Resumo de PROFETAS MENORES
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DISCIPLINA: LIVROS HISTÓRICOS
Alice Damasceno Santos
Os livros históricos não são simplesmente registro de fatos históricos, mas são a Palavra de Deus nos dias de hoje para os cristãos. Deus é Senhor do tempo e do espaço, e portanto, soberano sobre a História da humanidade, razão com que grande parte dos escritos sagrados de Israel tenham sido narrativas históricas. A história é tão importante para o Cânon judaico quanto para o Cristão. O Cânon cristão agrupa os livros de natureza predominantemente histórica, livros que narram a história de Israel de um ponto de vista religioso. O Cânon judaico designou os livros Históricos de Josué, Juízes, Samuel e Reis como Profetas Anteriores, pois eles contam a reação do povo em relação a aliança no decorrer da história. Estes livros narram a história de Israel de um ponto de vista profético. De acordo com a tradição judaica foi atribuída ao profeta Samuel a autoria de Juízes, e ao profeta Jeremias a autoria de 1Reis. A Bíblia relata a história a partir de uma perspectiva religiosa. O Antigo Testamento expressa uma fé baseada em acontecimentos do passado, assim como o Novo Testamento expressa uma fé fundamentada na ressurreição (1Co 15.12-19). Os livros históricos registram o período de tempo de pelo menos oitocentos anos desde a conquista de Josué até o império Persa onde viveu Ester. O livro de Josué mostra o valor insuperável da obediência, com base na conquista de Israel a terra prometida, valorizando a importância do compromisso com a palavra de Deus e a total dependência de seu poder. Este livro contém exemplos de obediência como também de desobediência, porém sem contrastes entre si. O Livro de Josué cujo nome no original significa Salvação de Iavé, ou Iavé é Salvador, leva o nome de seu personagem principal, e de acordo com o cânone judaico é o primeiro livro da divisão chamada de Os Livros Históricos. De acordo com o cânone cristão Josué é o primeiro dos doze livros históricos. No Cânon da Bíblia hebraica os livros de Josué, Juízes, 1 Samuel, 2 Samuel, 1 Reis e 2 Reis são denominados Profetas Anteriores, título que se deve a tradição de que os mesmos foram formados por alguns profetas de Israel. O qualificativo anteriores parecem designar o lugar em que se localiza no cânon em diferenciação aos Profetas posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze Profetas Menores. O livro de Josué abrange os 20-30 anos consecutivos da história de Israel, provavelmente 1405 a.C. De acordo com o Talmude Josué é o autor literário de seu próprio livro. Josué era homem dedicado a Deus e a sua palavra. Cheio do Espírito substituiu Moisés na conquista de Canãa, por isso não resta dúvidas sobre o tema do livro é A conquista e a Divisão da Terra Prometida. O livro registra a fidelidade de Deus em cumprimento as suas promessas feitas a Israel em relação a terra de Canaã (23.14; confronte Gn 12.6-7). O livro de Josué também registra os acontecimentos que levaram a renovação da aliança instituída no Êxodo, com a terceira geração (cap.19-24). O livro de Juízes revela o estado degenerado em que Israel se encontrou após a conquista da terra prometida. Sendo também vítima de transigência religiosa. O Livro de Juízes é o segundo livro dos Primeiros Profetas no cânon judaico, e em nosso cânon o segundo livro histórico. A palavra hebraica traduzida por Juízes significa os que julgam ou governam (líderes), libertadores, ou salvadores. O livro de Juízes recebeu esse nome por nele estarem registrados o trabalho de pessoas levantadas por Deus para salvar as tribos de Israel dos seus inimigos (2.16). Essas pessoas além de Julgar o povo, executavam julgamento de Deus sobre os inimigos de Israel, eram líderes e libertadores. Exerciam funções judiciais e orientavam os exércitos de Israel contra o inimigo. Portanto, eles ditavam as normas à nação e sustentavam a causa de Jeová. Historicamente o livro de Juízes relata a história de Israel na terra prometida, sob o governo de treze juízes, desde a morte de Josué até os dias de Eli e Samuel. Teologicamente mostra o declínio espiritual e moral das tribos de Israel ao conquistarem a terra prometida. Nessa época a vida moral de Israel estava em declínio, e Javé apesar de ser considerado o Deus do povo, muitas vezes foi cultuado como um dos deuses de baal. Não se sabe ao certo de quem é a autoria dos Juízes, alguns indícios indicam que o livro