Resumo de PROFETAS MENORES
Warning: Undefined array key "admin" in /home3/teolo575/public_html/paginas/resumo.php on line 64
Os 17 livros do Antigo Testamento, de Isaías a Malaquias, são classificados como proféticos. Antigos eruditos dividiram estes livros em dois grupos:
a) Os cinco livros: Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel, foram designados como livros dos “Profetas Maiores”.
b) Os outros 12 livros foram designados como livros dos “Profetas Menores”.
A divisão entre profetas “Maiores” e “Menores” consiste, não que esse profeta seja maior ou menor que aquele, mas em que, uns proferiram maior ou menor número de profecias.
Nesta seção estudaremos os chamados “Profetas Maiores”
Quem eram esses Profetas?
Os livros dos profetas, formando quase um terço do Velho Testamento, contêm a doutrina e, em certos casos, a história pessoal dos profetas que apareceram isolados, a intervalos ou contemporaneamente, desde o séc. VIII ao séc. IV A. C. Este período é notável pelo largo desenvolvimento do pensar humano, e pelo aparecimento de ilustres orientadores do espírito em todos os países do globo.
Quando Sofonias previa a desgraça que devia cair sobre Jerusalém, e Naum descrevia a ruína de Nínive, Zoroastro, segundo um cálculo provável, empenhava-se a fundo na reforma da antiga religião iraniana. Quando Jeremias e Ezequiel insistiam na pregação do culto interior e puro a Deus, na conduta sincera e na responsabilidade pessoal, Confúcio dava à religião da China uma forma definitiva, enquanto Sidarta na Índia lançava os fundamentos do Budismo.
Atravessava-se, então, um período de grandes acontecimentos políticos: Israel, deixava de existir; a Assíria perdia a sua independência; Babilônia era submetida pelos persas; Jerusalém, após ter sofrido uma destruição total, vivia um período de ressurgimento nacional. A Grécia, depois de se libertar galhardamente do inimigo invasor, via-se a braços com a praga das lutas internas. Roma, a expandir-se avassaladoramente. Enfim, uma época brilhante em todos os ramos da ciência, da política e da estratégia, sem que todavia, nenhum sábio, nenhum político, nenhum herói tenham superado esses homens de poder e de visão, que foram os profetas de Israel e de Judá.
A Vocação de um Profeta
Os pregadores do séc. VIII não foram os primeiros profetas, no sentido que normalmente lhe atribuímos. Vêm de longe, pois desde os tempos remotos de Abraão se vêm verificando esses testemunhos duma doutrina fixa, que, revelada gradualmente, se baseou, sobretudo, na pregação de Moisés. Os profetas, tal como este patriarca, foram "chamados" por Deus, que os encarregou duma missão altamente espiritual.
Os diferentes nomes que a Escritura atribui aos profetas dizem algo do caráter e da natureza da obra desses homens excepcionais. O que vinha a ser então o profeta? Primeiramente um "homem de Deus", quer dizer mais intimamente ligado a Deus do que os outros homens, e, portanto, mais reto e mais justo do que eles. Em segundo lugar o profeta é um "servo DO SENHOR", com uma missão especial a cumprir, a de entregar uma mensagem aos povos. Daí ser o profeta o "mensageiro DO SENHOR". As suas palavras tinham uma autoridade e uma força que só podiam advir de Deus. Finalmente o profeta é um "homem de Espírito", no dizer de Oséias (Veja: Os 9.7). Isto no que se refere ao poder e à autoridade do profeta. Mas, se atendermos ao fato de que era esse homem que explicava aos povos a mensagem divina, podemos ainda acrescentar aos epítetos do profeta o de "intérprete".
Mais três nomes vêm-nos indicar como o profeta recebia a sua mensagem, e a seguir como a tornava conhecida. Dois deles roeh e chozeh significam "vidente". O profeta vê o que não é dado ver aos restantes homens, mas não por mérito próprio devido a uma excepcional perspicácia, ou a um poder de penetração, que são apanágio de inteligências agudas e experientes. Também não se trata do emprego de meios semelhantes aos que se utilizavam na adivinhação ou no ocultismo. A "visão" do profeta resulta exclusivamente dum dom sobrenatural, independente da vontade do mesmo profeta, pois o objeto dessa visão é revelado por Deus. Não vá julgar-se, porém, que tal submissão a Deus pode implicar uma passividade absoluta. O uso das faculdades normais do profeta não fica em suspenso, como se pode deduzir da palavra "vidente", já que, quando mais não seja, a visão exige não pequeno esforço da parte do profeta, preparando-se para ela, as mais das vezes, com oração e com rogos (cfr. Dn 9.3).
