Resumo de HOMILETICA
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CURSO: BACHAREL EM TEOLOGIA LIVRE.
NOME: KURT VIEHMAYER RODRIGUES.
RESUMO DA DISCIPLINA HOMILÉTICA.
Homilética é a ciência e a técnica de comunicar ou expor a mensagem bíblica. A palavra Homilética vem do grego HOMILIA, que significa persuasão, falar, etc. Assim sendo, muitos definem a Homilética como:
A Arte de Pregar!
As primeiras teorias acerca da Homilética surgiram entre 345 e 405 d.C. nos escritos de Crisóstomo, pregador da igreja primitiva e também por Agostinho.
A pregação sofre hoje, nas várias igrejas, um problema que é notado pelos cristãos:
-Falta de preparo do pregador. (Pouca espiritualidade e falta de conhecimento da Palavra)
-Falta de unidade no assunto. (Começar pregando uma coisa e terminar pregando outra)
-Falta de vivência real do pregador na fé cristã em relação ao que ele prega.
-Falta de aplicação prática às necessidades da Igreja. (Pregar assuntos que não tem nada a ver com os problemas pelos quais a igreja passa)
Deus é autor e o inspirador da mensagem.
O pregador é o veículo usado para transmitir o recado divino.
O ouvinte é o alvo a ser alcançado.
Sendo assim, podemos expressar este relacionamento na seguinte ordem:
1-ORAÇÃO;
2- TEXTO;
3-MEDITAÇÃO;
4-INTERPRETAÇÃO;
5-ESBOÇO; e
6-COMUNICAÇÃO.
O PREGADOR DEVE CONSIDERAR SOBRE A MENSAGEM QUE:
-É o Espírito Santo que convence o pecador e não a lógica do pregador;
-As ilustrações são importantes, mas nunca substituirão a Palavra de Deus;
-A arte e a técnica não substituem a inspiração divina.
Os gregos entre 500-300 a.C. desenvolveram a retórica com os grandes filósofos: Platão, Sócrates e Aristóteles. Os romanos, influenciados pelos gregos, aperfeiçoaram a retórica em forma de oratória.
Jesus foi o maior exemplo de pregação pública nos dias dos tempos romanos.
OS ASPECTOS DA PREGAÇÃO DE JESUS CRISTO SÃO OS SEGUINTES:
-Falou por parábolas (Mt 13:34);
-Explicou as Escrituras (Lc 4:1 6-21);
-Repreendeu o sistema pecaminoso da época (Jo 8:43-47);
-Transformou a palavra em ação, com poder (Mc 2:9-12);
-Profetizou sobre si mesmo (Jo 2:19); e
-Profetizou sobre os fins dos tempos (Mt 24:4-13)
DETALHES QUE DEVEM SER CORRIGIDOS QUANDO SE ESTÁ NO PÚLPITO:
-Não se deve gesticular demasiadamente o tempo todo;
-Evitar coçar-se (Faça-o de modo discreto a não chamar a atenção);
-Não ficar de boca aberta;
-Os botões da roupa devem estar todos abotoados (a não ser o blazer com botões no meio, que pode ser usado aberto);
-Não passar as mãos nos cabelos o tempo todo;
-Não esfregar as mãos na roupa;
-Evitar repetições o tempo todo de palavras tais como: “Né”, “Realmente”, “Hã”, “Aleluia”, Amém, etc;
- Parar a mensagem para se dirigir a alguém no auditório fora do aspecto da mensagem;
-Evitar as “gracinhas” no púlpito;
-Não falar além do tempo normal (Geralmente 30 minutos, é um tempo ideal em uma reunião normal de 1 hora e meia de duração, para se poder ficar a vontade para usar o restante do tempo com relação ao apelo ou convite às pessoas para virem à frente, orar por elas e finalizar o culto); porém, pode haver exceções com relação ao tempo. Não se pode ser taxativo quanto a este aspecto da homilética).
