Resumo de LIVROS POETICOS
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RESUMO
LIVROS POÉTICOS
Os Salmos, Jó e os Provérbios, nas Bíblias hebraicas, formam um grupo à parte, com a denominação de Livros poéticos. No uso comum, cristão e moderno, porém, acrescentam-se-lhes também o Eclesiastes e Cântico dos Cânticos; e é freqüente entre os estudiosos gregos bem como entre os autores modernos, estender a todos o nome de Livros poéticos. E com razão; pois o Cântico dos Cânticos e Eclesiastes são escritos em versos como os Provérbios. Eclesiastes possui forma poética, embora menos rigorosa. Trata-se, portanto, de um elemento comum a todos esses livros.
São também chamados livros didáticos ou sapienciais, por falarem muito de sabedoria; os salmos são na máxima parte de gênero lírico, sem, todavia, lhes faltar o elemento didático; o gênero do Cântico dos Cânticos é exclusivamente o lírico. De resto, lírico e didático são os dois gêneros de poesia cultivada pelos hebreus.
O Livro dos Salmos
2.1. Esboço do Livro
I Livro 1 Salmos 1—41
II Livro 2 Salmos 42—72
III Livro 3 Salmos 73—89
IV Livro 4 Salmos 90—106
V Livro 5 Salmos 107—150
Duas observações quanto ao esboço acima são dignas de nota: Desde os tempos antigos, os 150 salmos são organizados em cinco livros, tendo cada um, na sua conclusão, uma enunciação de louvor e invocação dirigida a Deus, a saber: Livro 1 — 41.13; Livro 2 — 72.19; Livro 3 — 89.52; Livro 4 — 106.48; Livro 5 — 150.1-6. O salmo 150 não é apenas o último dos salmos; é também uma enunciação de louvor e invocação a Deus; ele é também uma doxologia para todo o saltério.
O reino de Deus não vem somente por meio da graça, mas também por meio do julgamento; o suplicante do Antigo bem como do Novo Testamento anela pela vinda do reino de Deus (veja 9.21; 59.14 etc.); e nos Salmos cada imprecação de julgamento sobre aqueles que se colocam contra a vinda desse reino é feita com base na suposição da sua persistente impenitência (7.13ss; 109.17). (Op. cit., p. 99).
Em terceiro lugar, “é difícil distinguir gramaticalmente entre ‘Que isto aconteça’ e ‘Isto acontecerá’. Ou seja, não podemos ter certeza de que o salmista não tenha tido a intenção de que suas palavras amargas fossem
predições do que acabaria acontecendo inevitavelmente com os ímpios” (M’CAW, 1956, p. 414).
Assim como as janelas e as esculturas das catedrais medievais, os salmos eram quadros de fé bíblica para um povo que não possuía cópias das Escrituras em casa e não podia lê-las. Representam um compêndio de fé veterotestamentária. Resumos de histórias (e.g., Sl 78; 105-106; 136), instruções sobre piedade (e.g., 1; 119), celebrações da criação (8; 19; 104), reconhecimento do julgamento divino (37; 49; 73), garantias de seu cuidado constante (103) e consciência de sua soberania sobre todas as nações (2; 110) foram instalados no centro da fé israelita com o apoio do Saltério.
Acima de tudo, os salmos eram declarações de relacionamento entre o povo e seu Senhor. Pressupunham a aliança entre ambos e as implicações de provisão, proteção e preservação dessa aliança. Seus cânticos de adoração; confissões de pecado, protestos de inocência, queixas de sofrimento, pedidos de livramento, garantias de ser ouvido, petições antes das batalhas e ação de graças depois delas são, todos, expressões do relacionamento ímpar que tinham com o único Deus verdadeiro.
Temor e intimidade combinavam-se no entendimento que os israelitas tinham desse relacionamento. Eles temiam o poder e a glória de Deus, sua majestade e soberania. Ao mesmo tempo, protestavam diante dele, discutindo suas decisões e pedindo sua intervenção. Eles o reverenciavam como Senhor e o reconheciam como Pai.