2) DEUS É QUEM GOVERNA MORALMENTE O MUNDO. Ele é santo, reto, justo e misericordioso. A palavra "santo", referindo-se a Deus, atinge nos profetas um significado moral, enquanto O distingue do homem na sua existência e na sua essência como criatura. A intervenção DO SENHOR na vida dos homens e nas nações nada tem do capricho que freqüentemente se atribui aos deuses pagãos. Tudo contribui para o desenvolvimento do plano que desde a eternidade tem em vista. Todos os homens são iguais perante Ele. Ele está presente em toda a parte a observar a conduta dos homens, cujos segredos conhece, mesmo os mais íntimos pensamentos (Veja: Am 4.13). Quando castiga um país ou um indivíduo, é porque existe uma causa grave e não por mera bagatela como sucedia com os deuses olímpicos, que por uma insignificância, dizia-se, se iravam contra os homens. Há sempre um motivo: a violação da lei da justiça, que é comum a Deus e aos homens.
3) É O DEUS DA ALIANÇA COM ISRAEL. Enquanto criou e governa todas as criaturas Deus quis um parentesco especial e único com Israel e os seus habitantes. Vejamos: Escolheu-os de entre todas as nações da terra (Veja: Am 3.2); chamou-os do Egito e instruiu-os paternalmente (Veja: Os 11.1-4); deu-lhes a Lei para os orientar (Veja: Os 8.12); exortou-os a obedecerem aos mandamentos (Veja: Jr 11.7), etc. Mas o Seu povo revoltou-se contra Ele, expondo-se a sofrer graves conseqüências. Mesmo assim não o abandonou e manteve firme o plano previsto (Veja: Is 6.13; Mq 5.7-8). Deus só deseja o bem do Seu povo. Por isso não o entrega nas mãos dos inimigos, senão após inúmeros conselhos (Veja: Jr 25.4,11).
b) O Pecado E O Arrependimento
Os profetas denunciam o pecado em termos decisivos, mas não deixam de insistir no valor do arrependimento. Amós, apesar do realce que dá à justiça inexorável, em nome de Deus incita Israel a procurá-lo para viver (Veja: Am 5.4). Oséias alude à bondade divina e apela continuamente para que voltem para Aquele que é todo bênção e todo perdão (Veja: Os 14). Jeremias, seguindo as pisadas de Oséias, proclama em termos ameaçadores a condescendência e a compaixão de Deus (Veja: Jr 3.12). Isaías, cujo conceito de Deus é o mais elevado, declara que o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, habita também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos (Veja: Is 57.15). Noutro lugar frisa que Deus é grandioso em perdoar (Veja: Is 55.7).
1) PECADOS DO CULTO DE ADORAÇÃO. Estes pecados incluem a idolatria e todas as práticas que com ela andam associadas, a negligência no cumprimento dos deveres do culto, ou então uma atenção meramente externa com prejuízo do espírito da Lei (Veja: Ml 1.13; Os 6.6), e a profanação do sábado (Veja: Jr 17.19 e segs.).
2) PECADOS DE ORGULHO. Estes conduzem à descrença e à indiferença em relação às ordens DO SENHOR, originando nos tempos difíceis uma confiança ilimitada nos chefes políticos e no poderio das nações, com desprezo absoluto pelo poder que vem do alto (Veja: Jr 13; Is 9.9).
3) PECADOS DE VIOLÊNCIA E OPRESSÃO. Os profetas defendem a causa das classes desprotegidas: os pobres, os órfãos, as viúvas, os escravos, e falam contra as prepotências dos ricos e dos poderosos.
4) PECADOS DE LUXÚRIA E INTEMPERANÇA. Estes pecados, que por um lado levam ao não cumprimento dos deveres, por outro incapacitam os homens de os cumprir devidamente.
5) PECADOS DE MENTIRA E DE IMPUREZA. Pelo primeiro desaparece a confiança política, comercial e social; pelo segundo, arruinam-se os fins da vida familiar.
Segundo os profetas, as virtudes máximas do crente resumem-se a três: o arrependimento, a fé e a obediência a Deus. O arrependimento, que os profetas tanto pregam, implicando conhecimento do pecado, supõe um pesar por havê-lo cometido, que ao mesmo tempo obriga o homem a voltar-se para o bom caminho de Deus, enquanto se desvia do caminho da iniqüidade. A confiança em Deus é a fonte de energias para o cumprimento do dever, é o guia nas horas incertas, o conforto nas horas tristes, a prosperidade da vida espiritual. O conhecimento de Deus como Aquele que executa a paz, a justiça e a bondade na terra e se compraz nessa execução, é o que se recomenda acima de tudo (Veja: Jr 9.24). Em seguida, lembra-se que a prática da justiça, da misericórdia e da humildade (Veja: Mq 6.8) deve ser também do agrado do homem em obediência à vontade de Deus.