O pregador é o veículo chave do anúncio da Palavra de Deus; portanto, para ser eficiente no ministério da Palavra, precisa estar envolvido com os seguintes fatores:
-Consagrado à Oração;
-Consagrado à Igreja; e
-Consagrado à Palavra.
A segurança intelectual do pregador,sempre com a inspiração do Espírito Santo, é evidenciada das seguintes fontes de conhecimento:
-Conhecimento Bíblico;
-Conhecimento Histórico;
-Conhecimento Científico;
-Conhecimento Filosófico;
-Experiências Pessoais.
A estrutura homilética, então, seria a seguinte, por exemplo:
-PROPOSIÇÃO: A Vida Cristã é uma Vida Vitoriosa!
-INTERROGATIVA: Quais são os motivos que nos levam a considerar que a Vida Cristã é uma Vida Vitoriosa?
-TRANSIÇÃO: O texto nos apresenta cinco motivos pelo qual devemos afirmar que a vida cristã é uma Vida Vitoriosa. Vejamos o primeiro motivo:
I. PRIMEIRA DIVISÃO: “Por que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus...”
TRANSIÇÃO: Vejamos o segundo motivo...
II. SEGUNDA DIVISÃO: “Por que em todas essas coisas somos mais do que vencedores”.
LISTA DE PALAVRAS CHAVES: Alvos, argumentos, aspectos, atitudes, causas, efeitos, evidências, fatores, fatos, fontes, lições, manifestações, marcas, meios, métodos, motivos, necessidades, objetivos, ocasiões, passos, provas, verdades, virtudes, etc. (note que as palavras-chaves estão no plural).
As Divisões são: o corpo do sermão. São as verdades espirituais divididas em partes seqüenciais, distintas, mas interligadas à verdade principal que é a proposição.
CARACTERÍSTICAS DAS DIVISÕES PRINCIPAIS:
-Devem ter unidade de pensamento.
-Elas ajudam o pregador a lembrar-se dos pontos principais do sermão.
-Elas ajudam os ouvintes a recordarem-se dos aspectos principais do sermão.
-Elas devem ser distintas umas das outras.
-Elas devem originar-se da proposição e desenvolvê-la progressivamente até o clímax do sermão.
-Elas devem ser uniformes e simétricas.
-Cada divisão deve Ter apenas uma idéia ou ensino.
-O número das divisões deve, sempre que possível, ser o menor possível.
Exemplos:
TÍTULO: O DISCIPULADO E SUAS NECESSIDADES (Cl 1:28).
-I) Necessidade do Amor (SUBTÍTULO);
-II) Necessidade da alimentação (SUBTÍTULO); e
-III) Necessidade de maturidade (SUBTÍTULO).
TÍTULO: VESTIDURAS DIFERENTES (Sf 1:8).
-I) Caracterizada por uma fé diferente (SUBTÍTULO)
II) Caracterizada por um viver diferente (SUBTÍTULO); e
III) Caracterizada por uma esperança diferente (SUBTÍTULO).
Quanto à conclusão, começar e terminar bem um sermão é dever de todos aqueles que são chamados para anunciar as boas novas salvação.
A conclusão é tecnicamente um apelo ao tema. Um sermão bem estruturado tem começo, meio e fim, obedecendo a uma lógica durante todo o tempo. O pregador começa um sermão com um tema, e tem que terminar em cima do mesmo assunto, ou tema.
A conclusão é exatamente aonde o pregador quis chegar com o tema. O pregador tem que levar o público a tomar uma posição ao final da mensagem, e este apelo é feito dentro do assunto ou tema, o qual transcorreu a pregação. A conclusão é o clímax do sermão.
Portanto, na conclusão, o pregador deve chegar ao seu alvo que é atingir seus ouvintes e persuadi-los a praticarem e aplicarem em suas vidas a mensagem que ouviram. É a sessão do sermão onde tudo o que foi dito anteriormente é reafirmado com mais intensidade e vigor, a fim de produzir maior impacto nos ouvintes.
