Resumo de HAMARTIOLOGIA
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DISCIPLINA: HAMARTIOLOGIA
Alice Damasceno Santos
Em hebraico, pecado é designado pelo termo “hattã’th” que traduzido para o grego é “hamartia” e significa “errar o alvo” “fracassar”, ou seja, em sentido geral pecado é culpa. O ensino sobre o pecado do ponto de vista bíblico apresenta dupla face, a depravação abissal da humanidade e a superabundante Glória de Deus. A terra e toda a criação foram contaminados pelo pecado, inclusive a humanidade. O pecado é contra Deus e traz consequências como o juízo eterno. A morte de Cristo é o único remédio para o pecado. Há quem acredite que o pecado e o mal não são reais. Outros acreditam que são apenas meras ilusões outros sustentam que consiste somente em ações deliberadas. Embora muitas dessas teorias pareçam conter algum discernimento acerca do assunto, nenhuma delas aceita a Bíblia como revelação divinamente inspirada. A Bíblia afirma que o pecado é real e pessoal, e menciona suas origens e consequências. A Bíblia refere-se ao pecado como um acontecimento anterior ao homem, apontando principalmente para Satanás e seus anjos caídos (1Tm 3.6). Deus criou os anjos de conduta moral boa e pura, mas o orgulho de Lúcifer levou-o a contaminar-se levando após si, muitos anjos que o seguiram disseminando as sementes malignas do pecado, sendo uma terça parte dos anjos expulsos do céu. Também aponta para a queda de Adão e Eva no Jardim do Éden. Tanto os anjos como o homem foram criados bons e dotados de livre arbítrio, por isso, Deus esperava que ambos escolhessem o bem. Adão e Eva foram colocados no Jardim do Éden, mantinham comunhão com seu criador, dependiam totalmente de Deus. Ao penetrar no Jardim do Éden com a permissão de Deus, Satanás (a serpente) tentou Eva e esta comeu do fruto da árvore proibida e deu-o a seu marido. Abriram-se os seus olhos, e eles tornaram-se conhecedor do bem e do mal, todavia ao comer do fruto da árvore proibida desobedecendo à ordem de Deus, perderam o direito de permanecer no Jardim do Éden. O pecado de Adão engloba todos os demais pecados; a afronta e desobediência a Deus, o orgulho, a incredulidade, desejos errados, o desviar outras pessoas, assassinato em massa da posteridade e a submissão voluntária ao diabo. O pecado de Adão também trouxe consequências imediatas como a degeneração do seu relacionamento com Deus, a acusação tomou lugar da inocência e da intimidade, a mulher foi condenada á dores de parto e o homem a comer do suor do seu rosto. A criação toda foi amaldiçoada pelos pecados de Adão que também trouxe a morte todos os seus filhos. Satanás a serpente que havia prometido ao casal que eles não morreriam foi condenada a destruição pela descendência de Eva. Adão pecou deliberadamente e conscientemente abusando de sua liberdade de escolha. O resultado da sua escolha foi a contaminação pecaminosa a todos os homens. Segundo a Bíblia, o pecado de Adão é conhecido como pecado original, toda humanidade está vinculada a ele por ter sido o primeiro homem, e por causa dele todos os homens perderam a bem aventurança do Éden. Por causa dessa natureza degenerada pela queda o ser humano tornou-se incapaz por si próprio de praticar algo espiritualmente bom sem a ajuda de Deus. A este estado da natureza chamamos de corrupção total ou depravação. Em Romanos 5.18 diz que mediante um só pecado todos foram condenados, o que subentende que todos pecaram. Romanos 5.19 diz que mediante o pecado de um só homem todos foram feitos pecadores. A expressão bíblica em Rm 5 v 12, encerra todos debaixo do pecado e de igual modo todos estão sujeitos ao castigo. O pecado é universal, todos