Resumo de OS EVANGELHOS
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CURSO: BACHAREL EM TEOLOGIA LIVRE.
NOME: KURT VIEHMAYER RODRIGUES.
RESUMO DA DISCIPLINA HERMENÊUTICA
Hermenêutica é a arte e a interpretação da linguagem. O Objetivo da Hermenêutica é a relação entre autor e leitor. É tornar o autor contemporâneo do leitor, aproximando-os à compreensão da mesma época. O leitor deve compreender o escritor na época em que o texto foi escrito e não na época em que o texto está sendo lido. Um segundo objetivo da hermenêutica e esclarecer tudo que haja de obscuro.
A palavra hermenêutica deriva do termo grego Hermeneutikos, por sua vez deriva de um verbo “hermeneou” cujo significado é: arte de interpretar os livros sagrados e os textos antigos. Interpretação é o significado pretendido pelo autor, ou seja, por Deus. A interpretação bíblica deverá extrair do texto apenas o que o Deus pretendia dizer através do autor humano, e não o que nós pretendemos que o texto diga.
Hermenêutica Bíblica pode ser: Geral e Especial.
-Geral: É aquela que trata as Escrituras como um todo. Princípios gerais, básicos. Elabora os princípios. Os princípios de estudos de hermenêutica são a base para uma teologia sadia e bíblica.
-Especial: É aquela que trata de questões particulares das Escrituras. Esta classe de hermenêutica não pode elaborar princípios.
Hermenêutica é a parte teórica do processo. Exegese é a parte prática do processo interpretativo. Deus só pode ser compreendido na medida em que Ele se revela. Mesmo as Escrituras defendem a necessidade de uma Hermenêutica Bíblica.
Historicamente, estamos largamente separados da época dos escritores bíblicos. A Bíblia cobre um período de cerca de 1.500 anos. Com o tempo, muita coisa se perde. Quando compreendemos os fatos históricos, nos podemos compreender melhor os fatos bíblicos.
No Velho Testamento a lógica baseia-se na experiência humana e não no raciocínio dedutivo. O pensamento hebraico é um pensamento concreto e não abstrato. O hebreu aceita o fato quando este fato se traduz em experiência.
O que é Deus para estes homens?
-Davi: Deus é o meu refúgio e minha fortaleza.
-Moisés: O Senhor é forte e poderoso.
-Hagar: Deus é um Deus que ouve.
Personagens bíblicos não estão preocupados com a fisionomia, mas de acordo com a experiência de cada um. É por isso que não devemos fazer certas perguntas à Bíblia. Exemplo: Como foi a fusão em Cristo (Humanidade e Divindade)?
A Bíblia conquanto tenha mantido os estilos pessoais de expressão e liberdade dos escritores humanos, é a palavra de Deus em suas fontes originais, toda e totalmente inspirada por Deus mediante o Espírito Santo, sem nenhuma diferença qualificativa na inspiração de qualquer de seus livros, cuja autoridade é assim normativa para a fé e a vida, para a doutrina e proclamação, para pensamento e investigação.
I Cor. 7:10 - “Digo eu, não o Senhor”.
Paulo faz uma distinção entre o que Cristo diz e o que ele (Paulo), diz. Ensino indireto por meio do Espírito Santo (Paulo era apóstolo). Não se trata de inspiração e sim, de uma posição: Algo que havia sido dito por Jesus e algo que apenas Paulo havia falado e não Jesus. Porém, é inspirado do mesmo modo, pois provém de Deus.
Somente a Bíblia apresenta uma dupla natureza:
-Sua origem divina: II Pedro. 1:20: Iniciativa, ímpeto, impulso.
II Pedro. 1:21: Vontade, desejo, intenção.
II Tim. 3:16: Inspiração de Deus.
-Sua dimensão humana: a) Linguagem humana (Hebraico, Aramaico e Grego, eram línguas usadas na época, não só pelo povo de Deus, mas também por povos vizinhos); b) Características peculiares (os profetas tinham sua própria personalidade e peculiaridades na forma de escrita, e isso foi vertido para seus escritos).