Esse senso de relacionamento especial é o que melhor explica os salmos que amaldiçoam os inimigos de Israel. A aliança era tão estreita que qualquer inimigo de Israel era um inimigo de Deus e vice-versa. E mais, o relacionamento de Israel com Deus era expresso num ódio feroz contra o mal, exigindo um julgamento tão severo quanto o crime (109; 137.7-9). Mesmo essa exigência de julgamento era um produto da aliança, uma convicção de que o Senhor justo protegeria seu povo e puniria os que desdenhassem seu culto ou sua lei. Ao que parece, o julgamento ocorreria durante a vida do perverso. “O ensino de Jesus sobre o amor para com os inimigos (Mt 5.43-48) pode fazer com que os cristãos tenham dificuldades em usá-los como oração, mas os cristãos não devem perder o ódio pelo pecado nem o zelo pela santidade de Deus que os originaram”. (LEWIS, 1958, p. 20).
G. von Rad dá o seguinte subtítulo à seção de sua Teologia do Antigo Testamento sobre a literatura de sabedoria: "A Resposta de Israel". (1965, p. 355).
Os salmos são de fato respostas dos sacerdotes e do povo diante dos atos de livramento e de revelação de Deus na história deles. São revelação e também resposta. Por meio deles aprende-se o que a salvação divina em sua variada plenitude significa para o povo de Deus, bem como o nível de adoração e a amplitude da obediência a que devem almejar. Não é de surpreender que Salmos, juntamente com Isaías, tenha sido o livro mais citado por Jesus e seus apóstolos. Os cristãos primitivos, como seus antepassados judeus, ouviram a palavra de Deus nesses hinos, queixas e instruções e fizeram deles o fundamento da vida e do culto. (LASOR, 1999, p. 484).
O Antigo Testamento emprega três palavras básicas para conclamar os israelitas a louvarem a Deus: a palavra barak (também traduzida “bendizer”); a palavra balal (da qual deriva a palavra “aleluia”, que literalmente significa “louvai ao Senhor”); e a palavra yadah (às vezes traduzida por “dar graças”).
O primeiro cântico na Bíblia, entoado depois de os israelitas atravessarem o mar Vermelho, foi, em síntese, um hino de louvor e ação de graças a Deus (Êx 15.2). Moisés instruiu os israelitas a louvarem a Deus pela sua bondade em conceder-lhes a terra prometida (Dt 8.10). O cântico de Débora, por sua vez, congregou o povo expressamente para louvar ao Senhor (Jz 5.9). A disposição de Davi em louvar a Deus está gravada, tanto na história da sua vida (2Sm 22.4,47,50; 1Cr 16.4 ,9, 25, 35, 36; 29.20), como nos salmos que escreveu (9.1,2; 18.3; 22.23; 52.9; 108.1, 3; 145). Os demais salmistas também convocam o povo de Deus a, enquanto viver, sempre louvá-lo (33.1,2; 47.6,7; 75.9; 96.1-4; 100; 150). Finalmente, os profetas do Antigo Testamento ordenam que o povo de Deus o louve (Is 42.10,12; Jr 20.13; Sl 12.1; 25.1; Jr 33.9; Jl 2.26; Hc 3.3).
O chamado para louvar a Deus também ecoa por todo o Novo Testamento. O próprio Jesus louvou a seu Pai celestial (Mt 11.25; Lc 10.21). Paulo espera que todas as nações louvem a Deus (Rm 15.9-11; Ef 1.3,6,12) e Tiago nos conclama a louvar ao Senhor (Tg 3.9; 5.13). E, no fim, o quadro vislumbrado no Apocalipse é o de uma vasta multidão de santos e anjos, louvando a Deus continuamente (Ap 4.9-11; 5.8-14; 7.9-12; 11.16-18).
