Resumo de FILOSOFIA
Warning: Undefined array key "admin" in /home3/teolo575/public_html/paginas/resumo.php on line 64
RESUMO
FILOSOFIA.
O termo filosofia deriva do grego phílos (“amigo”, “amante”) e sophía (“conhecimento”, “saber”) e tem praticamente tantas definições quantas são as correntes filosóficas. Aristóteles a definiu como a totalidade do saber possível que não tenha de abranger todos os objetos tomados em particular; os estoicos, como uma norma para a ação; Descartes, como o saber que averigua os princípios de todas as ciências; Locke, como uma reflexão crítica sobre a experiência; os positivistas, como um compêndio geral dos resultados da ciência, o que tornaria o filósofo um especialista em ideias gerais. Já se propuseram outras definições mais irreverentes e menos taxativas. Por exemplo, a do britânico Samuel Alexander, para quem a filosofia se ocupa “daqueles temas que a ninguém, a não ser a um filósofo, ocorreria estudar”.
Pode-se definir filosofia, sem trair seu sentido etimológico, como uma busca da sabedoria, conceito que aponta para um saber mais profundo e abrangente do homem e da natureza, que transcende os conhecimentos concretos e orienta o comportamento diante da vida. A filosofia pretende ser também uma busca e uma justificação racional dos princípios primeiros e universais das coisas, das ciências e dos valores, e uma reflexão sobre a origem e a validade das ideias e das concepções que o homem elabora sobre ele mesmo e sobre o que o cerca.
Religião (do latim religio, cognato de religare, “ligar”, “apertar”, “atar”, com referência a laços que unam o homem à divindade) é como o conjunto de relações teóricas e práticas estabelecidas entre os homens e uma potência superior, à qual se rende culto, individual ou coletivo, por seu caráter divino e sagrado. Assim, religião constitui um corpo organizado de crenças que ultrapassam a realidade da ordem natural e que tem por objeto o sagrado ou sobrenatural, sobre o qual elabora sentimentos, pensamentos e ações.
Essa definição abrange tanto as religiões dos povos ditos primitivos quanto as formas mais complexas de organização dos vários sistemas religiosos, embora variem muito os conceitos sobre o conteúdo e a natureza da experiência religiosa. Apesar dessa variedade e da universalidade do fenômeno no tempo e no espaço, as religiões têm como característica comum o reconhecimento do sagrado (definição do filósofo e teólogo alemão Rudolf Otto) e a dependência do homem de poderes supramundanos (definição do teólogo alemão Friedrich Schleiermacher).
A observância e a experiência religiosas têm por objetivo prestar tributos e estabelecer formas de submissão a esses poderes, nos quais está implícita a idéia da existência de ser ou seres superiores que criaram e controlam o cosmos e a vida humana.
A filosofia dita cristã compreende a escolástica mas não se confunde com ela e apresenta três fases: a patrística; a medieval, que é escolástica; e a escolástica pós-medieval. A patrística é a filosofia dos primeiros doutores da igreja, que, em luta com o paganismo e as heresias, se utilizaram da filosofia grega, especialmente do platonismo e do neoplatonismo, na formulação, elucidação e defesa do dogma.
No mundo moderno romano, até a conversão de Constantino, no século IV, os cristãos representavam a oposição, com a negação do status quo, do politeísmo tradicional e da escravidão. Perseguidos e martirizados, eram compelidos, no trabalho de catequese, a fazer do pensamento uma arma de defesa e propagação da fé. Embora contenha elementos filosóficos, a patrística é essencialmente apologética, sendo a primeira reflexão sobre o dogma em um mundo ainda não cristão.
Na Idade Média, a situação histórica se alterou radicalmente, pois o mundo no qual pensavam os cristãos era um mundo cristão, quer dizer, determinado pelo cristianismo na totalidade de suas manifestações. Havia uma crença vigente, ponto de referência para o pensamento e critério da verdade.
As divergências ocorriam num mesmo contexto espiritual e não punham em dúvida o fundamento desse mundo, o conteúdo da revelação, o dogma. As exigências que se apresentavam aos filósofos cristãos já não eram as mesmas, pois o pressuposto de que partiam não era o paganismo, mas o próprio cristianismo. Tratava-se então de pensar em um mundo convertido, configurado em função das crenças e dos valores cristãos. A filosofia pôde, assim, deixar de ser apologética, para tornar-se docente, magistral ou escolástica.
Após o longo interregno que se seguiu à morte de santo Agostinho, no ano 430, o chamado renascimento carolíngio assinalou o advento de nova época na história do pensamento cristão. As capitulares do ano 787 recomendavam, em todo o império, a restauração das antigas escolas e a fundação de novas. As que então se inauguraram podiam ser monacais, junto aos mosteiros, interiores para religiosos, exteriores para leigos; as catedrais, junto à sede dos bispados, umas para clérigos e outras para seculares; e as palatinas, junto às cortes, religiosas, mas abertas a clérigos e leigos.
O programa de ensino compreendia as artes chamadas liberais, que se desdobravam em trivium (gramática, retórica e dialética) e quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música). A escola, assim como a corporação, era uma comunidade de trabalho, que funcionava em estreita colaboração com a igreja, o que lhe assegurava organização estável e continuidade de pensamento. A escolástica tornou-se, assim, um patrimônio comum, um saber tradicional, que se transmitia e enriquecia de geração em geração.
