Resumo de HISTORIA DE ISRAEL
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Livros Poéticos
O grupo dos Livros poéticos na Bíblia é formado pelos Livros de Salmos, Jó, Provérbios, Cânticos dos Cânticos e Eclesiastes.
São também chamados livros didáticos ou sapienciais, por falarem muito de sabedoria; os salmos são na máxima parte de gênero lírico, sem, todavia, lhes faltar o elemento didático; o gênero do Cântico dos Cânticos é exclusivamente o lírico. De resto, lírico e didático são os dois gêneros de poesia cultivada pelos hebreus.
Jó
O Livro de Jó trata da vida de um homem cujo nome provê o título do livro. O livro abre com um prólogo em prosa que descreve Jó como um homem rico e reto. Depois de uma série de calamidades, tudo que ele tem, incluindo seus filhos, lhe é tirado. A pergunta levantada no prólogo é se Jó vai conservar sua integridade diante de tamanho sofrimento. Somos informados que ele saiu vitorioso: "Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios" (2.10).
Durante os acontecimentos registrados no Livro, percebemos que Jó não peca contra Deus e, mesmo mediante aos “conselhos” que recebe de seus amigos que dizem que o sofrimento é consequência do pecado, Jó se mantem convicto que é um homem justo e busca em Deus uma resposta para o seu sofrimento, sem blasfemar contra Ele.
O livro denuncia, de maneira notável, a insuficiência dos horizontes humanos para uma compreensão adequada do problema do sofrimento. Todas as figuras do drama falam com o desconhecimento absoluto das alegações de Satanás contra a piedade de Jó, descritas no prólogo, e da consequente permissão divina, a permissão concedida a Satanás, de provar, se puder, a exatidão das suas acusações. Com o prólogo como pano de fundo, os sofrimentos de Jó aparecem, portanto, não como irrefutável prova de castigo divino, como pretendiam os amigos, mas como prova de confiança divina no seu caráter. Devemos evitar o uso de linguagem que possa fazer supor que um Deus onisciente necessitava de uma demonstração da integridade do Seu servo para pôr termo a uma pequena dúvida que surgira na Sua mente; mas podemos encontrar na história a sugestão daquela verdade de que "agora vemos por espelho, em enigma". Jó e os seus amigos tentavam resolver um problema para o qual lhes faltavam elementos; era como se procurassem formar a figura de um quebra-cabeça sem possuírem todas as peças. Consequentemente, o livro de Jó é um eloquente comentário à insuficiência da mente humana para reduzir a complexidade do problema a fórmulas simples e acessíveis. É um livro em que o homem silencioso, o homem que se cala, realiza mais do que o que discorre e o que discursa.
A experiência de Jó demonstra que a pessoa pode servir resoluta a Deus na adversidade e na riqueza. A maior virtude humana é ver a Deus, como já confessou em sua resposta ao segundo discurso de Javé (42.5). A presença e a aceitação de Deus muito excedem o peso de qualquer sofrimento temporal, mesmo da pior situação possível.
Jó apegou-se à própria fé e integridade durante toda a sua provação. Prevaleceu sobre o sofrimento imerecido e abriu caminho para o retrato do servo sofredor pintado por Isaías, o qual, ainda que justo, sofre em favor dos outros (49.1-7; 50.4-9; 52.13-53.12). A dura sorte de Jó torna possível crer que Jesus, o Messias, era de fato justo, ainda que tenha sofrido uma morte martirizante entre criminosos.
O Livro de Jó nos apresenta um Deus livre para realizar suas surpresas e corrigir distorções humanas. Nos mostra que a fidelidade a Deus não é garantia de que o crente não passará por aflições, dores e sofrimentos nesta vida. Nos ensina também a buscar socorro somente em Deus, pois Deus acompanha nosso sofrer e promete ficar conosco na hora da dor; que andará conosco no “vale da sombra da morte” (Sl 23.4).
Por fim, Deus responde a Jó, não lhe dando explicações sobre o seu problema, mas afirmando que a grandeza dos seus planos são incomparáveis com aquilo que a mente humana pode imaginar.
O epílogo descreve de que maneira o arrependido e humilhado Jó é restaurado, duplicando a sua prosperidade anterior. Após a restauração dos amigos e da família, Jó viveu uma vida longa e feliz -na verdade, mais 140 anos. Então ele morreu, "velho e farto de dias" (42.17).
É importante destacar que, a prosperidade abundante de Jó após seu encontro com Deus era em princípio um dom da graça de Deus e não era um prêmio conquistado por ele ter enfrentado o sofrimento.