CARACTERÍSTICAS DA CONCLUSÃO:
-A conclusão não é apenas um anexo da mensagem, é parte dela.
-Na conclusão não devem ser apresentadas novas idéias, mas apenas ser enfatizado as já expostas anteriormente.
-A conclusão é a parte mais poderosa do sermão, porque une todas as verdades ensinadas em uma verdade única.
-A conclusão deve ser breve, podendo ser uma ilustração.
-A conclusão pode ser uma recapitulação das idéias expostas nas divisões principais.
-A conclusão poder ser a aplicação da mensagem aos aspectos práticos da vida.
A conclusão pode ser um apelo.
Quanto à classificação dos sermões, temos que existem quatro tipos básicos de sermões:
-Sermão Temático;
-Sermão Textual;
-Sermão Expositivo; e
-Sermão Biográfico
Note-se que sermão é diferente de homilia ou de preleção exegética!
CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES DO SERMÃO:
-DISCUSSÃO;
-ILUSTRAÇÃO;
-APLICAÇÃO; e
-APELO.
O sermão expositivo é considerado, pelos pregadores mais proeminentes, o melhor tipo de sermão. Ele possui uma série de vantagens sobre os outros tipos. Uma dessas vantagens é que, justamente por se basear em uma porção extensa das Escrituras, é possível obter diversas aplicações de um mesmo texto.
Vejamos como exemplo o texto de Mateus 14:14-21:
Neste exemplo enfoca “os atributos de Jesus”.
TÍTULO: NOSSO SENHOR SINGULAR.
I. A COMPAIXÃO DE JESUS.
a) Demonstrada em seu interesse pela multidão (V. 14).
b) Demonstrada em seu serviço à multidão (V. 14).
II. A TERNURA DE JESUS.
a) Demonstrada em sua resposta graciosa aos discípulos (Vs. 15, 16).
b) Demonstrada em seu trato paciente com os discípulos (Vs. 17, 18).
III. O PODER DE JESUS.
a) Manifesto na alimentação da multidão (Vs. 19-21).
b) Exercido mediante o serviço dos discípulos (Vs. 14-21).
Neste outro exemplo enfoca-se a mesma passagem tendo “Cristo como o Supridor de nossas necessidades”.
TÍTULO: VEJA DEUS OPERAR.
I. CRISTO SE INTERESSA POR NOSSAS NECESSIDADES.
a) Tem compaixão de nós em nossas necessidades (Vs. 14-16).
b) Ele nos considera em nossas necessidades quando outros não se importam conosco (Vs. 15, 16).
II. CRISTO, AO SUPRIR NOSSAS NECESSIDADES, NÃO SE RESTRINGE PELAS CIRCUNSTÂNCIAS.
a) Ele não se restringe por nossa falta de recursos (Vs. 17, 18).
b) Ele não se restringe por qualquer outra falta (V. 19).
III. CRISTO SUPRE NOSSAS NECESSIDADES.
a) Supre nossas necessidades com abundância (V. 20).
b) Provê muito mais do que o suficiente (Vs. 20, 21).
Quanto à verdadeira religião, Jesus disse que as bases espirituais do culto cristão se resumem no seguinte:
-NÃO TEM UM LUGAR ADORATIVO;
-NÃO É REFLEXO DO CERIMONIALISMO;
-NÃO VEM DE DEDUÇÕES LÓGICAS;
-TEM QUE SER CRISTOCÊNTRICO;
-TEM QUE SER UNIVERSAL;
-TEM QUE SER TRANSFORMADOR;
No culto cristão, OS ADORADORES SÃO PROCURADOS POR DEUS, HÁ BASE BÍBLICA e VOCABULÁRIO BÍBLICO, além do EMBASAMENTO TEOLÓGICO!
O cumprimento de ritual não basta para que haja culto. É indispensável a aceitação, por Deus do culto oferecido.
Deus estabelece condições para aceitar a adoração de homens.
A ignorância dessas condições, ou sua violação, transforma o ritual em exercício unilateral enervante com sérias consequências para os participantes.