Quanto aos deveres a cumprir, poder-se-ia resumir a doutrina dos profetas com as palavras de Malaquias, que são o fecho do Velho Testamento: "Lembrai-vos da Lei de Moisés, Meu servo, a qual lhe mandei em Horebe para todo o Israel, e que são os estatutos e juízos" (Veja: Ml 4.4).
c) Profecias Sobre a Vinda do Messias
Há a registrar ainda um aspecto importante da obra dos profetas, que não deve ser esquecido, se porventura queremos analisar até que ponto os profetas contribuíram na preparação de Israel para poder participar na redenção da humanidade. Além de lembrarem o passado e o presente, não deixaram de dirigir a atenção do povo para o futuro. A idéia de um "dia do Senhor" em que Ele havia de manifestar-Se em todo o Seu poder não era nova no séc. VIII. Na crença popular, todavia, significava um tempo quando Israel triunfaria de seus inimigos. Os profetas, por outro lado, acentuavam que para um povo desobediente seria um dia de trevas e não de luz. Deus seria vingado pelo castigo de todas os transgressores, fossem pagãos ou israelitas, embora os privilégios e as bênçãos prometidos aos cumpridores da Lei não sejam distribuídos senão com um critério justíssimo.
Os profetas, no entanto, consideravam ainda outro aspecto, ao terem em vista o futuro que apontavam. É que não o faziam com o fim de aterrorizar os pecadores, lembrando-lhes a justiça retributiva DO SENHOR, mas por outro lado, revelava-lhes o plano de Deus em relação ao povo escolhido. Como as outras nações, também Israel tinha um ideal em vista, pelo qual a pregação dos profetas chamou a atenção para a verdadeira vocação do país e procurou exaltar os ânimos com a visão dum futuro glorioso, que de longe ultrapassaria a história do passado. Embora, por causa do pecado, o país tivesse de sofrer a perda do território nacional, do templo e da própria independência, não tardaria a oportunidade em que o povo seria purificado e enriquecido, após uma restauração vitoriosa, e iria instruir os outros povos no conhecimento do Senhor, orientando-os no caminho da justiça e da paz. Ora, o cumprimento de tais promessas vem quase sempre associado a uma Pessoa, apresentada sob diferentes formas, e ultimamente designada por Messias (Veja: Dn 9.25-26). Já tinha havido uma série de profecias relativas a essa Pessoa a começar pelas do Proto-evangelho (Veja: Gn 3.15), mas as que haviam de aludir mais diretamente ao Messias eram, sem dúvida, as dos profetas do séc. VIII em diante, que não se cansam de O apelidar Profeta, Sacerdote e Rei. É sobretudo nos últimos capítulos de Isaías que mais se desenvolvem os dons proféticos do Messias: É chamado desde o ventre (Veja: Is 49.1); a Sua boca é uma espada aguda, uma frecha limpa na aljava do Senhor (Veja: Is 49.2); O SENHOR dá-lhe uma língua erudita, para saber dizer a seu tempo uma palavra e todas as manhãs Lhe desperta o ouvido para que ouça, como aqueles que aprendem (Veja: Is 50.4); a Sua mensagem é dirigida aos mansos (Veja: Is 61.1), porque foi enviado a restaurar os contritos de coração e a proclamar a liberdade aos cativos, não só de Israel mas também dos gentios, pois levará a salvação até à extremidade da terra (Veja: Is 49.6); finalmente, confiado no braço do Senhor, o Messias prosseguirá tranqüilamente a missão de que é incumbido, apesar do desprezo e das perseguições (Veja: Is 49.7; Is 50.5-7).
Ser profeta entre as nações era, sem dúvida, a vocação de Israel, e o profeta por excelência só poderia sair de Israel. Mas há ainda outro aspecto a considerar. É que o Servo sairá vitorioso através do sofrimento e da dor. Ninguém Lhe dará crédito; será desprezado e incompreendido; levado à morte, mas sem um protesto; considerado um malfeitor, mas sem se opor nem defender; será atormentado pelos pecados do povo de Deus, e por eles oferecerá a alma ao Deus que o ressuscitará dos mortos para a justificação de muitos; pela morte será, pois, glorificado (Veja: Is 52.13-53.12). O Novo Testamento atribui estas palavras a um único indivíduo-Nosso Senhor Jesus Cristo-e não a uma nação inteira (cfr. At 8.35).