Salmos
O título em português vem da tradução grega, Septuaginta, concluída em cerca de 150 a.C. Psalmoi, o termo grego, significa "cânticos" ou "cânticos sagrados" e é derivado da raiz que significa "impulso, toque", em cordas de um instrumento de cordas. O título hebraico é Tehillim, e significa "louvores" ou "cânticos de louvor".
A autoria do livro dos Salmos é atribuída a Davi, aos filhos de Corá, Asafe e ainda alguns anônimos. Sua interpretação depende do nosso conhecimento da condição da crença religiosa e da revelação ao tempo da sua composição e da nossa própria experiência de Deus em Cristo.
Os Salmos representam o aspecto interior e espiritual da religião de Israel. Eles são a expressão múltipla da intensa devoção das almas piedosas a Deus, do sentimento de confiança, esperança e amor que alcançava um clímax em diversos Salmos como o 23; 42; 43; 63 e 84. Eles são a voz da oração de tonalidade múltipla no sentido mais amplo, à medida que a alma se dirige a Deus por meio da confissão, petição, intercessão, meditação, ações de graças, louvor, tanto em público como em particular. Eles oferecem a prova mais completa, se é que isso era necessário, de como é completamente falsa a noção de que a religião de Israel era um sistema formal de ritos e cerimoniais externos. (1894, I, lxcii)
Apesar de o Livro não possuir nenhuma classificação satisfatória devido a amplitude de seu conteúdo em cada Salmo, os títulos dados aos salmos conforme registrado abaixo oferecem evidências adicionais ao vasto âmbito dos assuntos considerados nesses hinos antigos. Podemos afirmar que os Salmos podem ser assim divididos:
(a) Salmos de Sabedoria e de Contraste Moral: 1; 9; 10; 12; 14; 19; 25; 34; 36; 37; 49; 50; 52; 53; 73; 78; 82; 92; 94; 111; 112; 119.
(b) Salmos Reais e Messiânicos: 2; 16; 22; 40; 45; 68; 72; 89; 101; 110;144.
(c) Cânticos de Lamentação, Individual e Nacional: 3-5; 7; 11; 13; 17; 26¬28; 31; 39; 41-44; 54-57; 59-64; 70; 71; 74; 77; 79; 80; 86; 88; 90; 140¬;142.
(d) Salmos de Penitência: 6; 32; 38; 51; 102; 130; 143.
(e) Salmos de Devoção, Adoração, Louvor e Ações de graça: 8; 18; 23; 29; 30; 33; 46-48; 65-67; 75; 76; 81; 85; 87; 91; 93; 103-108; 135; 136; 138; 139; 145-150.
(f) Salmos Litúrgicos: 15; 20; 21; 24; 84; 95-100; 113-118; 120-134.
(g) Salmos Imprecatórios: 35; 58; 69; 83; 109; 137.
Os Salmos são, acima de tudo, hinos de Louvor e Graças a Deus. Deus conclama todas as nações a louvá-lo, e isso é um privilégio que temos como povo de Deus. Devemos louvar a Deus sempre, pelo cuidado que ele tem conosco, dia após dia, tanto material como espiritualmente, pelos livramentos em nossas vidas, pela sua misericórdia, Graça e amor imutáveis.
As Escrituras revelam como Deus sempre foi fiel, no passado, ao seu povo. O Salmo 22, por exemplo, revela a luta de Davi numa situação pessoal crítica, que ameaça a sua vida. Todavia, ao meditar nos feitos de Deus no passado ele confia que Deus o livrará: “Em ti confiaram nossos pais; confiaram, e tu os livraste” (22.4). O poder maravilhoso que o Deus Criador já manifestou em favor do seu povo está exemplificado no êxodo, na conquista de Canaã, nos milagres de Jesus e dos apóstolos, e em casos semelhantes, os quais edificam a nossa confiança no Senhor como nosso Ajudador (105; 124.8; Hb 13.6; Êx 6.7). Por outro lado, aqueles que não conhecem a Deus não têm em que se firmar para terem esperança (Ef 2.12; 1Ts 4.13).
Sendo assim, os Salmos, assim como todas as escrituras, nos mostram que Deus é onipresente, onisciente, onipotente, transcendente, eterno, imutável, perfeito e Santo. Ele é bom, é amor, misericordioso, compassivo, paciente, fiel, verdadeiro e justo.
