Resumo de PSICOLOGIA PASTORAL
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CURSO DE BACHAREL EM TEOLOGIA LIVRE
NOME: KURT VIEHMAYER RODRIGUES
RESUMO DA DISCIPLINA PSICOLOGIA PASTORAL
Psicologia é a ciência dos fenômenos psíquicos e do comportamento. Entende-se por comportamento uma estrutura vivencial interna que se manifesta na conduta. O termo psicologia origina-se da junção de duas palavras gregas: psiché, "alma", e lógos, "tratado", "ciência".
A teoria psicológica tem caráter interdisciplinar por sua íntima conexão com as ciências biológicas e sociais e por recorrer, cada vez mais, a metodologias estatísticas, matemáticas e informáticas.
Uma das maneiras de classificar as especialidades em que se dividiu a psicologia é segundo os conteúdos examinados por cada área. Assim, as principais disciplinas psicológicas seriam a psicologia da sensação, da percepção, da inteligência, da aprendizagem, da motivação, da emoção, da vontade e da personalidade.
Outra divisão possível se faz segundo o critério de examinar esses mesmos conteúdos quanto a sua relação com o funcionamento do organismo (psicologia fisiológica); ou quanto a sua manifestação no decorrer da evolução (psicologia do desenvolvimento); ou quanto à comparação desses processos nos diversos graus de evolução animal pode esclarecer o comportamento humano (psicologia comparada); ou, ainda, quanto ao condicionamento que esses processos impõem à vida social do homem, ao mesmo tempo em que as diversas formas da convivência social influem na manifestação concreta dos mesmos (psicologia social).
Os métodos científicos da psicologia podem ser divididos em três grupos: experimentais, diferenciais e clínicos.
Os métodos experimentais, oriundos das ciências físicas, têm por princípio a variação de um fator, o fator causal também chamado variável;
Os métodos diferenciais. As diferenças individuais constituirão a variável propriamente dita; as outras condições, e mesmo as provas às quais os indivíduos serão submetidos, ficam constantes.
O método clínico se propõe compreender o indivíduo em sua situação particular ou pretende aplicar as diversas leis gerais a casos individuais. Seu uso é indispensável no diagnóstico da personalidade.
Para o conhecimento preciso de determinados fenômenos psicológicos, muitas vezes os três métodos devem ser empregados conjuntamente.
A psicologia pastoral, na sua essência e na sua tarefa, é ciência auxiliar da teologia pastoral e, como esta serve diretamente à assistência espiritual e prática. A psicologia pastoral pode definir-se, noutras palavras, como ciência psicológica enquanto oferece os conhecimentos psicológicos necessários a assistência espiritual. Como a assistência espiritual tem por objeto a alma humana, o pastor de almas agirá com tanto mais sucesso, quanto mais conhecer a alma. “A psicologia pastoral é lacuna que espera ser preenchida” (Bopp).
Para a compreensão da alma humana é de suma importância saber que cada uma delas representa algo de particular, de único. Entre tantos milhares de almas, saídas da mão criadora de Deus, não há duas sequer que sejam completamente iguais.
“Vós todos batizados em Cristo, estais revestidos de Cristo. Não judeu, nem grego, nem servo, nem livre, não há homem nem mulher” (Gl 3.27-28). Com estas palavras o apóstolo Paulo afirma que na comunhão de vida que une todos os membros do Corpo de Cristo, desaparecem as diferenças de origem, de classe social e até as sexuais.
Mas o apóstolo seria mal interpretado, se acreditássemos que nega todas as diferenças naturais existentes entre os homens. Justamente Paulo sublinha a diferença natural entre homem e mulher, relacionando-a com a vontade expressa de Deus (1Tm 2.12 etc.).
A distinção psíquica dos sexos é querida por Deus, portanto, deve conservar-se e cuidar-se também na ordem sobrenatural.
Na história da criação o homem tem o primado sobre a mulher. A mulher foi destinada para companheira do homem representa o complemento dEle e o seu aperfeiçoamento. Ele é o início, ela a continuação; ele o impulso, ela a executora; ele cria a idéia, ela realiza; ele adquire, ela conserva e guarda.
Passemos a ilustrar as características principais que diferenciam a psique dos dois sexos. Primeiro dote do homem é o talento criador. É exigido para a realização da ordem divina de sujeitar a terra e dominá-la (Gn 1. 28). É por isso que quase todas as invenções e as descobertas cabem ao homem, enquanto que a mulher nesse campo, não demonstra muito sucesso. Diz-se o mesmo da arte. Também nesse campo as obras do homem ultrapassam de longe as da mulher.
A ação supõe a idéia, isto é, ato de conhecimento intelectivo. Por isso no homem prevalece a inteligência e a força lógica. O homem pensa de modo claro, calmo, lógico, enquanto a mulher no seu conhecimento fica com facilidade do sensível e o seu pensamento caracteriza-se muita vez por uma falta surpreendente de lógica e por notáveis preconceitos.