Vejamos os pré-requisitos do culto sem os quais não alcançamos comunhão com Deus, ao contrário provocamos a Sua ira:
-Fé (Hb 10:38; 11:6);
-Envolvimento total da vida (Rm 12:1-2; Mc 12:30; Lc 10:27);
-Deve ser dirigido a Deus (Mt 4:10; 6:6; Hb 13:15);
-Modelado pelo ensino bíblico (Mt 15:9; Hb 4:12-13; Hb 12:28); e
-Mediado por Jesus Cristo (Hb 9:12, 24-28; 10:19).
O culto cristão é necessário pelas seguintes razões:
-Finalidade do Homem: O culto foi instituído e ordenado por Jesus Cristo. Na adoração, não somos chamados a expressar nossas necessidades ou possibilidades, mas sim a obedecer”. Quando a igreja se reúne para louvar, orar, pregar a Palavra e celebrar os sacramentos, ela simplesmente obedece (Mc 16:15 -16; At 1:8; 1 Co 11:24, 25; At 20:7).
-O Espírito Santo: O culto é suscitado e expresso pelo Espírito Santo. A salvação provoca adoração (At 10:46). O perdão restaura a capacidade de adorar, anteriormente perdida por causa do pecado.
-Utilidade: O culto é útil. Ele tem utilidade didática, sociológica e psicológica. No ato do culto aprendemos a ser cristãos. Ele é a escola por excelência do cristão. No culto há também coesão, integração e comunhão pessoal (1 Co 10:17; At 2:42-47). Por fim, o culto traz paz, descanso e cura para a alma dos fiéis.
Quanto à essência do culto, temos que em meio às múltiplas maneiras de cultuar, há um elemento imprescindível à adoração: o AMOR! A essência da adoração é o amor. É totalmente impossível adorar a Deus sem amá-lo. E Deus nunca se satisfez com menos que “TUDO”.
“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força” (Dt 6:5; Mt 22:37). “Sem o incentivo do amor por Deus, o culto não passa de palha, pura casca, isento de qualquer valor. Pode até se tornar em culto a satanás” (Russel Shedd).
O culto verdadeiro requer:
-Amor de Todo Coração: Para o Hebreu, o “Coração” é considerado a sede da mente e da vontade, bem como das emoções. O termo “Alma” refere-se à fonte da vida e vitalidade (Gn 2:7,19), ou mesmo o próprio “ser”. Estes dois termos indicam que o homem deve amar e adorar a Deus sem qualquer reserva em sua devoção. É no coração humano que Deus se revela (At 16:14; 2 Co 4:4,6). É, portanto com o coração que devemos expressar nosso amor por Ele.
-Amor Integral da Mente: A adoração envolve também o exercício da mente. “Dianóia”, em grego, significa a capacidade de pensar e refletir religiosamente (1 Jo 5:20; Ef 4:18; Mt 24:15). Este entendimento é dádiva divina (Lc 24:25; Ef 1:17,18). Portanto, a adoração deve ocupar a mente, de maneira a envolver a meditação e consciência do homem. Em Romanos 12:2, Paulo estabelece que o culto cristão deve ser racional (“LOGIKEN
LATREÍA”). Amar a Deus com entendimento é um desafio para o crente (Mc 12:30).
-Amor que Exige Todo Nosso Esforço: Na adoração cristã, Deus exige ser amado com toda a força do adorador (Mc 12:30; Lc 10:27 e Dt 6:5). O termo “Força” (Ischuos) se refere à força e poder de criaturas vivas (Hb 11:34); exige-se que o cristão gaste todas as suas energias físicas em atos de amor por Deus (Rm 12:1; 2 Co 2:15,16). O amor a Deus expressa-se no serviço prestado por meio do coração (1 Co 13:3). Portanto, amar a Deus com “Toda a força” representa gastar a vida e energia unicamente com expressões de lealdade e afeição a Deus.
Os elementos do culto são os meios usados pelo adorador para expressar
o culto:
-A BÍBLIA SAGRADA!
