Resumo de HERMENEUTICA
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DISCIPLINA: EXEGESE BÍBLICA
Alice Damasceno Santos
A palavra exegese é de origem grega(exegesis). Em referência a exegese bíblica é a interpretação crítica ou esclarecimento profundo de um texto bíblico. Para se fazer uma exegese é necessário ter conhecimento das línguas originais da Bíblia, ou seja, do grego e do hebraico. Hermenêutica, também de origem grega (hermeneutikê), significa técnica teórica da interpretação de um texto bíblico. Exegese e hermenêutica relacionam-se entre si. A exegese é a aplicação prática das regras hermenêuticas ao estudo da Palavra de Deus. Denomina-se exegeta a pessoa capacitada e conhecedora dos idiomas bíblicos originais que interpreta e explica o sentido de um texto bíblico. A exegese tem como objetivo descobrir o significado original dos textos bíblicos e o oque Deus quis transmitir aos destinatários primitivos através da sua palavra.
Desde sua origem, as Escrituras tem sido interpretadas de diversas formas. A história da interpretação teve origem com a obra de Esdras, os eruditos bíblicos supunham que Esdras e seus ajudantes traduziam o texto do Pentateuco (Ne 8.8) do hebraico para o aramaico acrescentando explicações para esclarecer o significado. No tempo de Cristo existiam quatro tipos de exegese: literal, midráshica, pesher, e alegórica. Todos os livros do Antigo Testamento exceto nove são mencionados no Novo Testamento. Dentre os usos que Jesus fez do Velho Testamento um deles foi mostrar a fidelidade dos registros das narrativas históricas do fato. Os Apóstolos usaram o Antigo Testamento por acreditarem ser a Palavra de Deus inspirada.
Várias escolas exegéticas existiram d.C. como; Exegese Patrística (100-600 d.C. Uma escola alegórica que derivou do desejo de entender o Antigo Testamento como um documento cristão. A exegese patrística deu origem a Escola Alexandrina, Escola Antioquiana e a Escola Ocidental” as quais contribuíram para o desenvolvimento da exegese.
A exegese Medieval (600-1500 d.C.), período em que a Escritura tinha quadruplo sentido (literal, tropológico, alegórico e analógico). Nessa época o principio hermenêutico e a exegese foram reprimido pela tradição e autoridade da igreja. No período da Reforma com a Renascença desenvolveu-se os princípios da hermenêutica, a Bíblia então passou a ser conhecida pela tradução de Jerônimo. Os reformadores criam na Bíblia como sendo ela a Palavra de Deus inspirada e infalível e a colocaram em oposição à infalibilidade da igreja. Sua exegese baseava-se nos princípios de que a Escritura é a intérprete da própria Escritura; e todo o entendimento e exposição da Escritura deve estar em conformidade com a analogia da fé. Entre os reformadores encontram-se; Lutero (1483-1546 d.C.), Calvino (1509-1564 d.C.), e os Católicos Romanos. Na Exegese de Pós-Reforma (1550-1800), destacam-se; o Confessionalíssimo no Período do Concílio de Trento, o Pietismo, e o Racionalismo. A Exegese Moderna (1800 até ao Presente) teve inicio com o Liberalismo teológico, este tem seu fundamento no racionalismo filosófico onde a razão determinava as partes da revelação eram admitidas como verdadeiras. A neo-ortodoxia rompeu com a opinião do liberalismo crendo que a Escritura é o testemunho homem à revelação que Deus faz de si próprio e sustentam que a revelação acontece mediante uma experiência presente que deve ser acompanhada de uma reação de existência pessoal.
No estudo de um texto, o intérprete pode começar com a sentença, expressando o pensamento do escritor como uma unidade e, pender aos particulares, à interpretação das palavras isoladas e dos conceitos, considerando o significado etimológico das palavras, o uso corrente das palavras, o uso de sinônimos e antônimos e o significado das palavras dentro do seu contexto. O uso figurado das palavras nas Escrituras, também chamados de tropos são a metáfora, a metonímia e a sinédoque. O intérprete deve saber quando uma palavra foi usada no sentido figurado ou literal. A interpretação do pensamento também conhecida como interpretação lógica, procede da hipótese de que a linguagem Bíblica é um objeto do espírito humano acrescido sob a direção de Deus. A ordem das palavras em uma sentença também devem ser observadas, visto que, a ordem regular na sentença verbal hebraica é; predicado, sujeito, objeto. A exegese histórica é outro instrumento utilizado pelo intérprete bíblico. Na exegese o intérprete deve aprofundar-se no conhecimento do autor e dos personagens que aparecem no texto, relacionando-os com o seu contexto histórico. É importante que o intérprete saiba distinguir nos textos Bíblicos as palavras do autor das palavras das pessoas que intervém na narrativa. As circunstâncias geográficas influenciam o escritor deixando marca na sua produção literária. É importante para o intérprete ter conhecimento da natureza das estações, os ventos e suas funções, as diferentes temperaturas nos vales, nas montanhas e nos cumes. Deve conhecer sobre a diversidade de plantas, animais e insetos que povoam a terra e também os fenômenos, os rios lagos, cidades, estradas etc. Como ele pode explicar a afirmação do poeta do “orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião” (Sl 133.3). O expositor deve tomar conhecimento das organizações políticas das nações principalmente de Israel na época em que se encontram mencionadas na Bíblia. Sobre as circunstâncias religiosas sabe-se que em Israel a religião apesar dos