Resumo de TEOLOGIA PASTORAL
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DISCIPLINA: PSICOLOGIA PASTORAL
Alice Damasceno Santos
O termo psicologia é de origem grega: psiché, "alma", e lógos, "tratado", "ciência". É a ciência dos fenômenos psíquicos e do comportamento ou seja, da conduta. A interação da psicologia com outras ciências tem aumentada nos últimos anos principalmente com a biologia, a lingüística, a informática e a neurologia. A história da psicologia se diferencia de diversas formas. Em uma forma mas simples consistiria em considerar dois grandes períodos: o filosófico especulativo e o científico. O filosófico especulativo tem raízes no pensamento grego e se estende até o final do século XIX ou princípio do XX, conforme o critério escolhido para delimitação do início da psicologia científica. Os filósofos antigos gregos e medievais procuravam responder aos problemas acerca da natureza da alma, sua relação com o corpo, seu destino após a morte, a origem das ideias etc. Somente com o advento do espírito científico e, principalmente, com a constatação de que possivelmente pode-se encontrar fórmulas suficientemente precisas entre variação do estímulo físico, mudança fisiológica e reação psíquica, é que teve início o trabalho pioneiro de Gustav Fechner, Hermann Helmholtz e Wilhelm Wundt: a psicofísica e a psicofisiologia. Para Wundt, a consciência era o objeto da psicologia, a ciência como estudo da estrutura ou das funções detectáveis na experiência interior, nos processos psíquicos de sensação, percepção, memória e sentimentos. Os métodos científicos da psicologia podem ser divididos em três grupos: experimentais, diferenciais e clínicos. Os métodos experimentais, originados das ciências físicas, têm por princípio a variação de um fator, o fator causal também chamado variável independente, mantendo constantes todas as outras fontes de influência. A tarefa fundamental do psicólogo será, de um lado, encontrar medidas precisas quanto às variações das variáveis independente e dependente, e, de outro lado, controlar todas as outras variáveis para que seu efeito possa ser considerado como constante. Em certos casos, como no estudo do desenvolvimento dos fatores da inteligência, da personalidade etc., o psicólogo não pode variar diretamente o fator que deseja estudar. Recorre então ao método diferencial. As diferenças individuais constituirão a variável propriamente dita; as outras condições, e mesmo as provas às quais os indivíduos serão submetidos, ficam constantes. Enquanto os dois métodos citados permitem estabelecer leis gerais, o método clínico se propõe compreender o indivíduo em sua situação particular ou pretende aplicar as diversas leis gerais a casos individuais. Seu uso é indispensável no diagnóstico da personalidade. Para o conhecimento preciso de determinados fenômenos psicológicos, muitas vezes os três métodos devem ser empregados conjuntamente. A psicologia pastoral na sua essência e na sua tarefa, é ciência auxiliar da teologia pastoral e, como esta serve diretamente a assistência espiritual e prática. A psicologia pastoral pode também definir-se como ciência psicológica enquanto oferece conhecimentos psicológicos necessários a assistência espiritual e como tal, tem por objeto a alma humana, o pastor de almas agirá com tanto mais sucesso, quanto mais conhecer a alma. “A psicologia pastoral é lacuna que espera ser preenchida” (Bopp). Com estas palavras, o conhecido teólogo de Friburgo aponta a necessidade da exposição dos problemas da psicologia pastoral. Cada alma representa algo de particular, de único. Para Deus não há almas iguais. Entretanto podemos classificar as qualidades psíquicas conforme sua natureza, desenvolvimento e o ambiente, em grupos que apresentam uma série de formas típicas, ocasionando, a importância do conhecimento dos diversos tipos da psique no estudo da psicologia pastoral. O apóstolo Paulo afirma que na comunhão de vida que une todos os membros do Corpo de Cristo, desaparecem as diferenças de origem, de classe social e até as sexuais, “Vós todos batizados em Cristo, estais revestidos de Cristo. Não judeu, nem grego, nem servo, nem livre, não há homem nem mulher” (Gl 3.27-28). Mas o apóstolo seria mal interpretado, se acreditássemos que nega todas as diferenças naturais existentes entre os homens. Justamente Paulo sublinha a diferença natural entre homem e mulher, relacionando-a