A Bíblia é a Palavra de Deus. Ela é o elemento mais importante do culto cristão, pois “todo ato cristão de adoração é sustido pela Palavra de Deus. Sem ela o culto esvaziar-se-ia de sua substância e perderia o traço que o separa de um culto não cristão” (J. V. Allmen). As verdades bíblicas devem modelar o ato de culto, bem como as idéias e o comportamento do adorador (1 Sm 15:22-23; Mt 15:9).
A Bíblia aparece no culto de diversas formas. As principais são a leitura (individual, conjunta e alternada), a pregação, o canto (congregacional, coral, conjuntos e solos) e as saudações e bênçãos pastorais (1 Tm 4:13; 1 Ts 5:27; Ap 1:3; 1 Co 11:23-29; Lc 4:16-30; 2 Co 13:13).
-A ORAÇÃO!
Orar é cumprir uma ordem do Senhor (Lc 18:1 e 1 Ts 5:17). A oração é indispensável ao cristão, que deve praticá-la individualmente e coletivamente (Mt 6:5-8 e At 12:12). A oração é “o privilégio supremo dos cristãos, concedido por Deus ao elevá-los à categoria de filhos. A oração só é possível dentro da família de Deus: é o exercer os direitos de filhos no contexto dessa família (Rm 8:15 e Gl 4:6). Os filhos são herdeiros, participantes responsáveis, por conseguinte, de toda a economia da família. Na família do Pai os filhos têm o direito de tomar a palavra. A oração é, portanto, a autorização que Deus dá a que os filhos digam o que têm a dizer com referência aos assuntos que a eles dizem respeito” (citado por V. Allmen).
A Bíblia nos ensina que a oração faz parte do culto particular e público. As orações nas reuniões da igreja devem ser uma constante hoje, como foi no passado (At 1:14; 4:24; 12:5; 21:5; Lc 1:10; Mt 18:19). As mesmas devem ser dirigidas a Deus (Mt 4:10), por meio e em nome de Jesus Cristo (Ef 2:18; Hb 10:19), acompanhadas de humildade e ação de graças (Gn 18:27; Fp 4:6; Cl 4:2). Podem ser feitas em silêncio e audivelmente, nas posturas diversas (Mc 11:25; At 20:36; Mt 26:39).
-A MÚSICA!
A música também se destaca como um elemento indispensável ao culto. A igreja sempre usou hinos e cânticos na expressão do seu culto (Rm 15:9; 1 Co 14:15; Ef 5:19; Cl 3:16; Tg 5:13; Ap 5:9; 14:3; Mt 26:30).
O professor Bill Ichter, autoridade em música, descreve algumas características da música que deve ser usada na igreja:
-Quanto à Expressão, deve expressar uma verdade bíblica.
-Quanto à Doutrina, deve expressar doutrinas corretas.
-Quanto à Devoção, deve ser caracteristicamente devocional.
-Quanto à Forma, deve possuir boa forma literária.
-Quanto ao Estilo, deve ter um bom estilo musical.
-Quanto à Ocasião, deve ser apropriada à ocasião em que estiver sendo usada.
-Quanto ao Uso, deve ser adaptada ao uso da congregação.
-Quanto ao Alcance, deve ser apropriada e ao alcance da capacidade dos cantores.
O apóstolo Paulo nos revela que músicas nas igrejas devem ser: “salmos, hinos e cânticos espirituais”, entoados para o louvor a Deus e a edificação mútua dos irmãos (Cl 3:16).
-OS SACRAMENTOS!
“Os sacramentos são santos sinais e selos do pacto da Graça, imediatamente instituídos por Deus, para representar Cristo e os seus benefícios e confirmar o nosso interesse nEle, bem como para fazer uma diferença visível entre os que pertencem à igreja e o resto do mundo, e solenemente obrigá-los ao serviço de Deus em Cristo, segundo a sua palavra” (C. Fé, cap. XXVII, 1).
