Resumo de EXEGESE BIBLICA
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Exegese Bíblica
Exegese é a operação de interpretar a Bíblia. Refere-se ao estudo sistemático e crítico, mui especialmente histórico-literário, da Bíblia conforme princípios hermenêuticos, com o propósito imediato de determinar, com o máximo de precisão, mediante o emprego de certos recursos e instrumentos técnicos, qual o sentido primitivo que o escritor original tencionou dar ao seu texto, isto é, o que o texto quer dizer ou comunicar por si mesmo. É a tentativa de escutar a Palavra conforme os destinatários originais devem tê-la ouvido; descobrir qual era a intenção original da Bíblia.
Durante o decorrer da história podemos observar vários estilos de escolas exegéticas como a Patrística, escola de Alexandria, de Antioquia da Síria, Ocidental e Medieval.
No período da reforma, temos Lutero que prestou à nação germânica um grande serviço ao traduzir a Bíblia para o alemão vernáculo. Também se engajou no trabalho de exposição, embora somente em uma extensão limitada. Suas regras hermenêuticas eram muito melhores do que a sua exegese. Embora não desejasse reconhecer nada além do sentido literal e falasse desdenhosamente da interpretação alegórica não se afastou inteiramente do método desprezado. Defendeu o direito do julgamento particular; enfatizou a necessidade de se levar em consideração o contexto e as circunstâncias históricas; requeria fé e discernimento espiritual ao intérprete; e desejava encontrar Cristo em toda parte da Escritura.
A Exegese Gramatical usada nos dias de hoje é que nos dá um caminho melhor elaborado para a interpretação das escrituras.
No estudo do texto, o intérprete pode proceder da seguinte maneira: começar com a sentença, com a expressão do pensamento do escritor como uma unidade e, então, descer aos particulares, à interpretação das palavras isoladas e dos conceitos. Algumas coisas pedem consideração aqui.
O significado etimológico das palavras merece atenção em primeiro lugar, porque precede todos os outros significados. Como regra, não é aconselhável que o intérprete deva entregar-se muito às investigações etimológicas. Esse trabalho é extremamente difícil e pode, ordinariamente, ser deixado para especialistas. Ao mesmo tempo, é aconselhável que o expositor da Escritura note a etimologia estabelecida de uma palavra, uma vez que isso pode ajudar a determinar seu significado real e pode iluminá-lo de uma maneira surpreendente.
Para interpretar corretamente a Bíblia, o intérprete deve ter conhecimento dos significados que as palavras adquiriram no curso do tempo e do sentido em que os autores bíblicos as usaram. Pode-se pensar que isso deve ser facilmente feito por meio da consulta a alguns bons léxicos, que geralmente dão os significados originais e derivados das palavras e geralmente designam em que sentido elas devem ser usadas em passagens particulares. Na maioria dos casos, isso se aplica perfeitamente. Ao mesmo tempo, é necessário manter em mente que os léxicos não são absolutamente infalíveis e menos ainda quando descem aos particulares. Eles simplesmente incorporam os resultados das obras exegéticas dos vários intérpretes que confiaram o julgamento discriminatório do lexicógrafo e, frequentemente, revelam uma diferença de opinião.
Devemos atentar também para as palavras sinônimas, são aquelas que têm o mesmo significado, ou concordam em um ou mais de seus significados, embora possam diferir em outros. Elas, frequentemente, concordam em seus significados fundamentais, mas expressam diferentes nuanças. O uso de sinônimos contribui para a beleza da linguagem tanto quanto capacita um autor a variar suas expressões.
No estudo das palavras isoladas, a questão mais importante não é quanto ao significado etimológico, nem mesmo quanto aos vários significados que adquiriram gradualmente. A questão essencial é quanto ao seu sentido particular no contexto em que ocorre. O intérprete deve determinar se a palavra é usada em seu significado geral ou em um de seus significados especiais, se é usada no sentido literal ou figurado.