períodos de elevação espiritual houve também períodos de decadência, em que a adoração a Deus foi substituída pela adoração a ídolos, pelo culto hipócrita a Deus, pela idolatria , adoração ao bezerro e a melcarte ou baal. A exegese Teológica é feita a partir de dois elementos que são os Paralelos Reais ou Paralelos de Idéias, e Analogia da Fé ou da Escritura. Esses elementos consideram a Palavra de Deus uma unidade dividida em partes sendo que todas elas contituem a revelação divina e sendo assim a Bíblia constitui-se sua própria intérprete. Segundo Terry, Paralelos Reais são passagens similares onde a semelhança ou identidade consistem em fatos, assuntos, sentimentos ou doutrinas. Os paralelos de idéias dividem-se em históricos e didáticos aos quais pode ser acrescentados as citações do Antigo Testamento no Novo. A analogia da fé ou da Escritura consiste em interpretar a palavra de Deus de acordo com a medida da sua fé subjetiva. Além do sentido literal das Escrituras, alguns expositores atribuem a ela o sentido místico, outros negam que ele exista e outros ainda o consideram não como um segundo sentido, mas como o sentido real da Palavra de Deus. Esse sentido místico encontra-se em vários escritos bíblicos, nos livros históricos, poéticos e nos proféticos. O expositor deve saber determinar o significado dos fatos da História como parte da revelação da redenção de Deus visto que, Deus revelou-se em palavras e também em fatos sendo a pessoa de Jesus Cristo o centro das suas revelações, somente Nele as narrativas Bíblicas podem ser explicadas. Os fatos podem ter um significado simbólico para mostrar uma verdade espiritual como a luta de Jacó em Gn 32.24-32, sua força física foi quebrada para que ele pudesse usar as armas espirituais e nele se manifestasse o poder de Deus. Os fatos também podem ter significado tipológico como a serpente levantada no deserto e que direcionava a ascensão de Cristo à cruz. Um tipo na Bíblia representa um exemplo ou modelo. Tanto os tipos como os símbolos apontam para alguma coisa e na interpretação dos tais, segue-se as regra que regem a interpretação das parábolas.
Na prática da exegese dos Evangelhos é mais difícil que nas Epístolas em razão do conteúdo dos mesmos anteciparem a morte e ressurreição de Cristo. Cada evangelho possui suas particularidades como; conteúdo, gênero literário, contexto histórico, ênfase teológica, unidade, autor, data de autoria e também destinatários. Em se tratando do Evangelho de Mateus em seu conteúdo encontramos o Sermão do Monte, as parábolas sobre o Reino de Deus, as orientações de Jesus para a sua igreja e o discurso sobre o juízo final. O contexto histórico do Evangelho de Mateus, registram a vida e o ministério de Jesus por isso é considerado um lecionário e sua finalidade era de ser lido nos cultos das igrejas primitivas. Existem suposições a respeito da origem de Mateus; G. D. Kilpatrik supõe que, trata-se de uma transcrição do livro de Marcos e da fonte de logia (dos discursos) com alguns acréscimos. K. Stendahl supõe que sua origem veio de uma escola teológica. Argumentos a favor dessa suposição acreditam que tratava-se de uma “escola de Mateus”. Para D. Guthrie, o evangelho de Mateus era considerado o guia de catequese na instrução do cristianismo primitivo.
O Evangelho de Mateus possui quatro ênfases teológicas, o seu aspecto principal é o ensino da cristologia, através dela Mateus demonstra que Jesus de Nazaré é o messias esperado do povo judeu. O segundo aspecto tem sua origem na tensão entre particularismo e a universalidade (a salvação é para todos). Os dois caminham juntos na proclamação e na vida de Jesus. O particularismo se identifica nas palavras de Jesus quando diz que seu ministério se restringe a nação de Israel, “Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos; mas, de preferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel” (10.5-6). A universalidade encontra-se no Evangelho de Mateus desde o início, o nascimento de Jesus surtiu efeito universal sobre todas as pessoas. O terceiro aspecto refere-se a eclesiologia. O quarto aspecto é o ensino da escatologia. Os discursos de Jesus sobre o final dos tempos encontra-se em dois capítulos. Não nos resta dúvidas quanto a unidade do Evangelho de Mateus, visto que é o texto completo e acabado de um autor. O Evangelho de Mateus não menciona o nome do seu autor, porém, segundo a tradição da igreja primitiva confirma-se que o apóstolo Mateus é o seu autor o qual escreveu o seu evangelho em hebraico. Segundo o seu evangelho 10.3. Mateus era cobrador de impostos, um dos homens odiados pelos judeus por trabalharem para os romanos, por explorarem o povo e por enriquecerem inescrupulosamente. Em (Mc 2.13-17; Lc 5.27-32), Mateus é chamado de Levi por isso pressupõe-se que ele chamava-se Levi Mateus. Esteve três anos em aprendizado diretamente com Senhor Jesus, porém quem tomou suas palavras e editou junto com os escritos de Marcos não se sabe. Acredita-se que os destinatários do Evangelho de Mateus encontram-se ala helenística do cristianismo entre os judeus, visto que foram os cristão-judeus os primeiros leitores de Mateus. Não se sabe exatamente onde nem quando foi escrito o Evangelho de Mateus, há pressuposições de que foi escrito na Antióquia da Síria após 70 d.C. Baseados na teologia e em condições eclesiásticas já bem desenvolvidas pressupostas no evangelho(capítulo 18) sugeriu-se a data entre 80 e100 a.C. Godet pressupõe que Mateus foi escrito 66 d.C.