Por causa de sua origem divina, a Bíblia é a palavra de Deus. Aqui, temos duas grandes posições em relação ao significado de inspiração bíblica, uma posição defende que a Bíblia contém a palavra de Deus, enquanto que outra posição defende que a Bíblia é a palavra de Deus.
A Bíblia não nos foi dada numa elevada linguagem, acima da compreensão humana, pois se assim fosse perderia sua finalidade que é revelar Deus ao homem. Tudo quanto é humano é imperfeito. Por essa razão devemos ter em mente que muitas vezes os escritores escreveram de forma errada, isto é, cometeram certos erros gramaticais. Mas devemos fazer uma clara distinção, veja:
- A linguagem da Bíblia é imperfeita
- A mensagem da Bíblia é perfeita.
A Bíblia é a Palavra de Deus inspirada. Mas como se dá essa inspiração? Talvez imaginemos um ditado mecânico como a de um chefe à sua datilógrafa. Esta escreve coisas que não entende e que são entendidas apenas pelo chefe e sua equipe. Isto é o que muitos chamam de inspiração mecânica.
Isso não é a inspiração bíblica.
A inspiração bíblica também não é revelação de verdades que o autor humano não conheça. Existe sim, a Revelação, especialmente nos profetas, e Revelação é algo mais elevado do que inspiração.
O estudante de teologia deve manter em mente esta clara distinção, ou seja, a diferença entre inspiração e revelação. Revelação é diferente da inspiração bíblica. A Inspiração se exercia, por exemplo, quando o hagiógrafo descrevia uma batalha ou outros fatos documentados em fontes históricas, sem receber revelação divina.
Inspiração Bíblica é a iluminação da mente do autor humano para que possa, com os dados de sua cultura religiosa e secular, transmitir uma mensagem fiel ao pensamento de Deus. O Espírito Santo fortalece a vontade e as qualidades do autor para que realmente o hagiógrafo escreva o que ele percebeu.
Tais livros são todos humanos (Deus em nada dispensa a atividade racional do homem) e divinos (Deus acompanha a redação do homem escritor).
A Bíblia é um livro divino-humano. Transmite o pensamento de Deus em roupagem humana. Assemelha-se um pouco a Jesus, onde Deus se revestiu de carne humana, pois na Bíblia a Palavra de Deus se revestiu da palavra do homem (judeu, grego, com todas as suas particularidades de expressão).
A finalidade da inspiração bíblica é estritamente religiosa. Não foi escrita para nos ensinar ciências naturais, mas aquilo que ultrapassa a razão humana (o sentido do mundo, do homem, da vida, da morte, etc diante de Deus).
Portanto, não há contradição entre a Bíblia e as ciências naturais. Mesmo Gênesis 1-3 não pretende ensinar como nem quando o mundo foi feito, mas apenas nos revelar que Deus é a origem de todas as coisas.
A Bíblia só é inspirada quando trata de assuntos religiosos?
Há páginas na Bíblia não inspiradas?
Toda a Bíblia, em qualquer de suas partes, é inspirada, qualquer que seja a sua temática. "Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça". (2Tm 3:16)
Colocando em números, o problema sinótico apresenta-se da seguinte forma:
-a) Dos 661 versículos do Evangelho de Marcos, 600 estão também no de Mateus, e 350 estão no de Lucas.
-b) O evangelho de Mateus e o de Lucas, tem 240 versículos em comum, e que não constam no Evangelho de Marcos.
-c) Além disso, tanto Mateus como Lucas tem versículos próprios a cada um.
Os Evangelhos são livros históricos? Jesus Cristo viveu realmente? Disse tudo aquilo que foi escrito?
Em primeiro lugar, dizemos que os Evangelhos, muito mais do que narrativas de fatos históricos, são baseados em fatos históricos, fundamentados no fato histórico da vida e obra de Jesus Cristo. Não se pode provar fato por fato, ou seja, com todas as minúcias.
Mas não se pode negar o valor histórico geral dos fatos, por exemplo, que Cristo fez milagres. O modo como os autores escrevem, os costumes, a cultura, as palavras, a mentalidade, corresponde às das pessoas que viviam naquela época.
