não importa o quão exaustivamente os chamados "críticos contraditórios" se esforçaram em minar a confiança na autenticidade histórica dos evangelhos e outros livros sagrados, afirmando que apareceram muito mais tarde (Bauer e sua escola), os novos achados na literatura patrística da igreja (especialmente os antigos trabalhos dos Santos Pais da Igreja), nos atestam que todos os quatro evangelhos foram de fato escritos no primeiro século.
Pelas inúmeras deduções podemos concluir que o evangelho de São Mateus foi escrito primeiro e no máximo 50-60 anos depois do nascimento de Cristo. O evangelho de São Marcos e São Lucas foram escritos mais tarde, mas certamente antes da destruição de Jerusalém, ou seja, antes de 70 A.D. São João o Teólogo escreveu o seu evangelho depois dos outros e muito provavelmente no final do primeiro século, quando estava com mais de 90 anos. Algum tempo antes ele escreveu o Apocalipse ou o Livro da Revelação. Os Atos dos Apóstolos foram escritos logo após o evangelho de São Lucas e como indicado no prefácio, servem como continuação do evangelho de São Lucas.
O significado dos quatro evangelhos
Os quatro evangelhos harmoniosamente relatam a vida e os ensinamentos de Cristo Redentor, Seus milagres, os Seus sofrimentos na Cruz, Sua morte e sepultamento, Sua gloriosa ressurreição e ascenção ao céu. Mutuamente complementando-se e esclarecendo, os evangelhos representam um único livro, sem contradições ou variações no que é mais importante e fundamental.
A misteriosa carruagem vista pelo profeta Ezequiel no rio Chebar (Ezequiel 1:1-28), com cinco criaturas, que tinham semelhança com um homem, um leão, um touro e uma águia, serve como símbolo dos quatro evangelhos. Ao início do século V, a arte cristã representa Mateus como um homem ou anjo, Marcos como um leão, Lucas um boi e João como uma águia.
Além dos quatro Evangelhos havia mais 50 outras escritas similares durante os primeiros séculos que se apresentavam como "evangelhos" e declaravam origem apostólica. A Igreja chamou estas escritas de Apócrifos - o que significa não-credenciados ou livros repudiados. Estes livros contém narrativas distorcidas e de significado duvidoso. Estes incluem "o primeiro evangelho de Jó," "a história de José o carpinteiro," "o evangelho de Tomás," "o evangelho de Nicondemos"e outros. Nestes evangelhos" podemos encontrar as mais antigas lendas relatando a infancia e a juventude de Jesus Cristo.
A relação entre os evangelhos
O conteúdo dos três primeiros evangelhos, o de Mateus, Marcos e Lucas, é semelhante na forma e no tema. Quanto ao quarto evangelho, o de João, este permanece único, pois distingue-se significativamente de todos os outros, em conteúdo, no estilo e na forma. Por esta razão, costuma-se referir-se aos três primeiros como sinópticos, que vem do termo syn-opticos, o que significa, vistos com o mesmo olho, concordantes. Entretanto, mesmo que estes três primeiros sejam semelhantes, cada um traz suas peculiaridades portanto eles continuam a ser únicos.
Os evangelhos sinópticos relatam quase exclusivamente os feitos de Nosso Senhor Jesus Cristo na Galiléia enquanto que o de João fala das atividades de Nosso Senhor na Judéia. Os sinópticos relatam principalmente os milagres, parábolas e eventos da vida de Nosso Senhor, enquanto São João faz ponderações sobre o sentido mais profundo da vida de Nosso Senhor e cita apenas suas palavras sobre os temas da fé mais elevados.
Os evangelhos, mesmo com todas as suas variações, não contém contradições. Ao ler com atenção podemos facilmente encontrar evidencia de concordância entre os sinópticos e São João. Apesar de que São João narra muito pouco sobre as pregações de Nosso Senhor na Galiléia, sem dúvida ele está ciente de Suas freqüentes e longas estadas naquela localidade. Os sinópticos nada relatam sobre a primeira atividade de Nosso Senhor na Judéia e em Jerusalém entretanto dão indícios de que estas atividades ocorrem com freqüencia. Portanto, de acordo com suas observações Nosso Senhor tinha amigos em Jerusalém bem como discípulos e seguidores, como por exemplo o dono da estalagem onde aconteceu a Última Ceia, e também José de Arimatéia. São de especial importancia as palavras citadas nos sinópticos, "Jerusalém! Jerusalém! o quanto é freqüente o meu desejo de reunir teus filhos." Esta expressão claramente sugere muitas visitas de Nosso Senhor a essa cidade.
A diferença fundamental entre os sinópticos e São João está no registro das palavras de Nosso Senhor. Nos sinópticos estes conceitos são simples e de fácil compreensão enquanto que os de São João são profundos e de difícil compreensão, como se não fossem destinados à multidões mas a uma seleção de ouvintes. Isto é verdade. Os sinópticos apresentam as palavras do Senhor ao povo da Galiléia, formado de homens simples e ignorantes. São João, no geral, transmite os discursos aos letrados e fariseus, bem familiarizados com as leis de Moisés e que em maior ou menor parte encontravam-se nos escalões mais altos da sociedade judia. Além do mais, como veremos a seguir, os evangelhos de São João almejavam um determinado propósito, talvez revelar mais intensa e profundamente a divindade de Jesus Cristo. Este tema, evidentemente é muito mais difícil compreender do que as parábolas dos sinópticos. Mesmo aqui, não há grande divergencia entre os sinópticos e São João. Se os sinópticos focalizam mais o lado humano de Cristo e São João o aspecto Divino, isto não significa que os sinópticos omitiam o aspecto Divino ou que São João não mostrou o lado humano. Nos sinópticos o Filho do Homem é também o Filho de Deus a quem todo o poder foi dado no céu e na terra. Também o Filho de Deus, segundo São João é um homem verdadeiro, Aquele que aceita um convite a uma festa de casamento, conversa com Marta e Maria como um amigo e chora no túmulo de Seu amigo Lázaro.
Assim, os sinópticos e São João mutuamente enriquecem e complementam e somente na sua totalidade podem revelar a personalidade de Cristo como perfeito Deus e como perfeito Homem.
O ensinamento ortodoxo sempre sustentou que mesmo que as Sagradas Escrituras fossem um resultado da Divina inspiração outorgada aos escritores, através de pensamentos e palavras, o Espírito Santo não inibiu as suas mentes nem suprimiu os seus atributos pessoais. A presença do Espirito Santo não suprimiu o espírito humano mas purificou-o e elevou-o acima dos seus próprios limites. Assim, constituindo uma unidade na interpretação da Verdade Divina, os evangelhos diferem entre si nas caracteristicas pessoais de caráter de cada evangelista, na construção idiomática, estilo e forma de expressão. Diferem também por causa de circunstâncias e condições em que foram escritas, bem como diferem no objetivo a que se propos cada um dos evangelistas.
É por isso que, para melhor percebermos e entendermos os Evangelhos, é essencial para nós conhecermos mais a personalidade, o caráter e a vida de cada um dos quatro evangelistas e as condições em que cada evangelho foi escrito.