com a vontade expressa de Deus (1Tm 2.12 etc.) Quanto mais o homem e a mulher se sentirem compreendidos pelo confessor nas suas peculiaridades psíquicas, com tanto maior boa vontade, e sem reserva alguma, abrir-se-ão a ele e tanto mais frutuosa será sua influência na vida espiritual. A capacidade criadora do homem confere o senso da grandeza, vastidão e profundidade. Daí o espírito de iniciativa, o dinamismo, o prazer de viajar, a natureza combativa a avidez de conquista. A tudo isto vem juntar-se a generosidade, a tendência a atingir o fundo das questões, dos acontecimentos da natureza e da técnica. Ao contrário, a mulher tem mais compreensão do que está próximo, recolhido, íntimo. Daí o sentimento inato de ardor, de intimidade de casa agradável e ordenada. A mulher é capaz de servir-se de uma máquina durante anos sem nunca interessar-se pela lei de seu funcionamento. A têmpera espiritual diferente do homem e da mulher reflete-se naturalmente na tonalidade diversa da vida religiosa. Para o homem a estrada que leva a Deus é mais longa e mais cheia de dificuldades. Procura reconhecer e servir a Deus “em espírito e em verdade” (Jo 4.23). O conceito que tem de Deus é mais puro, mais espiritual. Para Ele Deus é o onipotente, o infinito, o inatingível, o augusto, o poderoso. O homem com a sua inteligência adere mais à ideia, por isso sua luta para captar a personalidade de Deus é mais dura. “A falta da materialidade e a imensa distância do objeto dificultam ao homem a idéia da personalidade, do ser em si, da natureza divina; atinge no máximo, o impessoal, a que atribui existência e uma soma de qualidades” (Zimmermann). Completamente diversos são os pressupostos naturais da mulher para a vida religiosa. A estrada para atingir a Deus é mais curta, mais simples, sem tantos problemas, porque seu conceito de Deus é mais primitivo, menos penetrado de espiritualidade e mais antropomorfo. Ela não vê tanto em Deus o ser infinito, augusto, mas o Pai cheio de bondade e misericórdia, a quem dirige o olhar confiante, procurando proteção e auxílio. O homem sente-se senhor e coroamento da criação. Seu sentimento de superioridade baseia-se em certas qualidades em que supera a mulher. Em primeiro lugar a força física e espiritual, a independência e liberdade social. “Em linhas gerais, quanto à posição da mulher no campo moral, podemos afirmar: a intensidade da vida psíquica da mulher é maior que a do homem. É capaz de superar de longe o homem, tanto no bem como no mal. É verdade que o homem raramente cai tão baixo como a mulher, mas não atinge também a altura dela, salvo casos excepcionais”. A individualidade de um ser humano exprime-se antes de tudo na paixão dominante, no temperamento e no caráter. As paixões dominantes podem dividir-se em dois grupos principais. Tomás de Aquino distingue o apetite concupiscível e o irascível. Também a ciência psicológica mais moderna distingue duas paixões dominantes: a sensibilidade e o orgulho. Por temperamento entende-se a disposição fundamental da alma que caracteriza a sensibilidade receptiva quanto à índole, força, profundidade e duração. As paixões dominantes estão em correlação estreita com os temperamentos, uma vez que a índole psíquica consiste na harmonia entre as tendências superiores e inferiores sendo que, a sede das paixões está na parte inferior. Ou seja, o desejo de impor-se está ligado ao temperamento colérico, o desejo de dedicação ao sanguíneo ou ao melancólico, enquanto o fleumático é representado pelo apático. A velha teoria dos temperamentos, cuja terminologia teve origem com o médico grego Hipócrates (377 a.C.), foi muito combatida nos últimos tempos. É certo que a classificação dos temperamentos em colérico, sanguíneo, melancólico e fleumático, que deriva do médico Galeno (séc. II d.C.) não é exata. É justa enquanto mostra ter reconhecido a influência de certas qualidades físicas, sobretudo das funções de órgãos internos, sobre o temperamento. O linguajar comum fala de sangue quente, sangue frio etc. No entanto, não podemos negar que a velha doutrina dos temperamentos, sob o ponto de vista prático, até hoje não foi ainda substituída nem tornada supérflua por qualquer outra concepção equivalente. Quatro são os temperamentos originados das diversas combinações da sensibilidade receptiva forte ou fraca: O colérico, o sanguíneo, o melancólico e o fleumático. O conhecimento das