Louvar a Deus é uma das atribuições principais dos anjos (103.20; 148.2) e é privilégio do povo de Deus, tanto crianças (Mt 21.16; ver Sl 8.2), como adultos (30.4; 135.1,2,19-21). Além disso, Deus também conclama todas as nações a louvá-lo (67.3-5; 117.1; 148.11-13; Is 42.10-12; Rm 15.11). Isto quer dizer que tudo quanto tem fôlego está convocado a entoar bem alto os louvores de Deus (150.6). E, se tanto não bastasse, Deus também conclama a natureza inanimada a louvá-lo — como, por exemplo, o sol, a lua e as estrelas (148.3,4; cf. Sl 19.1,2); os raios, o granizo, a neve e o vento (148.8); as montanhas, colinas, rios e mares (98.7,8; 148.9; Is 44.23); todos os tipos de árvores (148.9; Is 55.12) e todos os tipos de seres vivos (69.34; 148.10).
O Livro de Provérbios
Esboço do Livro
I. Prólogo: Propósito e Temas de Provérbios (1.1-7)
II. Treze Discursos à Juventude sobre a Sabedoria (1.8—9.18)
A. Obedece a Teus Pais e Segue Seus Conselhos (1.8,9)
B. Recuse Todas as Tentações dos Incrédulos (1.10-19)
C. Submeta-se à Sabedoria e ao Temor do Senhor (1.20-33)
D. Busque a Sabedoria e Seu Discernimento e Virtude (2.1-22)
E. Características e Benefícios da Verdadeira Sabedoria (3.1-35)
F. A Sabedoria Como Tesouro da Família (4.1—13, 20-27)
G. A Sabedoria e os Dois Caminhos da Vida (4.14-19)
H. A Tentação e Loucura da Impureza Sexual (5.1-14)
I. Exortação à Fidelidade Conjugal (5.15-23)
J. Evite Ser Fiador, Preguiçoso e Enganador (6.1-19)
K. A Loucura Inominável da Impureza Sexual sob Qualquer Pretexto (6.20—7.27)
L. O Convite da Sabedoria (8.1-36)
M. Contraste entre a Sabedoria e a Insensatez (9.1-18)
III. A Compilação Principal dos Provérbios de Salomão (10.1—22.16)
A. Provérbios Contrastantes sobre o Justo e o Ímpio (10.1—15.33)
B. Provérbios de Incentivo à Vida de Retidão (16.1—22.16)
Outros Provérbios dos Sábios (22.17—24. 34)
Provérbios de Salomão Registrados pelos Homens de Ezequias (25.1— 29.27)
A. Provérbios sobre Vários Tipos de Pessoas (25.1—26.28)
B. Provérbios sobre Vários Tipos de Procedimentos (27.1—29.27)
VI. Palavras Finais de Sabedoria (30.1—31.31)
A. De Agur (30.1-33)
B. De Lemuel (31.1-9)
C. Acerca da Esposa Sábia (31.10-31)
O livro de Provérbios é uma antologia inspirada de sabedoria hebraica. Esta sabedoria, no entanto, não é meramente intelectual ou secular. É principalmente a aplicação dos princípios da fé revelada às tarefas da vida diária. Nos Salmos temos o hinário dos hebreus; em Provérbios temos o seu manual para a justiça diária. Neste último encontramos orientações práticas e éticas para a religião pura e sem mácula. Jones e Walls dizem: "Os provérbios nesse livro não são tanto ditos populares como a essência da sabedoria de mestres que conheciam a lei de Deus e estavam aplicando os seus princípios à vida na sua totalidade (...) São palavras de recomendação ao homem que está na jornada e que busca trilhar o caminho da santidade" (1953, p. 516).
O Antigo Testamento hebraico era em regra dividido em três partes: a Lei, os Profetas e os Escritos (confronte Lc 24.44). Na terceira parte estavam os livros poéticos e sapienciais, a saber: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes etc. Semelhantemente, o Israel antigo tinha três categorias de ministros: os sacerdotes, os profetas e os sábios. Estes últimos eram especialmente dotados de sabedoria e conselho divinos a respeito de princípios e práticas da vida.
O livro de Provérbios representa a sabedoria inspirada dos sábios. A palavra hebraica mashal, traduzida por “provérbio”, tem os sentidos de “oráculo”, “parábola”, ou “máxima sábia”. Por isso, há declarações longas no livro de Provérbios (por exemplo, 1.20-33; 2.1-22; 5.1-14), mas há também as concisas, mas ricas de sentido e sabedoria, para se viver de modo prudente e justo. O conteúdo de Provérbios representa uma forma de ensino comum no Oriente Próximo antigo, mas no caso deste livro, sua sabedoria é diferente porque veio da parte de Deus, com seus padrões justos para o povo do seu concerto.