Esta definição nos mostra que o sacramento é “um sinal externo de uma graça interna”.
Há somente dois sacramentos instituídos por Jesus: o Batismo e a Santa Ceia (Mt 28:19 e 26:26-30). Ambos devem ser celebrados publicamente e administrados somente pelos pastores ordenados (Hb 5:4).
-OFERTÓRIO!
Atualmente, no Brasil, os evangélicos são questionados quanto à contribuição financeira para as igrejas.
Há uma razão óbvia: a proliferação de igrejas que comercializam bênçãos!
Muitos perguntam:
_É verdade que na sua igreja todos devem dar 10% do salário ao Pastor?
Isso nos leva a explicar, que o ato de ofertar ou contribuir faz parte do culto. O ofertar sempre foi um elemento integrante da adoração a Deus e uma expressão de fidelidade (Dt 12:4-7; Ml 3:10; Mc 12:41-44; 2 Cr 8:12-18; Hb 13:16).
Que ninguém se iluda:
O reino de Deus não se edifica com dinheiro, mas com pessoas.
-O LUGAR E O TEMPO DO CULTO!
Alfred Thomas afirmou: “Bancos vazios no templo do senhor significam corações vazios, lares vazios da verdadeira religião, com a irreverência do domingo, e a conseqüente ruína espiritual”.
Isto é correto e reflete uma dura verdade: o não reconhecimento do senhorio de Jesus Cristo no tempo e no espaço. “Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim” (Ap 22:13). “... tudo foi criado por meio dele e para ele” (Cl 1:16b). Jesus é o Senhor de tudo.
“Sem domingo, nenhuma adoração; sem adoração, nenhuma religião; sem religião, nenhuma moral; sem moral, então, o quê?” (Craword Johnson).
Os lugares de culto são lugares santos, separados para um fim específico, a saber, o de tornar-se palco da presença de Cristo, o lugar do encontro entre o Senhor e o Seu povo.
Geralmente, por decisão da Igreja, um lugar é planejado, construído e separado para o serviço divino. O sucessor de Zuínglio, H. Bullinger comentando o assunto diz: “dedica-se a Deus e aos usos sagrados, ou em outras palavras, os separa do uso comum para destiná-los e votá-los, segundo a vontade de Deus, a um uso singular e sagrado”. Teologicamente, é importante estabelecer alguns pressupostos:
-O Novo Testamento: Sob a Nova Aliança, o Senhor não escolheu um lugar específico para a manifestação da sua presença (Jo 4:20-24).
-O Templo no Novo Testamento: A partir do Pentecostes, a IGREJA, o “povo de Deus”, torna-se o templo (1 Co 3:16; Ef 2:20-22; 1 Pe 2:4-10). Não somente a Igreja na sua dimensão comunitária, mas cada membro individualmente é um templo, dedicado a proclamar, a refletir e a louvar o seu Senhor (1 Co 6:19s).
-O lugar do Culto: O lugar do culto cristão é a Igreja reunida, em nome do Senhor Jesus (Mt 18.20). “A Teologia do Velho Testamento já mostra que o lugar por excelência da presença de Deus e, conseqüentemente, o lugar de culto, é o povo que invoca o seu nome. E com o seu povo que ele habita, onde quer que se encontre esse povo. E se é verdade que existem lugares sagrados, não é para insinuar que Deus se localize exclusivamente em tais lugares, mas, sim, mostrar que Deus intervém no mundo e reivindica para si a soberania sobre a terra toda. É também para demonstrar que Deus convoca o seu povo para encontrar-se com ele dentro dos limites deste mundo” (Von Allmen).
-O CULTO E O TEMPO!
“A adoração, quando expressa em ritual, exige tempo. Sob o antigo pacto Deus fez provisão para períodos de tempos diários, semanais, anuais e mesmo de gerações, para o cumprimento da obrigação de culto em Israel. O sacrifício diário (Nm 28:1-8), o descanso do sábado ou do sétimo dia, os primeiros dias do mês e as cinco festas anuais do período pré-exílico foram divinamente determinados” (Russel Shedd).