Provérbios
O livro de Provérbios é uma antologia inspirada de sabedoria hebraica e sua autoria é atribuída a Salomão. Esta sabedoria, no entanto, não é meramente intelectual ou secular. É principalmente a aplicação dos princípios da fé revelada às tarefas da vida diária. Nos Salmos temos o hinário dos hebreus; em Provérbios temos o seu manual para a justiça diária. O conteúdo de Provérbios representa uma forma de ensino comum no Oriente Próximo antigo, mas no caso deste livro, sua sabedoria é diferente porque veio da parte de Deus, com seus padrões justos para o povo do seu concerto.
A mensagem do livro de Provérbios é sempre relevante. Os seus ensinos "cobrem todo o horizonte dos interesses práticos do cotidiano, tocando em cada faceta da existência humana. O homem é ensinado a ser honesto, diligente, autoconfiante, bom vizinho, cidadão ideal e modelo de marido e pai. Acima de tudo, o sábio deve andar de forma reta e justa diante do Senhor". (PURKISER, 1955, p. 255).
A sabedoria de Provérbios coloca Deus no centro da vida do homem. No livro de Provérbios a sabedoria é centrada em Deus, e mesmo quando é extremamente real e relacionada ao dia-a-dia consiste da maneira inteligente e sadia de conduzir a vida no mundo de Deus, em submissão à sua vontade.
Sabedoria é encontrar a graça de Deus e viver diariamente em harmonia com os propósitos salvadores que Ele tem para nós.
Trata-se de um livro de disciplina: toca em cada departamento da vida e demonstra que ela é alvo do interesse direto de Deus. A sabedoria não consiste da contemplação de princípios abstratos que governem o universo, mas de uma relação com Deus em que um reverente conhecimento produz conduta consonante com aquela relação, em situações concretas. O homem que rejeita isso é, francamente, um insensato. E a sabedoria precisa dominar a vida inteira; não apenas a devoção de um homem, mas também sua atitude para com sua esposa, seus filhos, seu trabalho, seus métodos de negócio e até mesmo suas maneiras à mesa.
A sabedoria da parte de Deus não está primeiramente vinculada à inteligência ou a grandes conhecimentos, e sim diretamente ao temor do SENHOR. Daí sábios são aqueles que andam com Deus e observam a sua Palavra. O temor do Senhor é um tema frequente através do livro de Provérbios (1.7, 29; 2.5; 3.7; 8.13; 9.10; 10.27; 14.26,27; 15.16, 33; 16.6; 19.23; 22.4; 23.17; 24.21).
Provérbios é o livro mais prático do Antigo Testamento, pois abrange uma ampla área de princípios básicos de relacionamentos e comportamentos corretos na vida cotidiana, princípios estes aplicáveis a todas as gerações e culturas.
Eclesiastes
Poucos escritos bíblicos têm provocado gama tão grande de opiniões com respeito ao significado como Eclesiastes. Tentar determinar o centro de sua mensagem revela-se uma tortura e uma frustração, mas não deixa de ser também importante. O livro nos apresenta uma caixa repleta de enigmas. Cada vez que a abrimos temos de enfrentar de novo seu estilo, percorrer seus argumentos, decodificar suas figuras. E ao fazer isso percebemos Deus agindo, vemos nossos problemas humanos diminuídos, encontramos alertas contra nossas soluções simplistas. Aguçamos nossos anseios por aquele cuja cruz e ressurreição são janelas para a plenitude do que Deus deseja para a vida humana.
Este livro representa a luta de uma alma com dúvidas sombrias e também revela o comportamento de um homem que notou o lado positivo das coisas. Apesar de sua atitude pessimista, a vida é tão preciosa quanto um copo de ouro, e a resposta final ao sentido da vida é: “Teme a Deus e guarda os seus mandamentos."
O Pregador emprega provérbios para ajudar seus ouvintes a enfrentar as dificuldades da vida. Tais provérbios tornam-se um comentário sobre sua conclusão positiva, conclamando seus seguidores a gozar a vida no presente, conforme Deus a concede. As "palavras de advertência" em 5.1-12; 9.13-12.8 estão repletas de conselhos sadios sobre como tirar o melhor proveito da vida.
Longe de um simples cético ou pessimista, o Koheleth (pregador) procurou contribuir de maneira positiva para o relacionamento de seus contemporâneos com Deus. Ele o fez destacando os limites da compreensão e da capacidade humana. Assim, até seu veredicto acerca da vaidade do empreendimento humano seria para ele uma contribuição positiva.
As pessoas são limitadas pelo que Deus determinou quanto ao que vai ocorrer na vida delas. Elas têm pouca capacidade de mudar o curso da história: Aquilo que é torto não se pode endireitar; e o que falta não se pode calcular (1.15).