Em última análise, nossa teologia encontra seu fundamento sólido apenas no sentido gramatical da Escritura. O conhecimento teológico será falho na proporção do seu desvio do significado claro da Bíblia. Embora esse princípio seja perfeitamente óbvio, é repetidamente violado por aqueles que colocam suas ideias preconcebidas para sustentar a interpretação da Bíblia. Pela exegese forçada, eles tentam ajustar o sentido da Escritura às suas opiniões ou teorias preferidas.
Outro instrumento de trabalho do intérprete bíblico é a exegese histórica. Aqui o autor deve ser interpretado de acordo com o seu contexto histórico. Devemos aplicar ao texto os conhecimentos da época do autor, fornecidos pela arqueologia, geografia, cronologia e história geral. Somente assim seremos capazes de entrar no cenário do texto.
Devemos entender e analisar as verdades das Escrituras, sem prejuízo delas, sem eliminá-las de sua circunstância histórica. E então dar um novo e apropriado significado para o seu propósito prático. Mas, nunca podemos interpretar as Escrituras sem a exegese histórica, pois esta serve para definir mais precisamente o texto, e para eliminar o material não-histórico alcançado pelo processo exegético.
Não menos importante, temos a exegese teológica. Esta nos permite utilizar de passagens paralelas para auxiliar nas interpretações. A Bíblia nos traz várias passagens com o mesmo sentido, porém, em situações e contextos diferentes, e isto, nos auxilia na interpretação, completando o conteúdo que pode ser explorado.
A Exegese dos Evangelhos
No estudo dos Evangelhos, a exegese se torna mais difícil que nas epístolas, pela simples razão de que a maior parte de sua substância antecipa a Cruz e a ressurreição de Cristo, sem que este glorioso ato chave seja ainda manifesto. Em nossa exegese temos de evitar um dispensacionalismo com demasiada rigidez, que ignore a unidade da revelação divina, e ao mesmo tempo compreender que, de fato, Deus opera por “tempos e estações”, e que os Evangelhos indicam a importantíssima transição do regime preparatório à idade do cumprimento em Cristo, o Prometido. A Cruz se erige na consumação dos séculos (Hb 9.26); para ela todos os tempos anteriores apontavam e dela todos os posteriores dependem. Portanto a história da Cruz é o centro de toda a revelação.
O Evangelho segundo Mateus, primeiro evangelho do Novo Testamento, foi o que mais influenciou a história da igreja cristã. No século II ele já era conhecido em todo o cristianismo. Formava a base para a instrução sobre as palavras e a vida de Jesus Cristo. Por essa razão, era lido nos cultos e servia de orientação no preparo dos candidatos ao batismo. A marca especial de Mateus é o ensino de Jesus.
Mesmo que ao longo da história da igreja os outros evangelhos tenham crescido em influência, o evangelho de Mateus continuou com a preeminência. Afirmações sobre a pregação de Jesus se orientam ainda hoje primeiramente por Mateus, pois contém o Sermão do Monte, as parábolas sobre o Reino de Deus, as orientações de Jesus para a sua igreja e o discurso sobre o juízo final.
O Evangelho segundo Mateus também nos traz com clareza o ministério de João Batista, que anunciou a vinda de Jesus, que pregou a necessidade do verdadeiro arrependimento dos nossos pecados para que pudéssemos seguir a Cristo alcançarmos a Salvação.
Concluindo, vemos que Deus se revelou não somente em palavras, mas também em fatos. Os dois caminham juntos e se complementam mutuamente. As palavras explicam os fatos e os fatos dão formas concretas às palavras. A síntese perfeita dos dois é encontrada em Cristo, porque nele a Palavra se fez carne. Todos os fatos da história da redenção registrados na Bíblia centralizam-se nesse grande fato. As várias linhas da revelação do Antigo Testamento convergem para ele e as da revelação do Novo Testamento dele se irradiam. Só no seu centro unificador, Jesus Cristo, é que as narrativas da Escritura podem ser explicadas. O intérprete só as irá entender verdadeiramente quando discernir a sua relação com o grande fato central da História Sagrada.