A guarda semanal do sábado é um exemplo fundamental do tempo separado para Deus (Êx 20:11; 31:13). Neste mandamento, Deus lembra o homem da sua responsabilidade em adorá-lo, observando tempos e lugares santos.
Sob o Novo Pacto, o cristão vê no tempo a concretização da sua salvação (Gl 4:4-5). Os tempos judaicos (festas, sábado, etc.) não passavam de sombras das coisas que haviam de vir.
Jesus Cristo é a realidade (Cl 2:17). Jesus constitui-se o verdadeiro “sábado” (Mc 2:23-28 e Mt 11:28-30). Para a igreja primitiva, o descanso “consiste em consagrar a Deus, não um dia, mas, sim, todos os dias, e em abster-se, não do trabalho corporal, mas sim do pecado” (Von Allmen).
O fato de Cristo haver cumprido em si o sábado, levou a igreja a escolher um novo dia para o culto: o “dia do Senhor” ou “o primeiro dia da semana” (At 20:7; Mt 28:1; Mc 16:1; Lc 24:1; Jo 20:1; Ap 1:10). Sem dúvida este dia é o domingo.
Qual o significado do domingo?
-Um Memorial: É um memorial da ressurreição de Cristo.
-Um Símbolo: É o símbolo de um novo começo.
-Comunhão Cristã: É um dia litúrgico.
Socialmente, você pode descansar em qualquer outro dia da semana, dependendo sempre da sociedade em que você está inserido. Contudo, o domingo é o dia da comunhão cristã, da Nova Aliança.
O culto celebrado no domingo relembra o evento fundamental à existência da Igreja — a ressurreição de Cristo.
Em suma, a adoração pelo Espírito acaba com o conceito de tempos designados para o culto.
Contudo, a Igreja como povo deve manifestar-se por meio do ato de reunir-se. Não é possível Igreja sem culto. O dia específico é o domingo (1 Co 16:2), porque lembra à Igreja a vitória de Jesus sobre o pecado, o que lhe permite a existência.
Quanto aos reformadores a grande preocupação era de ter um “culto legítimo” perante Deus. Esta deve ser a nossa preocupação também. Podemos aprender muito com os resultados dos trabalhos de homens como Lutero e Calvino.
O QUE SERIA “CULTO LEGÍTIMO” CONFORME AS ESCRITURAS?
Parece que o termo “culto legítimo” é de Calvino. Ele ensina no início da sua grande obra, As Institutas, que há uma estreita ligação entre o conhecimento de Deus e a adoração a Deus.
O “culto legítimo” é apenas possível dentro dos moldes da Revelação de Deus. Oculto a Deus é determinado, caracterizado e colorido pela Revelação de Deus.
Em outra parte das Institutas (IV.X.30), Calvino diz: “Eu aprovo exclusivamente essas ordenanças humanas que sejam não somente fundadas na autoridade de Deus, mas também tomadas da Escritura e, por isso, inteiramente divinas”. Temos que adorar a Deus da maneira que Ele nos ordenou.
Este era um princípio imutável para Calvino. Ao mesmo tempo, este princípio levou Calvino a dizer que preceitos para o culto e formas de expressão podem ser variáveis quando não há ensino expresso sobre eles na Escritura. Resumindo, o culto será legítimo se estiver em conformidade com as Escrituras. Este é o primeiro grande princípio do Culto Reformado.
Isto significou o rompimento com a liturgia romana. Os Reformadores chegaram à conclusão de que esta liturgia contém elementos pagãos e judaicos. O uso de imagens é um exemplo típico da necessidade do pagão de ter um deus visível que ele pode manipular. Tal uso ofende a suprema majestade do Deus Vivo.
Calvino sentenciou: A liturgia Romana imita o culto mosaico do Velho Testamento e nega a vinda de Cristo, que é o fim das cerimônias judaicas (Cf. Rm 10:4).