de Juízes foi escrito depois da remoção da arca, de Siló, nos tempos de Eli e de Samuel, no tempo da monarquia quando Jerusalém ainda estava em poder dos jebuseus, e concluído depois do início do reinado de Saul (c. 1050 a.C.). O Talmude judaico, atribui a autoria de Juízes a Samuel, pois o livro ressalta a realidade histórica da profecia de Moisés referente a opressão que viria da parte de Deus sobre Israel como maldição caso eles abandonassem o concerto (Dt 28.25, 33, 48). Depois do livro de Juízes está o livro de Rute, cujos acontecimentos deram-se no mesmo período dos Juízes. Este livro nos mostra o cuidado de Deus para com aqueles que foram fiéis em meio a apostasia religiosa. O Livro de Rute liturgicamente, é um dos cinco rolos da terceira divisão da Bíblia Hebraica, conhecida como Os Hagiógrafos (lit. Escritos Sagrados). Provavelmente foi escrito durante o reinado de Davi). Historicamente o livro de Rute relata a história de uma família israelita que vivia na terra de Moabe, no tempo dos Juízes (1.1; (1375 -1050 a.C.), onde Rute a moabita, virtuosa e consagrada destacou-se como personagem principal, vindo a ser bisavó do rei Davi. A história da família piedosa de Rute contrasta com o declínio moral e espiritual da época dos juízes. A história começa em uma época de fome em Israel. Quando Elimeleque, um homem de Belém partiu com sua esposa Noemi e seus dois filhos, Malon e Quiliom para a terra de Moabe, ali os filhos casaram-se, com as moabitas Orfa e Rute. Sobreveio a desgraça a essa família, as três mulheres ficaram viúvas e sem filhos. Noemi decide voltar para Belém, e estando já a caminho com as noras, pede que a elas que voltem para suas terras, pedindo a benevolência de Deus para prover marido a cada uma delas. Orfa volta, porém Rute demonstrando um exemplo de fé e lealdade volta para Belém com sua sogra Noemi e ali casou-se com Boaz. O livro de Rute sempre foi reconhecido pelos judeus como parte do cânon hebraico, pois foram descobertos a partir de 1947, fragmentos do livro entre outros livros canônicos nos Rolos do Mar Morto. O livro de Samuel cujo nome refere-se ao profeta e juiz que liderou Israel na transição do governo de juízes para monarquia. Este livro narra a história de Saul e Davi, os primeiros reis da monarquia. O livro de 1 Samuel não faz referência ao seu autor, mas, provavelmente partes do livro tenha sido escrita por Samuel. O restante de 1Samuel supõe-se que seja de autoria do sacerdote Abiatar, levando-se em consideração que parte do primeiro e a totalidade do segundo foram escritos após a mote de Samuel. O nome do livro provém da história de Samuel relatada na primeira parte do mesmo. 1Samuel cobre um período de 140 anos e relata a história de Israel do nascimento de Samuel a morte de Saul (c. 1105-1010 a.C.). Observando a referência à cidade de Ziclague, pertencentes aos reis de Judá até o dia de hoje (27.6), e as referências a Judá e a Israel, concluímos que 1Sm foi escrito depois da divisão da nação em 931 a.C. O livro conta a história do sacerdote Eli, o nascimento e infância de Samuel até ficar adulto e se tornar sacerdote e profeta do povo, mostra as qualidades religiosas de sua mãe e a elevada posição das mulheres judias piedosas no surgimento do povo hebreu. Fala da elevação de Saul ao trono e sua respectiva queda e do crescente poder de Davi que o sucedeu no trono. Primeiro Samuel marca o período de transição do governo do juiz para o rei. O livro termina com o relato da morte trágica de Saul (1Sm cap. 31). Primeiro e Segundo Samuel originalmente eram um só livro O Livro de Samuel. Portanto são de mesma autoria. Embora não se saiba exatamente quem os escreveu, Gade e Abiatar são candidatos a autoria dos mesmos. Possivelmente os dois livros foram escritos em uma data após a divisão do reino em duas partes logo depois do governo de Salomão 931 a.C. Em virtude do comentário encontrado em 1Sm 27.6 pelo que Ziclague pertence aos reis de Judá, até ao dia de hoje. Em sua totalidade o livro relata a ascensão de Davi ao trono e seus quarenta anos de reinado, começando com a morte de Saul, e terminando com uma lista dos valentes de Davi e com o seu pecado em fazer o censo dos homens de guerra de Israel, vindo depois a arrepender-se e comprar a eira de Araúna onde apresentou oferendas ao Senhor no altar que construiu. O ponto crítico do livro e da vida de Davi é seu adultério com Bate-Seba e a morte de Urias (2Sm cap. 11). Os livros de Reis narram a história