Os impostos e as leis, as religiões (saduceus, publicanos, fariseus, zelotes...), as cidades e aldeias da época, a personalidade de Cristo (às vezes contradizendo o que era comum na época), a originalidade de Jesus, etc, tudo isso forma um conjunto de fatos que seriam quase impossíveis de inventar mais tarde, organizados com tanta coerência e perfeição.
Outros fatos que não se concebe terem sido simplesmente inventados, mesmo por pessoas que acreditassem neles: a paixão, a morte e a ressurreição.
Hoje a cruz é glória e símbolo, mas na época era a mais humilhante das condenações. A história da paixão seria contraproducente, vergonhosa para quem queria apregoar aquela doutrina. A covardia dos Apóstolos ao abandonarem o Mestre... Estas coisas, decididamente não seriam perpetradas por quem aceitava Cristo. Eles se esforçaram por justificar estes fatos associando com as profecias do AT, muitas vezes apenas por acomodação, por coincidência.
Finalmente, podemos dizer que os Evangelhos não são livros históricos no sentido que se entende esta palavra atualmente, mas seguramente são baseados em acontecimentos históricos.
A Bíblia tem um duplo propósito:
-Cristológico: Revelar a pessoa de Cristo. João 5:39 / João 14:6.
-Soteriológico: Informa ao ser humano os meios providos por Deus para a salvação do homem. II Tim. 3:15.
Quanto às principais correntes de interpretação, temos:
A)-Corrente Espiritualista:
-Hermenêutica Alegórica;
-A Hermenêutica Intuitiva; e
-A Hermenêutica Existencialista; e
B)-Corrente Humanista:
Quanto ao fundamento da autoridade da Bíblia, temos que os autores do Velho testamento reivindicam que aquilo que estão escrevendo é de origem Divina. No Antigo Testamento, aparece:
-361 vezes a expressão: “diz o Senhor”.
-445 vezes a expressão: “assim diz o Senhor”; e
-540 vezes a palavra dãbhãr = “Palavra do Senhor”.
Os profetas assim como os ouvintes tinham plena convicção de que a mensagem era de origem divina. O próprio Jesus aceitou a autoridade do Antigo Testamento. Ex. Mateus 5:17-19; Lucas 10:25-28; Lucas 16:19-31
Já no Novo Testamento, a autoridade também repousa sobre a inspiração divina. Mas repousa também sobre a pessoa de Jesus, que também é identificado como a palavra de Deus. Exemplos:
-Hebreus 1:1, 2;
-Mateus 15:6;Lucas 5:1;
-I Tessalonicenses. 2:16; e
-I Timóteo 5:18 - Paulo cita um texto do Antigo Testamento e um do Novo Testamento e os coloca no mesmo nível chamando-os de Escritura.
-II Pedro 3:15, 16.
O Antigo Testamento e o Novo Testamento devem ser vistos como partes de um todo. Partes da revelação de Deus, pois ambas tem a mesma origem, que é a revelação de Deus.
Hebreus 1:1, 2:
Há Unidade: entre o Antigo e o Novo Testamento.A fonte é a mesma: Deus. E Deus não muda.
Há Continuidade: O Deus que falou muitas vezes voltou a falar no momento. As revelações progressivas de Deus, elas formam um todo.
Há Progressividade: A revelação de Deus é progressiva, ela é crescente. Deus falou primeiramente através dos profetas. Depois falou através de Seu Filho Jesus, o que se tornou na revelação suprema.
Há Diversidade: Existe algo que une o A. T. e o N. T. Mas existe também algo que os separa. No Antigo Testamento, Deus falou aos profetas de muitas maneiras. Os costumes eram diferentes, a linguagem era diferente, o tempo era diferente, mas o Deus era o mesmo, portanto a mensagem era a mesma. A de Salvação. I Cor. 12:4-6 - O Senhor é o mesmo.
Há Analogia da Fé: Temos que comparar textos do Antigo Testamento com do Novo Testamento, desde que tratam do mesmo assunto. Exemplos: Mateus 27:5; Lucas 10:27 - João 13:27.