O ensino mediante provérbios era popular naqueles antigos tempos, em virtude da sua grande clareza e facilidade de memorização e transmissão de geração em geração.
Assim como Davi é o manancial da tradição salmódica em Israel, Salomão é o manancial da tradição sapiencial em Israel (ver Pv 1.1; 10.1; 25.1). Conforme 1Rs 4.32, Salomão produziu 3.000 provérbios e 1.005 cânticos. Outros autores mencionados por nome em Provérbios são Agur (Pv 30.1-33) e o rei Lemuel (Pv 31.1-9), ambos desconhecidos.
O título geral é "Provérbios de Salomão, filho de Davi". Em diversos pontos do livro, entretanto, ocorrem rubricas que denotam a autoria de diferentes seções. Assim, há seções atribuídas a Salomão em 10.1 e aos "sábios", em
22.17 e 24.23. Em 25.1 existe uma interessante rubrica: "provérbios de Salomão, os quais transcreveram os homens de Ezequias, rei de Judá"; o capítulo 30 é introduzido como: "palavras de Agur, filho de Jaque"; e o capítulo 31 com os seguintes termos: "palavras do rei Lemuel", ou melhor, de sua mãe.
Os rabinos diziam: "Ezequias e seus homens escreveram Isaías, Provérbios, Cantares e Eclesiastes" (Baba Bathra 15a); em outras palavras, editaram ou publicaram esses livros. No que tange ao livro de Provérbios é duvidoso que essa declaração rabínica esteja baseada em outra coisa além da rubrica de
O ceticismo que desde o século 1 tem reduzido ao mínimo o elemento salomônico, atualmente parece estar desaparecendo. Quanto a uma revisão de algum criticismo moderno sobre Provérbios. Anteriormente, a literatura de Sabedoria, como um todo, era geralmente atribuída a uma data pós-exílica. Agora o devido reconhecimento está sendo dado à poesia de Sabedoria, não apenas nos escritos proféticos, mas também nos escritos pré-proféticos (cf. Jz 9.8 e segs.). Por exemplo, escreve W. Baumgartner: "Portanto, visto que não pode ter surgido simplesmente como sucessor da Lei e da Profecia, em tempos pós-exílicos, uma data tão posterior exige cuidadoso reexame" (editado por H. H. Rowley, 1951, p. 211). O resultado desse reexame, por parte de eruditos críticos, tem levado, geralmente falando, a uma conceituação mais séria sobre as rubricas. Consideremos os autores nomeados nessas rubricas.
No livro de Provérbios, a sabedoria não é simplesmente intelectual, mas envolve o homem inteiro; e dessa sabedoria Salomão, no zênite de sua fama, e a materialização. Ele amava ao Senhor (1Rs 3.3); ele orou pedindo um coração entendido pala discernir entre o bem e o mal (1Rs 3.9,12); sua sabedoria foi-lhe proporcionada por Deus (1Rs 4.29), e era acompanhada por profunda humildade (1Rs 3.7); foi testada em questões práticas, tais como administração justa (1Rs 3.16-28) e diplomacia (1Rs 5.12). Sua sabedoria tornou-se famosa no oriente (1Rs 4.30 e segs.; 10.1-13); ele compôs provérbios e cânticos (1Rs 4.32) e respondeu "enigmas" (1Rs 10.1); e muito de sua coletânea de fatos foi tirado da natureza (1Rs 4.33).
Consideramos que as coleções em Pv 10--22.13 e 25--29 vieram substancialmente dele. Existem, naturalmente, outros elementos salomônicos em outras porções do livro. Mas mesmo assim, essas coleções podem ser apenas uma seleção inspirada dentre sua sabedoria, pois não existem cerca de 3.000 provérbios em todo o livro de Provérbios (cf. 1Rs 4.32).