estão sujeitos a ele exceto os que estão abrigados em Cristo Jesus. Muitas teorias tem surgido a respeito do pecado original, entre as mais relevantes, temos os conceitos judaicos, o agnosticismo, o pelagianismo, o semipelagianismo, a transmissão natural ou genética, a imputação mediada, o federalismo e a teoria integrada. Segundo o realismo e o federalismo, consideradas as teorias mais importantes, não há transmissão de pecado, mas a participação total da raça humana naquele primeiro pecado. O realismo defende que o “tecido da alma” de todos os homens estava real e pessoalmente em Adão participando de fato do seu pecado. A teoria integrada é a junção de várias teorias a formar uma abordagem integrada, resultando em uma teoria que faça distinção entre a pessoa individual e a natureza pecaminosa da carne. Mesmo sendo especulativa e com algumas dificuldades, uma teoria integrada que utilize a aliança parece explicar boa parte dos dados bíblicos e talvez sugira uma terceira alternativa às teorias predominantes do realismo e do federalismo. O mal moral ou pecado é a iniquidade cometida por seres dotados de vontade. O mal natural é o pecado universal, e corresponde a maldição de Deus contra a terra. O mal metafísico é aquele involuntário, resultante da finitude das criaturas. Deus criou tudo que existe exceto o mal. Este é a ausência ou perversão do bem. A incredulidade, o orgulho, o egoísmo, a rebelião, a corrupção moral, a luta entre a carne e o espírito, a idolatria e combinações entre todos esses itens são algumas das sugestões a respeito da essência do pecado. Porém nenhuma dessas sugestões caracteriza a totalidade dos pecados. Vemos uma definição de pecado em 1 João 3.4: “O pecado é iniqüidade”. Entre todas as definições, o pecado é em resumo a transgressão cometida contra a Lei Divina e contra Deus, através de ato ou atitude. A Bíblia declara que “toda a iniqüidade é pecado” (1Jo 5.17), toda injustiça quebra a lei de Deus. Conclui-se que, essa definição do pecado é bíblica, exata, e abrange todos os tipos do pecado; explica os efeitos deste sobre a natureza; e tem Deus como ponto de referência. A idéia do pecado como uma violação da lei está embutida na própria linguagem das Escrituras. O grupo de palavras hebraicas representado por chatta’th (o assunto do pecado tem a idéia básica de “errar o alvo” Jz 20.16; Pv 19.2). O pecado corresponde ao mal e é oposto a santidade de Deus pecar provoca a ira de Deus. Algumas catacterísticas do pecado registradas na Bíblia são; pecado como incredulidade, ou falta de fé (Rm 1.18; 2.2) e naqueles condenados à segunda morte (Ap 21.8), a desobediência de Israel no deserto (Hb 3.18,19). A palavra grega apistia (“incredulidade”, At 28.24) combina o prefixo negativo a com pistis (“fé”, “confiança”, “fidelidade”). Tudo o que não é de fé é pecado (Rm 14.23; Hb 11.6). A incredulidade é o antônimo da fé salvífica (At 13.39; Rm 10.9) e leva à condenação eterna (Jo 3.16; Hb 4.6,11). Conseqüentemente, são condenados todos os desejos iníquos (Rm 6.12). Em suma todo pecado consciente é rebelião contra Deus, e a rebelião é como pecado da adivinhação, que busca orientação em outras fontes que não Deus ou sua Palavra (1Sm 15.23). De acordo com a Bíblia o conceito bíblico do mal está ligado ao pecado e a sua consequência. A força do pecado é de origem Satânica, uma força maligna real e pessoal, que se opõe a Deus e a seu povo. O pecado é real, é a velha natureza atuando no interior de cada ser humano. O Novo Testamento relaciona a natureza pecaminosa com sarx (a “carne”). Além da carne o coração do homem também pode ser considerado pecaminoso, pois dele procedem as más intenções, tanto o