Conforme Exegese de: Mateus 3.11b, contida nesta lição sobre o Batismo de Jesus. João Batista era filho do Sacerdote Zacarias. Quando este estava no templo oferecendo incenso o anjo Gabriel apareceu-lhe e anunciou o nascimento de um filho o qual deveria chamar-se João, seria cheio do Espírito Santo desde o ventre materno e seria o enviado a preparar o caminho do Senhor. Nascido no ano 5 a.C. Após passar os primeiros anos no deserto do Mar Morto, em 28 A.D. começou a pregar e anunciar a vinda do Reino de Deus e o batismo no Espírito Santo, no deserto do Jordão. Multidões eram por ele batizados no Rio Jordão após confessarem seus pecados, por isso passou a chamar-se João Batista, para diferenciá-lo de outros de mesmo nome. João Batista também batizou Jesus em cumprimento ás Escrituras. João Batista foi o maior de todos os profetas por ter sido escolhido para preparar o povo para a vinda de Cristo e apresenta-lo como o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O batismo administrado por João Batista era de arrependimento para remissão dos pecados (Mc 1.4), e marcava a volta de um judeu para Deus e antecipava o batismo messiânico garantindo-lhe lugar no reino de Deus. O batismo de João data do princípio do cristianismo, e consistia em total imersão dos convertidos no Rio Jordão e era o sinal de arrependimento e identificação com o novo movimento religioso. Há várias alusões a origem do Batismo de João. Possivelmente a origem do batismo de João sejam originadas simplesmente dos cerimoniais mencionados no Antigo Testamento. Os sacerdotes eram obrigados a se lavarem em sua preparação, para ministrarem ( Êx 29.4,5;). Os Fariseus cujo nome significa separados. Surgiram cerca de 140 A.C. eram pessoas comuns em contraste com os saduceus e que de início tinham o objetivo de defender e purificar a fé ortodoxa. Tempos depois esses objetivos originais foram obscurecidos. Tanto os fariseus como os saduceus, formavam o “concílio” ou sinédrio, que era o principal tribunal judaico. No tempo de Jesus havia mais de seis mil fariseus, e exerciam grande autoridade em Israel. Os saduceus possivelmente seriam, sacerdotes descendentes ou adeptos de Zedoque no tempo do rei Davi e formavam as seitas dos mais ricos e poderosos da população e apesar de terem o Pentateuco como base religiosa nem sempre usavam apenas o Pentateuco. Rejeitavam a tradição, a imortalidade, a ressurreição, a autoridade dos profetas e a doutrina dos anjos e espíritos. Tanto os Fariseus como os saduceus são repreendidos por João como “raça de víboras”, em alusão ao diabo ou simbolizando a serpente. Fugir da ira de Deus em relação ao juízo comum e em relação a vinda do messias era o tema da pregação de Joao Batista. Visto que a chegada do messias segundo a crença seria precedida de grandes sofrimentos, tribulações e sinais da ira de Deus.
Para João a confissão dos pecados e o batismo não eram garantia de salvação, sem os frutos de arrependimento incluindo a mudança de natureza a confissão e o batismo, seriam nulos. Na expressão Temos por pai a Abraão incluem-se o pensamento de todo judeu, o espírito nacional, o orgulho religioso o estado e a posição privilegiados da nação de Israel. O que consideravam suficiente para receber qualquer bênção de Deus, inclusive a salvação. O batismo com água não era o arrependimento em si, mas apenas um símbolo do mesmo. Existem vários textos paralelos referentes ao batismo de João; Atos 1.5, Mc 1.8, Jo 1.33, Lc.316. Além da análise dos textos paralelos, diversos Teólogos atribuem várias interpretações para o presente texto (...Batizará com o Espírito Santo e com Fogo).
Embora sejam verdadeiras todas as interpretações nalguma coisa ainda ficam devendo, em se levando a interpretação do ponto de vista do texto se tornam mais vulneráveis ainda. Os Papiros do Mar Morto retratam que os essênios eram uma seita que praticava o batismo de arrependimento para os convertidos além de outras abluções entre eles. Os hinos de Qumran também mencionam batismo de fogo. O Antigo Testamento e no Novo Testamento, a messe é a imagem do juízo final, da consumação dos tempos, onde possivelmente haverá o grande batismo de fogo.