O ensino era, em geral, ministrado na forma de leitura, lectio, e comentário dos textos. Além das Sagradas Escrituras, entre os livros mais estudados estavam o Organon, de Aristóteles, traduzido em parte, o Timeu, de Platão, os comentários de Porfírio e Boécio às obras desses filósofos, as obras de Cícero e de Sêneca; e os textos dos Pais: Orígenes, Clemente de Alexandria, santo Ambrósio, Pedro Lombardo e, de modo especial, santo Agostinho, que, até o século XIII, dominou o pensamento medieval. À simples leitura comentada dos textos, acrescentou-se, com o tempo, a discussão, questio, e a elaboração de trabalhos e composições pessoais.
Tal modalidade de prática docente suscitou diversos gêneros literários, característicos da escolástica: os commentaria (comentários), exegese dos textos; as quaestiones (questões), que incluíam as quaestiones disputatae (questões discutidas) e as quaestiones quodlibetales (questões abertas), compilação de debates, registrando os argumentos apresentados e as soluções encontradas; os trabalhos individuais, dissertações e monografias, opuscula (opúsculos); e finalmente, as grandes sínteses, que procuravam sistematizar a totalidade do saber, as summae (sumas), teológicas e filosóficas, entre as quais devem ser mencionadas, por sua excepcional importância, a Summa Theologica e a Summa contra gentiles (Suma contra os pagãos), de santo Tomás de Aquino.
Às etapas da evolução da filosofia no interior do cristianismo correspondem, historicamente, as fases: de formação, do século IX ao XII; de apogeu, no século XIII; e decadência, do século XIV ao XVII, da filosofia escolástica. Da submissão à fé, representada esta pela igreja, instância heterônoma em face da razão e da posição de compromisso, a filosofia evoluiu, acompanhando a desintegração do feudalismo e o advento do mundo burguês, até alcançar, com Descartes e o idealismo alemão, sua plena autonomia.
A história da escolástica apresenta-se, assim, como a história da razão humana em determinado momento de sua evolução, exprimindo inicialmente a alienação, na sujeição ao dogma; em seguida, a consciência da alienação, na doutrina das duas verdades; e finalmente a negação da alienação (da negação), na ruptura definitiva entre razão e fé, e na afirmação de que o real, em sua totalidade, natureza e história, é racional.
A decadência da escolástica, a partir do século XIII, exacerbou seus caracteres formais. Desde que, com Guilherme de Ockham, as verdades da fé são consideradas inacessíveis à razão, a filosofia, que procura compreender e explicar essas verdades, converteu-se numa discussão de textos e temas que perderam vigência histórica. O ensino fez emprego abusivo do silogismo, no verbalismo das fórmulas abstratas. A complacência no debate e o dogmatismo levaram a que a palavra escolástica passasse a ter conotação pejorativa.
Como primeira tentativa coerente de elaborar uma concepção do mundo cujo centro fosse o próprio homem, pode-se considerar o humanismo a origem de todo o pensamento moderno.
Conhece-se por humanismo o movimento intelectual que germinou durante o século XIV, no final da Idade Média, e alcançou plena maturidade no Renascimento, orientado no sentido de reviver os modelos artísticos da antiguidade clássica, tidos como exemplos de afirmação da independência do espírito humano. Nos últimos séculos da Idade Média, sobretudo nas cidades da Itália, ocorrera um notável crescimento da burguesia urbana. Os nobres e burgueses enriquecidos adquiriram condições de dar à cultura um apoio antes exclusivo da igreja e dos grandes soberanos. A necessidade de conhecimentos que habilitassem os burgueses a gerir e multiplicar suas fortunas também os impelia na direção da cultura. Juntaram-se, portanto, duas linhas com um mesmo fim: maior valorização da cultura e necessidade de uma educação mais prática do que a teologia medieval podia oferecer.
No decorrer do século XVIII, as idéias do Iluminismo sobre Deus, a razão, a natureza e o homem cristalizaram-se numa cosmovisão que acabou por produzir avanços revolucionários na arte, na filosofia e na política. O Iluminismo foi o movimento cultural e intelectual europeu que, herdeiro do humanismo do Renascimento e originado do racionalismo e do empirismo do século XVII, fundava-se no uso e na exaltação da razão, vista como o atributo pelo qual o homem apreende o universo e aperfeiçoa sua própria condição. Considerava que os objetivos do homem eram o conhecimento, a liberdade e a felicidade. O Iluminismo foi chamado pelos franceses de Siècle des Lumières, ou apenas Lumières, pelos ingleses e americanos de Enlightenment e pelos alemães de Aufklärung. O Iluminismo avaliou com otimismo o poder e as realizações da razão humana, e a crença na possibilidade de reorganizar a sociedade segundo princípios racionais. Não ignorou a história, mas a encarou de modo crítico, sem aceitar a idéia de que a evolução da humanidade fosse inexoravelmente determinada pelo passado. Esse enfoque retirou do otimismo dos pensadores iluministas qualquer caráter metafísico. Ao contrário, a visão iluminista tinha por base a possibilidade, aberta a cada ser humano, de ter consciência de si mesmo e de seus erros e acertos, e de ser dono de seu destino: a confiança nos efeitos moralizadores e enobrecedores da instrução se completava na exortação a todas as pessoas para que pensassem e julgassem por si próprias, sem orientação alheia. A crítica iluminista dirigiu-se contra a tradição e a autoridade daqueles que se arrogavam a tarefa de guiar o pensamento, e contra o dogmatismo que os justificava.
Essa luta contra as verdades dogmáticas deu-se, na esfera política, com a oposição ao absolutismo monárquico. É certo que houve alguns casos em que monarcas apoiaram e estimularam as novas idéias, atitude que ficou conhecida como “despotismo esclarecido”. Esse apoio não configurava uma aliança, pois era quase sempre superficial e ditado por conveniências políticas ou estratégicas.