da monarquia de Israel desde Salomão até a tomada de Jerusalém por Nabucodonosor e seu poderoso exército babilônico em 587 a.C. Neste livro a obediência encontra-se em contraste com a desobediência mostrando assim as suas consequências. Primeiro e Segundo Reis, iniciam com a história do rei Salomão (970 a.C.) ao exílio babilônico (586 a.C.). Primeiro Reis relata a história de 120 anos que são quarenta anos do reinado de Salomão e aproximadamente os primeiros oitenta anos após a divisão do reino. No cânon judaico bem como no Antigo Testamento hebraico, Primeiro e Segundo Reis formavam um só livro. Esses livros estão entre os profetas anteriores no cânon judaico e no cânon protestante, entre os livros históricos. Seu conteúdo é continuação da história registrada nos livros de Samuel. Não se pode afirmar com segurança, mas a impressão que se tem é que o livro é obra de um único autor, e que o mesmo foi testemunha da queda de Jerusalém, todavia a tese mais provável é a que atribui essa autoria ao profeta Jeremias, o qual deu por finalizada a obra provavelmente antes de 538 a.C. O objetivo de Primeiro e Segundo Reis era prover ao povo hebreu uma versão bíblica de sua história, para que assim pudessem entender a divisão da nação em 930 a.C., a queda do Reino do Norte, Israel, em 722 a.C., e a queda do reino davídico e Jerusalém em 586 a.C. O livro de Segundo Reis cobre um período de cerca de 300 anos desde o reinado de Acazias (o nono rei de Israel) 853 a.C. até a libertação do rei Joaquim em 560 a.C. Registra os últimos 130 anos da história de Judá, que durou 345 anos, e relata os motivos que levaram à queda dos reinos de Israel e Judá. Por se tratar originalmente de um único livro, e por se atribuir a autoria de Primeiro Reis a um único autor, provavelmente o autor de Primeiro Reis é o mesmo de Segundo Reis. Com o mesmo conteúdo de Primeiro Reis, Segundo Reis continua o registro da história escrita nos livros de Samuel. O Título Reis é derivado da tradução latina de Jerônimo (Vulgata), em referência aos reis que governaram durante esse período.
Alguns Livros Históricos são do período pós-exílio. Os livros de Crônicas constituem o primeiro comentário das escrituras, eles contam a história de Davi, Salomão e do reino de Judá, histórias que embora tenham sido relatadas no livro de Samuel e Reis, o cronista reescreveu ressaltando a obra de Deus em meio ao seu povo através da linhagem de Davi. O livro de Primeiro e Segundo Crônicas, registra a história pré-exílica embora sua perspectiva seja pós-exílica, escrita na segunda metade do século V a.C. tempos depois de Esdras, para suprir a necessidade e avivar a esperança dos exilados da Babilônia e da Pérsia que naquela época voltaram a Palestina. Originalmente Primeiro e Segundo Crônicas eram um único livro e por não está explícita a identidade do autor nos dois livros de Crônicas, atribuiu-se a autoria desses livros ao autor desconhecido o cronista. Todavia a antiga tradução judaica do Talmude afirma que Esdras é o possível autor desses livros, o que não se pode afirmar, porém é razoável assumir essa autoria. O livro de Primeiros Crônicas abarca um período de Adão até a morte de Davi 971 a.C. de acordo com o registro do decreto de Ciro, rei da Pérsia, nos últimos versículos 538 a.C. a impressão que se tem é que Crônicas tenha sido concluído após essa data. Embora seja difícil estabelecer a data exata para 1 e 2 Crônicas, é provável que a sua forma final tenha surgido lá pelo final do séc. V a.C. O último evento registrado nos versículos finais de 2Crônicas é o decreto de Ciro, rei da Pérsia, que libera à volta dos judeus para Judá. É datado como 538. No entanto podemos situar essa data baseando-se no nascimento de Anani 425 e 400 a.C. uma vez que, este pertenceu a oitava geração do rei Jeoaquim que foi deportado para a Babilônia em 597 a.C. Sendo originalmente uma única obra foi chamado de Acontecimentos dos Dias, com a divisão em dois livros passou a chamar-se Coisas que Acontecem e atualmente Jerônimo lhe deu o nome de Crônicas. O livro de Segundo crônicas inicia com o reinado de Salomão em 931 a.C. indo até o final do exílio aos 538 a.C. Todavia o cenário dos dois livros de Crônicas é referente ao período de tempo que vem depois do exílio. Os livros de Esdras e Neemias, provavelmente foram escritos como uma só obra. Eles contam a história da restauração do templo e dos muros de Jerusalém pelos profetas sob a liderança de Esdras e Neemias, na