Característica ulterior da mentalidade masculina é o sentimento do objetivo, do positivo. Ao contrário, a alma da mulher orienta-se fortemente para o subjetivo, o pessoal. A inteligência do homem é propensa à abstração, ao universal, ao típico, enquanto o pensamento da mulher dirige-se acentuadamente para o concreto, o sensível.
Correspondendo a essa distinção, a fantasia dos dois sexos é diferente. O homem é mais capaz de dominar a fantasia por meio da vontade, enquanto a própria fantasia, notavelmente mais viva e colorida, domina a mulher com grande facilidade. O homem, superando o sensível, volta-se para as ideias universais, para os conceitos. Daí o sentimento do essencial, o desejo de saber, a compreensão das leis da ordem, o interesse pela grandeza, vastidão e profundidade.
Ao contrário, o pensamento da mulher cinge-se ao particular, aos fatos experimentados pessoalmente; tem o sentimento do especial, do particular; o desejo de saber não se concentra na pesquisa do motivo e da causa, mas na experiência do novo e se expressa na curiosidade e no prazer do sensacional. A compreensão das leis da ordem e do universal é nela pequena. Possui, porém muito maior capacidade de adaptação a situações especiais e compreensão do que está próximo, é íntimo e mínimo.
Enquanto o homem, diante das idéias, muitas vezes se descuida da realidade, a mulher possui grande sentimento prático da vida. O homem aliança pela ideia, a mulher pela própria experiência. Ao homem agrada o trabalho independente, a mulher produz mais cumprindo tarefas que outros lhe impõem.
O homem considera e examina a obra com reflexão objetiva e crítica, enquanto a mulher se entrega a móveis inconscientes, subconscientes, parafísicos. Este fato explica muita vez também seus enigmas e a irresponsabilidade.
As peculiaridades psíquicas dos sexos exprimem-se também na consciência moral. O homem reconhece no imperativo da consciência outros tantos fins, vê nele princípios para a ação. Para a mulher, contudo, as normas da consciência parecem mais obstáculos concretos às aspirações muita vez inconscientes. O homem procura explicar a si mesmo a lei, a mulher procura desculpar-se diante dela. O homem, apesar das faltas isoladas, permanece mais facilmente fiel a um princípio ético, a mulher, depois de superados os obstáculos iniciais, forma-se muitas vezes desenfreada.
Com esse fenômeno concorda a experiência, segundo a qual a mulher, se é má, é muito pior que o homem e arrepende-se com muito mais dificuldade. A têmpera espiritual diferente do homem e da mulher reflete-se naturalmente na tonalidade diversa da vida religiosa. Para o homem a estrada que leva a Deus é mais longa e mais cheia de dificuldades. Procura reconhecer e servir a Deus “em espírito e em verdade” (Jo 4.23). O conceito que tem de Deus é mais puro, mais espiritual. Para Ele Deus é o onipotente, o infinito, o inatingível, o augusto, o poderoso. O homem com a sua inteligência adere mais à idéia, por isso sua luta para captar a personalidade de Deus é mais dura.
Na qualidade de chefe de família, cabe ao homem a responsabilidade principal de todos os interesses da comunidade familiar. A mulher deve tomar parte, sobretudo como conselheira.
A orientação espiritual do homem para o essencial e positivo comporta a necessidade da maior brevidade possível nas conversas e nas exortações. A paciência masculina esgota-se muito mais depressa que a longanimidade e a dose de sacrifício da mulher.
Devemos ir ao encontro da disposição natural à atividade do homem, apontando-lhe o sacerdócio leigo, especialmente a posição cheia de responsabilidade como chefe de família; atraindo-o a tarefas que se relacionem com a igreja.
O cuidado pastoral ao elemento masculino não deve esquecer que o homem, muito mais facilmente que a mulher, está sujeito a crises de fé e de moral. O homem afasta-se com maior facilidade e mais vezes de Deus, torna-se vítima do racionalismo e do cepticismo. A mulher tem ligações sentimentais fortes com Deus, sente-se segura no amor e sob sua proteção. Ama-o com a totalidade de seu ser e por isso nem mesmo as crises espirituais podem afastá-la completamente de Deus.
A psicologia da mulher caracteriza-se antes de tudo pela força e profundeza de sentimento. Assim se explica também a inclinação que tem pela intimidade, espiritualidade, desejo ardente de ser útil ao próximo, de cuidar, de socorrer.
A religião cristã é mais rica de valores sentimentais que qualquer outra. Basta pensar no ensinamento sobre o amor provido e paterno de Deus, sobre a Encarnação e a Paixão do Salvador etc. Muitas verdades religiosas e formas de oração tem, portanto, efeito mais vistoso sobre a alma feminina.
Toda a direção espiritual da mulher, para ser bem feita e fecunda, deve aproveitar-se do ideal especificamente feminino, que se exprime no binômio virgindade e maternidade.
A maternidade da mulher suscita nos outros uma sensação de refúgio seguro e de amor; a virgindade, ao contrário, desperta o sentimento da intangibilidade, do respeito profundo. Se falta um desses elementos, o ideal feminino fica automaticamente diminuído e falsificado. Também a alma virginal, deve sentir a maternidade, que pode exprimir-se no cuidado dos enfermos e das crianças, no apostolado da oração e no serviço contínuo da caridade.
