Resumo de O PECADO ORIGINAL
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PECADO ORIGINAL
Ao princípio aprouve a Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo, para a manifestação da glória do seu eterno poder, sabedoria e bondade, criar ou fazer do nada, no espaço de seis dias, e tudo muito bom, o mundo e tudo o que nele há, visíveis ou invisíveis. Cremos que o Pai, por seu Verbo - quer dizer: por seu Filho -, criou, do nada, o céu, a terra e todas as criaturas. A cada criatura Ele deu sua própria natureza e forma e sua própria função para servir ao seu Criador.
Também, Ele ainda hoje sustenta todas essas criaturas e as governa segundo sua eterna providencia e por seu infinito poder, para elas servirem ao homem, a fim de que o homem sirva a seu Deus.
Depois de haver feito as outras criaturas, Deus criou o homem do pó da terra, isto é, nosso primeiro pai, Adão, segundo sua própria imagem e semelhança e depois Eva nossa mãe, macho e fêmea Deus criou, com almas racionais e imortais, e os adequou perfeitamente à vida para Deus, para o que eles foram criados, dotou-as de inteligência, bondade, perfeição, justiça, capaz de concordar, em tudo, com a vontade de Deus e lhe deu uma lei justa, que seria para a vida se ele a tivesse guardado, ou para morte, se a desobedecesse., retidão e perfeita santidade, sabedoria, domínio, justiça e consciência de si mesmo, de modo que em toda a natureza do homem não se podia encontrar nenhuma imperfeição, tendo a lei de Deus escrita em seus corações, e o poder de cumpri-la, mas com a possibilidade de transgredi-la, sendo deixados à liberdade da sua própria vontade, que era mutável. Além dessa escrita em seus corações, receberam o preceito de não comerem da árvore da ciência do bem e do mal; enquanto obedeceram a este preceito, foram felizes em sua comunhão com Deus e tiveram domínio sobre as criaturas.
Dessa perfeição e dignidade caíram o homem e a mulher; a mulher, enganada pela serpente e o homem dando ouvido à voz da mulher, ambos conspirando contra a soberana majestade de Deus, que, com palavras claras, os havia previamente ameaçado de morte, se ousassem comer da árvore proibida. Quando o homem estava naquela posição excelente, ele não a valorizou e não a reconheceu, o homem não manteve por muito tempo a sua honra. Satanás valeu-se da astúcia da serpente para seduzir Eva, em seguida, esta seduziu a Adão, que, sem qualquer compulsão, deliberadamente transgrediram a lei de sua criação, e a ordem dada a eles, de não comer o fruto proibido, e, pelo pecado, separou-se de Deus, que era sua verdadeira vida.
Deus foi servido permitir este pecado deles, de acordo com Seu conselho sábio e santo, havendo determinado ordená-lo para a Sua própria glória. Nossos primeiros pais, por este pecado, decaíram de sua retidão original e da comunhão com Deus, e nós neles, e por isso a morte veio sobre todos: todos nos tornamos mortos em pecado e totalmente corrompidos em todas as faculdades e partes da alma e do corpo. Este pecado é uma depravação de toda a natureza humana e é um mal hereditário. É a raiz que produz no homem todo tipo de pecado. Por isso, é tão repugnante e abominável diante de Deus que é suficiente para condenar o gênero humano. Por essa transgressão, geralmente conhecida como pecado original, a imagem de Deus foi totalmente deformada no homem, e ele e seus filhos se tornaram, por natureza, inimigos de Deus, escravos de Satanás e servos do pecado, de modo que a morte eterna tem tido e terá poder e domínio sobre todos os que não foram, não são e não forem regenerados do alto.
Essa regeneração se realiza pelo poder do Espírito Santo, que cria nos corações dos escolhidos de Deus uma fé firme na promessa de Deus a nós revelada pela sua Palavra; por essa fé aprendemos Jesus Cristo com os seus dons gratuitos e com as bênçãos nele prometidas.
Adão e Eva eram pelo desígnio de Deus os representantes da humanidade, por isso a culpa do pecado foi imputada à toda a sua posteridade, e a corrupção natural passou a todos os seus descendentes que deles procedem por geração ordinária. Sendo estes agora concebidos em pecado, e por natureza filhos da ira, escravos do pecado, sujeitos à morte e a todas as outras misérias espirituais, temporais e eternas, a menos que o Senhor Jesus os liberte desta corrupção original pela qual ficamos totalmente indispostos, incapacitados e adversos a todo o bem, e inteiramente inclinados a todo o mal, é que procedem todas as transgressões atuais.
As escrituras afirmam que depois da queda de Adão todos os homens naturalmente nascidos são concebidos e nascidos em pecado, isto é, que desde o ventre materno todos estão plenos de concupiscência e inclinação más, ao ponto de que até as crianças no ventre de suas mães estão contaminadas, e por natureza não podem ter verdadeiro temor de Deus e verdadeira fé em Deus. Também, que essa inata pestilência e pecado hereditário verdadeiramente é pecado e condena à eterna ira de Deus a quantos não renascem pelo batismo e pelo Espírito Santo.
A corrupção da natureza persiste durante esta vida naqueles que são regenerados; e, embora ela seja perdoada e mortificada através de Cristo, todavia tanto ela mesma como seus primeiros impulsos são verdadeira e propriamente pecado. Todo o pecado, tanto o original como o atual, sendo transgressão da justa lei de Deus e a ela contrária, torna, pela sua própria natureza, culpado o pecador e por essa culpa está ele, sujeito à ira de Deus e à maldição da lei e, portanto, exposto à morte, com todas as misérias espirituais, temporais e eternas.
Nem pelo batismo o pecado original é totalmente anulado ou destruído, porque o pecado sempre jorra desta depravação como água corrente de uma fonte contaminada. O pecado original, porém, não é atribuído aos filhos de Deus para condená-los, mas é perdoado pela graça e misericórdia de Deus. Isto não quer dizer que eles podem continuar descuidadamente numa vida pecaminosa. Pelo contrário, os fiéis, conscientes desta depravação, devem aspirar a livrar-se do corpo dominado pela morte (Romanos 7:24). Como essa doutrina admitimos que o homem tornando-se ímpio, perverso e corrupto em todas as suas práticas, ele perdeu todos os dons excelentes, que tinha recebido de Deus. Nada lhe sobrou destes dons, senão pequenos traços, que são suficientes para deixar o homem sem desculpa. Pois toda a luz em nós se tornou em trevas como nos ensina a Escritura: "A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela" (João 1:5). Aqui o apóstolo João chama os homens "trevas".