Resumo de RELIGIOES COMPARADAS
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Resumo Exegese
A exegese é uma análise profunda do texto. É popular, no meio evangélico e nas cadeiras dos seminários, se usar o termo “exegese”; a maioria de nós quando sentados nos bancos das escolas teológicas vemos vários professores usarem este termo e nas aulas de grego e hebraico é onde o mesmo é mais utilizado.
Exegese é diferente de hermenêutica – Esta trata dos princípios e normas da interpretação, aquela da prática da interpretação, dos passos concretos dados no trabalho interpretativo. Pode-se dizer que exegese está para hermenêutica assim como prática está para teoria. Exegese é prática hermenêutica (interpretativa), pela aplicação dos princípios e normas da ciência hermenêutica (teórica).
Exegese se distingue de teologia – Esta se faz a partir de conceitos, não necessariamente a partir da análise de textos, embora o devesse fazer, no momento atual do labor teológico. A boa teologia é aquela feita a partir de conceitos extraídos dos textos bíblicos. E aqui é bom dizer que exegese, embora distinta de teologia, não se dissocia desta; pois exegese é necessária, mas não suficiente. Em termos ideais, o exegeta deveria ser também teólogo, para que seu trabalho de interpretação esteja completo.
Entenda-se exegese como ciência, que tem objeto e método próprios. Seu objeto são os textos, em nosso caso, os textos bíblicos. Seu método por excelência é o histórico-crítico.
Exegese é análise detalhada de um texto sob vários ângulos (o textual, o literário, o dos motivos/temas, o do processo de composição), a fim de extrair dele sua mensagem. Importante é a distinção entre exegese (condução para fora) e eisegese (condução para dentro). Exegese é aquilo que, como teólogos e pregadores sérios, devemos praticar, respeitando o texto, seu autor e sua intenção, seu contexto e sua forma, seu conteúdo e seu sentido.
A propósito, vale ressaltar que cada texto bíblico tem um sentido único.Seu sentido é aquele intencionado pelo autor, ao qual todos os intérpretes devem procurar chegar. Para isso, é preciso respeitar a voz do texto: sua perspectiva, sua mensagem, suas demandas. O texto não pode ser manipulado ao nosso bel prazer, para dizer o que nós queremos que ele diga, mas escutado naquilo que ele tem a nos dizer, mesmo e principalmente contra nós. É mister deixar que o texto fale, e ouvi-lo (também no sentido bíblico de obediência).
Exegese precisa levar em consideração a enorme distância temporal/histórica (em alguns casos, também espacial/geográfica) e, sobretudo, cultural que existe entre os textos bíblicos e nós, pessoas de outra época e cultura. Embora, como cristãos, tenhamos a convicção de que a mensagem da Bíblia se destina a todas as pessoas, de todos os tempos e lugares e culturas, precisamos ter consciência clara de que não somos seus primeiros destinatários, lembrando sempre que a Bíblia não foi escrita em nossa língua e em nossa cultura, o que implica grande atenção e esforço para superar a distância que medeia entre o texto bíblico e nós.
Exegese conta com o auxílio de várias ciências humanas (história, geografia, arqueologia, paleografia, história das religiões comparadas, entre outras). Isto é assim porque a distância que há entre a Bíblia e nós não pode ser devidamente transposta pelo mero recurso a uma investigação restrita ao âmbito literário interno à Bíblia. Não basta ler e buscar interpretar a Bíblia em si mesma, isolada do contexto histórico e cultural em que foi produzida. Não se deve fazer exegese sem se entrar em diálogo com outras ciências humanas, que nos ajudam a conhecer e compreender o mundo da Bíblia.
Exegese busca interpretação objetiva dos textos, a mais objetiva possível. O exegeta sabe que a objetividade absoluta é impossível, constituindo-se uma ilusão. Há condicionamentos que limitam a prática exegética, como de resto qualquer outra tarefa investigativa humana. Há pré-compreensões que inevitavelmente são trazidas para a atividade de interpretação de qualquer texto; no caso da interpretação de textos bíblicos, estas pré-compreensões incluem também aquelas que fazem parte do cabedal doutrinário e teológico da comunidade de fé a que pertence o exegeta. Mas isso não significa que a objetividade não possa ou não deva ser buscada. Ela permanece como ideal a guiar o trabalho do exegeta, que deve realizar seu mister com plena consciência de seus condicionamentos e de suas pré-compreensões, para que eles o influenciem o mínimo possível.
A exegese bíblica possui uma longa e complexa história, da qual já o AT dá testemunho. Como exemplos, podem-se citar a Obra Cronista de História, que é uma releitura da Obra Deuteronomista de História; e a reinterpretação dada por Daniel aos setenta anos de cativeiro do anúncio de Jeremias, transformando-os em setenta semanas de anos (cp. Jr 25.11s; 29.10 a Dn 9.2 e 24). Ela é vista também no NT, em Paulo, por exemplo, que reinterpreta elementos e figuras da história antiga de Israel (cf. 1 Co 10.1-4; Gl 4.21-31), além de ser também observada no conjunto dos autores do NT, que, grosso modo, releem o todo do AT à luz do evento-Cristo.
Importa, antes e acima de tudo, ter em vista que exegese está a serviço da fé, tanto no nível da espiritualidade (fé vivida) quanto no da teologia (fé pensada). Não é um fim em si mesmo, mas uma tarefa auxiliar, subsidiária ao labor teológico da comunidade e à melhor compreensão e colocação em prática das exigências da vida religiosa.
A exegese sadia do texto nas línguas originais deve ser o subsídio para muitas atividades pastorais e ministeriais tais como:
- aconselhamento, como aconselhar alguém se não entendermos a mensagem bíblica e suas exigências;
- ensino, como ensinar sem conhecer profundamente o significado dos textos;
- pregação, como pregar corretamente a mensagem do Evangelho sem entender profundamente o que o texto realmente diz;
- evangelismo, como pregar o Evangelho em um mundo de pluralismo religioso, sem ser capaz de fazer uma análise profunda do texto contra as afirmações distorcidas das várias seitas que também usam a Escritura.
A exegese também deve estar ligada à outras matérias teológicas tais como a Teologia do AT e do NT, a Teologias Sistemática e aquelas disciplinas que necessitam hora ou outra das línguas originais da Bíblia como ferramenta de especificação de termos e conceitos.