Especialmente a Carta aos Hebreus mostra que o próprio Cristo reformou o culto, através de seu ato salvífico. Calvino sempre defendeu a unidade essencial entre a Antiga e a Nova Aliança. Mas ele sabia que com Cristo chegou a fase da Nova Aliança, com seu novo modo de cultuar a Deus. Adoramos a Deus em espírito e em verdade (Cf. Jo 4:23). O culto romano negava esta realidade. Por isso, o culto tinha que ser reformado por nossos irmãos do século XVI.
O Culto Reformado, rompendo com a antiga liturgia romana, era por isso mesmo uma volta ao culto original da igreja dos apóstolos e dos chamados “Pais da Igreja” (líderes destacados da Igreja Antiga dos séculos II a IV). Neste segundo princípio do Culto Reformado descobrimos, por exemplo, no título que Calvino deu à liturgia de Genebra de 1542: Forma de culto “conforme o costume da Igreja Antiga”.
Como era, para Calvino, o culto original da Igreja Apostólica? Ele estava consciente de que a Escritura não nos oferece um modelo detalhado para nossos cultos dominicais. Mesmo assim, para Calvino, o Novo Testamento contém alguns elementos básicos que nunca podem faltar nos cultos.
Reconhecemos então em Atos 2:42, um verso que, para Calvino, era fundamental: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações”.
Nas suas Institutas (IV.XVll.44), Calvino escreve, baseando-se neste verso: “Assim, de modo geral, haver-se-ia de agir que nenhuma reunião da igreja se fizesse, sem a Palavra, as orações, a participação da Ceia e as esmolas”.
Como foi que Calvino aplicou os elementos principais da Escritura em seu modelo para um culto reformado? O primeiro modelo, que encontramos nos escritos de Calvino está nas Institutas, já na primeira edição de 1536 (IV.XVII.43). Encontramos as seguintes partes: orações públicas; o sermão; celebração da
Santa Ceia; exortação à fé sincera e à confissão dessa fé; ação de graças e louvores em cânticos; despedida em paz. A celebração da Santa Ceia inclui a leitura das palavras da instituição, proclamação das promessas do Senhor nestas palavras, vedação à comunhão daqueles que o Senhor barrou dela, oração, cantar salmos ou leitura bíblica, e por final a própria comunhão.
Calvino sempre permaneceu fiel a este resumo de seu programa litúrgico que ele escreveu na idade de 26 anos.
Por que Calvino tinha tanta atenção para a Igreja Antiga e aos Pais da Igreja?
-Primeiro: porque ele queria cultuar a Deus na comunhão com todos os santos (Ef 3:18).
-Segundo: porque o testemunho dos Pais da Igreja não apoiava o culto romano, como a Igreja Romana dizia.
-Terceiro: a razão mais importante do interesse para a Igreja Antiga era porque ela preservou o culto bíblico.
Os Pais da Igreja em si não eram importantes para Calvino, e, sim, a fidelidade deles à doutrina do Evangelho, também na área da liturgia. Por isso, a reforma do culto no século XVI significa a volta à origem mais antiga do culto, e não um rompimento revolucionário com o passado. O Culto Reformado deu uma volta por cima da “antiga” liturgia romana, de volta às fontes que eram os ensinos dos apóstolos de Cristo.
Como a Igreja Antiga estava perto da era dos apóstolos, Calvino usou os testemunhos dos Pais da Igreja na sua reforma do culto. Ele restaurou a Santa Ceia como ato de comunhão entre Cristo e seus fiéis e como ação de graças.
Contra a prática de missas privadas, enfatizava Calvino que a Santa Ceia devia ser celebrada na presença da congregação inteira, nos cultos dominicais, como na Igreja Antiga.
Calvino colocou no início do primeiro culto dominical a confissão dos pecados seguida de palavras de absolvição, conforme a prática antiga. Outra prática da Igreja Antiga que Calvino restaurou era a de recitar ou cantar o Credo Apostólico no culto como renovação do juramento de fidelidade ao Deus Triúno.