metade do século 5° a.C. quando estes voltaram da Babilônia. O livro de Esdras registra os eventos referentes aos dois primeiros retornos dos exilados da Babilônia 538 a.C.; 457 a.C.). O ponto principal deste livro é a reconstrução dos muros de Jerusalém. Esdras originalmente foi escrito em hebraico com exceção de Ed 4.8-6.18 e 7.12-28, escritos em aramaico, a língua oficial dos exilados em Babilônia. Esse livro faz parte da história dos judeus escrita em Primeiro e Segundo Crônicas e em Esdras e Neemias, visto que, estes dois últimos formavam um único livro. O título do livro provém do personagem principal dos caps. 7-10. Embora não se tenha certeza absoluta sobre a autoria deste livro, a opinião mais aceita é que Esdras tenha compilado este livro junto com, os livros de Crônicas e Neemias. O livro de Esdras destaca a fidelidade de Deus em contraste com a infidelidade do homem. Quando Deus cumpriu a promessa feita através de Jeremias (25.12) de que o cativeiro teria um tempo determinado e os exilados voltariam da Babilônia. Posteriormente a sua volta, o povo ao invés de adorar a Deus em seu próprio templo (6.16.18), se tornou desobediente aos mandamentos de Deus tornando-se uma geração cujas iniqüidades se multiplicaram sobre as vossas cabeças (9.6). O livro de Esdras nos mostra o quanto é importante uma renovação espiritual em nossas vidas. O livro de Neemias juntamente com o livro de Esdras com qual forma um só livro no Antigo Testamento hebraico, registra a história dor três retornos dos exilados a Jerusalém. O livro de Neemias por si só registra os eventos referentes ao terceiro retorno. O pronto principal deste livro é a reconstrução do templo de Jerusalém. A historicidade do livro de Neemias é confirmada por documentos antigos de Papiros de Elefantina descobertos em 1903, onde encontravam-se mencionados Sambalate (2.19), Joanã (12.23), e a substituição de Neemias como governador em cerca de 410 a.C. O título do livro é derivado do seu personagem principal contido em 1.1. Embora não se tenha certeza sobre a autoria desse livro, acredita-se que Esdras foi seu autor e compilador e que Neemias contribuiu com parte dessa autoria. Ao traduzir a Bíblia do latim, Jerônimo deu ao livro o nome de Neemias em homenagem ao seu personagem principal. O nome Neemias significa Jeová consola. O livro destaca a vivência diária da nossa fé em Deus, quando Neemias desafiou o povo a mostrar a sua fé mediante as suas obras. O livro de Ester conta a história de uma rainha cujo livro leva o mesmo nome, e seu primo Mordecai. Neste livro Ester mostra que mesmo quando Deus está em silêncio Ele está trabalhando para cumprir as promessas feitas ao seu povo. Ester, a personagem principal, era uma mulher judia bela e órfã que se tornou rainha do rei persa Assuero também chamado Xerxes ou Khshayarshan em 478 a.C. Através de Ester o povo de Deus foi salvo da ruina durante o séc. V a.C. quando Hamã, planejou a aniquilação dos judeus manipulando o rei para que os executassem, em virtude de seu ódio por Mardoqueu ter se estendido por todos os judeus. Mardoqueu persuadiu Ester a interceder junto ao rei a favor dos judeus. Ester então é usada por Deus para salvar seu povo. Entrou na presença do rei sem ser convidada e obteve o favor do rei. O rei mandou executar Hamã na forca que este havia preparado para Mardoqueu e Mardoqueu, líder dos judeus, tornou-se primeiro ministro. Além de salvar o seu povo da destruição arriscando sua vida por amor, Ester também conseguiu para seu povo, segurança e respeito num país estrangeiro (Et 8.17; 10.3). A libertação dos judeus deu origem à festa anual de Purim. A atitude de Ester também possibilitou o cargo de Neemias na corte do rei e sua escolha para reconstruir o templo. O livro de Ester registra o período de 483 -473 a.C. do reinado de Assuero (1.3; 3.7). O cenário da história de Ester foi a capital, Susã durante o reinado desse rei, em 486 -465 a.C. Xerxes possivelmente sucedeu a Dário I em em 485 a.C. vindo a governar 127 províncias em Susã durante vinte anos. Embora se desconheça a autoria do livro de Ester, as evidências nele contidas revelam que seu autor provavelmente morava na Pérsia e que também era judeu. O ódio de Hamã aos judeus e seu complô visando o extermínio de todos os judeus do império persa (Et 3; 7.4) é uma prefiguração no Antigo Testamento, do Anticristo do Novo Testamento, que procurará destruir todos os judeus e também os cristãos no final da história.