A tradição hebraica atribuiu o livro de Provérbios a Salomão assim como atribuiu o de Salmos a Davi. Israel considerava o rei Salomão o seu sábio por excelência. E há justificativas suficientes para esse reconhecimento. O reinado de quarenta anos de Salomão em Israel foi realmente brilhante. É evidente que esses anos não deixaram de ter os seus defeitos. Os muitos casamentos de Salomão não contam pontos a favor dele (1Rs 11.1-9). Na parte final do seu reinado ele preparou o cenário para a dissolução do seu grande império (1Rs 12.10). Não obstante, ele realizou um ótimo reinado durante os anos dourados de prosperidade e poder de Israel. A arqueologia é testemunha das suas habilidades na arquitetura e engenharia, da sua competência na administração e da sua capacidade como industrialista. O historiador sacro de 1Reis nos conta que Salomão amou o Senhor (3.3); ele orou pedindo a Deus um coração compreensivo (3.3-14); ele mostrou possuir sabedoria em questões práticas da administração (3.16-28); a sua sabedoria foi concedida por Deus (4.29); ele era conhecido por sua sabedoria superior entre as nações vizinhas (4.29-34); ele escreveu
3.000 provérbios e mais de mil hinos (4.32); e foi capaz de responder às perguntas mais difíceis da rainha de Sabá (10.1-10). (MADALINE, 1956,
p. 692).
As nações do oriente antigo tinham os seus "sábios", cujas funções iam desde a política do estado até a educação. (Quanto ao Egito, cf., por exemplo, Gn 41.8; quanto a Edom, cf. Ob 8). Em Israel, onde era reconhecido que "o temor do Senhor é o princípio da ciência", os "sábios" também ocupavam uma função mais importante. Jr 18.18 demonstra que, no tempo daquele profeta, os sábios estavam no mesmo nível com o profeta e com o sacerdote como órgão da revelação de Deus. Porém, assim como os verdadeiros profetas tiveram de entrar em luta com profetas e sacerdotes movidos por motivos indignos, semelhantemente, muitos dos "sábios" transigiram em sua função que era de declarar o "conselho de Jeová" (Is 29.14; Jr 8.8-9).
Existem pelo menos duas coleções de "palavras dos sábios" no livro de Provérbios; estas se encontram em 22.17-24.22 e em 24.23-34. Talvez que os capítulos 1-9, que contêm uma exposição do alvo e do conteúdo do "conselho dos sábios", venham da mesma origem. É virtualmente impossível datar essas coleções. Provavelmente representam a sabedoria destilada de muitos indivíduos que temiam a Deus e viveram dentro de um considerável período de tempo. Porém muito desse material é de data antiga. E. J. Young sugere que pode ser até pré-salomônico (op. cit., p. 302).
O Livro de Eclesiastes. Esboço do Livro: Título (1.1)
I. Introdução: A Inutilidade Geral da Vida Natural (1.2-11)
II. A Inutilidade de uma Vida Egocêntrica (1.12-2.26)
A. A Insuficiência da Sabedoria e Filosofia Humanas (1.12-18)
B. A Banalidade dos Prazeres e Riquezas (2.1-11)
C. A Transitoriedade das Grandes Realizações (2.12-17)
D. Injustiça Associada ao Trabalho Esforçado (2.18-23)
E. Conclusão: O Real Prazer em Viver Está Somente em Deus (2.24-26)
III. Reflexões Diversas sobre as Experiências da Vida (3.1—11.6)
A. Concernentes às Coisas Criadas (3.1-22)
1. Há um Tempo para Tudo (3.1-8)
2. A Beleza da Criação (3.9-14)
3. Deus é o Juiz de Todos (3.15-22)
B. Experiências Vãs da Vida Natural (4.1-16)
1. Opressão (4.1-3)
2. Trabalho Competitivo (4.4-6)
3. Rejeitar Conselhos (4.13-16)
C. Advertências a Todos (5.1—6.12)
1. Reverência na Presença do Senhor (5.1-7)
2. O Acúmulo de Bens (5.8-20)
3. Vida e Morte do Ser Humano (6.1-12)
D. Provérbios Diversos a Respeito da Sabedoria (7.1—8.1)
E. Sobre a Justiça (8.2—9.12)
1. Obediência ao Rei (8.2-8)
2. Transgressão e Castigo (8.9-13)
3. Justiça Verdadeira (8.14-17)
4. Justiça, Afinal, para Todos (9.1-7)
5. O Papel da Fé (9.8-12)
F. Mais Provérbios Variados sobre a Sabedoria (9.13—11.6)
IV. Admoestações Finais (11.7—12.14)
A. Regozijar-se na Juventude (11.7-10)
B. Lembrar-se de Deus na Juventude (12.1-8)
C. Apegar-se a um só Livro (12.9-12)
D. Temer a Deus e Guardar Seus Mandamentos (12.13,14)
4.2. Importância e Título
O Livro de Cantares. Esboço do Livro:
Título.