As criaturas humanas são limitadas por sua incapacidade de descobrir os caminhos de Deus. Ainda que possam compreender que a vida é determinada pela soberania de Deus, não conseguem compreender como nem por quê. Isso era especialmente exasperador para os sábios de Israel, que procuravam saber o tempo próprio para cada uma das tarefas da vida: O homem se alegra em dar resposta adequada, e a palavra, a seu tempo, quão boa é! (Pv 15.23).
O problema não é de Deus, mas da humanidade: Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim (3.11).
A ordem do pregador é que se tenha prazer nas dádivas simples de Deus, sem ansiedade, encontrou eco nas exortações de Jesus a que se confie no Deus dos lírios e dos pássaros (6.25-33). Seu veredicto de "vaidade" preparou o cenário para a avaliação abrangente de Paulo: "Pois a criação está sujeita à vaidade" (Rm 8.20).
Eclesiastes registra suas reflexões negativistas a respeito da futilidade de buscar felicidade nesta vida, à parte de Deus e da sua Palavra. Embora os jovens devam desfrutar da sua juventude (11.9,10), o mais importante é que se dediquem ao seu Criador (12.1) e que decidam temer a Deus e guardar os seus mandamentos (12.13,14). Esse é o único caminho que dá sentido à vida.
O tema de Eclesiastes, de que a vida, à parte de Deus, é vaidade e nulidade, prepara o caminho para a mensagem do Novo Testamento, a da graça: o contentamento, a salvação e a vida eterna, nós os obtemos como dádiva de Deus.
Cantares
O título hebraico deste livro pode ser traduzido literalmente por “O Cântico dos Cânticos”, expressão esta que significa “O Maior Cântico”. É, portanto, o maior cântico nupcial já escrito.
Este livro foi inspirado pelo Espírito Santo e inserido nas Escrituras para ressaltar a origem divina da alegria e dignidade do amor humano no casamento.
O livro de Gênesis revela que a sexualidade humana e casamento existiam antes da queda de Adão e Eva no pecado (Gn 2.18-25). Embora o pecado tenha maculado essa área importante da experiência humana, Deus quer que saibamos que a dita área da vida pode ser pura, sadia e nobre.
As mais antigas interpretações judaicas registradas (Mishná, Talmude e Targum) encontram nele um retrato de amor de Deus por Israel. Isso responde pelo uso do livro na Páscoa, que celebra o amor de Deus selado na aliança. Não satisfeitos com alusões gerais ao relacionamento entre Deus e Israel, os rabinos lutavam para descobrir referências específicas à história de Israel. Os Pais da Igreja reinterpretaram Cântico dos Cânticos, vendo nele o amor de Cristo pela Igreja ou pelo cristão como indivíduo. Os cristãos também têm contribuído com interpretações detalhadas e imaginativas, conforme atestam os cabeçalhos tradicionalmente encontrados na KJV, contendo resumos interpretativos como "O amor mútuo de Cristo e sua Igreja" ou "A Igreja professa sua fé em Cristo". O valor da alegoria é apresentado em alguns comentários católicos romanos modernos.
Desde a época do Talmude (150 a 500 d.C.) era comum entre os judeus classificar este livro como uma música alegórica do amor de Deus por seu povo escolhido. Seguindo esse padrão, os cristãos viram essa ideia no contexto do amor de Cristo pela igreja. J. Hudson Taylor, seguindo o pensamento de Orígenes, encontrou aí uma descrição do relacionamento do crente com o seu Senhor. (Union and Communion, s.d.)
Apesar do descrito acima, temos fundamentos para acreditar que o Cantares de Salomão está falando do amor humano entre um homem e uma mulher. Foi esse amor que estava faltando quando Deus disse: "Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea" (Gn 2.18). Mas mesmo quando Cantares é interpretado de maneira literal, existe uma grande variedade de interpretações.
É o único livro na Bíblia que trata exclusivamente do amor especificamente conjugal; é uma obra-prima incomparável da literatura, repleta de linguagem imaginativa; discreta, mas realista; tomada principalmente do mundo da natureza. As várias metáforas e a linguagem descritiva retratam a emoção, poder e beleza do amor romântico e conjugal, que era puro e casto entre os judeus, o povo de Deus dos tempos bíblicos; é um dos poucos livros do Antigo Testamento de que não se faz referência no Novo Testamento; neste livro, consta apenas uma vez o nome de Deus, em Ct 8.6, mas a inspiração divina permeia o livro, principalmente nos seus símbolos e figuras.