mal como o bem procedem dele, por isso precisa de renovação. O pecado luta contra o Espírito, ou seja, é uma luta da carne contra o Espírito. O pecado multiplica-se por conta própria chegando a proporções fatais se não for interferido pela purificação no sangue de Cristo. O pecado evolui através de muitos mecanismos como; Os pecadores encorajam outros pecadores ao pecado (Sl 64.5; Rm 1.19-32). Os indivíduos endurecem seus corações contra Deus, procurando evitar a aflição mental do pecado (1Sm 6.6; Pv 28.14; Rm 1.24,26,28; 2.5; Hb 3.7-19; 4.7). O endurecimento do coração por Deus pode facilitar esse processo. Os pecados podem ser cometidos tanto por incrédulos quanto por crentes, sendo assim, ambos precisam da graça para se libertar. Todo pecado apesar de ser contra Deus (Sl 51.4; cf. Lc 15.18,21), pode ser confessado e perdoado para que assim cesse o dominío deste sobre a pessoa. Dentre todos os pecados existe um pecado mencionado na Bíblia que para o qual não há perdão (Mt 12.22-37; Mc 3.20-30; Lc 12.1-12). Muitos debates tem surgido a respeito da natureza desse “pecado imperdoável” ou “blasfêmia contra o Espírito Santo”. De acordo com (Jo 16.7-11), define-se pecado imperdoável como a rejeição deliberada e ultima da obra especial do Espírito Santo, que testemunha diretamente ao coração do homem a respeito de Jesus como Senhor e Salvador, resultando na recusa total de crer. De acordo com a Bíblia, existem diferentes graus de pecado, sendo que o mínimo de pecado cometido é suficiente para tornar uma pessoa pecadora, e que somente os seres espirituais não caídos são isentos da mácula do pecado. O pecado se achava em Israel, também se acha dentro da igreja Jesus o previu (Mt 18.15-20), e as Epístolas dão testemunho de sua presença (1Co 1.11; 5.1,2; Gl 1.6; 3.1; Jd 4-19). A Bíblia declara que os efeitos do pecado refletem sobre toda a criação não humana e sua extensão tem limitação cronológica. O pecado teve efeitos sobre Deus provocando-lhe a ira, e sobre o mundo físico, causando definhamento, prisão, condenação, desordem, perda da santidade, miséria, perda da liberdade, infelicidade, impureza, injustiça, escravidão, fraqueza, tribulação e morte. O resultado justo do pecado é o castigo. Existem dois tipos de castigo. O castigo natural refere-se ao mal natural proveniente de atos pecaminosos (como a doença venérea provocada pelos pecados sexuais e a deterioração física e mental provocada pelo abuso de substâncias). O castigo positivo é infligido sobrenatural e diretamente por Deus. O pecado separa o crente de Deus, gera a morte física e a morte espiritual as quais serão plenamente realizadas após o Juízo Final (Ap 20.12-14). Em Rm 6 v 23 diz que o salário do pecado é a morte, mas Deus na sua infinita misericórdia está sempre pronto a perdoar. O perdão consiste em uma transformação contínua e necessária moral e física, ou seja, mudança de atos, atitudes, gestos, comportamento, linguajar, etc. Para se obter a salvação definitiva que é a vida eterna. Deus não sente prazer na morte do pecador mesmo tendo condenado o homem a esse fim (Ez 18.23; 33. 11; 1Tm 2.4; 2Pe 3.9). O remédio para o pecado é amar a Deus, pois somente o amor pode cobrir o pecado (Pv 10.12). Deus perdoa o homem e o transforma em uma nova pessoa, Rm 6 v 4, II Cor 5 v 17; Devemos nos purificar e viver na esperança de um futuro além do pecado e da morte. A Bíblia diz que, os purificados e regenerados,verão a face daquele que já não lembra mais do seu pecado (Jr 31.34; Hb 10.17). Conclui-se que pecado seja ele grande ou pequeno, sempre será pecado, se não procurarmos servir a Deus com sinceridade e verdade, corremos o risco de perder a nossa salvação.