Sem calor materno, a virgindade torna-se fria, rígida, fossilizada, sem doçura nem graça. No entanto, também a maternidade da mulher casada deve estar unida à virgindade espiritual que a torne intangível para o homem.
As atividades espirituais do homem, embora intrinsecamente independentes dos processos físicos, estão ligadas ao desenvolvimento do organismo. As funções psicofísicas são o pressuposto da vida espiritual e só o transcorrer sem perturbações é o que garante a engrenagem ordenada e a coordenação de todas as capacidades e atividades envolvidas na unidade do ser humano.
Como nenhum ser vivo se assemelha perfeitamente a outro, assim o indivíduo humano se distingue ainda mais de todos os outros, embora o corpo e a alma tenham forma típica idêntica. Cada homem, em última análise é um mundo a se, unidade que apresenta grande número de variações individuais; por isso também são diferentes individualmente os processos psíquicos relativos.
As paixões podem dividir-se em dois grupos principais. Tomás de Aquino distingue o apetite concupiscível e o irascível..Também a ciência psicológica mais moderna distingue duas paixões dominantes: a sensibilidade e o orgulho. Ambos os termos têm sabor negativo. Mas a ambos podemos atribuir, e com razão, valor positivo e ver impulso de dedicação (impulso de amor) e impulso de domínio (impulso de honra).
Devemos notar que em cada homem encontram-se, em grau diverso, elementos de ambas as paixões principais, desde a supremacia fortíssima de uma sobre a outra até a igualdade aproximada. Em linhas gerais, porém, uma das duas predomina e, em caso de conflito, o sensível será mais inclinado a renunciar à honra, o orgulhoso ao amor. A sensibilidade é a paixão dominante do homem sentimental, o orgulho a do homem volitivo.
Pela palavra caráter em psicologia, entende-se a peculiaridade psíquica que determina o comportamento e a atuação da pessoa. É evidente que, para o conhecimento dos homens, importa antes de tudo individuar e julgar-lhe o caráter.
A qualidade de um caráter depende acima de tudo da mola que faz saltar as ações e os sentimentos, isto é, da disposição congênita que condiciona a orientação fundamental da vontade. São as tendências inatas do homem que determinam a diversidade das orientações práticas.
Embora os dotes intelectuais tenham importância na formação do caráter, todavia, a causa principal da diferença dos caracteres encontra-se especialmente no campo do sentimento e da vontade.
A consideração psicanalítica de Freud parte de um ponto de vista completamente diferente da caracteriologia baseada na “psicologia individual”. Freud procura demonstrar que os aspectos do caráter estão ligados à vida instintiva do homem e a sua raiz mais profunda se encontra nas fases evolutivas da primeira infância.
Segundo ele, na psique humana operam três elementos principais: o id, o ego e o super-ego.
O id é a esfera psíquica primária que é também a fonte de todos os impulsos, instintos e paixões.
O ego, ao contrário, percebe, julga e age conscientemente; encontra-se em relação com o mundo exterior.
O super-ego, que ordena e proíbe, em suma, uma espécie de guia ético superior.
Cada uma dessas grandes regiões psíquicas participa, de modo próprio, na formação do caráter e pode exercer, em linhas gerais uma função dominante, influindo sobre as outras num sentido de reação.
Os tipos de caráter segundo Carl Gustav Jung, contrariamente ao conceito psicanalítico do caráter, que decompõe a totalidade pessoal nos seus elementos genéricos, põe o problema de preferência do ponto de vista da pessoa e da sua unidade, pois o homem é, como pessoa, uma unidade e como tal essencialmente diverso de qualquer outra.
A tese essencial de Jung afirma que o homem está entre dois pólos extremos de conduta e aspiração, sendo que uma domina sempre e as outras, mais ou menos atrofiadas, contêm a sua existência no subconsciente. Tal contraste exprime-se na fórmula “interno-externo”. É determinado pela tomada de posição do homem em relação ao seu mundo interno e externo. Um afirma mais o “interno”, outro o “externo”, embora ambos tenham a faculdade de uma e de outra posição e ajam em ambas as direções. Segundo a preponderância de uma ou de outra atitude fundamental teremos o introvertido e o extrovertido.
No tipo introvertido prevalece a tendência para olhar dentro de si. Procura antes de tudo a expressão do que acontece no próprio íntimo e atém-se ao adro que ele mesmo faz do mundo que de maneira subjetiva, poder-se-ia dizer, à sua imagem refletida. Para ele tem menos importância a realidade em si, do que a impressão que exerce sobre ele. Procura o profundo e atribui importância secundária ao mundo exterior.
Por fim, para o extrovertido o desejável, como também o teatro de atuação, está no mundo exterior. Para ele o “de fora” é mais importante que o mundo interior psíquico-espiritual. Procura captar cada impressão. Recebe os impulsos pela própria atividade no exterior. As tarefas estão no mundo real, é aí que opera.