I. O Primeiro Poema: O Anelo da Noiva pelo Noivo (1.2—2.7)
A. A Expressão do Anelo da Noiva (1.2-4a)
B. O Apoio das Amigas da Noiva (1.4b)
C. A Pergunta da Noiva (1.5-7)
D. O Conselho das Amigas da Noiva (1.8)
E. A Presença e a Fala do Noivo (1.9-11)
F. O Amor Mútuo entre a Noiva e o Noivo (1.12—2.7)
II. O Segundo Poema: A Busca e o Encontro dos Dois Amados (2.8—3.5)
A. A Noiva Percebe a Vinda do Noivo (2.8,9)
B. Os Pedidos do Noivo (2.10-15)
C. O Amor Irrestrito da Noiva pelo Noivo (2.16,17)
D. A Perda e o Achado do Noivo (3.1-5)
III. O Terceiro Poema: O Cortejo Nupcial (3.6—5.1)
A. A Aproximação do Noivo (3.6-11)
B. O Amor do Noivo pela Noiva (4.1-15)
C. A Reunião dos Noivos (4.16—5.1)
IV. O Quarto Poema: A Noiva Teme Perder o Noivo (5.2—6.3)
A. O Sonho da Noiva (5.2-7)
B. A Noiva e Suas Amigas Conversam sobre o Noivo (5.8-16)
C. O Lugar Onde Encontra-se o Noivo (6.1-3)
V. O Quinto Poema: A Formosura da Noiva (6.4—8.4)
A. A Descrição da Noiva pelo Noivo (6.4-9)
B. O Noivo e Seus Amigos Conversam sobre a Noiva (6.10-13)
C. Outras Descrições da Noiva (7.1-8)
D. O Amor da Noiva pelo Noivo (7.9—8.4)
VI. O Sexto Poema: A Suprema Beleza do Amor (8.5-14)
A. A Intensidade do Amor (8.5-7)
B. O Desenvolvimento do Amor (8.8,9)
C. O Contentamento do Amor (8.10-14)
Em décadas recentes, alguns estudiosos têm visto Cântico dos Cânticos como um poema ou uma coleção de poemas de amor, talvez, mas não necessariamente, ligados a celebrações de casamento ou ocasiões específicas. Tenta-se dividir Cântico dos Cânticos em alguns poemas independentes. Mas percebe-se um tom dominante de unidade na continuidade do tema, nas repetições que soam como refrães (e.g., 2.7; 3.5; 8.4), na estrutura encadeada que liga cada parte à anterior, preparações nos capítulos 1-3 para a consumação do relacionamento amoroso em 4.9-5.1; nas implicações dessa consumação em 5.2-8.14.
Pode-se sentir a mensagem de Cântico dos Cânticos no tom da poesia lírica. Embora o movimento seja evidente, só se vê um esboço nebuloso da trama. O amor do casal é tão intenso no início como no fim; assim, a força do poema não está num clímax apoteótico (ainda que o ponto central seja a cena de consumação, 4.9-5.1), mas nas repetições criativas e delicadas dos temas de amor um amor almejado quando separados (e.g., 3.1-5) e plenamente desfrutado quando juntos (e.g., cap. 7), vivenciado no esplendor do palácio (e.g., 1.2-4) ou na serenidade do campo (7.11ss.) e reservado exclusivamente para o companheiro da aliança (2.16; 6.3; 7.10). É um amor tão forte quanto a morte, que a água não consegue extinguir nem uma enchente, afogar, um amor que se dá de bom grado, a qualquer custo (8.6s.)