O conceito católico no tempo de Lutero era que a Palavra de Deus era: Bíblia + Tradições. Diziam que a Palavra de Deus era a Revelação de Deus, mais as tradições dos homens, em especial a tradição da igreja (católica). Lutero se posicionou contra esta ideia.
Sua posição era: Sola Scriptura, ou seja: somente a Escritura (Bíblia).
O princípio de Sola Scriptura reconhece a unicidade, a veracidade da Bíblia. Reconhece a autoridade da Bíblia. Nenhuma das doutrinas de qualquer igreja ou denominação religiosa deve estar baseada em alguma outra fonte que não seja a Bíblia.
Jesus usou que o Antigo Testamento:
-Foi uniforme e tratava o texto, os registros, como fatos fiéis.
-Fazia aplicação sem mudar o sentido do texto.
-Denunciou o modo como os rabinos estavam interpretando as Escrituras.
-Os escribas e fariseus nunca puderam acusar Jesus de usar qualquer texto da Escritura de modo ilegítimo
-Parece que Jesus usou alguns textos de modo antinatural, mas geralmente se tratava de legítimas expressões idiomáticas hebraicas ou aramaicas, ou padrão de pensamento que não se traduz diretamente para nossa cultura e nosso tempo.
Quanto à Exegese da Reforma, temos Lutero:
-Fé é a iluminação (como princípios de Interpretação); e
-Rejeitou o método alegórico.
A Bíblia é um livro claro...
Lutero, ao romper com o método alegórico, valeu-se do método cristológico.
Separou textos do Antigo e Novo Testamento que mencionavam ou se referiam a Cristo.
Também temos Calvino, que seguiu as mesmas linhas de Lutero.
Quanto à Hermenêutica moderna, o pai da teologia liberal que aplicou os conceitos do racionalismo na teologia cristã foi Friedrich Schleiermacher (1768-1834). Lia a Bíblia como um produto puramente humano, e, portanto, esta não era nenhuma norma de vida. Para ele, Deus é apenas mais uma experiência, um sentimento. O homem é agora o centro da religião. Cada um pode ter a sua religião particular. Nenhuma autoridade externa.
O liberalismo está constituído sobre três coisas:
-Não existe o sobrenatural (Não existe Deus, pois Deus é um sentimento;
-A Bíblia é um livro puramente humano; e
-A Bíblia deve ser interpretada sob o ponto de vista humano. Tudo que não é racional deve ser rejeitado. Vê-se nisto um processo evolutivo (lei do mais forte). Ainda hoje há resíduos deste tipo de liberalismo.
Quanto à interpretação neo-ortodoxa, temos queé uma tentativa de aproximar mais os liberais e os conservadores (meio termo, posição equilibrada). Diz que Deus não se revela em palavras. Portanto, a Bíblia não é a palavra de Deus. Deus se revela a Sí mesmo, em pessoa ao homem. A Bíblia é um testemunho de homens que experimentaram um contato pessoal com Deus. Outros intérpretes:
-Kar Barth, que diz: “A Bíblia é a cada passo a vulnerável palavra do homem”.
-Emil Brummer, que pegou o pensamento de Bubber e aplicou a Deus:
Conhecida como Teologia do Encontro, dizia que não devemos ver a Deus como uma coisa, mas como alguém real. A Bíblia é o testemunho de homens que tiveram um encontro com Deus.
-Martin Bubber, filósofo e sociólogo alemão com sangue judeu. Para Bubber isto não tem nada a ver com Deus (religião). Diz que homens no passado tiveram esse encontro pessoal com Deus e baseados nesse testemunho pessoal, escreveram a Bíblia.
Quanto ao conceito neo-ortodoxo de inspiração, este diz que a Bíblia não é inspirada por Deus ao ter sido escrita, mas a Bíblia inspira a todos que a lêem. Para eles, isto é inspiração. Portanto, a Bíblia deixa de ser normativa. A religião fica sendo algo puramente pessoal. O pensamento neo-ortodoxo é religioso, mas é extremamente humanista.