características e dos sinais positivos e negativos dos temperamentos é de grande importância, especialmente para o diretor espiritual da juventude. A melhor estrada é o conhecimento da psique por meio da identificação do temperamento. Só quando o jovem se sente penetrado e compreendido na sua solidão e angústia, é que se exprime o impedimento da reserva natural e a alma se enche de confiança. Pela palavra caráter em psicologia, entende-se a peculiaridade psíquica que determina o comportamento e a atuação da pessoa. É evidente que, para o conhecimento dos homens, importa antes de tudo individuar e julgar-lhe o caráter. A qualidade de um caráter depende acima de tudo da mola que faz saltar as ações e os sentimentos, isto é, da disposição congênita que condiciona a orientação fundamental da vontade. São as tendências inatas do homem que determinam a diversidade das orientações práticas. Embora os dotes intelectuais tenham importância na formação do caráter, todavia, a causa principal da diferença dos caracteres encontra-se especialmente no campo do sentimento e da vontade. A tal respeito devemos distinguir dois tipos opostos: o homem sentimental (que corresponde, do ponto de vista da vivacidade e mudança rápida de sentimentos, ao temperamento sanguíneo; ou ao melancólico, na profundeza e duração dos sentimentos) e o homem volitivo (que corresponde ao temperamento colérico). No homem sentimental predomina o impulso à dedicação, enquanto no volitivo é muito acentuado o instinto de conservação. Fritz Kunkel, antigo aluno de Alfred Adler, criou a caracteriologia segundo a “psicologia individual’. Como Adler, não admite as peculiaridades hereditárias do caráter, mas atribui as singularidades pessoais e psíquicas do homem unicamente à influência do ambiente e da educação. Segundo Kunkel, existem no homem duas espécies de comportamento: um objetivo, consciente das responsabilidades, corajoso; outro subjetivo, esquivo diante da responsabilidade, covarde. Este último, que em geral domina, causa muitos males. É a raiz de todas as distorções do caráter e das neuroses. Kunkel, na sua concepção do homem, não se interessa pelo “de onde”, mas pelo “para que fim”. Anseia por compreender o que o homem quer obter pela atitude. Segundo afirma, só o homem subjetivo sofre por causa de si mesmo e é causa de todos os males do mundo. A consideração psicanalítica de Freud parte de um ponto de vista completamente diferente da caracteriologia baseada na “psicologia individual”. Freud procura demonstrar que os aspectos do caráter estão ligados à vida instintiva do homem e a sua raiz mais profunda se encontra nas fases evolutivas da primeira infância. Segundo ele, na psique humana operam três elementos principais: o id, o ego e o super-ego. O id é a esfera psíquica primária que é também a fonte de todos os impulsos, instintos e paixões. O ego, ao contrário, percebe, julga e age conscientemente; encontra-se em relação com o mundo exterior. Coordenado a ele, mas no mais inconsciente, está o super-ego, que ordena e proíbe, em suma, uma espécie de guia ético superior. Cada uma dessas grandes regiões psíquicas participa, de modo próprio, na formação do caráter e pode exercer, em linhas gerais uma função dominante, influenciando as outras num sentido de reação. Observamos na seguinte descrição dos principais tipos de caráter. Contrariamente ao conceito psicanalítico do caráter, que decompõe a totalidade pessoal nos seus elementos genéricos, C. G. Jung põe o problema de preferência do ponto de vista da pessoa e da sua unidade, pois o homem é, como pessoa, uma unidade e como tal essencialmente diverso de qualquer outra. Tal contraste exprime-se na fórmula “interno-externo”. É determinado pela tomada de posição do homem em relação ao seu mundo interno e externo. Um afirma mais o “interno”, outro o “externo”, embora ambos tenham a faculdade de uma e de outra posição e ajam em ambas as direções. No tipo introvertido prevalece a tendência para olhar dentro de si. Para ele o mais importante é a impressão do seu interior, o que é exterior tem importância secundária. Para o tipo extrovertido o desejável, como também o teatro de atuação, está no mundo exterior. Para ele o “de fora” é mais importante que o mundo interior psíquico-espiritual. Procura captar cada impressão. Recebe os impulsos pela própria atividade no exterior. As tarefas estão no mundo real, é aí que opera.