Ritos Litúrgicos.
Uns poucos estudiosos procuraram iluminar passagens obscuras do Antigo Testamento comparando-os com os costumes religiosos da Mesopotâmia, Egito ou Canaã. “Um exemplo é a teoria de que Cântico dos Cânticos deriva de ritos litúrgicos do culto a Tamuz (cf. Ez 8.14), deus babilônio da fertilidade. Esses ritos celebravam o casamento sagrado (gr. hieros gamos) de Tamuz e sua consorte, Istar (Astarte), que produzia a fertilidade anual da primavera”. (WHITE, 1956, p. 24). A cultura ocidental moderna mostra que a religião pagã pode deixar um legado de terminologia sem influenciar crenças religiosas (e.g., nomes dos meses), “mesmo assim, parece altamente questionável que os hebreus aceitassem a liturgia pagã, com gosto de idolatria e imoralidade, sem uma revisão completa de acordo com a fé característica de Israel” (WHITE, ibid., p. 24). Cântico dos Cânticos não carrega marcas de uma revisão desse tipo.
Dramática.
A presença de diálogos, monólogos e coros tem levado estudiosos de literatura, tanto antigos (e.g., Orígenes, c. 240 d.C.) como modernos (e.g., Milton), a tratá-Io como um drama. Duas formas de análise dramática têm dominado:
(a)Dois personagens principais, Salomão e a sulamita, identificada por alguns com a filha do faraó, com a qual Salomão se casou por conveniência (1Rs 3.1).
(b) Três personagens, incluindo o pastor, que ama a virgem, bem como Salomão e a sulamita. A trama gira em torno da fidelidade da sulamita a seu amado rude, apesar das tentativas suntuosas de Salomão em cortejá-Ia e conquistá-Ia.
O ponto de vista dos três personagens foi desenvolvido primeiramente por Ibn Ezra, popularizado por J. F. Jacobi (1771), e explicado de maneira detalhada e cuidadosa por Heinrich Ewald (1826). (MEEK, op cit., p. 93). Mesmo Meek, que rejeita esse ponto de vista, escreve: "Se o livro deve ser interpretado literalmente, existem dois amantes, um rei e um pastor". (Ibid., p. 94). Em 1891 Driver escreveu: "De acordo com [...] [esse] ponto de vista [...] aceito pela maioria dos críticos e intérpretes modernos, existem três personagens, isto é: Salomão, a serva sulamita e seu amante pastor". (CHARLES, 1891, p. 410). Esta perspectiva foi defendida e desenvolvida mais recentemente por Terry (The Song of Songs, s.d.), e Pouget (The Canticle of Cnticles,1948).
De acordo com a interpretação dos três personagens, a jovem mulher era a única filha entre vários irmãos que pertenciam a uma mãe viúva morando em Suném. Ela se apaixonou por um belo jovem pastor e eles então noivaram. Enquanto isso, em uma visita pela vizinhança, o rei Salomão foi atraído pela beleza e graça da jovem. Conclui-se que de acordo com o título pode significar ou que Cantares fora composto por Salomão ou a respeito dele. A tradição uniformemente favorece a primeira interpretação. Contudo, conforme o exposto acima alguns eruditos modernos, têm mantido que o grande número de vocábulos estrangeiros, encontrados no poema, não ocorreriam na literatura de Israel antes do período pós-exílico. Outros pensam, com Driver, que os contactos generalizados de Israel com nações estrangeiras, durante o reinado de Salomão, explicariam suficientemente a presença dessas palavras no livro. Se esse ponto de vista for aceito, e se for suposto que existem apenas dois personagens principais nos Cantares, parece não haver qualquer motivo substancial para pôr de lado o ponto de vista tradicional sobre a autoria. Mas, se seguirmos Ewald, o qual afirmava que existe um pastor amante em adição, a crença na autoria de Salomão dificilmente pode ser mantida, e é impossível dizer quem foi o autor do livros.